Ativista denuncia: ‘As prisões israelenses viraram Guantánamo e Abu Ghraib; todos os direitos dos prisioneiros palestinos são violados’
Tempo de leitura: 3 minPor Conceição Lemes
Segundo a Agência Anadolu, de 7 de outubro de 2023 até a manhã de terça-feira, 16 de janeiro de 2024, cerca de 5.980 palestinos foram presos pelo exército de Israel.
Entre eles, 99 profissionais de saúde e nove jornalistas.
A ativista política palestina Fadia Barghouthi é quem discursa no vídeo acima.
A manifestação foi no sábado, 13/01, na cidade de Ramallah, na Cisjordânia.
O marido e o filho estão detidos.
Fadia integra o #Movimento Salve os Prisioneiros Palestinos/#Save the Palestinian Prisoners Movement.
Ela fala em nome das famílias dos prisioneiros palestinos.
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Íntegra da tradução do discurso Fadia Barghouthi
”Hoje estamos diante de vocês e entre vocês com a responsabilidade de transmitir a dolorosa realidade dos prisioneiros palestinos nas prisões israelenses.
Enquanto estamos aqui, nossos familiares são submetidos à mais brutal, bárbara e sistemática campanha de violência, adotada por todos os membros do aparato de segurança israelense, de altos funcionários aos carcereiros.
Nos últimos três meses, as prisões israelenses se transformaram em Guantánamo e Abu Ghraib, e isso se tornou uma mancha na testa daqueles que se dizem defensores da humanidade e dos direitos humanos.
Os prisioneiros palestinos estão sofrendo agressões diárias, são sistematicamente perseguidos e executados.
Há evidências claras da morte de sete prisioneiros palestinos nas prisões israelenses nos últimos três meses, sendo que esses sete prisioneiros morreram por tortura até a morte a sangue frio.
As violações a que os prisioneiros palestinos estão sujeitos são crimes que as palavras não conseguem descrever. Esses crimes continuam em razão do silêncio árabe e internacional que deu sinal verde à ocupação israelense para que cometesse um crime atrás do outro contra nossos prisioneiros.
Além disso, esses crimes ocorrem sem que haja punição devido a ausência de responsabilização internacional àqueles que os ordenaram e cometeram.
Essas violações incluem privar os prisioneiros dos direitos humanos mínimos e tratá-los de maneira desumana. Todos os direitos dos prisioneiros são violados; eles são privados de direitos mais básicos segundo os padrões internacionais.
Aqui estão algumas das violações cometidas contra os prisioneiros palestinos:
— espancamentos brutais, revistas íntimas abusivas; ameaças de agressões sexuais;
— negação da liberdade de culto, oração e recitação do Alcorão;
— proibição de sair das celas para o pátio da prisão;
— privação de tratamento médico;
— superlotação de celas;
— redução das quantidades de refeições já de baixo teor nutricional e adoção de uma política de matar pela fome;
— corte de água, eletricidade;
— retirada de suas roupas, deixando-os com uma ou duas peças e um cobertor neste tempo frio;
— e, claro, privando-os do direito de receber visitas de seus familiares e de ver seus advogados e organizações legais.
Em relação às duras condições que os prisioneiros de Gaza enfrentam, além dos pontos mencionados acima, eles sofrem tortura contínua, em que outros prisioneiros podem ouvir seu coração batendo, gritando dia e noite. Alguns estão desaparecidos e ninguém sabe nada sobre eles.
Portanto, com base na certeza do tratamento injusto dado a todos os prisioneiros palestinos e devido a nosso compromisso de apoiar nossos familiares e com nossa crença no papel que nos foi atribuído a respeito dos prisioneiros, enfatizamos as seguintes reivindicações:
Primeira: Em nível público, conclamamos as pessoas a que participem ativamente e se envolvam em todas as atividades que serão realizadas em apoio aos direitos dos prisioneiros.
Segunda: Em nível oficial, pedimos que a questão dos prisioneiros seja levada a todos os fóruns internacionais e que todos os esforços legais e diplomáticos sejam empregados para por fim a essas violações.
Terceira: No âmbito das organizações de direitos humanos, conclamamos todos aqueles que trabalham na área a expor as práticas e violações da ocupação israelense contra os prisioneiros.
Também a cooperar com as organizações de direitos humanos em todos os países apoiadores para instá-los a que exijam que as autoridades israelenses de ocupação apliquem as convenções internacionais, especialmente a Terceira e a Quarta Convenções de Genebra, e obriguem as autoridades israelenses a reconhecer os direitos dos prisioneiros palestinos.
Quarta: No nível da mídia, conclamamos todos os meios de comunicação a dar conhecimento do sofrimento dos prisioneiros palestinos, as violações e os crimes cometidos contra eles e a expor as práticas das autoridades de ocupação israelenses contra eles.
A todas as pessoas livres, que elas sejam a luz dos prisioneiros em sua escuridão e sua voz alta em todos os fóruns.
A partir das fronteiras e das bordas da morte, os prisioneiros palestinos estão se dirigindo às suas consciências para que não os deixem sozinhos e que sejam seu verdadeiro apoio.
Obrigada a todos por sua presença”.
A tradução do seu discurso para o português é de Jair de Souza.
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