Izabel Noronha: O projeto educacional defendido por Cláudia Costin não é aquele que Brasil necessita
Tempo de leitura: 4 minMaria Izabel Noronha: Pela continuidade da política democrática e inclusiva na educação pública básica
por Maria Izabel Azevedo Noronha
A divulgação da notícia de que a ex-Ministra da Administração e Reforma do Estado no Governo do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, Cláudia Costin, pode vir a assumir a Secretária da Educação Básica do Ministério da Educação causa-nos grande preocupação.
Nosso posicionamento quanto à educação pública nacional não é pautado por discussões pessoais, mas por concepções coletivas construídas ao longo de décadas pelo movimento dos professores e demais profissionais da educação e pela sociedade civil organizada, comprometidos com a construção de uma escola pública democrática, gratuita, laica, inclusiva e de qualidade para todos.
Exatamente por isto, entidades como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE, à qual a APEOESP é filiada, bem como educadores como Dermeval Saviani (Unicamp), Mirian Jorge Warde (PUC-SP), Roberto Leher (UFRJ), Gaudêncio Frigotto (UERJ), Virginia Fontes (UFF/Fiocruz), Maria Ciavatta (UFF), Dante Henrique Moura (IFRN), Vânia Cardoso Motta (UFRJ), Eveline Algebaile (UERJ), Domingos Leite Filho ( UTPr), Sônia Maria Rummert (UFF), Marise Ramos (UERJ/Fiocruz), Olinda Evangelista (UFSC), Domingos Leite Filho ( UTPr), Laura Fonseca (UFRGS),
Carmen Sylvia Morais (USP) e Sônia Kruppa (USP) divulgaram notas e manifestos discordando de qualquer movimento que venha a indicar retrocessos no projeto de resgate da educação pública brasileira e do país, que com muita luta tem sido colocado em curso na última década.
Transformada em petição pública, o documento dos educadores segue colhendo assinaturas em todo o Brasil (leia AQUI). Também o Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil – MIEIB, enviou carta aberta ao Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, contra a nomeação.
Sabedores de que o Ministro da Educação é sensível às demandas sociais e também portador de um perfil de estadista, e republicano, temos a certeza de que esta possível nomeação da senhora Cláudia Costin será revista, não porque ela não possua qualidades para o cargo, mas porque o projeto educacional que defende não é aquele que o Brasil necessita. Até mesmo porque, quando da indicação do professor César Callegari para a Secretaria de Educação Básica do MEC, o Ministro nos deu a oportunidade de opinar e acatou nossa opinião.
Embora o professor César Callegari esteja saindo do cargo, por motivos pessoais, ele cumpriu uma agenda importante para a educação pública, deixando um legado positivo, no qual se destaca o Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa, que sinaliza para a superação de uma dos mais graves problemas educacionais brasileiros.
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A concepção educacional pela qual lutamos e pela qual também luta o professor César Callegari situa-se na perspectiva da inclusão social, muito diferente da concepção educacional representada pela senhora Cláudia Costin. Lutamos para não excluir e trabalhamos com a urgência que o Brasil necessita para que todas as nossas crianças e jovens tenham acesso à escola pública de qualidade, em todos os níveis. Lutamos também para que todos os brasileiros que não tiveram oportunidade de estudar na idade própria possam fazê-lo, por meio de programas de Educação de Jovens e Adultos cada vez mais acessíveis. Trabalhamos para incluir, não para excluir.
Nosso projeto é diametralmente oposto àquele que trabalha pela privatização do ensino público, não reconhece e não valoriza a importância do trabalho do professor e organiza os currículos e os conteúdos em cadernos e apostilas que retiram, ainda mais, a autonomia e a iniciativa pedagógica dos professores.
Como dizem em seu manifesto os educadores anteriormente citados, “se confirmada Cláudia Costin à frente da Secretaria de Educação Básica, é esperada a descaracterização da educação fundamental e média com o apagamento do professor e do aluno como sujeitos históricos. Costin faz parte de um grupo de intelectuais que segue a férrea doutrina do mercado, onde tudo vira capital, inclusive as pessoas. Não mais a educação básica, direito social e subjetivo, mas escola fábrica de capital humano.”
Isto nós não queremos e não aceitamos.
Maria Izabel Azevedo Noronha é presidenta da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), vice-Presidenta da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação e membro do Fórum Nacional de Educação
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Comentários
Marcio H Silva
Nenhuma árvore plantada pelo PSDB, FHC e Cabral Guardanapo pode dar bons frutos…….
Jacó do B
Nós petistas defendemos na rua um partido muito covarde e masoquista. Enquanto nós damos a cara à tapa eles fazem gol contra, atucanando o governo. Nas eleições a gente tem que escolher o menos pior que é o PT. Infelizmente!
Ernesto Aguiar
Assim não precisa nem de oposição. Mas fica uma sugestão ao Azenha e demais blogueiros progressistas: que tal uma postura mais crítica ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, a quem Cláudia Costin também serviu como Secretária de Educação, e também ao PT que foi cooptado pelo mesmo prefeito e pelo governador Sérgio Cabral.
Marcelo de Matos
Rejeitar a indicação de Cláudia Costin pelo simples fato de ter servido a um governo tucano não faz sentido. O post não diz as razões objetivas da recusa – é apenas um manifesto. Cláudia Costin, se aprovada, ocupará funções burocráticas e não fará nada diferente do que fizeram seus antecessores Maria do Pilar Lacerda e César Callegari, que ficou muito pouco tempo no cargo. Quando da escolha desse último o ministro Aloísio Mercadante já havia deixado claro que iria “formar sua equipe de assessores e técnicos com base em critérios de competência, sem dar importância à filiação partidária”. Cláudia Costin parece atender a esse critério: tem mestrado em Economia e Ph.D. em gestão pública. Trocá-la por alguém sem essa qualificação, simplesmente por ser indicado pela Apeoesp, não faz sentido. Diz o manifesto: “O projeto educacional defendido por Cláudia Costin não é aquele que Brasil necessita”. Ora, Cláudia não tem projeto algum. Se projeto há, é da lavra do Ministro da Educação e dependerá de aprovação do Congresso Nacional.
Bertold
Concordo contigo. Realmente é uma argumentação muito pobre que nem sequer discute currículos e competências, colocando as coisas apenas em termos ideológicos. No fundo, acho que essa manifestação contra Cláudia Costin visa encobrir uma disfarçada “reserva de mercado” para os chamados especialistas da corporação sindical dos educadores no MEC.
Arthur Schieck
Não posso ser contra nem a favor de sua nomeação porque simplesmente não a conheço. Agora, em um exemplo recente, Eduardo Paes nos provou que ser um cretino não quer dizer incompetência administrativa.
Acho que falta argumento na crítica, falta o fato concreto que a impede de assumir o cargo.
Marcelo de Matos
“falta argumento na crítica, falta o fato concreto que a impede de assumir o cargo”. Você disse tudo: estamos diante de uma nova corrente política – o macartismo de esquerda.
m.a.p
Prezado Azenha
O governo do presidente Lula só conseguiu se diferenciar do governo do tenebroso fhc quando se livrou das amarras do FMI.
Penso que na educação não é diferente, só conseguiremos progredir se nos livrarmos do diktat do Banco Mundial no stor.
Willian
O PT chega ao poder e prefere Cláudia Costin a Izabel Noronha. Já se perguntaram por quê?
ZePovinho
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
http://www.brasil247.com/pt/247/cultura/86189/Danuza-lamenta-que-todos-possam-ir-a-Paris-ou-NY.htm
Danuza lamenta que todos possam ir a Paris ou NY
Ser rico perdeu a graça, segundo a colunista; seu artigo deste domingo é um retrato da elite brasileira, que busca o prazer aristocrático e não se conforma com a ascensão social do resto; “Ir a Nova York já teve sua graça, mas, agora, o porteiro do prédio também pode ir, então qual a graça?”
25 de Novembro de 2012 às 13:09
247 – Em Tóquio, presidentes de empresas varrem a calçada das ruas onde moram. Em Manhattan, banqueiros usam o metrô para a ir ao trabalho. Em Berlim, cada vez mais, os ricos rejeitam ser proprietários. Em Paris, o que distingue a elite é o conhecimento. No Brasil, no entanto, aqueles que estão no topo da pirâmide precisam ser diferentes, especiais, exclusivos, aristocráticos. Prova disso é o artigo de Danuza Leão, publicado neste domingo, na Folha de S. Paulo. Ela afirma que ser rico perdeu a graça, porque hoje, numa ida a Paris ou Nova York, periga-se dar de cara com o porteiro do seu prédio. Resumindo, o que a elite brasileira mais deseja é a desigualdade ou a volta aos tempos de casa grande e senzala. Leia:
Ser especial
Danuza Leão
Afinal, qual a graça de ter muito dinheiro? Quanto mais coisas se tem, mais se quer ter e os desejos e anseios vão mudando –e aumentando– a cada dia, só que a coisa não é assim tão simples. Bom mesmo é possuir coisas exclusivas, a que só nós temos acesso; se todo mundo fosse rico, a vida seria um tédio.
Um homem que começa do nada, por exemplo: no início de sua vida, ter um apartamento era uma ambição quase impossível de alcançar; mas, agora, cheio de sucesso, se você falar que está pensando em comprar um com menos de 800 metros quadrados, piscina, sauna e churrasqueira, ele vai olhar para você com o maior desprezo –isso se olhar.
Vai longe o tempo do primeiro fusquinha comprado com o maior sacrifício; agora, se não for um importado, com televisão, bar e computador, não interessa –e só tem graça se for o único a ter o brinquedinho. Somos todos verdadeiras crianças, e só queremos ser únicos, especiais e raros; simples, não?
Queremos todas as brincadeirinhas eletrônicas, que acabaram de ser lançadas, mas qual a graça, se até o vizinho tiver as mesmas? O problema é: como se diferenciar do resto da humanidade, se todos têm acesso a absolutamente tudo, pagando módicas prestações mensais?
As viagens, por exemplo: já se foi o tempo em que ir a Paris era só para alguns; hoje, ninguém quer ouvir o relato da subida do Nilo, do passeio de balão pelo deserto ou ver as fotos da viagem –e se for o vídeo, pior ainda– de quem foi às muralhas da China. Ir a Nova York ver os musicais da Broadway já teve sua graça, mas, por R$ 50 mensais, o porteiro do prédio também pode ir, então qual a graça? Enfrentar 12 horas de avião para chegar a Paris, entrar nas perfumarias que dão 40% de desconto, com vendedoras falando português e onde você só encontra brasileiros –não é melhor ficar por aqui mesmo?
Viajar ficou banal e a pergunta é: o que se pode fazer de diferente, original, para deslumbrar os amigos e mostrar que se é um ser raro, com imaginação e criatividade, diferente do resto da humanidade?
Até outro dia causava um certo frisson ter um jatinho para viagens mais longas e um helicóptero para chegar a Petrópolis ou Angra sem passar pelo desconforto dos congestionamentos.
Mas hoje esses pequenos objetos de desejo ficaram tão banais que só podem deslumbrar uma menina modesta que ainda não passou dos 18. A não ser, talvez, que o interior do jatinho seja feito de couro de cobra –talvez.
É claro que ficar rico deve ser muito bom, mas algumas coisas os ricos perdem quando chegam lá. Maracanã nunca mais, Carnaval também não, e ver os fogos do dia 31 na praia de Copacabana, nem pensar. Se todos têm acesso a esses prazeres, eles passam a não ter mais graça.
Seguindo esse raciocínio, subir o Champs Elysées numa linda tarde de primavera, junto a milhares de turistas tendo as mesmas visões de beleza, é de uma banalidade insuportável. Não importa estar no lugar mais bonito do mundo; o que interessa é saber que só poucos, como você, podem desfrutar do mesmo encantamento.
Quando se chega a esse ponto, a vida fica difícil. Ir para o Caribe não dá, porque as praias estão infestadas de turistas –assim como Nova York, Londres e Paris; e como no Nordeste só tem alemães e japoneses, chega-se à conclusão de que o mundo está ficando pequeno.
Para os muito exigentes, passa a existir uma única solução: trancar-se em casa com um livro, uma enorme caixa de chocolates –sem medo de engordar–, o ar-condicionado ligado, a televisão desligada, e sozinha.
E quer saber? Se o livro for mesmo bom, não tem nada melhor na vida.
Quase nada, digamos.
José Ruiz
é a síntese do “ter”, em detrimento do “ser”..
Marco
Um grande país se faz com um estado forte que leva a equidade e justiça social. Não podemos retroceder atendendo a interesses particulares de grupos econômicos. Me solidarizo com a professora Maria Izabel Noronha!
Bertold
Discussão complicada essa. Nunca aprovei o fato de Claudia Costim ter participado de governo de orientação neoliberal, ainda mais tendo transitada na ultraesquerda petista (o antigo prc de Genoino e Tarso Genro. Mas quanta gente “boa” já não fez isso e, que nos dias de hoje, também já não estejam reabilitado(a)s pela esquerda? Não aho que Mercadante não saiba o que está fazendo, Claudia Costim não é uma qualquer e o governo não está aderindo ou mudando política educacional para o que estão colando nessa manifestação. Ela tem rotulações rasteiras e insuficientes para desabilitar alguém. Tem muito “purista” de plantão que nunca sujou o sapato numa passeata pública por nada, muito menos pela educação pública. Então, qual é o bicho que tá pegando?
Jose Mario HRP
Uma perguntinha básica:
Quem é o responsável pela indicação da neo tucana?
tiago carneiro
O ministro da NEO-Tucana Dilma Russerra, aquela que, apesar de carregar a estrela no peito, é uma tucana de carteirinha.
Não vamos nos iludir. Educação e saúde dá MUITO dinheiro, ninguém vai ter coragem de fazer reforma alguma na educação e saúde. Além disso, brasileiro é bicho retardado, que gosta de ser melhor que o vizinho.
Onde já se viu colocar o filhinho pra estudar em uma escola pública onde o filho da faxineira estuda?
Jose Mario HRP
Perguntei, aguento a resposta, no entanto me recuso a aceitar que LULA estivesse ciente!
Da para dizer:
Fala sério Dilma…..
Henrique
Não dá para acreditar que a Presidenta Dilma, ou alguém de seu governo, ainda pense em colocar no governo gente do PSDB. Depois de tantas experiências desastradas, mais uma quinta coluna se aproxima do Governo Dilma!
tiago carneiro
Não sei se você notou, camarada, mas o governo da Dilma Russerra, a FHC de saias, mais se parece com um governo aos moldes do Fernandismo que um governo de centro-esquerda.
Urbano
Um desrespeito, uma verdadeira afronta aos eleitores do PT. A essas alturas, uma decisão dessas só pode ser inocência ou estreiteza de juízo a sair pelo ladrão. Quiçá as duas coisas. Ah! Demência também não se descarta.
Jorge Moraes
Tem coisas que a gente não esquece. Digestão difícil. No dia do anúncio do malfadado Plano Collor (1990), aparece na TV o Senador e Ministro, à época acho que deputado federal, Aloísio Mercadante, avalizando, ainda que com umas poucas restrições, o pacote collorido.
Doeu à época. Dali em diante, o Mercadante nunca passou muito bem pela goela.
Como tento pensar política em termos realistas, etc, acabei por votar no próprio.
Agora, essa da Cláudia Costin. Lembra até o samba (tucano no lugar de palhaço …): “Cara de tucana, bico de tucana, etc …).
Taques
Prezado Azenha, me desculpe, mas Noronha que temos debater não é a Izabel mas sim a Rosemary Nóvoa.
Que governo é este ??? Será que o nosso generalíssimo não consegue se cercar de gente menos safada ???
Ou será que esta lambaça é mais uma armação da “mídia golpista” ???
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