Beatriz Cerqueira: “Bomba atirada de helicóptero provocou queimaduras. Não houve confronto, houve tentativa de massacre”

Tempo de leitura: 4 min


Beatriz Cerqueira*, no Facebook

De todas as violências que sofremos ontem em Brasília a que me atingiu fisicamente foi uma bomba, jogada de um helicóptero que fazia rasantes nos manifestantes que retornavam para o ponto de concentração inicial.

Era uma bomba de gás que nos paralisou, provocou vômitos, muita dificuldade de respirar e queimadura que só hoje identifiquei.

A maior de todas as violências, que sofremos coletivamente, foi o Decreto para a utilização das Forças Armadas, uma espécie de estado de sítio, instrumento próprio de ditaduras, de países sem democracia!

Enquanto isso 10 trabalhadores sem terra eram assassinados pela Polícia no Pará.

Este é um governo que mata!

Sofremos a violência da mentira ao vermos um ministro do governo Temer utilizar imagens de um incêndio ocorrido há anos afirmando que a foto era de ontem.

Sofremos a violência do vandalismo que o Congresso Nacional tenta fazer em nossos direitos trabalhistas tentando impor a votação da reforma trabalhista que vai acabar com muitos direitos, jogando as pessoas em situações de subempregos, o vandalismo de termos 14 milhões de desempregados sem que Congresso Nacional e Governo se importem com a vida destas pessoas.

Sofremos a violência da manipulação de informações ao reduzir um ato histórico e grandioso a cenas previamente selecionadas.

Não falaram da força desproporcional do Estado, utilizada contra pessoas que tinham como “armas” camisas para se protegerem do gás.

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Não falaram do avanço dos helicópteros em idosos, da utilização de armas letais; da ausência de socorro médico aos feridos, que foram muitos; da violência sofrida pelos jornalistas que igualmente foram atacados pelo Estado.

Não houve nenhum confronto, houve tentativa de massacre! Confronto pressupõe equilíbrio de forças, o que não existiu!

Tentaram esconder o maior ato que a classe trabalhadora realizou em Brasília. Esconderam a dedicação das pessoas que viajaram dias para chegarem e serem recebidos a bala!

Muitos ônibus não conseguiram chegar até a concentração. Parte da marcha não chegou a Esplanada quando a violência policial do Estado começou. Esta marcha envolveu mais de 300 mil pessoas! Foi um verdadeiro OCUPE BRASILIA!!

Um governo oriundo de um processo democrático, diante do tamanho da mobilização, receberia as lideranças e abriria algum diálogo! Mas como estamos diante de um governo ilegítimo, sua única tentativa foi nos silenciar pela violência do estado!

Se vamos falar de vandalismo, falemos de um governo que existe porque o empresariado comprou a votação do golpe, e mesmo com uma rejeição da maioria da população brasileira que hoje pede “diretas já”, quer continuar; falemos de um governo comprovadamente corrupto que quer impor pela força a aprovação de reformas que atingirão o povão, o pobre!

Só um recado: não desistiremos nem sairemos das ruas! Não temos medo das bombas nem do gás!

Beatriz Cerqueira é presidenta da CUT/MG e coordenadora-geral do Sind-UTE/MG

Presidenta da CUT/MG faz balanço de ato público em Brasília, repudia agressões da polícia aos manifestantes e diz que é preciso mais “Ocupe Brasília”

da Ascom/Sind-UTE/MG

O ato público chamado pelas Frentes Brasil Popular, Povo Sem Medo e todas as centrais sindicais, entre elas, a Central Única dos Trabalhadores reuniu mais de 300 mil pessoas em Brasília, nessa quarta-feira, dia 24 de maio.

Um dia histórico por várias razões, mas, especialmente por juntar um dos maiores números de pessoas já vistas de todas as correntes sindicais e populares nas Alterosas, unidas em um só coro e numa sua voz: Fora, Temer! Diretas Já!

A presidenta da CUT/MG, Beatriz Cerqueira, em seu perfil de Facebook, postou um vídeo (no topo) em que faz um balanço deste dia e repudia a violência da polícia militar e das forças armadas, na tentativa de intimidar as pessoas que estavam lutando por seus direitos.

Beatriz Cerqueira lembra que esse Congresso ilegítimo, que não representa a classe trabalhadora, não tem o direito de acabar com a vida das pessoas.

“Vocês podem ver o que acontece na capital Federal todas as vezes que a classe trabalhadora vem, legitimamente, para se organizar, se mobilizar e questionar. Somos recebidos com repressão da polícia, com gás lacrimogêneo. É a polícia batendo na juventude! Precisamos, cada vez mais, ficarmos nas ruas e de mais ‘Ocupe Brasília’, porque a pressão é de fora para dentro. Isso que a gente está vendo não pode arrefecer a nossa disposição de continuar fazendo a luta”.

A presidenta da CUT diz ainda que o Minas Gerais deu um exemplo de muita organização e que foram mais de 100 caravanas de todas as regiões do Estado rumo a Brasília reunindo trabalhadores e trabalhadoras de todas as categorias, sindicatos CUTistas, movimentos sociais e estudantis.

“É fundamental que a gente faça mais dias como esse e que a gente não se intimide diante desse aparato repressor. Só reprime aquele que tem medo do povo organizado, só reprime aquele que quer silenciar quem pensa diferente. Então, é por isso que a gente tem que gritar mais alto não à Reforma Trabalhista, não à Reforma da Previdência, Fora Temer! Esse congresso golpista ilegítimo também não nos representa”.

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Comentários

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fernando oliveira

“Era uma bomba de gás”, Em outras palavras, armas quimicas. Mas, só se fosse na Síria, jogadas pelos yankees, em nome do governo Sírio.

Regina Maria de Souza

Moro em Brasília e estava na marcha dos trabalhadores. Defendendo o quê? O direito de expressar que não concordo com o que acontece no Brasil, de dizer que não aplaudo as medidas contra a população e contra o país que se tramam na Câmara dos Deputados e se materializam no Senado, de dizer que Brasília já não é cidade cassada, como disse Tancredo, de defender meus descendentes e, neles, o povo que amo. E mais uma vez, como acontece desde maio de 2016, quando Temer pôs no Palácio da JUstiça uma placa de bronze e ministros com pés de barro, a polícia do governador Rollemberg, mantida pela União (quem paga manda?) investe contra o povo. Desarmados, atentos às orientações dos respectivos sindicatos de não aceitar provocações, de manter a ordem e ouvir as “falações”. !50 mil disse a PM; 200 mil certamente, segundo a CUT. Pensem: se 200 mil, que poderiam tomar todos os gramados da Esplanada, da Rodoviária ao Congresso (eu vi), se 200 mil desarmados resolvessem investir em fúria, não haveria PM que nos segurasse: matariam alguns, feririam outros, mas seriam dizimados. Portanto, não falem de baderna dos manifestantes. Estávamos em paz e seguiríamos em paz, não fosse a PM do sr. Rollemberg, que sempre disse preferir bandido a manifestante. Não somos bandidos, mas o governo nos quer rotular como tais. Mas não sairemos das ruas enquanto não cessarem os crimes de lesa-pátria que se cometem neste país.
PS. Tenho 64 anos e sou contemporânea de muitos que fazem política no Distrito Federal.

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