Coletivo Árabes e Judeus pela Paz: Pensamento único belicista abre as asas na PUC-Rio. VÍDEO
Tempo de leitura: 3 minPor Coletivo Árabes e Judeus pela Paz
No dia 21 de outubro, teve lugar na PUC-Rio o seminário Como reconstruir o diálogo após o 7 de outubro.
Apoiado por sua reitoria, o evento foi organizado por diferentes agremiações judaicas, entre as quais, a Fierj e a obscura articulação Stand With US.
O seminário teria sido apenas parte da tradição da universidade católica, conhecida por realizar encontros para tratar das questões mais pulsantes de nossa realidade global e local.
Só que não.
Dois aspectos acabaram realçando a contradição moral e sectária que marcou o encontro.
O primeiro aspecto foi estampar no título de sua chamada a indicação de ‘reconstruir o diálogo’.
Como assim? Como reconstruir algo que nunca foi construído à vera?
Algo que, na melhor das hipóteses, quando apenas ensaiado, resultou no assassinato à bala de um dirigente (Rabin) e no suspeito envenenamento do outro (Arafat)?
O segundo aspecto deu-se na prática, na condução do seminário realizada exclusivamente na base do monólogo, com palestrantes e público já convertidos!
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Quanto a este aspecto, vale lembrar algumas passagens que comprovam o modo antidialógico adotado.
A saber, as cercanias do espaço reservado ao evento foram ocupadas por uma vintena de seguranças ostensivos, contratada pelos organizadores.
É verdade que, de início, a nossa entrada no encontro foi franqueada. Uma senhora da organização nos deu as boas-vindas e gentilmente pôs uma pulseira amarela nos nossos punhos.
Mas, após ser avisada por um segurança que um de nós vestia camiseta com os dizeres “Jews For Palestinian Liberation” (Judeus e Judias pela Libertação da Palestina), aí toda aquela sua gentileza se desmanchou.
Imediatamente, passamos a ser intimados para vazar dali. A partir de então, a senhora não se envergonharia em revistar as nossas bolsas e repetir que aquele evento público era “reservado” (!?) e que a nossa intenção era tumultuar(!?).
No seu rompante, seria escorada pelos seguranças, que buscaram nos intimidar comandados por um agressivo indivíduo de sotaque estrangeiro.
Não deram ouvidos à nossa alegação de que estavam cometendo arbitrariedades.
De nada valeu dizer-lhes que entre aqueles que barrariam estavam um antigo coordenador de curso internacional, uma pessoa graduada em Direito e uma ex-dirigente do DCE, todos procedentes da própria universidade.
Interpelada por sua atitude francamente censora, a senhora da organização não quis saber: veio com uma tesoura para cortar as pulseiras amarelas que tinha colocado em nós (veja no vídeo abaixo).
E ainda ruminou a escatológica sentença: ”O único exército do mundo que avisa a população antes de bombardeá-la é o de Israel”.
Foi contraditada no ato: “Senhora, Mussolini fez o mesmo na invasão da Etiópia nos anos 30! ”. E ainda: “A senhora defende genocídio ‘civilizado’?”
De todo modo, alguns dos nossos companheiros, por não terem seus pensamentos adivinhados de antemão pela senhora das boas-vindas, conseguiram entrar no seminário.
Entraram para constatar que, na mesa, não havia nenhum convidado do “outro lado” com quem dialogar.
E para ouvir dos organizadores que convites tinham sido feitos, mas que não houvera resposta (nota: não existe comprovação de alguém do “outro lado” ter sido de fato convidado).
Na plateia, uma companheira judia iniciou sua fala expressando o mal-estar com a violência assimétrica e desproporcional que Israel promove na região. Mas, estranhamente, teve o seu microfone “falhando” enquanto se manifestava.
A nosso ver, parece acontecer uma estranha convergência no âmbito acadêmico local.
No caso, assombra-nos a suspeita de que a PUC-Rio acolheu a manifestação de um pensamento único, belicista, que se pretende incriticável.
Permitiu a abertura de asas de uma força beligerante que busca justificar o injustificável: a ocupação quase octagenária da Palestina, o denegado genocídio praticado na região ocupada, a total destruição da já precária infraestrutura de moradia, saúde e assistência e da superestrutura educacional e cultural do povo local, o esmagador hegemonismo religioso.
No passado e até há pouco, a PUC-Rio teve outra atitude. Em 1977, a universidade foi um lugar épico de resistência exemplar, que acolheu manifestações contrárias à invasão do seu campus pela polícia militar a serviço da ditadura civil-militar.
De 2018-22, foi mais um espaço na cena nacional a repudiar os arroubos neofascistas do governo bolsonarista, negando-lhes palco.
Sinceramente, esperançamos que a Reitoria atual retome a tradição dialógica da universidade e dê igual espaço ao contraditório, tanto em relação aos acontecimentos globais – como estes que não param de sangrar o Oriente Médio –, quanto aos fatos locais – como estes que estão sempre a ameaçar a democracia brasileira.
Em tempo: Depois que a Netflix deu uma tesourada retirando do seu catálogo 24 películas da questão palestina, é cabível suspeitar-se que o lobby sionista poderá pressionar para ter também o emoji apagado da internet ocidental.
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Comentários
Zé Maria
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A Implementação do “Plano dos Generais”
“Debatido abertamente em isRéu,
o Projeto de Deslocamento Forçado
de Palestinos continua Avançando,
em meio a muitas Denúncias de
Atrocidades”
Por José Antonio Lima, em Tarkiz
Íntegra em:
https://tarkiz.substack.com/p/plano-dos-generais-limpeza-etnica-no-norte-de-gaza
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Zé Maria
https://aje.io/0jag7a
“Toda a População de Gaza corre o Risco de Morrer
em um Genocídio que foi Anunciado e Executado
sob nossa Vigilância”.
FRANCESCA ALBANESE
Relatora Especial da ONU sobre os Territórios
Palestinos Ocupados [leia-se: Invadidos por isRéu].
https://bsky.app/profile/aljazeera.com/post/3l7i43zderr25
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Zé Maria
O Sionismo é uma Pandemia.
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