A morte de João Zinclar, fotógrafo dos movimentos sociais

Tempo de leitura: 2 min

Do Brasil de Fato (íntegra aqui)

O fotógrafo dos movimentos sociais e do Brasil de Fato, João Zinclar, faleceu na madrugada deste sábado (19). Ele retornava de um trabalho em Ipatinga (MG) quando o ônibus no qual viajava, da viação Itapemirim, foi atingido por um caminhão que vinha no sentido contrário e atravessou a pista.

João Zinclar tinha 56 anos e deixou uma filha. Ele fotografava para vários movimentos sociais, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), sindicatos e meios populares de comunicação, como o Brasil de Fato.

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Comentários

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Leonel – Mayra e Rosângela

No universo humano, ele nos ensinou a olhar além das estrelas: grande João Zinclar!

Wilson Queiroz

Tive a felicidade de conhecer o FOTOGRAFO João Zinclair, num evento do Sindicato dos metalurgicos de Campinas e região – A 5ª FEIRA DO LIVRO – realizada no período de 12 a 20/11/2010, com o tema:Movimentos: Sociais, Sindical, Popular – A leitura e a produção de conhecimento. Diálogo entre a ciência e experiência no processo de luta política e Sindical e popular. Naquele evento pude escutar e aprender um pouco sobre o que o João tinha de conhecimento.
Naquela ocasião registrei em cordel um pouco do que foi dito por ele e agora posto como uma homenagem a este profissional que deixa os movimentos sociais com uma lacuna, e com um monte de por ques?

João Zinclar – Repórter fotográfico
Autor: Wilson Queiroz

João é um grande fotografo
E a foto-reportagem é um tema
Gaucho de nascimento
Ser Campineiro não é problema
Fotografa a vida e seus detalhes
Seus cotidianos e dilemas.

Narrando a sua trajetória de vida
Desde cedo começou a trabalhar
Como office-boy ou estafeja
Passou então a labutar
Trouxe consigo um falar novo
Que caracteriza seu linguajar.

Desde cedo ele muito queria
Conhecer o mundo a sua volta
Viajar por lugares, conhecer pessoas
Que nessa vida muito comporta
Ficar parado na região sul
Não era parte da sua rota.

Na escola reprovou várias vezes
E assim desistiu deste penar
Foi viver uma vida atrevida
E com fotos esta documentar.

Não faz assim tanto tempo
Que a escola formal concluiu
Por causa do amor a profissão
Que nos bancos escolares
De novo e agora adulto se viu.

Comparando épocas diferentes
Trouxe ao grupo uma questão
Um movimento de todos os presentes
Neste momento movimentação
Questionado poderia ser
Esta sua instigante provocação.

Viajando do Sul para a Bahia
Numa história de ‘conto de fadas’
Abandonou um bom emprego
Pela companhia da sua amada.

Era um gaucho e uma capixaba
Apaixonados e sem pressão
Foi viver e viajar pelo litoral
Desta grande e rica nação.

Durante anos muito viajou
E de política se distanciou
Porém a consciência de classe
Ao movimento lhe encaminhou.

O casamento aos poucos se foi
E cada um voltou ao seu estado
A trabalhar na indústria ele volta
E para a vida do operariado.

Trabalhando naquele estado
De encanador sobreviveu
Mas neste lugar apenas
Mas um tempo permaneceu.

Viajando pela sua vida
Logo em Campinas ele chegou
No sindicato dos metalúrgicos
Este sonho também realizou.

Fazer o que gosta na vida
E fotografar por profissão
Segredos da sua felicidade
Reafirmado pelo João.

Operário e fotografador
Vive há anos a registrar
O velho Chico e suas águas
Com sua máquina de fotografar.

Abraços
Wilson

marta

É sempre assim, parece que Deus chama o que é bom. Deve ter uma razão, além da razão para que muitos ruins permaneçam, enquanto os bons se vão logo.

Nedi

…que merda de vida, que merda de morte…

renato

O Brasil ganhou com sua passagem por aqui!

J Souza

Gostei da homenagem do Latuff.
<>

FrancoAtirador

http://www.assentamentomiltonsantos.com.br/

Maria Amélia Martins Branco

Lindas fotos, mais linda é a competência de quem as fez. Mais um companheiro, se foi…

ma.rosa

É favor corrigir o sobrenome do fotógrafo, na matéria aparece correto, mas na chamada ou título aparece diferente, ok. Lamentável, mais uma tragédia em nossas estradas ceifando a vida de mais um trabalhador! Perda irreparável!!! Suas fotos são muito bonitas!

MariaC

Cada ação gera vibração. Esta fica a reverberar para sempre no universo.
Haverá um ponto de Sinclair em muitos lugares.Isso não é morrer nem deixar pessoas tristes para trás, só saudades.

FrancoAtirador

.
.
João Zinclar
Fotógrafo Operário/ Operário da Fotografia

(http://www.youtube.com/watch?v=ydBFjU8EPW4)

O Fotógrafo
(Manoel de Barros)

Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada a minha aldeia estava morta.
Não se ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas.
Eu estava saindo de uma festa.
Eram quase quatro da manhã.
Ia o Silêncio pela rua carregando um bêbado.
Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada.
Preparei minha máquina de novo.
Tinha um perfume de jasmim num beiral de um sobrado.
Fotografei o perfume.
Vi uma lesma pregada mais na existência do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda azul-perdão no olho de um mendigo.
Fotografei o perdão.
Vi um paisagem velha a desabar sobre uma casa.
Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre.
Por fim cheguei a Nuvem de calça.
Representou pra mim que ela andava na aldeia de braços com Maiakovski – seu criador.
Fotografei a Nuvem de calça e o poeta.
Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal.
.
.
O Vento
(Manoel de Barros)

Queria transformar o vento.
Dar ao vento uma forma concreta e apta a foto.
Eu precisava pelo menos de enxergar uma parte física
Do vento: uma costela, o olho…
Mas a forma do vento me fugia que nem as formas
De uma voz.
Quando se disse que o vento empurrava a canoa
Do índio para o barranco
Imaginei um vento pintado de urucum a empurrar a
Canoa do índio para o barranco.
Mas essa imagem me pareceu imprecisa ainda.
Estava quase a desistir quando me lembrei do menino
Montado no cavalo do vento – que lera em
Shakespeare.
Imaginei as crinas soltas do vento a disparar pelos
Prados com o menino.
Fotografei aquele vento de crinas soltas.
.
.
A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito.

Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.

Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.

https://lh6.googleusercontent.com/-BEMW2OnMMrc/UPtB8tTQU8I/AAAAAAAAJ9Q/ZgQJlZ6tI34/s800/738011_191279727677319_950544711_o.jpg

http://mariafro.com/2013/01/19/carlos-latuff-tributo-a-joao-zinclar-fotografo-dos-movimentos-sociais-1957-2013/

marlene

Perdemos “mais um olhar”! Que fatalidade.

abolicionista

Que fotos lindas! Triste perder um fotógrafo que olha para o povo…

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