por Iuri Müller e Ramiro Furquim, no Sul 21, sugestão de Eugênio Neves
Os manifestantes iniciaram a movimentação por volta das 18 horas, quando novos cartazes começaram a ser pintados no chão da Praça Montevidéu. Na última segunda-feira (21), foi realizada a primeira marcha depois que, na semana passada, a Justiça gaúcha decidiu de forma unânime pela liberação do corte de 115 árvores na Avenida Beira-Rio – via que passará por reformas em função da realização da Copa do Mundo de futebol. Desde então, a Prefeitura pode iniciar a remoção a qualquer momento, ao passo que os acampados prometem continuar no local.
Ambientalistas com bandeiras verdes se juntaram a crianças com rostos pintados, que por sua vez caminharam ao lado de vereadores, professores e secundaristas. Através de gritos e cartazes, apontavam a voz e as letras para o prédio do Paço Municipal. Pediam o recuo do projeto, a atenção da Prefeitura para as bicicletas e as ciclovias, questionavam o recurso financeiro utilizado para as obras da Copa do Mundo e, como na outra noite, pediam por “mais amor e menos motores”.
Presente na manifestação, o poeta Diego Grando opinou que “o movimento nas cidades, nos bairros, é ideal para as pessoas serem tocadas por questões como o transporte, o meio ambiente. Por vezes os assuntos a nível nacional ficam distantes, mas os locais são jogados na nossa cara quando abrirmos a porta”. O objetivo central do protesto – que unia ambientalistas a pessoas sem o mesmo histórico de militância no tema – era sem dúvida o descontentamento com o corte das árvores, mas havia questões maiores envolvidas no ato.
A vereadora Sofia Cavedon (PT), em entrevista para o Sul21, afirmou que de fato “juridicamente são difíceis as chances de reviravolta”, ainda que “possa haver um alento” relativo à atuação da promotoria do Ministério Público no caso. Para Sofia, o movimento é “indiscutivelmente legítimo, até porque reuniu, além de estudantes e militantes da área, o apoio de entidades como o Instituto de Arquitetos do Brasil, por exemplo”. Para Sofia Cavedon, “não se trata apenas da remoção das árvores, mas do espaço do Gasômetro que pode servir para lazer, cultura e esporte”.
Nesta quinta-feira, foi noticiada em parte da imprensa a informação de que a Prefeitura havia desistido da negociação com os manifestantes acampados. Presentes no protesto de hoje, alguns deles comentaram que, embora representantes do poder municipal tenham de fato visitado o acampamento, não houve nada parecido com uma negociação formal. Entre os pontos passíveis de negociação, estaria a permanência de cerca de vinte árvores na região próxima ao Gasômetro – o que gerou o questionamento sobre a necessidade de figurarem no projeto inicial, se não precisam invariavelmente ser removidas.
Após permanecerem por cerca de uma hora e meia na Praça Montevidéu, os manifestantes seguiram pela Rua da Praia até o Gasômetro. No acampamento às escuras, fez-se uma breve discussão em volta de uma fogueira improvisada. Ali, se decidiu pela realização de outra marcha, na próxima segunda-feira (27), e pela continuidade da resistência – que, aliás, não arrefeceu após a decisão unânime do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Indiferentes à resolução judicial, o movimento aposta na presença forte nas ruas para reverter o quadro e manter as árvores de pé.
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Comentários
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POAemMovimento
Inteligências de além mar chegaram à conclusão de que obras viárias não resolvem problemas nas grandes cidades e investem em transporte coletivo e impedem a circulação no centro das grandes cidades(temos um rio navegável e o transporte de passageiros é ínfimo). Não há como colocar mais carros no centro de Porto Alegre, a rótula vai propiciar mais carros no centro histórico. O inteligente, seria melhorar mais a saída que a entrada de carros no centro. Aquelas árvores fazem uma barreira anti partículas desprendidas pelos carros no centro, amortecem ruídos e estão incorporada a paisagem. Os coqueiros em frente da prefeitura são da califórnia, os da Getúlio, João pessoa e Osvaldo incorporados a paisagem também. E a questão do Parque, apoiado na sua idealização pelo próprio prefeito, quando Vice-Prefeito. Existe soluções de engenharia capazes de resolver o problema. Mas, a solução do governo é a motosserra. Somos solidários com os que lutam contra o desmatamento predatório em qualquer ponto do país, e lamentamos. Bem como, a fragilização do ambiente natural, frente o Novo Código Florestal, que trata de agricultura, urbanismo e desprotegem as árvores e florestas dentro e fora das cidades, onde não existem pessoas interessadas e suficientes para se opor a agressões violentas que interferem no ambiente ecologicamente qualificado.
Eugênio
Julio Silveira, tu poderias ser mais original na tua crítica, pois aqui só repetes o discursinho fuleiro da RBS. Parece até que tu copiou e colou o editorial do pasquim que eles publicam ou as baboseiras que o lasier regurgita diariamente.
Já que falastes em “inteligências rasas”, teus “argumentos” tem a profundidade de um pires. Tu só podes considerar uma espécie invasora quando ela ocupa um ecossistema nativo. Como naquele área já não existe mais vegetação natural a pelo menos cem anos, teu argumento é totalmente infundado.
O que está por trás de tudo isso e é o que não dizes, é uma mentalidade predatória que avança sobre o espaço público, no caso um parque, a fim de satisfazer interesses privados tacanhos, como alargar uma via para corrida de fórmula indy, que o prefeito oportunista inventou para promover-se como administrador que não é. E sobre credibilidade, esqueceste de dizer que a RBS, grande propagandista das benesses da copa, tem interesse direto nessas obras predatórias porque é proprietária de uma empreiteira.
Cesar Cardia
Não é “babaquice”, Julio.
É responsabilidade. Responsabilidade com o futuro da cidade. Cortar árvores, cada árvore de grande porte filtra carbono de 100 carros/dia, para colocar mais carros no Centro histórico da cidade beira a insanidade.
Além do que é contrário ao Plano Diretor da cidade que gravou no local a criação do Parque do Gasômetro, unindo duas praças e a área da Usina do Gasômetro, com o rebaixamento da Av. João Goulart.
O fato de não serem nativas do estado e merecem ser cortadas, sim, aí é uma baita babaquice originária da Prefeitura de Porto Alegre. Só para teu conhecimento: a Rua Gonçalo de Carvalho, em Porto Alegre, conhecida no exterior como a “rua mais bonita do mundo”, pelo Túnel Verde e pela LUTA dos moradores para evitarem parte das árvores, é composto básicamente de Tipuanas! As mesmas árvores que a prefeitura alega serem “exóticas”, logo passíveis de corte. Mas A Gonçalo de Carvalho foi a primeira via urbana na América Latina declarada Patrimônio Histórico, Cultural, Ecológico e AMBIENTAL. E isso foi declarado pela mesma Prefeitura.
Como explicar isso?
Marcelo de Matos
Derrubada de árvores muito mais grave está ocorrendo na fronteira entre os estados do Acre, Amazonas e Rondônia. Não consegui o vídeo da Band, mas, aí está a notícia.
http://noticias.band.uol.com.br/cidades/noticia/?id=100000436286 Um líder camponês foi morto e vários outros estão sob proteção. No Pará, também, os madeireiros estão matando.
Julio Silveira
Francamente, eu que resido em Porto acho uma tremenda babaquice esse postura contra o corte dessas arvores. Cortar arvores em uma cidade que cresce, numa capital, em pontos necessários a evolução urbana não tem como ser evitado. E para isso existem salvaguardas como plantio de muitas outras mais para compensar a retirada. Essas arvores em questão sequer são arvores nativas, são arvores consideradas espécie invasora, que foram plantadas após o aterro sobre o Guaiba que gerou a área, que sequer existia no passado. Acho que ter o espirito em consonância com a ecologia, nestes dias de hoje, necessário, mas há que ter bom senso com a causa, sob pena de se perder a credibilidade e passar a ser visto como desses desajustados que esquecem a inteligência na hora de aparecer, provocando consequências na cidade pelas suas inconsequências,e que encontram, infelizmente, muitos seguidores hoje em dia neste nosso Brasil pródigo em inteligências raras.
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