Advogada repudia violência policial contra três petistas e cobra da OAB-PR desagravo a Renato Freitas: “Estou esperando há 2 anos”

Tempo de leitura: 3 min
Arquivo pessoal

Renato Freitas, Edna Dantas (vítimas da violência policial e candidatos a deputado estadual pelo PT-PR) e a advogada Tânia Mandarino. Reprodução de Facebook e arquivo pessoal

por Conceição Lemes

Domingo, 9 de setembro de 2018, 21h20. Tânia Mandarino, do Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia (CAAD), envia por whatsapp o link de um vídeo, com a mensagem:  “Lancinante a perseguição e humilhação impostas ao jovem negro Renato”.

É Renato de Almeida Freitas Jr.,advogado,  ativista de direitos humanos e candidato a deputado estadual pelo PT do Paraná.

Nesse domingo, um pouco antes ele havia sido alvejado por dois tiros de bala de borracha, disparados à queima roupa pela Guarda Municipal de Curitiba, e preso em seguida.

O vídeo sugerido é este abaixo.

Trata-se de entrevista concedida por Renato em 26 de agosto de 2016 — exatamente um dia após ser espancado, humilhado e preso dois guardas municipais de Curitiba.

Só assistindo para entender o “lancinante” usado pela advogada Tânia Mandarino.

Ainda sob  impacto da violência policial sofrida no dia anterior, Renato, trêmulo, aos tropeços e soluços, conta:

Eu olhei para eles, porque me agrediram… eles pisaram umas três vezes em mim..disse que iria até o final.

Na hora em que eu falei que iria até o final, um deles olhou pra mim e disse: “se eu [guarda] pisasse na merda, eu não ia ter mais problema do que se pisasse em você [Renato]”.

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A denúncia ganhou visibilidade além do Sul do País.

Em 16 de setembro de 2016, Renato falou à Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados (veja aqui), durante audiência pública.

A Ordem dos Advogados do Brasil –seção Paraná ficou mal na fita. A OAB-PR não repudiou a violência policial contra Renato, embora ele já fosse advogado.

Não foi por falta de pedido de desagravo junto à OAB-PR.

Tânia Mandarino é uma advogadas signatárias do pedido.

“O processo está parado há dois anos, sem resposta”, lamenta.

Em texto postado no Facebook [na íntegra, abaixo], ela questiona: Será que se a OAB já tivesse feito esse desagravo, a repressão ao jovem advogado negro teria, ao menos, encontrado um freio de arrumação, evitando a brutal covardia da  guarda municipal nesse domingo?

“Estou no aguardo de uma nota de repúdio da OAB-PR também pela agressão de domingo”, afirma Tânia Mandarino ao Viomundo.

 TODA A NOSSA SOLIDARIEDADE A RENATO, EDNA E DK

por Tânia Mandarino

No sábado, 7 de setembro, estava saindo de viagem quando fui procurada para ajudar no caso da injusta condução da Edna Dantas, mulher negra candidata à deputada estadual pelo PT, e do DK, jovem negro também petista, após humilhante abordagem da PM a membros do Acampamento Marisa Letícia.

Com o coração na mão, fomos acompanhando à distância, com indignação e agonia.

Em São Paulo, no domingo, me vi prostrada diante da mais absoluta sensação de indignação e impotência,quando tive a notícia do que acontecera ao Renato Almeida Freitas.

Curiosamente, na semana passada, uma olhada no Facebook me fez lembrar do vídeo [está mais acima] de outra humilhação policial imposta ao Renato, em Curitiba, há dois anos.

Eu estava com meu filho quando revi o vídeo com o Renato chorando muito, sobretudo no trecho em que ele, com as mãos trêmulas e muita dificuldade para concluir a fala, relata o que o policial lhe dissera: “se eu pisasse na merda, eu ia ter mais problema do que se eu pisasse em você”.

Tudo isso é pra fazer a gente sufocar de tristeza.

Eu sou uma das (muitas) advogadas que assinaram um pedido de desagravo junto a OAB/PR, num processo que, pasmem, está parado há dois anos, sem resposta.

Será que se a OAB já tivesse feito esse desagravo, a repressão ao jovem advogado negro teria, ao menos, encontrado um freio de arrumação, evitando a brutal covardia da  guarda municipal nesse domingo?

Toda a nossa solidariedade ao Renato, a Edna e ao Dk.

Repúdio veemente à perseguição imposta a todos homens e mulheres negros, como os três petistas.

Não à perseguição às candidatas e aos candidatos do Partido dos Trabalhadores!

Fascistas racistas machistas xenófobos homofóbicos, NÃO PASSARÃO!

Tânia Mandarino, na estrada de volta para Curitiba, em 10 de setembro de 2018

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Comentários

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LUIZ HORTENCIO FERREIRA

Eu tenho me manifestado sobre a falta de posicionamento da OAB como entidade representativa da classe dos Advogados do Brasil, os quais mantem a referida entidade com suas taxas. A OAB tem assistido, como todos nós, ao desrespeito da justiça com os Advogados e não tem a coragem de se manifestar, mesmo que seja contra os seus próprios representados, que, na minha opinião é a posição atual da nobre entidade de classe.
Será que não está na hora de os Advogados começarem exigir uma posição de sua entidade representativa de classe profissional?

Julio Silveira

Vai esperar sentada mais outros anos até que a velhice lhe atinja. Rsrsrs.

David

A OAB precisa enfrentar o autoritarismo em todos os níveis.
No RJ uma advogada negra foi algemada e presa durante uma audiência.
O autoritarismo se fortalece com a nossa covardia e omissão.

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