Fátima Oliveira: Por que perseguem a liberdade?

Tempo de leitura: 3 min

Zoë Neill Redhead, filha de Neill e atual diretora

A mística, os mitos e a liberdade que educam em Summerhill

Em 1999, no governo de Tony Blair, o caso foi parar na Justiça

Fátima Oliveira, em OTEMPO

[email protected] @oliveirafatima_

A palavra “Summerhill” significa outeiro de verão e era o nome da casa onde Neill instalara definitivamente a sua “República de crianças”. O método montessoriano e o libertário de Summerhill foram criados para crianças que as escolas tradicionais não queriam e rotulavam de “sem jeito”, as “pestinhas”, os “pra nada”.

Neill bebeu muito na fonte montessoriana. Summerhill se inspira numa abordagem psicanalista. Para Taís Oliveira de Amorim da Silva, “uma explicação possível para tal enfoque é o fato de Neill ter sido também um grande leitor da obra de Melanie Klein e ter tido contato direto com dois psicanalistas não tradicionais, Homer Lane e Wilhelm Reich”.

Recebi e-mails indagando o que é uma escola democrática, da qual Summerhill é modelo. E fiquei a matutar sobre a peregrinação árdua de escolher escolas, quando possível, pois nem todas as pessoas têm assegurado o direito de escolher escola para sua prole, que em geral estuda onde der, na biboca que tiver vaga.

E rememorei minha vida. Da “Carta de ABC” da escolinha do “professor Izídio” à Escola Rural Humberto de Campos, em Graça Aranha (MA); do Grupo Escolar João Pessoa, em Colinas (MA), com a imponência de sua elegante diretora Maria Brandão, até o Colégio Colinense e a sombra de suas algarobeiras, que, para uma menina da roça, era um sonho com sala de línguas, sala de geografia e sala de ciências, onde havia até um microscópio que eu manuseava como se fosse um Deus. Foi um privilégio que fez de mim o que sou, com um pedacinho de cada lugar por onde passei!

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Para Neill, “sucesso é ter a habilidade de trabalhar com prazer e viver a vida de uma maneira feliz”. Não é simples, nem fácil. Exige equilíbrio emocional, que muita gente chama de inteligência emocional e que, segundo Richard D. Roberts e Elizabeth do Nascimento, no artigo “Inteligência emocional, um constructo científico?”, “talvez seja o conceito mais popular do final do século XX”, todavia, difícil de descrever e de ser conceituado; apenas sabemos que não é inata, precisa ser estimulada e burilada. Eis a tarefa primordial de Summerhill e o desafio das escolas democráticas que se espelham nela.

No mundo, há cerca de 500 escolas que se intitulam democráticas, sendo sete no Brasil, todas no Estado de São Paulo. Summerhill começou exclusivamente como internato. Atualmente, há alunos em tempo integral que, à noite, vão para suas casas. Nas escolas democráticas, os alunos decidem o que fazer com o seu tempo em algum grau, pois nem em todas há liberdade total de não assistir às aulas, como em Summerhill – que continua sendo a mais radical e sempre foi muito perseguida pelas autoridades inglesas. Dizem que o ensino inglês tem a grade curricular mais inflexível do mundo, daí o governo viver às turras com Summerhill.

Em 1999, no governo de Tony Blair, a ofensiva foi brutal. Os inspetores escolares concluíram que a liberdade fora substituída pela ociosidade e indicaram aulas obrigatórias ou o fechamento da escola! A questão foi parar na Justiça. Sobre o caso, Zoë Neill Redhead, filha de Neill e atual diretora, em entrevista a Simone Kosog, nos 90 anos de Summerhill, disse: “Aquela época foi terrível! Não sabíamos se iríamos sobreviver àquilo. Recebemos doações do mundo inteiro para que pudéssemos pagar um bom advogado. No fim, os jurados decidiram a nosso favor. Fizemos uma assembleia no salão do fórum, e decidimos aceitar o julgamento. Nunca tínhamos passado por uma situação dessas!”.

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Marta D.

Paul Eluard: “Liberté” / “Liberdade: trad. de Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade

LIBERDADE*
Paul Eluard

Nos meus cadernos de escola
Nesta carteira nas árvores
Nas areias e na neve
Escrevo teu nome

Em toda página lida
Em toda página branca
Pedra sangue papel cinza
Escrevo teu nome

Nas imagens redouradas
Na armadura dos guerreiros
E na coroa dos reis
Escrevo teu nome

Nas jungles e no deserto
Nos ninhos e nas giestas
No céu da minha infância
Escrevo teu nome

Nas maravilhas das noites
No pão branco de cada dia
Nas estações enlaçadas
Escrevo teu nome

Nos meus farrapos de azul
No tanque sol que mofou
No lago lua vivendo
Escrevo teu nome

Nas campinas do horizonte
Nas asas dos passarinhos
E no moinho das sombras
Escrevo teu nome

Em cada sopro de aurora
Na água do mar nos navios
Na serrania demente
Escrevo teu nome

Até na espuma das nuvens
No suor das tempestades
Na chuva insípida e espessa
Escrevo teu nome

Nas formas resplandecentes
Nos sinos das sete cores
E na física verdade
Escrevo teu nome

Nas veredas acordadas
E nos caminhos abertos
Nas praças que regurgitam
Escrevo teu nome

Na lâmpada que se acende
Na lâmpada que se apaga
Em minhas casas reunidas
Escrevo teu nome

No fruto partido em dois
de meu espelho e meu quarto
Na cama concha vazia
Escrevo teu nome

Em meu cão guloso e meigo
Em suas orelhas fitas
Em sua pata canhestra
Escrevo teu nome

No trampolim desta porta
Nos objetos familiares
Na língua do fogo puro
Escrevo teu nome

Em toda carne possuída
Na fronte de meus amigos
Em cada mão que se estende
Escrevo teu nome

Na vidraça das surpresas
Nos lábios que estão atentos
Bem acima do silêncio
Escrevo teu nome

Em meus refúgios destruídos
Em meus faróis desabados
Nas paredes do meu tédio
Escrevo teu nome

Na ausência sem mais desejos
Na solidão despojada
E nas escadas da morte
Escrevo teu nome

Na saúde recobrada
No perigo dissipado
Na esperança sem memórias
Escrevo teu nome

E ao poder de uma palavra
Recomeço minha vida
Nasci pra te conhecer
E te chamar

Liberdade
* O primeiro título desse poema foi “Une seule pensée”, isto é, “Um único pensamento”, título empregado por Bandeira e Drummond em sua tradução. Alguns anos depois, o próprio Éluard alterou esse título para “Liberté”, isto é, “Liberdade”.

ELUARD, Paul. Poésies et vérités. Paris: Ed. de Minuit, 1942.
EULARD, Paul. “Um único pensamento”. Tradução de Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade. In: MAGALHÃES JÚNIOR, R. Antologia de poetas franceses. Rio de Janeiro: Gráfica Tupy, 1950.

http://antoniocicero.blogspot.com.br/2011/06/paul-eluard-liberte-liberdade-trad-de.html

Regina Braga

Em tempos de engano universal,dizer a verdade será um ato revolucionário.G.W

Suely Machado

25/11/2001
Summerhill: uma idéia simples
[por Helena Singer]

As idéias mais revolucionárias costumam ser justamente as mais simples. A idéia que gerou Summerhill é uma deste tipo. Seu fundador, A. S. Neill, partiu de uma constatação bastante óbvia para qualquer um que convive com crianças: elas são seres basicamente curiosos, ávidos por compreender o mundo à sua volta e, portanto, se lhes dermos os recursos e as orientações solicitados, irão se desenvolver, tendo muito prazer com todo o processo de aprendizado.

Essa idéia simples foi revolucionária em 1921, quando a escola foi criada, porque ainda imperava a visão da criança como uma tábula rasa, na qual a sociedade, via pais e depois professores, iria escrever o seu ideal de adulto. O processo educativo visava a inculcar naquele pequeno ser os valores e o arsenal de conhecimentos acumulados pela sociedade.

Nos anos 50 e 60, a pedagogia, muito influenciada pelas descobertas da psicologia, começou a perceber a criança não como um ser a que tudo falta, mas com características próprias que deveriam ser acionadas no processo educativo. Foi então que Summerhill passou a ser conhecida. Os livros de Neill foram reeditados, tornaram-se best-sellers, leitura obrigatória entre educadores, e sua escola transformou-se em modelo para experiências similares no mundo todo.

Nos libertários anos 60 e 70, multiplicaram-se as escolas democráticas e também as chamadas alternativas -aquelas que buscavam incorporar alguns preceitos democráticos sem romper com a estrutura básica das escolas, em que a diretoria centraliza as decisões finais, os professores avaliam os alunos e os estudantes são obrigados a seguir um currículo previamente definido.

Mesmo assim, os estudantes adquiriram mais voz. Em muitas escolas, criaram-se fóruns de discussão entre corpos docente e discente, organizaram-se centros acadêmicos e os jovens passaram a ter suas demandas consideradas.

Ainda mais importante que isso, mudou a relação entre professor/aluno: não mais a rigidez do respeito obrigatório, mas um clima amistoso entre adultos e jovens, em que todos podem se tratar por “você”, conversar sobre assuntos não-acadêmicos, se conhecer melhor. Mudou também a dinâmica da sala de aula, na qual passou-se a levar em consideração o interesse dos jovens para a apreensão do conteúdo ministrado.

Decorrem daí as muitas técnicas que passaram a ser desenvolvidas para “despertar o interesse” pelo aprendizado: jogos, projetos, uso de recursos visuais etc. Hoje, esse tipo de ambiente escolar está tão disseminado que já nem precisa mais ser chamado de “alternativo”.

Mas, se as idéias fundamentais de Neill influenciaram de modo definitivo o discurso dominante em educação, a estrutura básica da escola criada por ele continua chocando e dividindo opiniões. Se a idéia simples -de que as crianças são seres ávidos por compreender o mundo a sua volta- é difícil de ser contestada, o mesmo não se pode dizer da estrutura escolar construída com base nesta idéia.

Em Summerhill, os estudantes assistem apenas aos cursos que lhes interessam e passam o resto do tempo dedicando-se a outras atividades que lhes dão prazer ou que são necessárias para a gestão escolar: assembléias em que se decidem as regras de convivência, tribunais onde se discutem os conflitos entre os membros da comunidade, comissões que gerem a instituição.

Essas outras atividades são consideradas tão ou mais importantes que as acadêmicas. A decorrência disso é que perde importância o núcleo central de tudo a que se tem dedicado a pedagogia nas últimas décadas: problemas disciplinares, organizações curriculares, avaliações etc.

Foi desse modo que Summerhill foi ficando cada vez mais afastada do debate em educação e hoje é conhecida por muitos como “uma experiência fracassada dos anos 60”, apesar de continuar funcionando do mesmo modo em que foi concebida e continuar inspirando a criação de muitas escolas no mundo todo.

O curioso é que apesar de Summerhill continuar sendo uma escola de vanguarda, ela se mantém tradicional em alguns aspectos importantes. Em primeiro lugar, o ensino: se os estudantes querem seguir algum curso, o que encontram são as velhas disciplinas organizadas na ordem seriada, que contrasta com o potencial dos mais modernos recursos tecnológicos para transformar as escolas em comunidades de aprendizado bem mais dinâmicas e inovadoras.

O outro aspecto tradicional de Summerhill está mesmo em sua estrutura. Quando Neill fundou sua escola, ela era tão radicalmente diversa de tudo o que se pensava e oferecia para a infância, que foi projetada como um ambiente que protegesse a criança das influências nefastas do meio, instalada numa região interiorana da Inglaterra e estruturada como um internato. E assim Summerhill permanece até os dias de hoje, apesar de esse isolamento já não ser mais necessário, uma vez que as relações entre pais e filhos também se tornaram mais democráticas.

Helena Singer, 33, é diretora de educação
da Fundação Semco, doutora em sociologia
pela USP e autora de “República de Crianças:
Sobres Experiências Escolares de Resistência” (Hucitec/Fapesp, 1997), entre outros.

http://www1.folha.uol.com.br/revista/rf2511200114.htm

Mari

Fátima, eu também sou uma admiradora de Summerhill. Gostei do artigo.
Gostaria de indicar uma entrevista de Zoe sobre Summerhill:

Neil e Zöe – 1950

Summerhill é uma escola para o século 21?
– Summerhill é uma democracia direta. É uma comunidade muito coesa. Comunidade e democracia, além de claro entendimento do que seja liberdade pessoal dentro de comunidades democráticas, são ainda mais importantes hoje. Todos os Estados democráticos deveriam adotar a prática da democracia em comunidades como uma parte fundamental do dia a dia escolar. O que é mais importante para um Estado democrático e para as suas crianças do que aprender e entender a verdadeira natureza da democracia, suas vantagens e dificuldades? Há muitas lições e ideias que podem ser aproveitadas na maior parte dos contextos escolares, a partir da experiência de Summerhill.

Neil no final doa anos 60

Em 2000, a escola contestou uma notificação do então secretário da Educação, David Blunkett, numa batalha judicial. O que houve?
– O governo contestou o direito de as crianças escolherem livremente as suas ações cotidianas, ou seja, de escolher se queriam ou não participar das aulas. O caso mudou a forma como o governo realiza suas inspeções em todas as escolas da Inglaterra. Em termos gerais, as escolas passaram a se autoavaliar. A principal questão é o que a escola tenta alcançar, objetivo definido pela escola. E depois, verificar se a escola está alcançando as metas a que se propôs. As escolas passaram a fazer essa autoavaliação. Agora, quando os inspetores chegam para curtas verificações, analisam esse processo. A livre escolha foi, portanto, admitida por meio de uma decisão judicial, de modo que já não é um assunto que pode ser contestado pelo governo ou pelas autoridades educacionais. Foi uma vitória histórica da autonomia escolar.

Fonte: Revista Educação – Edição 147 – Jul/2009

Site da escola: http://www.summerhillschool.co.uk/

Na Biblioteca digital da Rede RC:
Neill, Alexander Sutherland (s/d) – Hablando sobre Summerhill
Versão em espanhol do clássico Talking of Summerhill, de 1967. 73p. – 547 Kb

Leia a entrevista completa em:
http://romanticos-conspiradores.ning.com/profiles/blogs/noticias-de-summerhill

FrancoAtirador

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Gaiolas e Asas

Por Rubem Alves

Os pensamentos chegam-me de um modo inesperado, sob a forma de aforismos. Fico feliz, porque sei que, frequentemente, também Lichtenberg, William Blake e Nietzsche eram atacados por eles.
Digo atacados porque eles surgem repentinamente, sem preparo, com a força de um raio.
Os aforismos são visões: fazem ver, sem explicar.
Pois ontem, de repente, este aforismo atacou-me:
Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo.
Pássaros engaiolados são pássaros sob controle.
Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser.
Pássaros engaiolados têm sempre um dono.
Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados.
O que elas amam são os pássaros em vôo.
Existem para dar aos pássaros coragem para voar.
Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros.
O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

Esse simples aforismo nasceu de um sofrimento: sofri, conversando com professores em escolas.
O que eles contam são relatos de horror e medo.
Balbúrdia, gritaria, desrespeito, ofensas, ameaças…
E eles, timidamente, pedindo silêncio, tentando fazer as coisas que a burocracia determina que sejam feitas, como dar o programa, fazer avaliações…
Ouvindo os seus relatos, vi uma jaula cheia de tigres famintos, dentes arreganhados, garras à mostra – e os domadores com os seus chicotes, fazendo ameaças fracas demais para a força dos tigres.

Sentir alegria ao sair de casa para ir à escola?
Ter prazer em ensinar? Amar os alunos?
O sonho é livrar-se de tudo aquilo.
Mas não podem. A porta de ferro que fecha os tigres é a mesma porta que os fecha com os tigres.
Violento, o pássaro que luta contra os arames da gaiola?
Ou violenta será a imóvel gaiola que o prende?
Violentos, os adolescentes? Ou serão as escolas que são violentas?

As escolas serão gaiolas?
Vão falar-me da necessidade das escolas dizendo que os adolescentes precisam de ser educados para melhorarem de vida.
De acordo. É preciso que os adolescentes, que todos tenham uma boa educação.
Uma boa educação abre os caminhos de uma vida melhor.
Mas eu pergunto: as nossas escolas estão a dar uma boa educação?
O que é uma boa educação?
O que os burocratas pressupõem sem pensar é que os alunos ficam com uma boa educação se aprendem os conteúdos dos programas oficiais.
E, para testar a qualidade da educação, criam mecanismos, provas e avaliações, acrescidos dos novos exames elaborados pelo Ministério da Educação.

Mas será mesmo?
Será que a aprendizagem dos programas oficiais se identifica com o ideal de uma boa educação?
Sabe o que é um “dígrafo”?
E conhece os usos da partícula “se”?
E o nome das enzimas que entram na digestão?
E o sujeito da frase “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante”?
Qual é a utilidade da palavra “mesóclise”?

Pobres professores, também engaiolados…
São obrigados a ensinar o que os programas mandam, sabendo que é inútil.
Isso é um hábito velho das escolas.
Bruno Bettelheim relata a sua experiência com as escolas:
Fui forçado (!) a estudar o que os professores decidiam que eu deveria aprender. E aprender à sua maneira.

O sujeito da educação é o corpo, porque é nele que está a vida.
É o corpo que quer aprender para poder viver. É ele que dá as ordens.
A inteligência é um instrumento do corpo cuja função é ajudá-lo a viver.

Nietzsche dizia que a inteligência era a ferramenta e o brinquedo do corpo.
Nisso se resume o programa educacional do corpo: aprender ferramentas, aprender brinquedos.
As ferramentas são conhecimentos que nos permitem resolver os problemas vitais do dia-a-dia.
Os brinquedos são todas aquelas coisas que, não tendo nenhuma utilidade como ferramentas, dão prazer e alegria à alma.
No momento em que escrevo estou ouvindo o coral da 9ª sinfonia [de Beethoven].
Não é ferramenta. Não serve para nada. Mas enche a minha alma de felicidade.

Nessas duas palavras, ferramentas e brinquedos, está o resumo da educação.

Ferramentas e brinquedos não são gaiolas. São asas.
As ferramentas permitem-me voar pelos caminhos do mundo.
Os brinquedos permitem-me voar pelos caminhos da alma.

Quem está a aprender ferramentas e brinquedos está a aprender liberdade, não fica violento. Fica alegre, ao ver as asas crescer…

Assim todo o professor, ao ensinar, deveria perguntar-se:
Isso que vou ensinar, é ferramenta? É brinquedo?
Se não for, é melhor pôr de parte.
As estatísticas oficiais anunciam o aumento das escolas e o aumento dos alunos matriculados.
Esses dados não me dizem nada. Não me dizem se as escolas são gaiolas ou asas.

Mas eu sei que há professores que amam o vôo dos seus alunos.

Há esperança…

(Folha de S. Paulo, Tendências e debates, 05/12/2001)
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    Milton

    Uma poesia que engrandece os comentários ao bonito texto de Fátima Oliveira

Magda Viana Areias

Summerhil ainda hoje é exemplar de sonhos de liberdade. É perseguida exatamente por isso.

FrancoAtirador

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ALUNOS DO COLÉGIO GARRASTAZU MÉDICI
FAZEM EXPOSIÇÃO SOBRE MARIGHELLA
E QUEREM MUDAR NOME DA ESCOLA

Conversa Afiada, via Guerrilheiros Virtuais

Eis uma grande história: estudantes do ensino médio do Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici, em Salvador, fizeram uma exposição sobre o conterrâneo Marighella.

Batizaram-na “A vida em preto e branco: Carlos Marighella e a ditadura militar”.

Neste vídeo, a professora de sociologia Maria Carmen mostra o trabalho de seus alunos.

“Seu livro foi uma base e uma inspiração para este trabalho”, ela disse a Mário Magalhães, comovendo-o.

(Clique aqui para ler sobre a obra “Marighella – o Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo”)

Há um movimento para mudar o nome do estabelecimento para Carlos Marighella.

Médici era o ditador cujo governo torturava e matava seres humanos.

Foi no seu mandato que ao menos 29 agentes da ditadura, armados até os dentes, assassinaram Marighella, desarmado.

A professora Carmen e seus alunos orgulham a Bahia e o Brasil.

Quem mantém um colégio com tal nome se iguala a qualquer fanático que, na Alemanha, pretenda erguer uma escola chamada Adolf Hitler.

PH:
A garotada dessa escola baiana, que tem o nome de Médici, quer mudar para Marighella.
Tem até vídeo da brava professora. Manda brasa.

(http://www.youtube.com/watch?v=XP58ztkAFv8)

http://guerrilheirosvirtuais.blogspot.com.br/2013/12/na-bahia-estudantes-querem-mudar-nome.html
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Leia também:

NOMES DE DITADORES MILITARES BATIZAM QUASE MIL ESCOLAS PÚBLICAS NO BRASIL

Das 3.135 unidades escolares públicas que homenageiam Chefes do Executivo Federal,
976 levam o nome de um dos cinco generais que comandaram o regime militar (1964/1985):
Castelo Branco, Costa e Silva, Emílio Médici, Ernesto Geisel ou João Figueiredo.

(http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/09/nomes-presidentes-ditadura-batizam-quase-mil-escolas-brasil.html)
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    lukas

    Vão mudar de um ASSASSINO para outro ASSASSINO?

    Ricardo

    Menos, Lucas, menos…

Sara Bentes

Uaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaau, matou a pau. Adorei

francisco pereira neto

Pura hipocrisia dos chamados “donos” do mundo.
Se lá no UK é assim, o que podemos dizer aqui no Brasil? Principalmente em São Paulo.
Sabemos que todas as escolas da rede estadual de ensino são obrigadas a engolir exemplares diários da Folha e Estadão e semanalmente da porca Veja.
Isso é o que eu chamo de “ensino” democrático.

alguém

O conceito de educação libertária vai totalmente contra a maré da nova ordem mundial (na qual se insere o neoliberalismo), a que desdenhosamente chamam de “conspiração”. É muito mais fácil controlar um adulto que não aprendeu em criança o que seja a vida em comunidade.

    Milton

    Concordo totalmente

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