Eu quero ter um milhão de amigos

Foto Ladyrene Pérez/ Cubadebate

por Marco Aurélio Mello

A frase que abre o refrão da consagrada letra do rei Roberto Carlos tem muito a dizer sobre este tempo de redes sociais.

É claro que eu não tenho os 3.929 “amigos” que apregoa o Facebook, ninguém tem.

Só os tenho porque tenho por hábito enviar e aceitar solicitações de amizade.

Comecei a usar a plataforma divulgando o meu blog Doladodelá, quando este estava ativo.

Depois, tive ajuda de muitas dessas pessoas quando fui processado e condenado por causa de um texto de ficção.

Hoje, na minha time line divido minhas inquietações na forma de poemas e textos que publico aqui no Viomundo.

Acho saudável reunir em torno de nós pessoas que comungam dos mesmos ideais, não necessariamente das mesmas opiniões.

Não sou uma celebridade, nem um fenômeno da comunicação.

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Sei que meu alcance é pequeno comparado aos grandes do pedaço.

Também não pago um centavo para impulsionar minhas postagens.

Caso tivesse me dedicado a isto é possível que tivesse ido mais longe.

Tenho problemas com pagar para esses caras.

É doloroso me associar a eles.

Mas, pagando ou não, somos sócios, eu sei.

E mais, todos os meus (nossos) rastros de navegação são estudados.

Meu (nosso) perfil é conhecido por robôs que me (nos) distribuem propagandas.

Basta eu (a gente) fazer login em uma máquina qualquer que sou (somos) informado (s) por e-mail “para minha (nossa) proteção”.

Também sei que, estando com o meu (nosso) localizador via GPS ligado no celular qualquer um, desde que queira, pode me (nos) encontrar.

Portanto, nós somos sim prisioneiros modernos, em liberdade condicional.

Por isso minha gente é impossível guardar segredos.

E, já que é impossível guardá-los, por que não ter um milhão de amigos?

Quem sabe numa emergência alguém apareça em nosso socorro.

Afinal, como na canção, eu ainda “quero crer na paz do futuro, eu quero ter um quintal sem muro.”