Beatriz Cerqueira: Na pressa de atacar professores e sindicato, rádio Itatiaia informa errado o público; veja áudio e vídeo
Tempo de leitura: 5 minDa Redação
Na segunda-feira passada (19/02), trabalhadores em todo o Brasil participaram do Dia Nacional de Mobilizações, Manifestações e Paralisações , contra a reforma da Previdência do governo Temer, que, na prática, representa o fim da aposentadoria.
Em Minas Gerais, em todo o Estado, diversas categorias, entre as quais a dos trabalhadores em Educação, realizaram várias atividades.
Logo cedo, os professores (fizeram greve nesse dia) e a coordenadora-geral do Sind-UTE-MG, Beatriz Cerqueira, foram alvo de ataque do programa de Conversa de Redação, da Rádio Itatiaia, que vai ao ar diariamente.
A íntegra do programa em questão está no final.
Eustáquio Ramos é o apresentador e os jornalistas Eduardo Costa e Carlos Viana, os comentaristas.
A edição de 19 de fevereiro, que teve 4min31s de duração, começou assim:
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Eustáquio Ramos:
— Oi, Eduardo Costa. As escolas estaduais iniciam o ano letivo com paralisação. Um protesto contra a reforma da Previdência, parcelamento de salários e alguns acordos não cumpridos com a categoria dos professores.
Eduardo Costa, dos 17s a 1min03s, diz:
— Tanto tempo depois de férias, o governo atrasa o ano letivo e hoje uma subsecretária admite no jornal da Itatiaia que isso aconteceu, entre outras razoes, porque era preciso compor o quadro de gente contratada, como se não tivesse tido tempo para fazer isso.
E aí vem a representante dos professores para dizer que a greve de hoje é contra reforma da Previdência.
E diz também a representante dos professores, pré-candidata à Assembleia Legislativa no time de Pimentel, do PT, que a Previdência não é deficitária.
Alguém está mentindo, porque no caso das Minas Gerais, o governador do Estado diz que o déficit e de 10 bi e o déficit da previdência estadual é de 14 bi.
Ao 1min55s, Eustáquio Ramos retoma a condução do programa com uma pergunta a Carlos Viana:
— O Viana, tem razão os professores iniciarem o ano letivo com paralisação?
Entre outras coisas, Viana, a partir de 3min27s, afirma:
— Chamar uma greve por questões políticas como a reforma da Previdência –, que inclusive nem atinge os professores, ele tem um instituto próprio…– sinceramente eu não concordo…
É uma irresponsabilidade colocar os alunos da escola pública , que ja estão atrasados, as aulas foram atrasadas,
(…) com toda a sinceridade, se fosse uma situação muito mais grave, eu até concordo que poderiam se discutir, mas por uma questão politica, sinceramente a meu ver é uma irresponsabilidade do sindicato.
No mínimo, Costa e Viana não fizeram a lição de casa como lá atrás os seus professores ensinaram.
A representante dos professores a que se referem e não nomearam é Beatriz Cerqueira, coordenadora-geral do Sind-UTE/MG e presidenta da CUT Minas.
Se alguém faltou com a verdade aos telespectadores da rádio Itatiaia não foi Beatriz Cerqueira.
Desinformação apenas? Má-fé? Um pouco de cada?
A greve do dia 19 foi contra a reforma da Previdência do governo Temer. E a Previdência federal, ao contrário do que os golpistas alardeiam, comprovadamente não é deficitária.
No mesmo dia 19 de fevereiro, a coordenadora-geral do Sind-UTE-MG deu a Costa e Viana uma aula sobre a reforma da Previdência para que não voltem a desinformar a população.
Além disso, gravou um vídeo (no topo) onde detalha as consequências da reforma da Previdência para professores das redes pública e privada.
É também uma resposta às inverdades ditas por Eduardo Costa e Carlos Viana no Conversa de Redação, de 19 de fevereiro de 2018
Às 22h41, Beatriz Cerqueira publicou em sua página no Facebook:
Quando eu vou falar sobre algum assunto, eu procuro entender o mínimo sobre ele.
Não temos a obrigação de saber tudo. Mas temos a obrigação da honestidade nas informações, em não mentir para fazer o outro pensar como eu.
Quando foi anunciada a Emenda Aglutinativa da reforma da previdência, eu cheguei em casa após um longo dia de trabalho, peguei a minha Constituição Federal e fui estudar. Ler o mínimo para entender o que estava acontecendo. Não sei tudo mas não usei de falsas informações para convencer ninguém a pensar como eu!
Na Conversa de Redação, da Rádio Itatiaia desta segunda-feira, dia 19 de fevereiro, um dos apresentadores, Carlos Viana, fez o seguinte comentário sobre a mobilização da educação da rede estadual: “Uma reforma da previdência que inclusive nem atinge os professores, eles têm Instituto Próprio.”
Um pouco mais adiante acusou o Sind-UTE de irresponsabilidade por fazer a luta contra a reforma da previdência.
Que nós, que somos classe trabalhadora, e o apresentador defendemos pontos de vista diferentes, já sabemos!
Recorrentemente temos que pedir direito de resposta por algum ataque que ele faz, especialmente aos professores da rede pública.
O que precisa ser questionado é quando a pessoa, num espaço de concessão pública com grande audiência, para defender seu ponto de vista, mente para as pessoas.
Resolvi contribuir para que numa próxima oportunidade que o apresentador quiser falar sobre o assunto, se não quiser ler os textos, tenha as informações corretas e não utilize de falsas afirmações para sustentar seu ponto de vista:
1. A vinculação a um Regime de Previdência não é por profissão. Há professores que estão em Regimes Próprios de Previdência (servidores efetivos de União, Estados, Municípios que possuem respectivos regimes próprios) e há professores vinculados ao Regime Geral (contratados e onde não tem regime próprio).
No caso de Minas Gerais, os professores da rede estadual efetivos estão em regime próprio de previdência e os contratados no Regime Geral. Ou seja, em Minas Gerais mais de 100 mil servidores da educação estão no Regime Geral.
2. A reforma da previdência altera regras do regime próprio de previdência e, portanto, diferente da afirmação do Viana, a reforma atinge, sim, os professores. A idade mínima passa de 50 anos (mulher) e 55 anos (homem) para 60 anos.
Se trabalhar 10 anos a mais não é alteração para o Viana, temos conceitos muito diferentes sobre o que é alterar regra de previdência.
3. A reforma acaba com aposentadoria proporcional por tempo de contribuição, o que é uma das regras que professores utilizam atualmente.
4. Estabelece a obrigatoriedade de previdência complementar para servidores dos municípios e estados, incluindo aí os professores.
5. Estabelece idade mínima para aposentadoria do professor vinculado ao Regime Geral, o que não existe atualmente.
6. Muda a forma de cálculo da aposentadoria para “média aritmética simples”, substituindo a média das maiores remunerações e afetando drasticamente o valor a ser recebido.
7. Ataca o direito à integralidade da aposentadoria para quem ingressou até 2003.
8. Para que uma professora consiga receber 100% da média de todas as suas remunerações, serão necessários 40 anos de sala de aula. Menos do que isso, o salário será ainda menor.
O que percebo é que na pressa de atacar, acaba falando o que não é real.
Para defender seu ponto de vista usa argumentos que não se sustentam na realidade nos fatos.
Diante de todo este conteúdo de mudanças nas regras da Previdência, seria irresponsabilidade se o sindicato não lutasse para que a reforma fosse derrotada.
E pela quarta vez derrotamos a Reforma! Enquanto alguns assistem pela janela, a gente faz a luta!
Feliz 19 de fevereiro de 2018!
Consulte aqui a Emenda Aglutinativa.
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Comentários
Eduardo
Carlos Viana? É duro hein!
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