Já que é pra morrer mesmo…

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Por Marco Aurélio Mello

Auro Queiroz/Free Stock Photos

Auro Queiroz/Free Stock Photos

por Marco Aurélio Mello

Havia um homem no banheiro.
Foi o que ele imaginou ao acender a luz.
Com taquicardia ele empalideceu.
Até perceber tratar-se do seu próprio reflexo.

Havia uma mulher deitada no chão.
Numa obra de arte erótica feita à carvão.
Sobre um espelho ela adorava a própria imagem
Enquanto a mão percorria seus vãos.

Tanto o homem no banheiro,
Quanto a mulher no chão
Estavam diante de suas imagens refletidas

Projetadas da imaginação.

Assim como os reflexos,
Projeções podem ou não ser reais.
São relações entre o observador
E o “ser” observado.

Terror, prazer…
Quem disse que o quê se vê
É necessariamente o que está retratado?

Se ela via o corpo de outra mulher
Mais feia, ou mais bonita,
E isso a excitava…

Se ele via outro homem
Mais velho
E isso o apavorava…

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Vejo dizer que poetas
“São espiões de Deus”.

Seja qual for sua escolha
Não esqueça: no final do filme
A gente sempre morre.

Portanto, que tal morrer feliz?

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Marco Aurélio Mello

Jornalista, radialista e escritor.


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