Edinho Silva: Pedágios paulistas dão lucro líquido anual de 30%

Tempo de leitura: 3 min

Política de pedagiamento do PSDB limita desenvolvimento do interior

por Edinho Silva*

As cidades do interior paulista são as maiores penalizadas com a política de pedagiamento imposta pelas sucessivas administrações do PSDB no estado.

É preocupante o crescente esvaziamento econômico e até mesmo populacional de algumas regiões ocasionado pela falta de planejamento e de visão estratégica  do governo do estado. Não há dúvidas que o fator “pedágio” tem grande peso nisso.

As altas tarifas de pedágios praticadas nas rodovias paulistas inibem não só a locomoção interestadual, como de trabalhadores e estudantes, mas também a atração de empresas e indústrias que têm a logística como algo fundamental na planilha de custos.  Hoje, a logística no sistema produtivo é tão importante quanto a matéria-prima e a mão de obra.

Se não repensarmos a política de pedagiamento, os grandes investimentos vão continuar concentrados na grande São Paulo e região da Baixada Santista que são duas grandes portas para escoamento da produção. Dessa forma, o interior vai perder cada vez mais espaço na sua capacidade de competir na atração dos investimentos.

Recentemente, em mais um equívoco, o governo de São Paulo aproveitou a onda de manifestações de junho para fazer proselitismo político não aumentando o valor da tarifa, mas passando a cobrar dos eixos suspensos, representando custo ainda maior para transportadoras e caminhoneiros que trabalham como autônomos. É um desembolso que pesa para empresas e profissionais do setor, aumentando o custo logístico estadual e do país.

Mesmo sem o reajuste da tarifa, a conta ficou mais cara para quem usa a estrada para transportar carga, a riqueza do setor produtivo paulista e brasileiro. O governo penalizou quem deveria ter o custo do transporte reduzido.

O transporte rodoviário de carga representa 87% da movimentação de mercadoria (commodities e industrializados) no Brasil. Importante saber que boa parte desse custo é repassado ao varejo, portanto, é a sociedade quem paga.

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O governo do estado deveria rever o modelo de concessão – Alckmin prometeu durante a campanha eleitoral de 2010, mas nada foi feito até o momento. Os contratos foram elaborados na década de 90, ou seja, em outra conjuntura econômica do Brasil.

Nesse período, o país lutava pela estabilidade econômica, havia outra lógica de remuneração do processo inflacionário e o risco Brasil estava alto. Hoje, a conjuntura brasileira, econômica e social é outra. É preciso apresentar uma nova proposta ao povo paulista.

No modelo superado de concessão, aproximadamente 67% das rodovias estaduais paulistas usam o IGPM como indexador para correção das tarifas anualmente e o restante usa o IPCA.

De junho de 1998 até maio de 2013 a variação do IGPM foi de 248%, enquanto para o IPCA foi de 152%. Assim, se tivessem optado pelo IPCA, a tarifas das rodovias concedidas em 1998 seriam 38% mais baratas.

A Taxa Interna de Retorno – TIR – usada em cerca de 70% das concessões paulistas é em média de 20%. Isso porque quando houve a concessão, em 1998, o país passava por uma grave crise econômica no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e a taxa de juros era alta.

Para tornar o modelo atraente deram “esse prêmio” alto às concessionárias que exploram as rodovias. O resultado é a transferência de renda do usuário para empresas. A receita com pedágios superou os R$ 7 bilhões em 2012 e o lucro líquido tem ultrapassado os 30% anualmente.

A prova de que é possível fazer concessão de rodovias sem cobrar pedágios elevados foi dada pelo governo federal. O governo Lula fez concessão da Fernão Dias e a concessionária investe na duplicação e modernização da estrada, mas o custo do pedágio para ir de São Paulo a Belo Horizonte é três vezes menor do que o que se gasta para ir de São Paulo a Araraquara.

Além disso, o governo Lula enfrentou o problema da infraestrutura logística no país, uma demanda histórica, criando o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que destinou bilhões de reais nas rodovias, abertura de novas hidrovias, reforma, ampliação e modernização de portos e aeroportos.

Ainda no último mês de agosto o governo Dilma lançou a primeira etapa do Programa de Investimentos em Logística, com previsão de destinar R$ 133 bilhões para a reforma e construção de rodovias federais e ferrovias. Desse total, R$ 42,5 bilhões devem ser aplicados na duplicação de cerca de 5,7 mil quilômetros de rodovias, incluindo os principais eixos rodoviários do país. Outros R$ 91 bilhões serão investidos na reforma e construção de 10 mil quilômetros de ferrovias ao longo dos próximos 25 anos.

O Governo Federal tem mostrado que é possível enfrentar o problema da modernização das nossas estradas e do sistema de transporte sem onerar de forma injusta a sociedade.

*Deputado estadual, presidente do PT Paulista e ex-prefeito de Araraquara (2001-2008)

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Comentários

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Oliver Blanco

Um “tempinho” atrás, certo presidente ampliou o espaço concedido à luta pelas transformações estruturais e institucionais da sociedade brasileira, quando postula as reformas agrária, urbana, tributária, administrativa, política, bancária e universitária. Dizia ele, João Goulart, que: “Os obstáculos ao desenvolvimento de natureza institucional surgem de todos os lados”. “O sistema fiscal, poderoso instrumento de que dispõe o Governo para promover o desenvolvimento e corrigir as injustiças sociais, necessita ser colocado à altura das funções que o Estado tem o dever de desempenhar”.

Rapaz, o Estado de São Paulo com a administração persistente do PSDB, pegou o amuleto da justiça (sistema fiscal) e o usa para o mal. São Paulo, me parece, nas relações de fronteiras com outros Estados, um mini Estado Unidos. Um Estado que se comporta como “Imperialista”.

É necessário passar o pente fino nos contratos do Estado com as concessionárias de pedágio. É prioridade, que se descentralize os pedágio. Eles precisam estar localizados nas fronteiras do Estado. Para isso, é prescindível que se elimine a Substituição Tributária, também. Assim, cobra-se uma única taxa de pedágio; quando o veículo entrar no Estado, podendo ele rodar internamente onde bem quiser.

Mas, para isso, é preciso que o povo de São Paulo tenha infidelidade partidária… bye, bye psdb!

Oliver Blanco

Um “tempinho” atrás, certo presidente ampliou o espaço concedido à luta pelas transformações estruturais e institucionais da sociedade brasileira, quando postula as reformas agrária, urbana, tributária, administrativa, política, bancária e universitária. Dizia ele, João Goulart, que: “Os obstáculos ao desenvolvimento de natureza institucional surgem de todos os lados”. “O sistema fiscal, poderoso instrumento de que dispõe o Governo para promover o desenvolvimento e corrigir as injustiças sociais, necessita ser colocado à altura das funções que o Estado tem o dever de desempenhar”.

Rapaz, o Estado de São Paulo com a administração persistente do PSDB, pegou o amuleto da justiça (sistema fiscal) e o usa para o mal. São Paulo, me parece, nas relações de fronteiras com outros Estados, um mini Estado Unidos. Um Estado que se comporta como “Imperialista”.

É necessário passar o pente fino nos contratos do Estado com as concessionárias de pedágio. É prioridade, que se descentralize os pedágio. Eles precisam estar localizados nas fronteiras do Estado. Para isso, é prescindível que se elimine a Substituição Tributária, também. Assim, cobra-se uma única taxa de pedágio; quando o veículo entrar no Estado, podendo ele rodar internamente onde bem quiser.

Mas, para isso, é preciso que o povo de São Paulo tenha infidelidade partidária…

Renato

Vamos comparar duas rodovias, ambas com modelos de concessão diferentes.
Uma foi privatizada pelo Covas e a outra foi concedida por Lula.
Rodovia dos Bandeirantes X Rodovia Régis Bittencourt.
Rodovia dos Bandeirantes, foi concedida para a iniciativa privada com três faixas e cheia de buracos, hoje tem 5 faixas e um tapete.
Régis Bittencourt, Serra do Cafezal não duplicada e cheia de buracos
Velocidade Máxima:
120 Km/h na Bandeirantes, Régis Bittencourt ora 100,80,60 (Caso queira viver perigosamente, pois não anda mais de 40km)

Prefiro pagar mais caro, mas sabendo que terei um ótimo serviço

Alemao

Eu ficaria ruborizado ao escrever um artigo desses. A propaganda eleitoral é escancarada e estúpida. O mais cômico é ver que o próprio autor explica a razão do lucro estar nos patamares apresentados. Não é à toa que o governo não consegue fazer uma concessão decente no país. Ele cria insegurança jurídica e afasta investimentos. O que ele queria que fosse feito? Que se quebrassem os contratos como fez a presidAnta na energia elétrica? Deu no que deu, e os tontos acham que a redução nos impostos viria de graça. Agora é mais uma batata quente que se empurra com a barriga em detrimento do desenvolvimento do país.

Aline C Pavia

Essa caixa-preta é maior que o trensalão. Mais de 600 praças no estado, superfaturadas a 30%. Não dá pra entender como tem gente que VOTA nessa corja. E a DEFENDE, ainda por cima.

José Eduardo

É o óbvio ululante! Mas o eleitor paulista continua dormindo já que sempre vota nos “bicudos” há quase 20 anos. Aí não se trata apenas de conservadorismo, é burrice mesmo! E teimosia, claro! Fazer o quê? Politizar o eleitor, o que deveria ser evidente. Mas nem o PT está interessado nisso. Para piorar o PT de SP é uma piada! Idem para os demais partidos de esquerda nesse Estado. E apesar da (aparente!) virada na capital, com o Haddad, é justamente o interior que continua a eleger conservadores. Os interioranos então tem o que merecem? Claro que não, pois a culpa é de toda a esquerda que não faz o que deveria. Ou seja, militância! E vamos tocando essa velha locomotiva enferrujada e caindo aos pedaços chamada São Paulo…

Nilson

No caso do Sistema Anchieta-Imigrantes, a concessionária Ecovias foi responsável pela construção da pista descendente, pista esta que ela impede de trafegar ônibus e caminhões, permitindo apenas carros e veículo leves. Apesar de todo empenho da Ecovias e Artesp em justificar a proibição por itens de segurança, é inacreditável que uma pista em direção ao principal e mais movimentado porto do Brasil, não permita veículos pesados. Tenho para mim que se de fato a segurança é o motivo então os responsáveis pelo projeto fizeram uma verdadeira besteira. Erraram feio. Ou então, por economia dos custos de manutenção, todo o tráfego de veículos pesado seja desviado para a Anchieta, construída na década de 40, com suas pistas ultrapassadas e sem a segurança que se cobra nos dias de hoje. É de destacar que este absurdo ocorreu e ocorre nos governos tucanos.

    Nilson

    Complementando, a descida da serra que era feita em cerca de 50 minutos, agora não é feita por menos de 2 horas pela Anchieta.

José X.

Na lista de bilionários brasileiros de 2013 da revista Forbes existem pelo menos 2 nomes que são bilionários devido aos lucros dos pedágios.

É uma coisa tão esquisita, parece coisa de idade média, onde barões salteadores cobravam taxas dos viajantes em “suas” estradas.

Eu desconfio que a corrupção na concessão de pedágios seja um negócio colossal, que um dia ainda pode vir à tona.

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