Carlos Neder: Alckmin fez opção pela lógica da violência

Tempo de leitura: 2 min

Em defesa das mobilizações populares

por Carlos Neder*

Causa preocupação a pesquisa Datafolha, que aponta o aumento da rejeição das pessoas pelas manifestações de rua. Para que não fique dúvida alguma, quero deixar claro que apoio as mobilizações, desde que realizadas de maneira pacífica.

A presença dos jovens nas discussões do dia a dia das cidades é bem-vinda e deve ser incentivada. Esse é o direito de exercer, de maneira ativa e plena, a cidadania. E serve também como um recado aos partidos, políticos e detentores de mandatos públicos de que é preciso encontrar outros mecanismos de se fazer política e agregar essas novas demandas sociais.

A participação popular na luta por melhorias na qualidade de vida sempre foi algo que defendi, desde os anos 70, quando ajudei a organizar movimentos de saúde em São Paulo. A reivindicação daquela época, por construção de unidades de saúde nas regiões periféricas da capital, ampliou-se nos dias atuais pelos direitos de cidadania e pela melhoria da qualidade dos serviços públicos.

Reforço que a mobilização das pessoas e sua organização por meio das redes sociais, movimentos e sindicatos é fundamental para criar e conquistar novos direitos.

Esse é o caso, por exemplo, dos trabalhadores das Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e das Faculdades de Tecnologia (Fatecs), que paralisaram suas atividades desde o dia 17 de fevereiro por conta da falta de interlocução do governo Alckmin.

A gestão do PSDB se comprometeu a apresentar aos funcionários dessas instituições um plano de carreira, a ser encaminhado para aprovação na Assembleia Legislativa.

Porém, até o momento, nada disso foi levado adiante. Dois anos depois, a paciência dos trabalhadores com a lentidão do governo estadual levou-os à greve.

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O pior é que há suspeita de que essa demora seria intencional, com o objetivo de retirar direitos, como a licença-maternidade de 180 dias, assistência à saúde e vale-transporte.

Sem falar que os servidores continuam com seus salários defasados, sem possibilidade de conquistarem aumento real em seus vencimentos.

O descaso do governo Alckmin com as Fatecs e Etecs fica claro quando a única decisão autoritária tomada, ao invés de dialogar com os representantes da categoria, limita-se ao corte do ponto dos funcionários, logo no segundo dia de paralisação.

Espera-se que não utilize, mais uma vez, o assedio moral e a repressão policial para inibir a livre manifestação.

Essa postura demonstra o desrespeito da administração do PSDB com a sociedade civil organizada.

No caso, estamos falando de 213 Etecs espalhadas por 156 cidades e de 54 Fatecs localizadas em 53 municípios, que atendem a mais de 280 mil estudantes.

Daí que não é de estranhar a maneira como o governo estadual encara as mobilizações de rua, com agressão a manifestantes e jornalistas.

Aliás, essa parece ser a mesma lógica que permeia a relação com os trabalhadores estaduais e os serviços oferecidos à população.

Fica-se com a impressão de que a gestão Alckmin está mais próxima da tática equivocada de parte dos manifestantes, que é partir para o confronto violento sem diálogo.

*Carlos Neder é deputado estadual do PT-SP

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Comentários

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Wanderson Brum

Vejo nos comentários, comentar comentários é bizarro mais mesmo assim, utilizarem os mesmos termos que direita tem usado para deslegitimar qualquer tipo mobilização popular. Falam em “terrorismo”, “vandalismo”, “baderna”, destruição do “patrimônio público”, que são termos chave da deslegitimação politica popular, isso como se os direitos em questão valessem menos do que os prejuízos supostamente causados.

Fabio

O PT estadual em SP é marionete dos tucanos.

henrique de oliveira

Manifestações pacificas tudo bem , mas quando os Black ou os do MPL partem para a agressão e destruição de bens públicos ou particulares ai ja é terrorismo , e esse tipo de coisa so na porrada , ou sera que so policia pode morrer nas maõs de vandalos?

    Leo V

    Mas é a polícia que começa o vandalismo. E pior, vandalismo contra pessoas, não contra coisas.

Fernando

Esse deputado petista parece ser telespectador do Jornal Nacional.

    Lucas Gomes

    ele parece mesmo é integrar um governo que banca a Globo e que até hoje não mostrou o menor interesse em lutar contra ela. Isso é o governo Lula e o governo Dilma.

LeoV

Ahn? “Fica-se com a impressão de que a gestão Alckmin está mais próxima da tática equivocada de parte dos manifestantes, que é partir para o confronto violento sem diálogo.”

Tava indo bem demais… daí chega no final e escreve uma barbaridade dessa.

Quer dizer que são manifestantes desarmados que parte para o confronto violento com uma polícia super armada. Ou seja, são suicidas.

O mesmo povo que fala tão mal do PIG, com pra a versão absurda da imprensa e a reproduz: a polícia só reage. Quando qualquer um que já participou de qualquer manifestação sabe que é o oposto que ocorre na imensa maioria das vezes.

    Leandro

    É assim mesmo. Se fosse o governo da Bahia ou de outro estado governado pela situação iam elogiar a porradaria da polícia, mas como é em SP aí tudo muda. A polícia do DF vive batendo em manifestante e ninguém aqui diz nada ou quando dizem algo é taxando a manifestação de terrorismo, etc…

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