“Ciência brasileira a caminho da ruína; teremos um país digno de república de bananas”
Tempo de leitura: 3 minPresidente Michel Temer e o ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD-SP). Crédito da foto: Beto Barata / PR, via Fotos Públicas
Ciência brasileira, últimos suspiros?
por Helena Nader e Luiz Davidovich*, na Folha de S.Paulo, 12/04/2017,sugestão de Ion de Andrade
Há 30 anos, uma semente de soja plantada no solo do Mato Grosso, se germinasse, não floresceria. Neste ano, o Estado produzirá 30 milhões de toneladas da oleaginosa.
Na década de 1940, a produtividade média do plantio de soja no Brasil era de 700 kg por hectare; hoje, é de 3.000 kg/h, e há produtores que já conseguem extrair 8.000 kg/h.
Milagre? Não, ciência e tecnologia. Pesquisadores da Embrapa e de nossas universidades conseguiram fazer a soja, originária de regiões de clima temperado, produzir em abundância em regiões de baixas latitudes e clima quente. O Brasil é vice-líder na produção, com 108 milhões de toneladas.
No mar, não foi diferente. A Petrobras ultrapassou a camada pré-sal e descobriu petróleo em profundidades jamais alcançadas. Vidência? Não, ciência e tecnologia.
Cientistas e engenheiros do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), somados a colegas de universidades brasileiras, são os primeiros artífices do sucesso da empresa em águas superprofundas e, portanto, protagonistas da autossuficiência brasileira no setor.
Na década de 1940, o então tenente-coronel Casimiro Montenegro Filho dava os primeiros passos para a construção da indústria aeronáutica no país. O Brasil nem sequer fabricava bicicletas, mas já começava a esboçar a Embraer, hoje terceira maior fabricante de aviões do planeta. Premonição? Não, ciência e tecnologia.
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As raízes da Embraer estão no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), duas instituições baseadas no conhecimento idealizadas por Montenegro há mais de 70 anos.
Histórias de sucesso como essas não se repetirão em nosso país: os recentes cortes no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações terão como consequência o desmonte dessas atividades no país.
O aperto do cinto orçamentário começou em 2014, aumentou em 2015 e se agravou em 2016. Em 2017, piorou ainda mais: nossa ciência será tratada a pão e água.
Os cortes anunciados pelo governo federal em 30 de março estabelecem o orçamento do ministério neste ano em R$ 3,275 bilhões para custeio e investimentos. Esse valor representa uma volta a 2005, quando o orçamento executado foi de R$ 3,249 bilhões.
A diferença é que nesses 11 anos nosso sistema de ciência e tecnologia cresceu exponencialmente. Em 2006 publicamos 33.498 artigos em periódicos científicos indexados; em 2015, foram 61.122, o que fez o Brasil subir duas posições no ranking mundial de produção científica, alcançando o 13º lugar.
Em 2006, nossos cursos de doutorado tinham 46.572 alunos e titularam 9.366 deles. Em 2015, foi o dobro: 102.365 e 18.625, respectivamente. Os programas de pós-graduação passaram de 2.266 para 3.828. Os grupos de pesquisa, em 2006, eram 21.024 e abrigavam 90.320 pessoas. Em 2016, passamos para 37.460 e 199.566, respectivamente.
Essa evolução foi sustentada por um orçamento crescente. Em valores corrigidos pelo IPCA até 2016, o orçamento praticado no ano de 2005 foi de R$ 6,467 bilhões. O orçamento atual do ministério, após os cortes, corresponde a cerca de 50% desse valor, com o agravante de que agora estão inclusas as despesas do extinto Ministério das Comunicações.
Como pesquisa e desenvolvimento não se fazem com milagres, clarividências ou premonições, mas sim com investimentos constantes, a ciência brasileira caminha para a ruína.
Teremos um país talvez com um ajuste fiscal perfeito, mas com um atraso econômico e social digno de uma república de bananas -exatamente o contrário dos países com economia moderna, baseada em ciência e tecnologia, como EUA, Alemanha, Reino Unido, Japão, Coreia do Sul e China.
* Helena Nader, professora titular de biologia molecular da Unifesp, é presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Luiz Davidovich, professor titular do Instituto de Física da UFRJ ( Universidade Federal do Rio de Janeiro), é presidente da Academia Brasileira de Ciências.
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Comentários
Joao
Além do tratado acima, temos a questão prototípica & primordial. Ei-la:
S. E. R. T. A. N. E. J. O. UNIVERSITÁRIO:
[m ú s i c a Ruim]
SUBCULTURA! Lula = nada fez pela EDUCAÇÃO (¡dilma, pior!).
Mau gosto, baranguice, seja nas UNIVERSIDADES (Sertanejo Universitário. rsrs) do PT, ou fora dela. Vejamos:
PT fala que PICHAÇÃO é arte. rsrs. A GLOBO pensa o mesmo.
Isso que é o que PT chama de PROGRESSISTA!!
Assim caminha o brega-Kitsch do PT.
Partido dos Trabalhadores é de um mau gosto extraordinário!!
¿¿¿¿É isso, então, que é “ser de esquerda”???? rsrsrs
O mesmo é Rede Globo, gêmea do PT em Projeto de cultura e arte!
¡¡Não compreendo o porquê do PT ODIAR a GLOBO!! rsrs
========
P.S.:
O PT é a Globo; a Globo é o PT.
Gilberto Bueno
Um ministrinho cabeça retrógrada como esse!
Um sujeito que acredita em Adão e Eva!
Que quer que o amanhã seja como hoje, hoje como ontem, ontem como nos tempos das cavernas ou nos tempos de Adão e Eva!
Pobre ciência do Brasil!
Não se assustem se amanhã quando olhar para dentro de uma concessionária e ver uma biga sendo anunciada como último lançamento da montadora, mais uma vez não se assuste. Pois é assim que funciona a cabeça do Gilberto Kassab!
Regina Maria de Souza
Mais uma vez o Brasil boicotado. Eu me importo com isso!
Professor Ricardo
Um outro governo também conseguiu estagnar o avanço científico por dois mandatos consecutivos visto que na supostamente “Gloriosa” era FHC vangloriada por seus adeptos por ter conseguido conter a inflação mediante a implantação do plano Real, cogitou-se até mesmo um programa similar ao Mais Médicos de Cuba só que na época voltado para o plano científico em que pretendia-se trazer pesquisadores da Índia a custos módicos, mediante o pagamento de bolsas de pesquisa, simplesmente para evitar a contratação de docentes em universidades federais … Em termos finais este governo conseguiu a façanha de em oito anos de mandato abolir completamente concursos publicos para universidades federais tendo sido talvez o mais danoso de todos os governos para a ciencia de nosso país, e que muito provavelmente não consiga ser suplantado pelo atual governo ( praticamente “interino” ) com supostamente apenas dois anos de mandato pela frente, o que em termos finais poderá vir a ser reponsável apenas por um quarto do Completo Estrago de quase uma década proporcionado durante “vangloriada” era FHC …
saulo
Teimamos em não abandonar os grilhões do terceiro mundo.
Isso é o que dá “brincar de democracia”.
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