Creche não é privilégio, é direito constitucional, frisaram os funcionários da Alesp durante a manifestação desta terça-feira, 7. Fotos: Danilo Leite
por Conceição Lemes
Em 1979, em plena ditadura, foi criada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) uma creche para os filhos dos seus funcionários e funcionárias.
De lá para cá, tanto as mães quanto os pais que trabalham na Alesp podem matricular seus filhos na Serviço Técnico de Creche. Ela tem horário diferenciado de funcionamento: das 8h às 20h, sendo que a maioria das crianças fica em tempo integral, já que seus pais acompanham sessões legislativas.
A creche é excelente, considerada modelo em termos pedagógicos. Funciona no próprio prédio da Assembleia. Atualmente, 55 crianças (de zero a 4 anos) a frequentam, sendo três especiais.
Pois a creche corre o risco de ser fechada pela atual Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, que tem à sua frente os deputados Samuel Moreira (PSDB, presidente), Ênio Tatto (PT, 1º secretário) e Edmir Chedid (DEM, 2º secretário). As respectivas fotos seguem na ordem.
Por isso, em protesto, nesta quarta-feira 7, os servidores da Alesp realizaram um abraço coletivo nas dependências do Serviço Técnico de Creche .
A Mesa Diretora da Casa alega que a creche é dispendiosa e restrita aos funcionários que trabalham fisicamente nas dependências da Assembleia. Refere ainda que o custo de cada criança é alto, mas não apresenta números concretos.
Rosa Barretto, presidente do Conselho de Pais e Técnicos da Creche, diz que tais afirmações não correspondem à realidade: “O boato oficioso é de que a Mesa Diretora vai fechar a creche e oferecer um auxílio- creche no valor de R$1.200,00. Nós não queremos o dinheiro. Essa creche é uma conquista. Direito não se tira, se amplia. Hoje a criança custa na nossa creche, sem folha de pagamento, R$570,00. Os funcionários efetivos que lá trabalham serão absorvidos em outros setores da Alesp. Portanto, não haverá redução de custos, mas aumento. Ainda assim, mães e pais não querem o auxílio”.
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Na prática, essa proposta da Mesa Diretora: 1) significa a precarização de um serviço; 2) em hipótese alguma, cobrirá o custo de uma creche no Ibirapuera, bairro onde está a Alesp. Na região, apenas para meio período custa R$ 1,5 mil.
Tainá, 8 anos, Cauã, 4 anos, são filhos de Paulo Dantas, assessor do deputado estadual João Paulo (PT-SP), e frequentaram a creche de 2006 e 2012. Paulo só tem elogios à creche:
“Deveria servir de modelo para outras creches públicas. A atual equipe de funcionários trabalha a linguagem oral e escrita, iniciação artística, noções de cidadania e preservação do meio ambiente, além de desenvolver a educação psicomotora e o aprendizado de matemática.
O desenvolvimento e amadurecimento intelectual de meus filhos é uma constatação. Por terem frequentado a creche, hoje eles estão um ano à frente de várias crianças na escola que atualmente frequentam”.
Paulo considera inaceitável o fechamento da creche:
“Essa proposta mostra total desconhecimento, por parte de seus autores, do excelente trabalho desenvolvido há anos na creche.
Eventualmente, quando precisei complementar algum trabalho emergencial na Assembleia, pegava meus filhos às 20h, voltava para o gabinete com eles, onde ficavam comigo até eu terminar a minha tarefa.
Se eles estivessem em alguma creche fora da Assembleia, isso seria possível? A resposta é não. A maioria das creches particulares e públicas – sem comparar a pedagogia empregada – tem horários menos flexíveis do que os daqui – onde a criança pode frequentá-la no período das 8h às 20h”.
A atual Mesa Diretora da Alesp considera dispendiosa a creche para as 55 crianças dos seus funcionários. E trocar periodicamente os carros de todos os parlamentares não custa caro?
Comentários
Robson Lima
Fiquei surpreso com a reportagem,e mais surpreso ainda com os comentarios sem conhecimento de causa. Cada cça atendida em uma creche pública em SP,custa R$ 350,00 ao mês, com atendimento de 10 horas diárias, sendo assim, mesmo que precisassem dobrar o número de horas para atendimento,ficaria muito longe dos R$3.500,00(custo mensal da ALESP).Para que apoiemos ou não este manifesto, falta muita informação sobre o funcionamento deste equipamento,denominado erradamente,como público. sds.
Andreia da Silva
A creche da Assembléia foi criada para garantir a participação das mulheres no parlamento.
Se existe um super faturamento na creche, DEPUTADOS porque não ajustar as contas ?
DEPUTADOS não feche a creche, lute por mais creches no estado de São Paulo.
Andreia
Mônica
A creche da Assembléia Legislativa custa para os COFRES PÚBLICOS, 3,5 milhões/ano, para cuidar de 55 crianças filhas de funcionários,OU SEJA P PRECINHO MODICO DE 5.303 POR MÊS/CADA CRIANÇA, O Sr. Mario Sergio Matsumoto, quer fechar a creche dando um “auxilio creche” no valor de R$ 1.200,00, ( que daria para pagar uma pessoa para até dormir no emprego, limpar e cuidar de cada criança), com o valor que sobraria aos cofres ele estenderia o beneficio a outros pais/funcionários espalhados pelo estado, totalizando 250 crianças.
Os funcionários saíram em protesto, informando terem a jornada de trabalho até ás 20 horas, QUERO SABER NESTE CASO QUEM VAI PAGAR ESSE “AUXILIO”, a todas as pessoas que trabalham em shoppings, lanchonetes, cinemas, teatros ou quaisquer funções que trabalham em horário diferenciado??????
Acho que funcionário publico, inclusive os políticos, tem que também usar os maravilhosos serviços públicos que são disponibilizados a todos os contribuintes..
Afinal esse é o dinheiro público, nosso dinheiro…
Sinto pelos colegas que usam esse serviço, mas antes de tudo sou Brasileira e sacanagem com dinheiro público não dá.
http://www.camara.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=15429%3Abolsa-creche-pode-ser-a-saida-para-a-educacao-infantil-em-sp&catid=34%3Acomissoes&Itemid=91
Indignado
Sabe o que me deixa mais maluco de raiva? É que os caras “superfaturam” o custo anual com a manutenção da creche – 3 milhões e 500 mil por ano GENTE!!!!! – para justificar a VERGONHOSA DECISÃO PELO FECHAMENTO DA CRECHE!!!! Mentirosos!!!! Vocês querem embolsar essa grana do auxílio que vai para os funcionários do interior e ficam usando crianças para isso. Sem contar os planos que já têm para a creche né? Querem fazer obras superfaturadas no espaço onde é a creche hoje – o dormitório para os motoristas – certo, Senhores Deputados? A grana que vai rolar nessa obra é muito maior do que os 3 milhões que vocês ALEGAM que a creche custa.Criem vergonha na cara de vocês e esse Senhor assessor da presidência, você é um lixo enquanto pessoa !!!!! Mente na cara dura.
Urbano
Em 2018 se não for o ‘criador’ será a criatura…
Marcelo de Matos
Servidores da Câmara de Sampa, bem como da Assembléia Legislativa, podem estar entre os funcionários públicos mais bem remunerados do país. Devem perder para funcionários de prefeituras que recebem royalties do petróleo, como Paulínia, onde um gari não ganha menos de R$ 2.000. Há funcionários dessas repartições que ganham acima do teto constitucional e nem permitem que seus vencimentos sejam tornados públicos, como determina a lei. Não é comum os órgãos públicos terem creche no próprio prédio. Talvez o auxílio creche de R$ 1.200 esteja de bom tamanho. Pode ser melhorado, não com contribuição do erário público, mas, de uma associação dos funcionários, por exemplo.
Tiago
Um dúvida: a creche em questão é exclusiva para os filhos dos funcionários da Assembléia?
Se for o caso, ainda podemos chamá-la de “pública”?
Rosa
A creche é para os funcionários efetivos, comissionados e para os policiais da Alesp.
Tiago
Obrigado pelo esclarecimento.
Dessa forma, é razoável que exista uma creche EXCLUSIVA para os tais funcionários que, me perdoem, mas não são famosos pelos baixos salários?
Me parece uma regalia, dado que milhões de mães e pais deixam seus filhos em creches do bairro, quando conseguem as vagas, e trabalham a quilômetros de caso. E a maioria esmagadora dessas mães e pais não tem condições de arcar com uma creche particular. Nem recebem auxílio-creche.
Gerson Carneiro
Mais uma do fanfarrão Geraldo Alckmin: fecha creche, mas quer encarcerar adolescentes.
Marcelo de Matos
Pode ser que o Alckmin não tenha nada a ver com isso. A decisão parece ser da administração da Alesp. Se as despesas estiverem altas, pode ser uma boa medida. Acontece que Câmara e Alesp jogam muito dinheiro fora. Por exemplo: há previsão orçamentária para reformas. Se não fazem a reforma, gastam o dinheiro de qualquer forma para não precisar devolver ao tesouro.
Abdula Aziz
E agora Governador?? Vai lavar as mãos???
willian
Por quê o governador? A assembléia faz parte do legislativo, não do executivo. Informe-se.
Abdula Aziz
Porque a Assembléia come nas mãos dele. Ou seja! A grande maioria ali é situação e não oposição. Para quem quer continuar a dominar, como vem dominando, o estado de são paulo por quase vinte anos seria um tiro no pé, não?
Marta Silva
Excelente cobertura. Você entendeu bem o espírito da coisa. Uma vergonha esta ameaça!!!
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