Proposta do governo Bolsonaro para mudar financiamento da saúde é uma caixa-preta; tudo o que se sabe é por powerpoints
Tempo de leitura: 3 minpor Conceição Lemes
Nesta quinta-feira, 31/10, as atenções das entidades do movimento da reforma sanitária estão voltadas para a reunião da Comissão Intergestora Tripartite (CIT), que acontece em Brasília.
A CIT é composta por gestores da União, estados e municípios.
E o primeiro item da pauta é o financiamento da Atenção Primária à Saúde.
Até ontem, o Ministério da Saúde não havia divulgado uma proposta formal, oficial.
Tudo o que se tem são apresentações de power point feitas por gestores da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), do Ministério da Saúde. Entre eles, o próprio secretário da SAPS, Erno Harzheim.
Isso está impedindo uma análise aprofundada por parte das pessoas e entidades que têm uma luta histórica em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS).
A proposta do governo Jair Bolsonaro está parecendo, de certa forma, uma caixa-preta.
Na semana passada, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) solicitou (veja carta abaixo) ao chefe de gabinete do ministro da Saúde o envio de toda a documentação sobre a mudança na política de financiamento da atenção primária.
Isso havia acordado na reunião do CNS, em setembro, e estranhamente não foi cumprido.
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Afinal, o que o Ministério da Saúde escondendo? Por quê?
Preocupadas com as mudanças no financiamento à atenção básica, que podem aumentar ainda mais a desigualdade na assistência à saúde, entidades da reforma sanitária enviaram nessa quarta-feira ao ministro da Saúde, Henrique Mandetta, um documento (na íntegra, abaixo)
Nele, as entidades pedem que, em vez de já se aprovar a mudança na CIT, se tenha um documento formal, para ser discutido nos espaços de controle social junto com a academia e a sociedade brasileira.
Com base do que se viu nos powerpoints dos gestores da SAPS, elas criticam vários pontos.
Assinam o documento:
Associação Brasileira de Economia da Saúde – ABrES
Associação Brasileira de Enfermagem – ABEN
Associação Brasileira da Rede Unida – REDE UNIDA
Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO
Associação Paulista de Saúde Pública – APSP
Centro Brasileiro de Estudos de Saúde – CEBES
Frente Nacional contra a Privatização da Saúde – FNPS
Instituto de Direito Sanitário Aplicado – IDISA
Rede de Médicas e Médicos Populares – RMMP
A propósito. Circulou nos últimos dias a informação de que o Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) iria apoiar a proposta do Ministério da Saúde.
Ontem à noite mandei uma mensagem ao secretário-executivo do Conasems, Mauro Junqueira, perguntando se a informação procedia.
Até o momento desta publicação, ele não deu retorno.
Se o Conasems realmente apoiar, será um equívoco histórico.
Tiro no próprio pé.
A proposta do governo reduzirá o repasse de recursos aos municípios.
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