André Singer: Para que lado vão os personagens que tomaram as ruas?
Tempo de leitura: 2 minEsquerda ou direita?
por André Singer, na Folha de S. Paulo, sugestão de Julio Cesar Macedo Amorim
O levante urbano desencadeado pelo Movimento Passe Livre (MPL) obteve uma vitória extraordinária ao conquistar a redução do preço das passagens do transporte coletivo em São Paulo e em tantas outras cidades. Mas, conquistada a reivindicação, é preciso saber para que lado vão os personagens que tomaram as ruas depois de 20 anos de ausência das massas na cena brasileira.
Duas características peculiares aos protestos recentes criaram uma indeterminação. A primeira é o seu estilo horizontal de organização, cujas raízes profundas estão na tremenda crise que assola a democracia contemporânea. Indignadas com o descolamento entre o mundo da política e o inferno da vida cotidiana, as pessoas recusam as organizações tradicionais –sejam partidos, sejam sindicatos–, ou o que se pareça com elas.
Convém esclarecer, antes que haja qualquer mal-entendido, que a democracia não pode funcionar sem partidos e que os sindicatos, apesar de todos os problemas, continuam a ser o melhor instrumento que o trabalhador tem para defender seus interesses.
Para completar, em minha opinião, a democracia –em que pese os inúmeros e graves percalços pelos quais passa– é a maior conquista da humanidade no campo da política. Isto posto, é preciso canalizar a revolta contra as instituições para uma participação que as revitalize, e não que as destrua.
O saudável ímpeto antivertical tem como contrapartida a falta de direção unificada. Ao não se delimitar com clareza o que cabia e o que não cabia nas manifestações, elas começaram a agregar um pouco de tudo, até mesmo ideologias opostas, como ficou claro na briga entre direita e esquerda que marcou a comemoração da vitória na av. Paulista anteontem.
O segundo elemento singular é que nunca na história recente do país –e, talvez, nem na antiga– camadas populares tenham se levantado em tal proporção. Se o estopim foi aceso pela classe média, o novo proletariado, forjado na década do lulismo, entrou nas avenidas, dando um colorido inédito às marchas reivindicatórias. Uma placa tectônica do país se mexeu, surpreendendo a todos os atores tradicionais.
Iniciado pela esquerda, o processo ficou indeterminado quando se verificou que tal fração de classe pode ser fisgada pela direita, a partir de apelos contra a corrupção. A direita quer vender a ideia de que sanear o Estado (o que é necessário) e cortar funcionários resolveria as demandas por saúde, educação e segurança.
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Caberá à esquerda, que teve o mérito de começar a luta, ter a coragem de mostrar a cara e propor um programa que, sem deixar de ser republicano, aposte na ampliação do gasto público, de modo a construir o bem-estar que as massas exigem.
André Singer é cientista político e professor da USP, onde se formou em ciências sociais e jornalismo. Foi porta-voz e secretário de Imprensa da Presidência no governo Lula.
Leia também:
Marco Weissheimer: Uma multidão sequestrada por fascistas
MPL sai das ruas para não ser confundido com extrema direita
Comentários
Oswaldo
O que está imperando ainda é a confusão. Tenho considerado as manifestações do André Singer, mas o que impera ainda é uma confusão. O Wanderley Guilherme dos Santos tem avaliado que o que está se mostrando é um cerco reacionário.
Deixo alguns pontos de reflexão que levantei no meu blog>
http://blogumlugar.blogspot.com.br/2013/06/depois-da-fala-primeiras-impressoes.html
Lindivaldo
Eles, em sua grande maioria, já um têm lado, são de extrema-direita!
Como esperar deles uma opção futura?
Estão programados para despejar nas ruas o ódio da direita contra um governo trabalhista!
A imprensa conservadora e a rede social, ou a rede do ódio, deu-lhes todas as pautas.
Vê-los desfilar nas ruas, com suas previsíveis pautas, é o mesmo que acessar um facebook e ter um bom fígado para ver perpassar os ódios, as mentiras, os boatos e as palavras de ordem postados por uma direita que nunca se conformou com os resultados das urnas.
O disfarce é o apartidarismo, mas nenhuma de suas bandeiras atingem os projetos e programas dos partidos conservadores (PSDB, PPS, DEM).
De repente, eles deixaram de gostar de futebol.
Embrulhados na Bandeira Nacional, depredam o País, e enviam uma foto para que a imprensa mundial envergonhe o Brasil.
São milhões de punhos empurrando o Brasil ladeira a baixo a serviço do neo-liberalismo.
Na verdade, eles estão fazendo história, porém na contramão.
Graças a esses heróis, preparemo-nos, portanto, para mais algumas décadas de retrocesso!
A não ser que o povo entenda que menos do que 0,04% dos eleitores não têm o direito de entortar o nosso caminho!
Vanessa Tavares
Concordo!!! E sinceramente, tenho medo do futuro do Brasil estar nas mãos de jovens de 16 e 18 anos que não conhecem o Brasil antes do Partido dos Trabalhadores.
FrancoAtirador
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Como os cristãos devem agir diante das manifestações populares?
Catarina Jatobá, TV Canção Nova [Católica Radical], BH
Mesmo com espírito democrático, os protestos que levaram milhares de brasileiros às ruas dividem a opinião pública por causa do vandalismo infiltrado nos movimentos pacíficos. O momento é uma oportunidade para os cristãos questionarem sobre sua participação nas manifestações sociais.
O rosto pintado de verde e amarelo estampam as cores de um sonho: tornar o País mais justo e democrático.
Sonho que é próprio da juventude, que tem coragem de ir às ruas e caminhar em direção às mudanças.
Mas nestes protestos pacíficos entra também a depredação, de grupos que apelam para a violência.
E, neste ponto, surge um questionamento: como os cristãos devem agir?
Em encontro com professores e estudantes, o Papa Francisco comentou sobre qual deve ser o compromisso social da juventude. Ele afirmou que, para o cristão, é uma obrigação envolver-se na política, citada por ele como uma das mais altas formas de caridade, por buscar o bem comum.
Para o Bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG), Dom João Justino de Medeiros, a expressão religiosa assume também uma dimensão política, que pode ser expressa por meio de manifestações.
“Nesse sentido, nós católicos e todos os cristãos, e todos os cidadãos brasileiros, são chamados sim a manifestar, mas a descobrir que essa manifestação deve ser feita de modo pacífico, como construtores de uma sociedade nova.
Nós não construímos se destruímos, sobretudo aquilo que é o bem público e o bem maior, que é a vida das pessoas”, explicou.
E a juventude, o que pensa a esse respeito?
“Com certeza deve se envolver sim, senão seria se omitir, né?, diante das coisas que estão acontecendo”, afirma uma jovem de Belo Horizonte.
“A gente, como católico, cristão ou qualquer tipo de religião, vive na sociedade como qualquer um e tem que reivindicar seus direitos, e a questão da manifestação tem que ser pacífica, mas insistente”, diz outro jovem mineiro.
Para o padre Geovane Marques, da Paróquia Cristo Rei em Belo Horizonte, os movimentos populares podem ser feitos de forma coerente com a doutrina cristã.
“Nós vemos nessas manifestações uma oportunidade muito rica de fazer valer o Evangelho de Jesus Cristo, que nos convida a lutar pelos direitos humanos, pela solidariedade, pela justiça.
Não existe uma orientação direcionada para a participação nessas manifestações, mas existe um acolhimento da nossa parte e, ao mesmo tempo, a indicação de cuidados, com relação ao excesso na condução dessas manifestações, sobretudo, ligadas ao vandalismo, isso nós repudiamos”, destacou.
Na dúvida de como participar, segue uma dica prática:
“A juventude deve sim colocar-se nesse caminho de busca para uma transformação da sociedade, mas volto a dizer, colocando como critérios os ensinamentos de Jesus Cristo”, afirmou padre Marques.
(http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=289442)
FrancoAtirador
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CNBB divulga nota de apoio às manifestações pacíficas e critica os atos de vandalismo
Os bispos reunidos em Brasília na reunião do Conselho Permanente da CNBB divulgaram nesta sexta-feira, 21, sobre as manifestações populares que estão ocorrendo em todo o País nos últimos dias.
Leia, abaixo, a nota na íntegra:
Ouvir o clamor que vem das ruas
Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos em Brasília de 19 a 21 de junho, declaramos nossa solidariedade e apoio às manifestações, desde que pacíficas, que têm levado às ruas gente de todas as idades, sobretudo os jovens. Trata-se de um fenômeno que envolve o povo brasileiro e o desperta para uma nova consciência. Requerem atenção e discernimento a fim de que se identifiquem seus valores e limites, sempre em vista à construção da sociedade justa e fraterna que almejamos.
Nascidas de maneira livre e espontânea a partir das redes sociais, as mobilizações questionam a todos nós e atestam que não é possível mais viver num país com tanta desigualdade. Sustentam-se na justa e necessária reivindicação de políticas públicas para todos. Gritam contra a corrupção, a impunidade e a falta de transparência na gestão pública. Denunciam a violência contra a juventude. São, ao mesmo tempo, testemunho de que a solução dos problemas por que passam o povo brasileiro só será possível com participação de todos. Fazem, assim, renascer a esperança quando gritam: “O Gigante acordou!”
Numa sociedade em que as pessoas têm o seu direito negado sobre a condução da própria vida, a presença do povo nas ruas testemunha que é na prática de valores como a solidariedade e o serviço gratuito ao outro que encontramos o sentido do existir. A indiferença e o conformismo levam as pessoas, especialmente os jovens, a desistirem da vida e se constituem em obstáculo à transformação das estruturas que ferem de morte a dignidade humana. As manifestações destes dias mostram que os brasileiros não estão dormindo em “berço esplêndido”.
O direito democrático a manifestações como estas deve ser sempre garantido pelo Estado. De todos espera-se o respeito à paz e à ordem. Nada justifica a violência, a destruição do patrimônio público e privado, o desrespeito e a agressão a pessoas e instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir, de pensar e agir diferente, que devem ser repudiados com veemência. Quando isso ocorre, negam-se os valores inerentes às manifestações, instalando-se uma incoerência corrosiva que leva ao descrédito.
Sejam estas manifestações fortalecimento da participação popular nos destinos de nosso país e prenúncio de nossos tempos para todos. Que o clamor do povo seja ouvido!
Sobre todos invocamos a proteção de Nossa Senhora Aparecida e a bênção de Deus, que é justo e santo.
Brasília, 21 de junho de 2013
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís
Vice-presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário geral da CNBB
FrancoAtirador
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“Para que lado vão os personagens que tomaram as ruas?”
A resposta objetiva à pergunta título do Post:
Vão para o lado que Mídia Fascista mandar.
Vão ‘mudar o Brasil’… para o caos do ‘Estado Zero’.
É o Tea Party BraZil que está nas ruas.
Junto com as milícias da Ku-Klux-Klan.
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Se não houver um contra-protesto de grande vulto,
dos Movimentos Sociais, das Centrais de Trabalhadores
e de todas as forças democráticas brasileiras organizadas,
as forças reacionárias, cedo ou tarde, vão tomar o Poder.
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marco
Todos os comentários acima expostos,denotam falta de conhecimento político,histórico e somente reproduz o que os lideres dessas pessoas,a direita,tenta faze-los crer.Infelizmente é assim que eu entendo posto pessoas que tem cérebro,como qualquer outra,sejam tão ingênuas,ao ponto de não reconhecerem que todos os personagens mencionados,estão tentando articular,com ordens do exterior,um golpe de estado no Brasil,como tentaram e tentam,no Equador,na Argentina,na Bolívia,na Venezuela com o intuito de continuarem roubando,como o fazem desde muito,já que seus paises de origens,estão se fragmentando em virtude da acumulação de riquezas nas mãos de poucos em detrimento dos demais,incluindo-se ai,seus próprios cidadãos pobres.Crise estrutural do sistema,que os ingênuos chamam de democracia,e que depois de muitos anos de existência,além de não resolver nenhum problema da humanidade,senão de uma minoria rica,pelo contrário,tem agravado suas existência.Por favor,usem os cérebros,todos o tem e podem tirar proveito,desde que os usem e não deixem que outros pensem por vocês.
renato
Temos que conversar com os trabalhadores, conversar porta a porta com panfletos como antigamente, mão a mão, as manifestações dos jovens( muitos deles filhos de trabalhadores) já colocaram os Politicos de orelha em pé, Trabalhador na rua só quando ofenderam o patrimonio destes.
Aquilo que se ganha com suor…
No mais a grande resposta é nas URNAS.
Márcio Martins
André Singer é um Menchevique que esqueceu dos “Bolcheviques”. O autiritarismo está nas ruas. Só não vê quem não quer.
Márcio Martins
Correção: autoritarismo, claro!
Urbano
Zorralouquice até a medula e, pior, por merrecas… O pobre, pobre mesmo não faz um levante dessa dimensão. Mas não faz mesmo.
marco
Pra que lado vão?Ora sr.Singer,certamente como toda a massa,vão pro lado dos que tem mais poder de propaganda.Ou o sr.acha que a coca cola é consumida pelo gosto?Ou a cerveja é criminosamente propagandeada e con sumida,sem propaganda!Ou o Adolf cooptou a totalidade do povo alemão,peloas seus lindos olhos.Propaganda sr. Singer,a arma mais poderosa da doutrina.
FrancoAtirador
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CRONOLOGIA DOS FATOS
O PRENÚNCIO DE UM GOLPE FASCISTA [EM ANDAMENTO]
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19/06/2013
Quarta-Feira
Está tudo tão estranho, e não é à toa.
Por Marília Moschkovich*, no Contexto Livre
Um relato do quebra-cabeças que fui montando nos últimos dias.
Aviso que o post é longo, mas prometo fazer valer cada palavra.
[nota da autora*, adicionada após muitos comentários e compartilhamentos desviando um pouco o sentido do texto: ESTE É UM TEXTO DE ESQUERDA]
Começo explicando que não ia postar este texto na internet. Com medo.
Pode parecer bobagem, mas um pressentimento me dizia que o papel impresso seria melhor.
O papel impresso garantiria maiores chances de as pessoas lerem tudo, menores chances de copiarem trechos isolados destruindo todo o raciocínio necessário.
Enquanto forma de comunicação, o texto exige uma linearidade que é difícil. Difícil transformar os fatos, as coisas que vi e vivi nos últimos dias em texto. Estou falando aqui das ruas de São Paulo e da diferença entre o que vejo acontecer e o que está sendo propagandeado nos meios de comunicação e até mesmo em alguns blogs.
Talvez essa dimensão da coisa me seja possível porque conheço realmente muita gente, de vários círculos; talvez porque sempre tenha sido ligada à militância política, desde adolescente; talvez porque tenha tido a oportunidade de ir às ruas; talvez porque pude estar conectada na maior parte do tempo. Não sei. Mas gostaria de compartilhar com vocês.
E gostaria que, ao fim, me dissessem se estou louca. Eu espero verdadeiramente que sim, pois a minha impressão é a de que tudo é muito mais grave do que está parecendo.
Tentei escrever este texto mais ou menos em ordem cronológica. Se não foi uma boa estratégia, por favor me avisem e eu busco uma maneira melhor de contar. Peço paciência. O texto é longo.
1. Contexto é bom e mantém a pauta no lugar
Hoje é dia 18 de junho de 2013. Há uma semana, no dia 10, cerca de 5 mil pessoas foram violentamente reprimidas pela Policia Militar paulista na Avenida Paulista, símbolo da cidade de São Paulo. Com a transmissão dos horrores provocados pela PM pela internet, muitas pessoas se mobilizaram para participar do ato seguinte, que seria realizado no dia 13. A pauta era a revogação no aumento das tarifas de ônibus, que já são caras e já excluem diversos cidadãos de seu direito de ir e vir, frequentando a própria cidade onde moram.
No dia 13, então, aconteceu a primeira coisa estranha, que acendeu uma luzinha amarela (quase vermelha de tão laranja) na minha cabeça: os editoriais da folha e do estadão aprovavam o que a PM tinha feito no dia 10 de junho e, mais do que isso, incentivavam ações violentas da pm “em nome do trânsito” [aliás, alguém me faz um documentário sensacional com esse título, faz favor? ]. Guardem essa informação.
Logo após esses editoriais, no fim do dia, a PM reprimiu cerca de 20mil pessoas. Acompanhei tudo de casa, em outra cidade. Na primeira hora de concentração para a manifestação foram presas 70 pessoas, por sua intenção de participar do protesto. Essa intenção era identificada pela PM com o agora famoso “porte de vinagre” (já que vinagre atenua efeitos do gás lacrimogêneo). Muitas pessoas saíram feridas nesse dia e, com os horrores novamente transmitidos – mas dessa vez também pelos grandes meios de comunicação, inclusive esses dos editoriais da manhã, que tiveram suas equipes de reportagem gravemente feridas -, muita gente se mobilizou para o próximo ato.
2. Desonestidade pouca é bobagem
No próprio dia 13, à noite, aconteceu a segunda “coisa estranha”. Logo no final da pancadaria na região da Paulista, sabíamos que o próximo ato seria na segunda-feira, dia 17 de junho. Me incluíram num evento no Facebook, com exatamente o mesmo nome dos eventos do MPL, as mesmas imagens, bandeiras, etc. Só que marcado para sexta-feira, o dia seguinte. Eu dei “ok”, entrei no evento, e comecei a reparar em posts muito, mas muito esquisitos. Bandeiras que não eram as do MPL (que conheço desde adolescente), discursos muito voltados à direita, entre outros. O que estava ali não era o projeto de cidade e de país que eu defendo, ou que o MPL defende.
Dei uma olhada melhor: eram três pessoas que haviam criado o evento. Fucei o pouco que fica público no perfil de cada um. Não encontrei nenhuma postagem sobre nenhuma causa política. Apenas postagens sobre outros assuntos. Lá no fim de um dos perfis, porém, encontrei uma postagem com um grupo de pessoas em alguma das tais marchas contra a corrupção. Alguma coisa com a palavra “Juventude”, não me lembro bem. Ficou claro que não tinha nada a ver com o MPL e, pior que isso, estavam tentando se passar pelo MPL.
Alguém me deu um toque e observei que a descrição dizia o trajeto da manifestação (coisa que o MPL nunca fez, até hoje, sabiamente). Além disso, na descrição havia propostas como “ir ao prédio da rede globo” e “cantar o hino nacional”, “todos vestidos de branco”. O alerta vermelho novamente acendeu na minha cabeça. Hino nacional é coisa de integralista, de fascista. Vestir branco é coisa de movimentos em geral muito ou totalmente despolitizados. Basta um mínimo de perspectiva histórica pra sacar. Pois bem.
Ajudei a alertar sobre a desonestidade de quem quer que estivesse organizando aquilo e meu alerta chegou a uma das pessoas que, parece, estavam envolvidas nessa organização (ou conhecia quem estava). O discurso dela, que conhece alguém que eu conheço, era totalmente despolitizado. Ela falava em “paz”, “corrupção” e outras palavras de ordem vazias que não representam reivindicação concreta alguma, e muito menos um projeto de qualquer tipo para a sociedade, a cidade de São Paulo, etc. Mais um pouco de perspectiva histórica e a gente entende no que é que palavras de ordem e reivindicações vazias aleatórias acabam. Depois de fazer essa breve mobilização na internet com várias outras pessoas, acabaram mudando o nome e a foto do evento, no próprio dia 13 de noitão. No dia seguinte transferiram o evento para a segunda-feira, “para unir as forças”, diziam.
3. E o juiz apita! Começa a partida!
Seguiu-se um final de semana extremamente violento em diversos lugares do país. Era o início da Copa das Confederações e muitos manifestantes foram protestar pelo direito de protestarem. O que houve em sp mostrou que esse direito estava ameaçado. Além disso, com a tal “lei da copa”, uma legislação provisória que vale durante os eventos da FIFA, em algumas áreas publicas se tornam proibidas quaisquer tipos de manifestações políticas. Quer dizer, mais uma ameaça a esse direito tão fundamental numa [suposta] democracia.
No final de semana as manifestações não foram tão grandes, mas significativas em ao menos três cidades: Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro. No DF e no RJ as polícias militares seguiram a receita paulista e foram extremamente violentas. A polícia mineira, porém, parecia um exemplo de atuação cidadã, que repassamos, compartilhamos e apoiamos em redes sociais do lado de cá do sudeste.
Não me lembro bem, mas acho que foi no intervalo entre uma coisa e outra que percebi a terceira “coisa estranha”. Um pouco depois do massacre na região da Paulista, e um pouco antes do final de semana de horrores, mais um sinal: ficamos sabendo que uma conhecida distante, depois do dia 13, pegou um ônibus para ir ao Rio de Janeiro. Essa pessoa contou que a PM paulista parou o ônibus na estrada, antes de sair do Estado de São Paulo. Mandaram os passageiros descerem e policiais entraram no veículo. Quando os passageiros subiram novamente, todas as coisas, bolsas, malas e mochilas estavam reviradas. A policial perguntou a essa pessoa se ela tinha participado de algum dos protestos. Pediu pra ver o celular e checou se havia vídeos, fotografias, etc.
Não à toa e no mesmo “clima”, conto pra vocês a quarta “coisa estranha”: descobrimos que, após o ato em BH, um rapaz identificado como uma das lideranças políticas de lá foi preso, em sua casa. Parece que a nossa polícia exemplar não era tão exemplar assim, mas agora ninguém compartilhava mais. Coisas semelhantes aconteceram em Brasília, antes mesmo das manifestações começarem.
4. Sequestraram a pauta?
Então veio a segunda-feira. Dia 17 de junho de 2013. Ontem. Havia muita gente se prontificando a participar dos protestos, guias de segurança compartilhados nas redes, gente montando pontos de apoio, etc. Uma verdadeira mobilização para que muita gente se mobilizasse. Estávamos otimistas.
Curiosamente, os mesmos meios de comunicação conservadores que incentivaram as ações violentas da PM na quinta-feira anterior (13) de manhã, em seus editoriais, agora diziam que de fato as pessoas deveriam ir às ruas. Só que com outras bandeiras. Isso não seria um problema, se as pessoas não tivessem, de fato, ido à rua com as bandeiras pautadas por esses grupos políticos (representados por esses meios de comunicação). O clima, na segunda-feira, era outro. Era como se a manifestação não fosse política e como se não estivesse acontecendo no mesmo planeta em que eu vivo. Meu otimismo começou a decair.
A pauta foi sequestrada por pessoas que estavam, havia alguns dias, condenando os manifestantes por terem parado o trânsito, e que são parte dos grupos sociais que sempre criminalizaram os movimentos sociais no Brasil (representados por um pedaço da classe política, estatisticamente o mais corrupto – não, não está nem perto de ser o PT -, e pelos meios de comunicações que se beneficiam de uma política de concessões da época da ditadura). De repente se falava em impeachment da presidenta. As pessoas usavam a bandeira nacional e se pintavam de verde e amarelo como ordenado por grandes figurões da mídia de massas, colunistas de opinião extremamente populares e conservadores.
As reações de militantes variavam. Houve quem achasse lindo, afinal de contas, era o povo nas ruas. Houve quem desconfiasse. Houve quem se revoltasse. Houve quem, entre todos os sentimentos possíveis, ficasse absolutamente confuso. Qualquer levante popular em que a pauta não eh muito definida cria uma situação de instabilidade política que pode virar qualquer coisa. Vimos isso no início do Estado Novo e no golpe de 1964, ambos extremamente fascistas. Não quer dizer que desta vez seria igual, mas a história me dizia pra ficar atenta.
5. Não, sequestraram o ato!
A passeata do dia 17, segunda-feira, estava marcada para sair do Largo da Batata, que fica numa das pontas da avenida Faria Lima. Não se sabia, não havia decisão ainda, do que se faria depois. Aos que não entendem, a falta de um trajeto pré-definido se justifica muito bem por duas percepções: (i) a de que é fácil armar emboscadas para repressão quando divulga-se o trajeto; e, (ii) mais importante do que isso, a percepção de que são as pessoas se manifestando, na rua, que devem definir na hora o que fazer. [e aqui, se vocês forem espertos, verão exatamente onde está a minha contradição – que não nego, também me confunde]
A passeata parecia uma comemoração de final de copa do mundo. Irônico, não? Começamos a teorizar (sem muita teoria) que talvez essa fosse a única referência de manifestações públicas que as pessoas tivessem, em massa:o futebol. Os gritos eram do futebol, as palavras de ordem eram do futebol. Muitas camisetas também eram do futebol. Havia inclusive uns imbecis soltando rojões, o que não é muito esperto pois pode gerar muito pânico considerando que havia poucos dias muita gente ali tinha sido bombardeada com gás lacrimogêneo. Havia pessoas brincando com fogo. [guardem essa informação do fogo também]
Agora uma pausa: vocês se lembram do fato estranho número dois? O evento falso no facebook? Bom, o trajeto desse evento falso incluía a Berrini, a ponte Estaiada e o palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado. Reparem só.
Quando a passeata chegou ao cruzamento da Faria Lima com a Juscelino, fomos praticamente empurrados para o lado direito. Nessa hora achamos aquilo muito esquisito. Em nossas cabeças, só fazia sentido ir à Paulista, onde havíamos sido proibidos de entrar havia alguns dias. Era uma questão de honra, de simbologia, de tudo. Resolvemos parar para descobrir se havia gente indo para o lado oposto e subindo a Brigadeiro até a Paulista. Umas amigas disseram que estavam na boca do túnel. Avisei pra não irem pelo túnel que era roubada. Elas disseram então que estavam seguindo a passeata pela ponte, atravessando a Marginal Pinheiros.
Demoramos um tanto pra descobrirmos, já prontos pra ir para casa broxados, que havia gente subindo para o outro lado. Gente indo à esquerda. Era lá que preferíamos estar. Encontramos um outro grupo de pessoas conhecidas e amigas e seguimos juntos. As palavras de ordem não mudaram. Eram as mesmas em todos os lugares. As pessoas reproduziam qualquer frase de efeito tosca de maneira acrítica, sem pensar no que estavam dizendo. Efeito “multidão”, deve ser.
As frases me incomodaram muito. Nem uma só palavra sobre o governador que ordenara à PM descer bala, cassetete e gás na galera havia poucos dias. Que promove o genocídio da juventude negra nessa cidade todos os dias, há 20 anos. Nem mesmo uma. Os culpados de todos os problemas do mundo, para os verde-amarelos-bandeira-hino eram o prefeito e a presidenta. Ou essas pessoas são ignorantes, ou são extremamente desonestas.
Nem chegamos à Paulista, incomodados com aquilo. Fomos para casa nos sentindo muito esquisitos. Aí então conseguimos entender que aquelas pessoas do evento falso no facebook tinham conseguido de alguma maneira manobrar uma parte muito grande de pessoas que queria ir se manifestar em outro lugar. A falta de informação foi o que deu poder para esse grupo naquele momento específico. Mas quem era esse grupo? Não sei exatamente. Mas fiquei incomodada.
6. O centro em chamas.
Quem diria que essa sensação bizarra e sem nome da segunda-feira faria todo sentido no dia seguinte? Fez. Infelizmente fez. O dia seguinte, “hoje”, dia 18 de junho de 2013, seria decisivo. Veríamos se as pessoas se desmobilizariam, se a pauta da revogação do aumento se fortaleceria. Essa era minha esperança que, infelizmente, não se confirmou. A partir daqui são todos fatos recentes, enquanto escrevo e vou tentar explica-los em ordem cronológica. Aviso que foram fazendo sentido aos poucos, conforme falávamos com pessoas, ouvíamos relatos, descobríamos novas informações. Essa é minha tentativa de relatar o que eu vi, vivi, experienciei.
No fim da tarde, pegamos o metrô Faria Lima lotadíssimo um pouco depois do horário marcado para a manifestação. Perguntei na internet, em redes sociais, se o ato ainda estava na concentração ou se estava andando, e para onde. Minha intenção era saber em qual estação descer. Me disseram, tomando a televisão como referencia (que é a referencia possível, já que não havia um único comunicado oficial do MPL em lugar algum) que o ato estava na prefeitura. Guardem essa informação.
Fomos então até o metrô República. Helicópteros diversos sobrevoavam a praça e reparei na quinta “coisa estranha”: quase não havia polícia. Acho que vimos uns três ou quatro controlando curiosamente a ENTRADA do metrô e não a saída… Quer dizer, quem entrasse no metro tinha mais chance de ser abordado do que quem estava saindo, ao contrário do dia 13.
A manifestação estava passando ali e fomos seguindo, até que percebemos que a prefeitura era outro lado. Para onde estavam indo essas pessoas? Não sabíamos, mas pelos gritos, pelo clima de torcida de futebol, sabíamos que não queríamos estar ali, endossando algo em que não acreditávamos nem um pouco e que já estávamos julgando ser meio perigoso. Quando passamos em frente à câmara de vereadores, a manifestação começou a vaiar e xingar em massa. Oras, não foram eles também que encheram aquela câmara com vereadores? O discurso de ser “apolítico” ou “contra” a classe política serve a um único interesse, a história e a sociologia nos mostram: o dos grupos conservadores para continuarem tocando a estrutura social injusta como ela é, sem grandes mudanças. Pois era esse o discurso repetido ali.
Resolvemos então descer pela rua Jandaia e tentar voltar à Sé, pois disseram nas redes sociais que o ato real, do MPL, estava no Parque Dom Pedro. Como aquilo fazia mais sentido do que um monte de pessoas bem esquisitas, com cartazes bem bizarros, subindo para a Paulista, lá fomos nós.
Outro fato estranho, número seis: no meio da Rua Jandaia, num local bem visível para qualquer passante nos viadutos do centro, um colchão em chamas. A manifestação sequer tinha passado ali. Uma rua deserta e um colchão em chamas. Para quê? Que tipo de sinal era aquele? Quem estava mandando e quem estava recebendo? Guardamos as mascaras de proteção com medo de sermos culpados por algo que não sabíamos sequer de onde tinha vindo e passamos rápido pela rua.
Cruzamos com a mesma passeata, mais para cima, que vinha lá da região que fica mais abaixo da Sé, mas não sabíamos ainda de onde. Atrás da catedral, esperamos amigos. Uma amiga disse que o marido estava chateado porque não conseguiu pegar trem na Vila Olímpia. Achamos normal, às vezes a CPTM trava mesmo, daí essa porcaria de transporte e os protestos, etc. pois bem. Guardem a informação.
Uma amiga ligou dizendo que estava perto do teatro municipal e do Vale do Anhangabaú, que estava “pegando fogo”. Imbecil que me sinto agora, na hora achei que ela estava falando que estava cheio de gente, bacana, legal. [que tonta!] Perguntei se era o ato do MPL, se tinha as faixas do MPL. Ela disse que sim mas não confiei muito. Resolvemos ir ver.
[A partir daqui todos os fatos são “estranhos”. Bem estranhos.]
O clima no centro era muito tenso quando chegamos lá. Em nenhum dos outros lugares estava tão tenso. Tudo muito esquisito sem sabermos bem o quê. Os moradores de rua não estavam como quem está em suas casas. Os moradores de rua estavam atentos, em cantos, em grupos. Poucos dormiam. Parecia noite de operação especial da PM (quem frequenta de verdade a cidade de São Paulo, e não apenas o próprio bairro, sabe bem o que é isso entre os moradores de rua).
Só que era ainda mais estranho: não havia polícia. Não havia polícia no centro de São Paulo à noite. No meio de toda essa onda. Não havia polícia alguma. Nadinha de nada, em lugar nenhum.
Na Sé, descobrimos mais ou menos o caminho e fomos mais ou menos andando perto de outras pessoas. Um grupo de franciscanos estava andando perto de nós, também. Vimos uma fumaça preta. Fogo. MUITO fogo. Muito alto. O centro em chamas.
Tentamos chegar mais perto e ver. Havia pessoas trepadas em construções com latas de spray enquanto outros bradavam em volta daquela coisa queimando que não conseguíamos identificar. Outro colchão? Os mesmos que deixaram o colchão queimando na Jandaia? Mas quem eram eles?
De repente algumas pessoas gritaram e nós,mais outros e os franciscanos, corremos achando que talvez o choque estaria avançando. Afinal de contas, era óbvio que a polícia iria descer o cacete em quem tinha levantado aquele fogaréu (aliás, será q ela só tinha visto agora, que estava daquele tamanho todo?). Só que não.
Na corrida descobrimos que era a equipe da TV Record. Estavam fugindo do local – a multidão indo pra cima deles – depois de terem o carro da reportagem queimado. Não, não era um colchão. Era o carro de reportagem de uma rede de televisão. O olhar no rosto da repórter me comoveu. Ela, como nós, não conseguia encontrar muito sentido em tudo que estava acontecendo. Ao lado de onde conversávamos, uns quatro policiais militares. Parados. Assistindo o fogo, a equipe sendo perseguida… Resolvemos dar no pé que bobos nós não somos. Tinha algo muito, mas muito errado (e estranho) ali.
Voltamos andando bem rápido para a Sé, onde os moradores de rua continuavam alertas, e os franciscanos tentavam recolher pertences caídos pelo chão na fuga e se organizarem novamente para dar continuidade a sua missão. Nós não fomos tão bravos e decidimos voltar para nossas casas.
7. Prelúdio de um… golpe?
No metrô um aviso: as estações de trem estavam fechadas. É, pois é, aquela coisa que havíamos falado antes e tal. Mal havíamos chegado em casa, porém, uma conhecida posta no facebook que um amigo não conseguiu chegar em lugar nenhum porque algumas pessoas invadiram os trilhos da CPTM e várias estações ficaram paradas, fechadas. Não era caos “normal” da CPTM, nem problemas “técnicos” como a moça anunciava. Era de propósito. Seriam os mesmos do colchão, do carro da Record?
Lemos, em seguida, em redes sociais, que havia pessoas saqueando lojas e destruindo bancos no centro. Sabíamos que eram o mesmos. Recebi um relato de que uma ocupação de sem-teto foi alvo de tentativa (?) de incêndio. Naquele momento sabíamos que, quem quer que estivesse por trás do “caos” no centro, da depredação de ônibus na frente do Palácio dos Bandeirantes no dia anterior, de tentativas de criar caos na prefeitura, etc. não era o MPL. Também sabíamos que não era nenhum grupo de esquerda: gente de esquerda não quer exterminar sem-teto. Esse plano é de outro grupo político, esse que manteve a PM funcionando nos últimos 20 anos com a mesma estrutura da época da ditadura militar.
Algum tempo depois, mais uma notícia: em Belo Horizonte, onde já se fala de chamar a Força Nacional e onde os protestos foram violentíssimos na segunda-feira, havia ocorrido a mesma coisa. Depredação total do centro da cidade, sem nenhum policial por perto. Nenhunzinho. Muito estranho.
Nessa hora eu já estava convencida de que estamos diante de uma tentativa muito séria de golpe, instauração de estado de exceção, ou algo do tipo. Muito séria. Muito, muito, muito séria. Postei algumas coisas no facebook, vi que havia pessoas compartilhando da minha sensação. Sobretudo quem havia ido às ruas no dia de hoje.
Um pouquinho depois, outra notícia: a nova embaixadora dos EUA no Brasil é a mesma embaixadora que estava trabalhando no Paraguai quando deram um golpe de estado em Fernando Lugo.
Me perguntaram e eu não sei responder qual golpe, nem por que. Mas se o debate pela desmilitarização da polícia e pelo fim da PM parece que finalmente havia irrompido pelos portões da USP, esse seria um ótimo motivo. Nem sempre um golpe é um golpe de Estado. Em 1989 vivemos um golpe midiático de opinião pública, por exemplo. Pode ser que estejamos diante de outro. Essa é a impressão que, ligando esses pontos, eu tenho.
Já vieram me falar que supor golpe “desmobiliza” as pessoas, que ficam em casa com medo. De forma alguma. Um “golpe” não são exércitos adentrando a cidade. Não necessariamente. Um “golpe” pode estar baseado na ideia errônea de que devemos apoiar todo e qualquer tipo de indignação, apenas porque “o povo na rua é tão bonito!”.
Curiosamente, quando falei sobre a manifestação do dia 13 com meus alunos, no dia 14, vários deles me perguntaram se havia chances de golpes militares, tomadas de poder, novas ditaduras. A minha resposta foi apenas uma, que ainda sustento sobre este possível golpe de opinião pública/mídia: em toda e qualquer tentativa de golpe, o que faz com que ela seja ou não bem-sucedida é a resposta popular ao ataque. Em 1964, a resposta popular foi o apoio e passamos a viver numa ditadura. Nos anos 2000, a reposta do povo venezuelano à tentativa de golpe em Chávez foi a de rechaço, e a democracia foi restabelecida.
O ponto é que depende de nós. Depende de nos recusarmos a comprar toda e qualquer informação.
Quero apenas que vocês sigam minha linha de raciocínio e me digam: estamos mesmo diante da possibilidade iminente de um golpe?
Estou louca?
Espero sinceramente que sim. Mas acho que não.
*Marília Moschkovich, socióloga, militante feminista, escritora, vez em quando jornalista.
Também publica no “Mulher Alternativa” e no “Outras Palavras”.
(http://contextolivre.blogspot.com.br/2013/06/esta-tudo-tao-estranho-e-nao-e-toa.html)
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FATOS COMPLEMENTARES
O CAMINHO DO GOLPE FASCISTA
Sábado, 22 de Junho de 2013 às 04:19
Sério risco de Golpe no Brasil
por Anonymous Anti-Golpe Brasil (Notas)
O desenrolar dos fatos até o momento
Escrito em 22/06/2013
1a fase:
– Demandas dos ativistas do MPL organizadas e manifestações envolvendo elementos com organização e ideologia. Houve participação do PSTU e PSOL.
– Promotor Zagallo do MP/SP estimula a violência policial e atos violentos contra manifestantes dizendo que “irá arquivar o inquérito”. (i.imagechunk.com/9/4/943615_543313942398409_1673558801_n.jpg)
– Justiça de MG Emite liminar proibindo o direito a manifestação (assegurado pela CF).
2a fase:
– Ações brutais da PM de São Paulo e provocam revolta e as manifestaçoes inflam em todo o país. Quanto a liminar da justiça mineira, a Comandante da Polícia Militar de MG desobedeceu, permitindo que fosse feita uma manifestação pacífica.
– Na prática, o que alastrou as manifestações criando um sentimento de indignação foi a reação violenta da PM bem como o ato irresponsável do promotor Rogerio Zagallo do MP/SP, gerando uma sensação de repugna na população.
– A Rede Globo chama os manifestantes de “vândalos” e também aprova o abuso da polícia.
– No dia posterior, equipes da rede Globo são hostilizadas em todo país, os gritos são de “Fora globo”, “globo, fascista, sensacionalista” e “a verdade é dura, a rede globo apoiou a ditadura”.
(https://www.youtube.com/watch?v=HoF8_bvcUQY)
3a fase:
– a grande mídia em especial a TV GLOBO e os reacionários “abraçam” o movimento e passam a tentar influenciar a pauta. Artistas tentam se enfiar no movimento (na maioria artistas da globo)- Surgem gritos para derrubar o governo.
– As manifestações tornam-se moda. Manifestantes que protestam e gritam slogans genéricos.
4a fase:
– ativistas políticos de esquerda e MPL tentam retomar foco dos movimentos. São recebidos com hostilidade e gritos de “sem partido”. Como dito na fase 1, PSTU e PSOL estavam com o movimento desde o início.
– Surgem confrontos entre os grupos de manifestantes. A violencia tambem envolve a PM, que torna-se cada mais violenta.
– grupo Passe Livre, ao perceber a manipulação da mídia e de grupos infiltrados, se retira das manifestações.
———–
Adicionalmente, surgiram diversas paginas, videos e websites (inclusive houve a invasão de varias paginas dos Anonymous no Brasil) muito suspeitos:
A internet vira um meio de comunicação e de espalhar informações, entretanto surgem células de desinformação. Um exemplo emblemático é o “movimento”
– Um grupo que se denomina #changebrazil (em inglês?) coloca no ar videos bem produzidos, em estúdio, e com um dos porta-vozes falando inglês claramente enrolado (sotaque estrangeiro)
O que um estrangeiro quer?
(http://www.youtube.com/watch?v=AIBYEXLGdSg)
– Outra porta-voz do movimento, a “bonitinha” Carla Dauden, uma brasileira que mora em Los Angeles, falando em Inglês:
(http://www.youtube.com/watchv=ZApBgNQgKPU
Uma pergunta, se o movimento é de brasileiros e para brasileiros, qual a razão dos vídeos em Inglês? Quem financiou a elaborada produção dos mesmos?
É muito suspeito.
O portal ConversaAfiada já descobriu:
(http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2013/06/21/tijolaco-denuncia-os-videos-da-extrema-direita)
Os argumentos são invariavelmente vagos.
Outro fato extremamente preocupante: Congresso se prepara paga o golpe:
(www12.senado.gov.br/noticias/materias/2013/06/06/comissao-aprova-regulamentacao-para-eleicao-indireta-em-caso-de-vacancia-do-cargo-de-presidente-da-republica)
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Ainda não aconteceu… será?
7a fase:
num ciclo de retroalimentação, a violencia se generaliza, se intensifica.
8a fase:
cria-se um cenario politico insustentável. Não há como acalmar manifestantes, já que estes não têm demandas específicas.
9a fase: golpe.
Nós somos Anonymous, temos olhos em todo lugar, não perdoamos e não iremos deixar isto acontecer.
Se voce tiver qualquer informação, documento, vídeo ou qualquer coisa que possa ajudar, por favor, nos envie via mensagem ou coloque em nossa pagina.
(https://www.facebook.com/notes/anonymous-anti-golpe-brasil/s%C3%A9rio-risco-de-golpe-no-brasil/550564688315416)
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A TRAMA NO CONGRESSO NACIONAL
Senado Federal
06/06/2013 – 17h05 Comissões – Regulamentação Constitucional – Atualizado em 06/06/2013 – 17h20
Comissão aprova regulamentação para eleição indireta em caso de vacância do cargo de presidente da República
Paola Lima, Agência Senado
A Comissão Mista de Consolidação de Leis e Dispositivos Constitucionais aprovou nesta quinta-feira (6) proposta que disciplina o artigo 81 da Constituição, que trata da eleição indireta para cargos de presidente e vice-presidente da República, em caso de vacância nos últimos dois anos do período presidencial.
O projeto de lei foi originalmente sugerido pelo senador Pedro Taques (PDT-MT), sub-relator para dispositivos constitucionais pendentes de regulamentação, e passou por alterações antes de ser aprovado. Em 15 artigos, a proposta detalha a forma de convocação da eleição indireta, o registro das candidaturas, os prazos para recursos, a proclamação do resultado e posse dos eleitos e as exceções possíveis para a situação.
Pelo texto, a eleição indireta deve ser convocada pelo Congresso Nacional em até 48 horas da abertura das vagas. As candidaturas devem ser registradas até dez dias após a convocação da eleição e a votação ocorrerá em sessão unicameral, com voto ostensivo e aberto de deputados e senadores. A direção dos trabalhos ficará a cargo da Mesa do Congresso Nacional.
Será eleita a chapa de presidente e vice que obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos. Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, será feita nova eleição imediatamente após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
O projeto determina ainda que o resultado da apuração será proclamado em sessão solene até 48 horas depois de apurado. Nesta mesma sessão os eleitos serão empossados.
O relator da comissão, senador Romero Jucá (PMDB-RR), incluiu mais uma parágrafo no texto, estabelecendo que, caso a vacância ocorra a menos de 30 dias do término do mandato, será cumprido o artigo 80 da Constituição, que atribui a ocupação dos cargos, sucessivamente, ao presidente da Câmara dos Deputados, ao do Senado Federal e ao do Supremo Tribunal Federal.
Durante a reunião da comissão, a pedido do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), deputados e senadores discutiram ainda melhorias no texto de forma a deixá-lo mais claro e em sintonia com os preceitos constitucionais.
– O trabalho do senador Pedro Taques foi extremamente competente, profissional, construtivo e detalhado, e com essas pequenas correções e parágrafos podemos evoluir para aprovação da proposta – afirmou Jucá.
O presidente da comissão, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), comemorou a primeira aprovação do colegiado, instalada no início de abril.
– Esse artigo da Constituição que trata da vacância do presidente e do vice-presidente da República não estava regulamentado. Existia um vazio na legislação brasileira. Agora será regulamentada a eleição indireta para escolha do presidente e as condições para realização desta eleição – disse o deputado.
Vaccarezza explicou que a proposta será agora encaminhada ao presidente do Senado, que preside a Mesa do Congresso Nacional, que a enviará para apreciação do Plenário da Câmara dos Deputados. Na mesma reunião, a comissão aprovou também a regulamentação da emenda que trata do trabalho doméstico.
(http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2013/06/06/comissao-aprova-regulamentacao-para-eleicao-indireta-em-caso-de-vacancia-do-cargo-de-presidente-da-republica)
Alemao
Essa leitura de que os manifestantes são contra partidos é totalmente equivocada. Ao se dizerem apartidários apenas mostra que não querem nenhum oportunista tentando tirar proveito das manifestações. São cidadãos que estão desconsolados com os políticos que estão aí, como Sarney, Renan, Collor e tantos outros que são o que há de pior no país, e que infelizmente ainda conseguem voltar ao poder.
A preocupação é correta, sabe-se que o político que conseguir convencê-los que ele é a salvação irá levar os votos em 2014. O problema é que esse político tem grande chance de ser a Marina Silva, o que seria péssimo ao país.
Olga
Só discordo num ponto:
“Se o estopim foi aceso pela classe média, o novo proletariado, forjado na década do lulismo, entrou nas avenidas […]”
A classe média que foi às ruas não foi a criada pelo Lulismo. Foi a antiga classe média, também conhecida como classe mérdia.
A classe média do Lulismo (ou classe trabalhadora – é preferível assim) foi contaminada pelo histerismo da classe mérdia.
Regina Maria
Acho que devemos começar a repensar alguns conceitos.O mundo neoliberal globalizado acabou de uma certa forma com a direita e a esquerda. Atualmente ficaria melhor dizermos sistema, que seria a antiga direita e antissistema, a esquerda. Ser antissistema é ser contra as políticas de austeridade, tão em voga na Europa e que nos foram aplicadas à exaustão na década de 90. É ser contra as políticas financistas e desregulamentadas. E aproveitando o espaço vejam os novos garotos propaganda das manifestações brasileiras: http://aangirfan.blogspot.com.br/2013/06/cia-riots-in-brazil.html
Messias Franca de Macedo
A PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF TERÁ OUVIDOS PARA O LUIS NASSIF?!
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Dilma consegue decifrar o enigma
(…)
Agora, há que se pensar no pós-manifestações.
Dilma anunciou a intenção de alargar os canais de participação popular. E anunciou o plano de mobilidade.
Há que se conferir status nobre ao Ministério das Cidades e colocar, lá, alguém antenado com os novos tempos.
Mas o caminho da mudança é mais amplo.
Cada vez mais, aumentará a intolerância da opinião pública para com os homens públicos omissos, os que jogam unicamente para a plateia, os que não trazem, dentro de si, a chama das mudanças e da iniciativa pública.
Na hora de analisar seu Ministério, a presidente terá que pensar com seriedade esse ponto. Há uma característica pessoal admirável na cidadã e militante Dilma Rousseff: a solidariedade para com os comandados. Mas, quando o objetivo maior são os resultados nas políticas públicas, essa qualidade vira defeito
Na Coluna Econômica de amanhã (que envio na 6a para os jornais e foi escrita ates do discurso da presidente) tento avançar algumas sugestões.
O ponto mais importante: as redes sociais são, definitivamente, o novo território de discussões políticas, de políticas públicas e do exercício da cidadania. É o ágora grego.
Portanto, a interlocução do governo com os jovens militantes e com a população em geral não pode se restringir a uma audiência presencial. Tem que se colocar o governo inteiro no rumo das redes sociais, definindo modelos de atuação para o novo mundo, organizando as informações públicas, ampliando a Lei da Transparência, definindo uma metodologia mais de acordo com a linguagem das redes para disseminar dados públicos e recolher impressões e opiniões.
Por Luis Nassif
sab, 22/06/2013 – 11:18
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/dilma-consegue-decifrar-o-enigma
Coutinho
Todos sabem que a melhor forma de governo é a democracia. E para se ter democracia são necessários os três poderes que conhecemos. Os participantes desses poderes são escolhidos pelo povo. Logicamente, esses participantes devem ser conhecidos pelo povo. E o conhecimento requer tempo, anos. Quais os quadros que o movimento indica hoje? Como fazer a troca dos atuais pelos propostos? Através de um golpe de estado? Quem daria esse golpe?
André Couto
Muto bom, André Singer.
Messias Franca de Macedo
DA SÉRIE ‘A PORTA É A SERVENTIA DA CASA!’
EM VEJA, O “BOM PETISTA” BERNARDO CRITICA O PT
Jogando em “campo inimigo”, o ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, concedeu uma entrevista às páginas amarelas de Veja que tem potencial para acelerar seu divórcio com diversas forças do partido; chamado de “bom petista”, ele defendeu a condenação dos réus na Ação Penal 470, criticou a Lei de Meios, como tentativa de censura à imprensa e ainda garantiu que Lula não voltará em 2014; “A militância extrapola, e eu posso dizer que está errada, que está falando besteira”, disse Bernardo
(…)
em http://www.brasil247.com/pt/247/parana247/106192/Em-Veja-o-bom-petista-Bernardo-critica-o-PT.htm
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LÁ VEM O MATUTO “‘COM AS ORELHAS EM PÉ”!
É verdade: a verdadeira militância só serve para comer poeira!…
EM TEMPO DE *“MANIFESTAÇÕES PROTESTANTES MILITANTES”!: Abaixo o ‘Paulo Já Vai Tarde Bernardo’! Que tal?!…
*lembrando o saudoso Odorico Paraguaçu! Bom político – e militante(!) – aquele!
… E “vamo” protestar, “surfar na onda!”!… ABAIXO A REDE GLOBO! Que tal?!…
… E que país é esse?!… República de ‘Nois’ Bananas(!)…
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo
Niterói RJ
Bom Messias
Estou cada dia mais seguro que Paulo Bernardo é merecedor de tudo o que pensamo e falamos sobre ele. Concordo com você…a porta da rua é serventia da casa. Pode chamar também o José Eduardo e a mulher dele. Já vão tarde.
Marcela
Cabe à esquerda voltar a ser esquerda.
Leonardo
Para Frente!
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