Canetaço do reitor irrita servidores e estudantes
por Luiz Carlos Azenha
Foi uma longa e árdua campanha (aqui, o blog), desde maio de 2012, das entidades que congregam os servidores e estudantes da Universidade de São Paulo pela instalação de uma Comissão da Verdade. A ideia era de que ela fosse formada por representantes de professores, funcionários e estudantes, além de membros do conselho universitário. Todos consideraram um avanço o fato de a reitoria ter aberto negociações para tratar do assunto.
No entanto, agora as entidades se dizem vítimas de um golpe do reitor João Grandino Rodas, que descartou as negociações em andamento e decidiu nomear ele mesmo a Comissão da Verdade, integrada por sete membros: Dalmo de Abreu Dallari, da Faculdade de Direito (FD), na qualidade de presidente; Erney Felicio Plessmann de Camargo, do Instituto de Ciências Biomédicas; Eunice Ribeiro Durham e Janice Theodoro da Silva, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH); Maria Hermínia Brandão Tavares de Almeida, do Instituto de Relações Internacionais (IRI); Silvio Roberto de Azevedo Salinas, do Instituto de Física (IF); e Walter Colli, do Instituto de Química (IQ).
As entidades que se dizem traídas pelo reitor consideram que uma Comissão nomeada por ele não terá a autonomia e independência necessárias, contará com um prazo muito exíguo para a apuração — 12 meses — e terá um número muito pequeno de integrantes para aprofundar as investigações, já que os sete indicados cumprem várias outras funções profissionais.
Ou seja, acreditam que o objetivo do reitor foi limitar a apuração sobre os 47 assassinados ou desaparecidos pela ditadura militar que tinham relação com a USP, sobre os professores cassados e aposentados compulsoriamente, sobre os estudantes que não puderam concluir seus cursos e sobre as mudanças no projeto pedagógico impostas pela ditadura através de intervenções nos departamentos das unidades.
Ouçam a denúncia de Renan Honório Quinalha, da Associação dos Pós-Graduandos, que havia sido indicado pelos estudantes de pós-graduação para compor a Comissão:
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Comentários
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abolicionista
E não é só isso. Rodas desvia o dinheiro do orçamento da USP para as campanhas do PSDB, é preciso fazer uma auditoria nas contas da USP.
Maria Fulô
Uma “Comissão da Verdade” mediada pela Opus Dei de Alckmin… Só rindo!
Comissão da Verdade: entidades denunciam golpe do reitor da USP | Hum Historiador
[…] originalmente no VIOMUNDO em […]
anônimo
Azenhão, ouvi teu diálogo com a Maria Hermínia na rádio USP. Gente boooua ela, hein?!
Isidoro Guedes
Ou as pessoas que acreditam nesse reitor da USP são muito ingênuas. Ou sua boa fé é tão elástica que acreditam em qualquer coisa e em qualquer pessoa, mesmo que ela não dê mostras de merecer essa confiança.
rodrigo frateschi
Desconfiar dele é obrigação de quem tem visto suas atitudes. Temos estudantes criminalizados e expulsos por motivos banais. Espero que o Dalmo Dallari não aceite tal nomeação, pois sua biografia não merece.
souza
enquanto o psdb estiver no comando da usp a democracia aguarda sem nada poder fazer.
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Marat
Confesso que fiquei surpreso positivamente com a Portaria do Reitor, mas, este trecho especificamente, após a ementa, me faz pensar: será que é escárnio?:
“[…] O Reitor da Universidade de São Paulo, nos termos do art 42, I, do Estatuto da USP, e considerando:
– a relevância da busca da verdade histórica dos fatos ocorridos no seio da Universidade;
– que, assim agindo, estará a Universidade consentânea com o espírito democrático que a pauta, baixa a seguinte Portaria […]”
Mateus
Ano que vêm isso se resolve. E em 2015 vai haver um novo reitor.
Thalia
Depende, ne Mateus.
Depende de quem vai ser o governador de SP, porque se o Alckmin for reeleito, podemos esperar alguem no mesmo nivel do Rodas pra reitoria da USP.
Mas comeco a torcida desde ja.
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