Censura: Juiz proíbe a peça “Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”, minutos antes de começar no Sesc Jundiaí
Tempo de leitura: 7 min
por Conceição Lemes
Depois de passar pela capital e várias cidades do interior paulista, a peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, de Jo Clifford, deveria ser exibida nesta sexta-feira (15/09), no Sesc Jundiaí (SP).
Porém, o espetáculo foi cancelado um pouco antes de começar por liminar concedida pelo juiz Luiz Antonio de Campos Júnior, atendendo a um pedido que já vinha sendo articulado há alguns dias por fundamentalistas religiosos.
Em sua página no Facebook, a companhia de teatro publicou este comunicado:
Com pesar e indignação comunicamos o cancelamento do nosso espetáculo, que aconteceria hoje no Sesc Jundiaí. O cancelamento aconteceu devido à liminar concedida pelo juiz Luiz Antonio de Campos Júnior, atendendo a um pedido que vem sendo articulado há alguns dias por congregações religiosas, políticos e pelo TFP (Tradição, Família e Propriedade).
Citando a autora da peça, Jo Clifford, isto prova a importância do trabalho e como ele se faz necessário hoje no Brasil: o país que mais assassina travestis e transexuais no mundo.
A tristeza é grande, mas o desejo de continuar também. Agradecemos o apoio do Sesc, que acolhe nosso trabalho desde a sua estréia, e daremos mais informações em breve.
“Abençoada sejas se abusam de você ou te perseguem. Isso significa que você está trazendo a mudança. E abençoados sejam aqueles que te perseguem também. O ódio é o único talento que têm, e não vale nada”.
E continuaremos na estrada temos apresentações já agendadas no @sescsantoamaro @sescsantoandre @sescjundiai @sescriopreto
O pedido de antecipação de tutela foi ajuizada por Virgínia Bossonaro Rampin Paiva contra o Sesc Jundiaí, pedindo a suspensão da peça, com este argumento:
“a referida exibição vai de encontro à dignidade cristã, posto apresentar Jesus Cristo como um transgênero, expondo ao ridículo os símbolos como a cruz e a religiosidade que ela representa”.
Em sua decisão liminar (abaixo, a última página), o juiz afirma:
…não se pode produzir uma peça teatral de um nível tão agressivo, ainda que a entrada seja franqueada ao público.
(…) não pode ser tolerado é o desrespeito a uma crença, a uma religião, enfim, a uma figura venerada no mundo inteiro.
malgrado a inexistência da censura prévia, não se pode admitir a exibição de uma peça com um baixíssimo nível intelectual que chega até mesmo a invadir a existência do senso comum, que deve sempre permear por toda a sociedade.
(…)
Do exposto, considerando-se que as circunstâncias jurídicas alegadas em a inicial corroboram o fato de ser a peça em epigrafe atentatória à dignidade da fé cristã, na qual JESUS CRISTO não é uma imagem e muito menos um objeto de adoração apenas, mas sim O FILHO DE DEUS, ACOLHO as razões explanadas pela parte autora e assim o faço com o fito de proibir a ré de apresentar a peça “O EVANGELHO SEGUNDO JESUS, RAINHA DO CÉU”, prevista para o dia de hoje (15 de setembro de 2017).
Data vênia, discordo de sua excelência, o juiz Luiz Antonio de Campos Júnior.
A sua decisão revela fundamentalismo religioso, preconceito e cegueira. É a treva total.
Além de censurar a peça, sim, falta-lhe ainda o verdadeiro espírito cristão.
Apoie o VIOMUNDO
[URGENTE] Após tentarem, sem sucesso, a censura da peça “A princesa e a costureira” durante a Semana da Diversidade Sexual de Jundiaí (interior de SP), alegando doutrinação gay para crianças, fundamentalistas religiosos prosseguem com mais pressão por interferência na política e pedem a censura da peça “O evangelho segundo Jesus, rainha do céu”.
Na peça Jesus é representado por uma atriz trans, o que gerou revolta de intolerantes. Mas dessa vez um juiz apresentou uma liminar proibindo a execução da peça.
É inadmissível que igrejas se manifestem dessa forma sobre arte.
Se alguém tentasse interromper esses cultos, o que aconteceria?
Se alguém tentasse pendurar obras de cunho provocativo dentro de igrejas, como se sentiriam?
As justificativas para a proibição da peça são absurdas e contrariam completamente o princípio da laicidade do estado.
Está sendo mais comum que igrejas interfiram dessa forma sobre o poder público, de modo a criar um tipo de poder paralelo, não apenas regulando expressões artísticas, mas também agredindo pontos importantes da promoção de cidadania e respeito dentro de planos de ensino e buscando privilégios administrativos e blindagem pública a críticas.
Mas o que faltou ao senhor juiz, o pastor Henrique Vieira tem de sobra.
A peça segue na estrada.
E se Jesus vivesse nos tempos de hoje e fosse travesti?
O espetáculo é uma mistura de monólogo e contação de histórias em um ritual que traz Jesus ao tempo presente, na pele de uma travesti.
Histórias bíblicas conhecidas são recontadas em uma perspectiva contemporânea, propondo uma reflexão sobre a opressão e intolerância sofridas por transgêneros e minorias em geral.
A peça provoca reflexão ao expor estes problemas sociais ao mesmo tempo em que emite uma mensagem de amor, perdão e aceitação. A identidade travesti é elemento chave do espetáculo, que busca a transformação do olhar diante de identidades marcadas pelo estigma e pela marginalização.
FICHA TÉCNICA:
Texto: Jo Clifford
Tradução/adaptação: Natalia Mallo
Direção: Natalia Mallo
Assistência de direção: Gabi Gonçalves
Trilha sonora*: Natalia Mallo
Iluminação: Anna Turra, Juju Augusta
Construção do altar: Jimmy Wong
Treinamento corporal: Fabricio Licursi e Gisele Calazans
Treinamento vocal: Patricia Antoniazi
Produção: Núcleo Corpo Rastreado
Apoio: TRANSFORM British Council.
*Trilha sonora inclui trechos de “A pele mais fina” (Liniker/As Bahias e a cozinha mineira), “Um Beijo” (MC XUXU) e “New world coming” (Nina Simone).
por Natalia Mallo, tradutora e diretora do espetáculo
Desde a nossa estréia, há um ano, passamos por diversas situações de violência: ameaças de censura, ameaça física, insultos e difamação na internet, etc. Mas esta é a primeira vez que o espetáculo é impedido de acontecer.
O conteúdo da liminar concedida pelo juiz Luiz Antonio de Campos Júnior, da 1º Vara cível de Jundiaí, que resultou no cancelamento, é um tratado de fundamentalismo e preconceito.
“… muito embora o Brasil seja um Estado Laico, não é menos verdadeiro o fato de se obstar que figuras religiosas e até mesmo sagradas sejam expostas ao ridículo, além de ser uma peça de indiscutível mau gosto e desrespeitosa ao extremo, inclusive. De fato, não se olvide da crença religiosa em nosso Estado, que tem JESUS CRISTO como o filho de DEUS, e em se permitindo uma peça em que este HOMEM SAGRADO seja encenado como um travesti, a toda evidência, caracteriza-se ofensa a um sem número de pessoas”
Todas as situações de violência que passamos tiveram algo em comum: contestam a presença de uma travesti em cena interpretando Jesus.
Afirmar que a travestilidade da atriz representa em si uma afronta à fé cristã ou concluir, antes de assistir o trabalho, que é um insulto à imagem de Jesus é, do nosso ponto de vista, negar a diversidade da experiência humana, criando categorias onde algumas experiências são válidas e outras não, algumas vidas tem valor e outras não. São os discursos e práticas que tornam o Brasil um país extremamente desigual, e um território inóspito para quem vive fora da normatividade branca, cisgênera e heterossexual.
Desde sua estréia no Brasil a peça tem tido uma resposta do público muito positiva, lotando teatros e criando espaços de diálogo, resistência e encontro. Temos passado por diversos espaços culturais e festivais (Filo, Porto Alegre em Cena, Cena Contemporânea, Fiac). Instituições importantes da cultura como SESC, Itaú Cultural, Instituto Tomie Ohtake e outras também abraçaram o trabalho demonstrando disponibilidade em dar visibilidade aos temas que ele aborda. Também recebemos o apoio da Igreja Anglicana do Brasil.
Mas mais importante do que tudo isso, é o fato da peça ter se tornado dispositivo de debate sobre temas sociais urgentes, graças à sua capacidade de questionar mecanismos de opressão estruturais e institucionalizados.
Desde o início temos promovido instâncias de diálogo, educação e debate e buscado levar o trabalho não só a festivais e teatros centrais mas a locais descentralizados, carentes de programação cultural e que abrigam comunidades vulneráveis. Estivemos em prisões, abrigos, centros de acolhida, sedes de coletivos e ativismo, e estivemos na rua.
Conhecemos de perto a realidade de travestis e transexuais, e de outros grupos minorizados, e justamente por isso, fazemos constantemente um chamado à reflexão sobre a desigualdade gritante e naturalizada em que vivemos.
O Brasil é o país mais transfóbico do mundo. Diariamente travestis são espancadas e assassinadas sem que a mídia, a opinião pública ou o sistema de justiça reconheçam a gravidade e o inaceitável do fato. Estas pessoas vivem e morrem na invisibilidade.
Convido você, que está lendo isto, a escrever no google “travesti assassinada em ……….” (preencher com qualquer cidade do Brasil). O resultado vai ser sempre devastador, brutal e alarmante.
Houve uma grande mobilização e articulação para que o espetáculo pudesse ser cancelado, uma verdadeira estratégia reunindo diversos interesses e interessados e incluindo planejamento, timing e construção de narrativas. Censurar um espetáculo, em nome dos bons costumes, da fé e da família brasileira parece ser, para alguns fariseus, mais importante e prioritário do que olhar para a sociedade e tentar fazer alguma contribuição concreta para mudar o quadro de violência em que estamos todas e todos soterrados.
O espetáculo, escrito por Jo Clifford, busca resgatar a essência do que seria a mensagem de Jesus: afirmação da vida, tolerância, perdão, amor ao próximo.
Para tanto, Jesus encarna em uma travesti, na identidade mais estigmatizada e marginalizada da nossa sociedade. A mensagem é de amor. Mas é também queer e provocadora. Não é comportada nem se deixa assimilar. É de carne e fala de um corpo político, alterado, constantemente violentado e oprimido.
Mas também cheio de vida, alegria e potência. A Rainha Jesus contesta a tutela sobre os corpos, o patriarcado e o capitalismo. E abençoa a todos e todas por igual.
Renata Carvalho, ativista, atriz e travesti, convida para os próximos espetáculos.
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Comentários
Marcio Ramos
… e o povo assistindo a Globo… povo careta da porra… faz a peça na rua é até melhor…
Cláudio
:
: * * * * 04:13 * * * * .:. Ouvindo As Vozes do Bra♥♥S♥♥il e postando: A grande mídia (mérdia) é composta de sabujos sujos e sabujas sujas a serviço dos ianque$ e do $ionismo de capital especulativo internacional e outras máfias (como a ma$$onaria, com dois c(h)ifrões, de $$ neonazista) dos e das canalhas direitistas…
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PARA A ENÉSIMA PUTifARIA ( patifaria + putaria ) DA DIREITA:
Foi com muito cálculo que se preparou mais essa para o PT (e/ou as esquerdas, o progressismo/trabalhismo). E, ao que parece, o partido não contava nem se preveniu para essa eventualidade. Aliás, é estranho o número de vezes que o PT (o progressimo/trabalhismo) é pego de calças curtas, desprevenido e perplexo. E, o que mais espanta, é que seus inimigos nem parecem ser tão espertos assim.
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AS MORDOMIAS DOS MARAJÁS EM PÉ DE GUERRA:
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Os 17 mil juízes receberam em média 46,1 mil por mês em 2015;
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Os 1,2 mil promotores e procuradores de Justiça recebem salário máximo teórico de 33,7 mil mensais;
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Magistrados e promotores têm auxílio-moradia de 4,3 mil mensais. Se morarem juntamente com um cônjuge que também tem direito a auxílio, ambos recebem da mesma forma;
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Todos têm 60 dias de férias por ano e, em caso de trabalho fora do local, uma diária equivalente a 1/30 da remuneração mensal;
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Pena máxima em caso de punição disciplinar: aposentadoria compulsória com salario integral (i$$o é punição mesmo ou é premiação ?…)
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E MAIS :
Os tribunais de contas e o Judiciário são a maior fonte de corrupção
O Judiciário do Brasil é o mais caro do mundo
O juiz é um servidor público como o faxineiro, só que o Judiciário decide em causa própria
Os juízes dizem “na minha vara” – a vara não é dele!
A reforma de Previdência não vai atrás de juiz que recebe aposentadoria de R$ 100 mil: vai atrás dos pobres
O Judiciário é uma ditadura de classe – e ditadura conservadora
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Poesia contra a distopia (Distopia = Ideia ou descrição de um país ou de uma sociedade imaginários em que tudo está organizado de uma forma opressiva, assustadora ou totalitária, por oposição à utopia. “Distopia”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/distopia [consultado em 01-10-2016].)
…
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Poema acróstico para o maior e melhor brasileiro de todos os tempos :
L ouvemos quem bem merece o mais pleno louvor
U m homem simples como as coisas boas da vida
Í ntimo camarada, nosso irmão e amigo de valor
Z elando sempre pelo bem da humanidade querida
I nimigo dos maus, amigo dos bons, trabalhador
N ascido do povo que muito o ama e admira
Á rvore de bons frutos, os de melhor sabor
C onsciência plena de tudo que no mundo gira
I magem perfeita do homem de si senhor
O humano defensor de humana lira
L uz de nossa gente, lutador incansável
U m verdadeiro herói do povo brasileiro
L úcido e consciente do mais admirável
A mor pelo ser humano e verdadeiro
D igno e sincero, fraterno e muito humano
A migo do povo, honesto e sempre lhano
S eja o meu/nosso canto para te louvar
I sso que a voz do povo já disse várias vezes
L ula, o BraSil vive mais feliz só por te amar
V itória da melhor sorte no número treze
A fazer do brasileiro a humanidade a se ampliar.
Autor: Cláudio Carvalho Fernandes ( poeta anarcoexistencialista )
.:.
L uz do povo brasileiro
U m digno e fiel lutador
L astreando com real valor
A honra do BraSil inteiro.
.:.
L ula livrou 36 milhões da pobreza
U m feito memorável sem precedentes
L utando contra a mídia venal, teve a certeza
A bsoluta de estar ao lado dos brasileiros conscientes
.:.
L ivrando da miséria extrema 36 milhões de brasileiros
U m feito sem igual que por si só já bastaria
L ula segue sendo no mundo um dos primeiros
A fazer de seu povo a eterna rima rica de sua poesia
.:.
.:.
NÓS
A tv me promete
o leite da moça,
o prazer em pó,
líquido,
instantâneo,
integral…
Que faremos de nossos olhos,
de nossas mãos?
………………….……………………………. ( Cláudio Carvalho Fernandes )
.:.
B……………………………A
…I………………………I
…….S………………C
………..T………N
…………….Â
tele……………………..visão
tele……………………..vazão
tele……………………..vazio
………………………………………………………. (Cláudio Carvalho Fernandes)
.:.
ReXistência
Não deixe que aluguem o seu pensamento:
Simplesmente mude de canal ou desligue a TV
:
Diga “NãO” à Rede Goebbels
……………………………..………………. ( Cláudio Carvalho Fernandes )
.:.
Globo
PATRÃO
PADRÃO
LADRÃO
……………………………..………………. ( Cláudio Carvalho Fernandes )
.:.
Mídia cínica, mercenária, demagógica e corruta.
.
“Com o tempo, uma imprensa [mídia] cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma”.
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…………………..………………………………. ( Joseph Pulitzer )
.:.
Se você não for cuidadoso / cuidadosa
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“Se você não for cuidadoso / cuidadosa, os jornais [a mídia] farão [fará] você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas e amar as [‘]pesso[nh]as[’] que estão oprimindo”.
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…………………..………………………………. ( Malcolm X )
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( En la lucha de clases )
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En la lucha de clases
Todas las armas son buenas
Piedras
Noches
Poemas
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…………………………………………….( Paulo Leminski )
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( Não é a beleza )
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Não é a beleza
Mas sim a humanidade
O objetivo da literatura
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…………………………………………….( Salamah Mussa )
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A existência precede a essência.
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…………………………………………….( Jean-Paul Sartre )
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* 1 * 2 * 13 * 4
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Por uma verdadeira e justa Ley de Medios Já pra antonti (anteontem. Eu muito avisei…) !!!! Lul(inh)a Paz e Amor (mas sem vaselina) 2018 neles (que já tomaram DE QUATRO no PSDBosta) !!!!
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Luiz da Silva
Me pergunto se esses programas que passam diariamente na TV dessas igrejas evangélicas e que tais, que mostram um flagrante charlatanisto, “em nome de Jesus”, com a exploração financeira de pessoas pobres, muitas vezes desesperadas, não são tão ou mais ofensivos à fé católica e à figura representada por Jesus.
Bacellar
“chega até mesmo a invadir a existência do senso comum”
Acuma?
Valdeci Elias
É incrível, a quantidade pessoas, que ainda não se deram conta do Golpe. Que acham que em uma Ditadura, podem assistir oque quiserem, falar oque quiserem e votar em quem quiserem.
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