Dr. Rosinha: Aqui, o estuprador vive livre e a vítima presa

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Dr. Rosinha: Em sociedade machista, estuprador vive livre e a vítima presa

Da violência me libertei

Dr. Rosinha, especial para o Viomundo

Luciana (nome fictício para preservá-la) é uma mulher jovem e inteligente. Aos 12 anos, foi violentada e estuprada. Pela exigência da moral cristã, dos bons costumes e da família e também pelo machismo e por uma cultura nacional (hoje, acredito, restrita a algumas regiões e famílias), foi obrigada a se casar. Casar com o estuprador, que era um conhecido (amigo) da família. A partir do estupro começa uma vida de muito sofrimento.

Casada com seu algoz teve três filhos, nenhum fruto do amor, mas todos amados pela mãe e violentados pelo pai.

Atualmente, por ordem judicial, Luciana vive na Casa Abrigo, e também por ordem judicial perdeu o direito de morar na casa financiada em seu nome pela Caixa Econômica Federal. Também por ordem judicial perdeu o direito de plantar num pequeno lote, que também é seu, onde é, ou melhor, era assentada.

Decide o juiz que esse pequeno patrimônio (casa e sítio), que pertence à Luciana, enquanto não for julgado todo o processo do qual é vítima, é de usufruto do ex-marido, pois ele precisa da renda desse pequeno patrimônio, segundo o juiz, para pagar a pensão. Coisa que nunca fez.

Ao conhecer o caso de Luciana, lembrei-me do “Estatuto do Nascituro” que está tramitando na Câmara dos Deputados. Projeto, na minha concepção, legitimamente chamado pelas feministas de “Bolsa Estupro”. Esse projeto estabelece uma ajuda (bolsa) financeira à mulher vítima de estupro. Ao propor isso, legitima a violência contra a mulher.

O projeto, ao permitir o reconhecimento do filho por parte do estuprador, transforma o agressor (criminoso) em genitor. Isso é cruel com a mulher (vítima). Já a mulher que fizer o aborto passa a ser vista pela sociedade como alguém sem coração. Em ambos os casos, vítimas duas vezes.

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A bolsa estupro criará centenas ou milhares de Lucianas. Lucianas estupradas e violentadas serão obrigadas a se casarem.

Afirma Luciana: “da violência me libertei, fugi de casa”. Libertou-se da violência, mas ao ser obrigada a ficar na Casa Abrigo, passa a ser prisioneira do Estado. Libertou-se da violência física, mas não do medo. Libertou-se, mas perdeu o direito de ir e vir. Não ganhou a liberdade.

Na audiência com a promotora do Ministério Público, esta pediu a Luciana para retirar a queixa da violência e do estupro sob a alegação que ele “é um coitadinho, um ser humano”. Luciana termina de fazer esse relato e com os olhos cheios de lágrimas e tristeza nos pergunta: “e eu o que sou? Sou o que? Não sou humana?” Não bastasse isso, o Ministério Público pediu a absolvição do agressor.

Hoje Luciana está proibida de sair da Casa Abrigo. Abrigada não pode sair para estudar, visitar amigos e parentes. Para que os filhos pudessem estudar teve que entrar na Justiça e ganhar esse direito das crianças.

A (in)justiça está presente em toda história de Luciana. Como demonstração, reproduzo uma frase da decisão proferida em juízo, absolvendo o denunciado (ex-marido de Luciana) pela prática de crimes contra a mulher:

“Ademais, não se pode olvidar que a vítima mentiu quando disse que não havia traído o réu, eis que seu próprio ‘ficante’ afirmou em juízo que os relacionamentos amorosos ocorreram enquanto ainda persistia convivência marital (vide depoimento de fl.)! Aliás, parece ter mentido por duas vezes, pois quanto ao suposto enforcamento, em que pese repousar nos autos prova das lesões sofridas, observo que a testemunha …….., vizinha do casal, confirmou versão do acusado ao expor que a própria vítima foi quem se autolesionou em franca tentativa de incriminar o réu”.

 Segundo análise da advogada que acompanha o fato, a

“motivação é preocupante. De um lado, não existe qualquer excludente de ilicitude ou de culpabilidade dos crimes de violência doméstica relacionada à infidelidade conjugal. De outro, em não sendo a infidelidade um ilícito, é completamente dispensável a menção a esse fato na sentença, que sugere um julgamento moral e não jurídico da mulher vítima de violência. Além disso, o magistrado dispensa uma prova pericial de lesão corporal face a uma prova testemunhal, sem maiores justificações para fazê-lo”.

 Apesar da prova pericial demonstrando a agressão (tentativa de feminicídio por enforcamento), o juiz afirma textualmente que a vítima se autolesionou. O juiz usa a “traição” para justificar a ação do agressor, quando a infidelidade não é crime.

Na nossa sociedade machista, de instituições machistas, o criminoso vive livre e a vitima presa na Casa Abrigo, já por cerca de sete meses.

Dr. Rosinha, médico pediatra é deputado federal (PT-PR) e presidente da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados. No twitter: @DrRosinha.

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Dr. Rosinha: Não adianta a Lei Maria da Penha ser ótima, se o Brasil não a fizer valer – Viomundo – O que você não vê na mídia

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Vera Silva

Enquanto o aborto não é permitido, tem que haver punição rigorosa para os estupradores.
A mulher já tem direito legal no SUS de usar os métodos de prevenção da gravidez e ser encaminhada pela própria delegacia ao hospital/posto de saúde para isto.
Se as delegacias e os juízes respeitassem as leis e normas de saúde do país, este caso nunca teria acontecido.
A questão é respeito às leis e aos direitos humanos das mulheres. E isto ainda está muito longe de acontecer no mundo inteiro. Nem quando existem as leis elas são obedecidas!!!
Não se trata de discutir religião e ideologia nem de agredir ninguém verbalmente, trata-se de respeito aos direitos humanos.
As escolas, os serviços públicos e particulares de saúde, o rádio e a TV deveriam prestar estes esclarecimentos contínua e continuadamente e gratuitamente, principalmente os meios de comunicação que usam o bem público (são concessões do povo brasileiro que portanto não deve pagar nenhum tostão para esta publicidade).

    Ninguém

    Desculpe, Vera, mas discordo de você. Para mim, que sou 100% a favor do aborto, tem de haver punição rigorosa para os estupradores, independentemente de o aborto ser ou não permitido.

    Valente

    Complicado isso de amarrar uma questão na outra.

    Se se fizesse um projeto para cada coisa….

    Assim, é um crime contra Lucianas…

    e pensei isto: se eu estivesse na situação dela, armaria até mais para fugir da situação. Cortari os pulsos. Porque ela teria de fazer isto? Resposta: porque não confia na justiça, não há um lugar seguro nas Leis, tudo dúvida e machismo dos que fazem as leis e dos que as executam.Idade média.

    Estou muito triste com as pessoas. E com a falta de educação e a conivência do governo com a falta de critérios educacionais ( nestes tempos em que já falta quem tenha valores morais para reproduzir e ensinar, precisamos de escolas que o façam). Entrei numa padaria e saí com asco por ter de ouvir os impropérios relativos ao caso
    Sheik. Os balconistas urravam. Não temos mais o direito de comprar um pãozinho sem nos depararmos com crápulas.

renato

Dr Rosinha, a unica coisa que leva um cara para a cadeia é a falta da
pensão.
Eu gostaria muito de ver um estuprador nestes casos, que vão existir mesmo tendo outras leis, esta será então o castigo para estes caras.
Já que eu não posso falar aqui o que gostaria de fazer.
Matam tanta gente inocente, neste país, que dá nojo.
E uns caras assim, nada acontece..
Viu… leio estas coisas e já fico atacado dos nervos…

SILVIO MIGUEL GOMES

O Congresso aprovou a tal Lei dos Crimes Hediondos.
o STF sempre manifestou pela inconstitucionalidade de se manter preso de imediato qualquer acusado, mesmo não restando dúvidas sobre a autoria.
E depois de transitado em julgado, não restando mais recurso, o autor de algum crime considerado gravíssimo, cumpriria toda pena a que foi condenado?.

NÃO.

Houve decisões divergentes, mas posteriormente, o STF também decidiu que ele tem direito a progressão da pena e até foi aprovada lei no Congresso disciplinando a questão.

Cléris Cavalheiro-RS

Eu não digo “Bolsa Estupro” eu digo “Vale Estupro” por que se essa aberração for aprovada “Estatuto do Nascituro”, seria o Estado naturalizado o crime de estrupo, sim, por que literalmente vale estuprar, já que a criminosa será a mulher que quiser abortar e o criminoso é tratado como genitor, com direito a guarda compartilhada e tudo mais.
Também retira conquistas históricas, como o direito hoje previsto, quando dá violência sexual comprovada, a má formação congênita grave, anencefalia etc. Imaginem uma mãe que tem absoluta certeza que seu filho não sobreviverá ao nascer e mesmo assim, será obrigada a carregar em seu ventre por nove meses, sem o direito hoje garantido de interromper essa gravidez, sob pena de ser considerada criminosa e presa.
Além disso cria a modalidade de aborto culposo e abre um precedente perigoso possibilitando também a criminalização daquela mulher que, muitas vezes sem saber que está grávida, utiliza medicamento ou segue dieta incompatível com seu quadro clínico, dando causa ao aborto, mesmo sem intenção de praticá-lo.
Esses fundamentalistas, moralistas, machistas, safados, será que já pensaram que a vitima pode ser sua filha, sua esposa, sua mãe….acho que pra eles tanto faz, pois esse projeto trata as mulheres como meras máquinas reprodutoras.
Apesar de tudo, acredito que a maioria dos deputados e deputadas não aprovarão isso em plenário, espero com muita angustia, que isto não seja aprovado. Acredito que esses fundamentalistas religiosos sejam convencidos que a maior prova de respeito das liberdades religiosas é ter um Estado Laico onde cada um decide conforme sua religiosidade, pois, toda vez que o Estado é influenciado por moralistas religiosos, sejam, católicos, Evangélicos, islâmicos, protestantes etc..etc.., o horror e a barbárie se instalam.
Parabéns Dr. Rosinha, nos ajude, se una aos Deputados e Deputadas que pensam como você, vão para tribuna vão pra imprensa não deixem esse absurdo acontecer.

Leonardo Dantas

Que foto é esta?
Encontrei-a no link abaixo:

http://www.lankaevision.org/2012/12/try-to-srilankan-model-sucide.html

e nem sequer pude detectar o idioma do texto que a acompanhava.
Além disso, custa-me acreditar que alguém que não pague pensão esteja em liberdade pois é a única situação em que a prisão é certa.

Por último, gostaria de acrescentar uma frase que os advogados sempre ouvem em seus cursos de graduação:

” A TESTEMUNHA É A PROSTITUTA DAS PROVAS”.
São demasiadas pessoas tentando levar vantagem em cima de uma estória muito mal contada.

    SILVIO MIGUEL GOMES

    Eu conheci empregada do antigo UNIBANCO que não conseguiu fazer o ex-marido pagar a pensão do filho. Estão separados, ela sustenta o filho (o ex tem empresa e é filho de família com certas condições) e assim está (acho que ela achou melhor ir embora e viver a sua vida).
    Se o ex-marido fosse pobre com toda certeza iria parar atrás da grades.

Malvina Cruela

machismo engraçado esse..em nosso país foram homens em proporção de de 3×2 que elegeram a atual presidenta (as mulheres a odeiam pq não tem nada que uma mulher mais tema que ter uma chefe mulher)…quanto a violência, a impunidade é geral e absoluta pra todo tipo de predador. Pq pra esquerda falar em punir bandido é a pior das blasfêmias de seu credo escalafobético.

    Julio Silveira

    A mais pura verdade.

    SILVIO MIGUEL GOMES

    As leis existem, só falta os Juízes cumprirem. Quem soluciona conflitos, quem prende é somente o Juiz (pelo menos deveria ser assim….)

    Malvina Cruela

    não há punição pq é da impunidade que vivem advogados (todos são advogados: defensores, promotores, juízes, delegados, oficiais de justiça..etc.;etc)
    todos são sócios parasitários do crime e da corrupção)… não existe pressão politica em contrario pq a esquerda considera que todo criminoso é uma vitima da injustiça social e tem direito de meter um balaço na cabeça de crianças de colo por isso. Loucura??? claro…mas o que vc quer quando os loucos dominam o hospício e passam a gerir todo o sistema?

SILVIO MIGUEL GOMES

No sermão do monte há ensinamentos para a conduta do chamado ser humano.
No entanto….. até os mais terríveis criminosos acreditam e temem a Deus.

Em todas as religiões e/ou filosofias há o “bom ladrão”

E é interessante que em todas as filosofias e/ou religiões é um “gravíssimo pecado” o falso testemunho, a ingratidão, a covardia moral, a injustiça.
Eu vi, convivi, tomei ciência de fatos, nos quais pessoas arroladas como testemunhas que covardemente arrasaram com a vítima.
O Meritíssimo jamais deveria ter escrito tal sentença (há divergências e confrontos nas provas – nem é necessário ter o processo nas mãos). Certamente vão todos arder nas profundezas do inferno.

Henrique

Fiz um comentário criticando a associação religião x machismo do relato da vítima e tomei muitas porradas das mulheres. Não adianta o oprimido virar opressor. Olhem outros comentários e verão que outras pessoas fazem a mesma analogia. Se não concordo sou um podre, um cretino. Reclamam da violência mas continuam reproduzindo a violência. Não é só aqui, as pessoas se matam em discussões ásperas. Abrem qualquer página de qualquer assunto e verão como as pessoas se tratam.

Julio Silveira

Faço um reparo ao titulo. Em sociedade permissiva, o criminoso celerado fica impune e o cidadão de bem preso e ainda com medo.

joão ricardo

Absurdo, tudo, tudo muito errado. Não se pode negar que o direito das mulheres avançou muito nos últimos anos, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Urbano

E quando essa sociedade possui uma justiça infestada de pragas daninhas da pior espécie, então…

Maria Thereza

Como dizem por aí: o feminismo nunca matou ninguém. Já o machismo, quando não mata literalmente, mata a liberdade das mulheres. Espero, sinceramente, que algum juiz tenha senso e modifique as coisas para Luciana.

    Henrique

    Tá complicado emitir opinião. Ainda reclamam da violência da menina, mas reproduzem a mesma lógica aqui. Agredindo comentários. Se não posso expor minha opinião sem tomar xingamentos, como queremos combater a violência. Chega de intolerância minha cara. Espero que possamos rever nossos conceitos, debater, construir pelo argumento, não pelo discurso raivoso vazio!

FERNANDA

Que comentário cretino…. lamenta o cacete.. e ainda vem falar de valores critãos…. vai discutir posturas religiosas numa hora dessas, diante desse relato terrível? VADE RETRO!

    Henrique

    Quer um cartaz para você colocar seu discurso pronto? Ou quer uma camisa da esquerda para poder gritar palavras de ordem contra as opiniões contrárias a sua?
    Cada dia lamento mais a postura binária esquerda x direita. Parecem time de futebol. É proibido opinar diferente, depois falam dos reaças.

Henrique

Filha, lamento profundamente seu caso, acho um crime você ser obrigada a casar com o estuprador. Mas comete um grave erro conceitual ao afirmar que os valores cristãos obrigam você a se casar com o estuprador. Talvez você tenha uma profunda confusão entre os princípios cristãos e católicos. Peixe é peixe, boi é boi, peixe-boi é outra coisa!

    Aline C Pavia

    Henrique, para vc “compaixão” é só um verbete no dicionário. Que comentário podre.

    Henrique

    Já estou acostumado com comentários vazios e agressões!

    Henrique

    Tem gente que gosta de lavar a alma com lama. Estou aqui, podem xingar, se isso ajudar vocês se sentirem melhor.

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