Nota da Secretaria Municipal de Saúde de SP contesta reportagem do SAMU de “lata”

Tempo de leitura: 5 min

da assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde da Prefeitura de São Paulo

A Secretaria Municipal da Saúde repudia com veemência a nota do site Viomundo intitulada “Vereadora denuncia instalação de SAMU de “lata” em SP: custam caro, são provisórios e desconfortáveis”, publicada em 4 de outubro de 2012.

A reportagem, com teor completamente eleitoreiro, já que ouviu apenas duas fontes de apenas um mesmo partido, IGNOROU solenemente trechos vitais do comunicado enviado à jornalista, curiosamente justo aqueles que respondem os questionamentos feitos aos seus entrevistados.

Por duas vezes, a reportagem diz que a escolha por bases moduláveis pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-SP) foi feita, mas que “nenhuma razão técnica foi dada”. No entanto, o comunicado à jornalista claramente justificava esta escolha, considerando, não apenas as questões financeiras (aluguéis de imóveis demandam contratos longos e dispendiosos, principalmente no poder público), quanto técnicas e, principalmente, de mobilidade, o que, por si só, já traz um benefício operacional e financeiro inquestionável à população.

O trecho suprimido neste sentido foi:

O SAMU-SP faz, a cada seis meses, estudos e análises sobre os seus números de atendimentos, bem como do tempo de deslocamento. De acordo com os resultados desses estudos epidemiológicos, obtêm-se gráficos com “manchas” de maior densidade em regiões que demandam uma presença mais efetiva de ambulâncias e bases. São esses estudos que orientam a necessidade ou não de remanejamento das bases.

Causa ainda mais estranheza a omissão do trecho que se refere à utilidade ou não das bases, por suas características de portabilidade, quando comparadas, segundo constava no comunicado desta Pasta, com instalações usadas por atletas, em Olimpíadas. A saber:

As bases modulares são estruturas metálicas de tecnologia naval. Elas são constituídas de chapas duplas de aço galvanizado, revestidas de espuma de poliuretano e climatizadas mecanicamente, iguais às adotadas como alojamento para os atletas nos Jogos Olímpicos de Barcelona ’92 e em vários outros eventos esportivos em toda a Europa. São construções modulares do tipo pré-fabricado, de tamanho e peso calculados para permitir uma montagem fácil e remontagem rápida, sem auxílio de ferramentas ou meios de içamento especiais.

Por fim e, principalmente, cabe lembrar que a estrutura modular utilizada pelo SAMU-SP é exatamente a mesma escolhida pelo Governo Federal para implantar Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Brasil afora. Caso as unidades modulares fossem desconfortáveis aos profissionais, como afirma a reportagem – aliás sem apresentar nenhum trabalhador do SAMU-SP ao leitor – quão desconfortáveis não seriam para realizar atendimento médico de urgência e emergência para a população?

PS do Viomundo:

1) Mantemos integralmente o conteúdo da reportagem Vereadora denuncia instalação de SAMU de “lata” em SP: custam caro, são provisórios e desconfortáveis

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2)  Contatamos a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, cujo secretário é Januário Montone, para saber o número de bases instaladas do SAMU, na cidade; previsão de instalação das novas; razão da escolha do equipamento acoplável (é como o Diário Oficial da Cidade de São Paulo menciona as bases de “lata”); o material de que são feitas.

Por três vezes, a assessoria de imprensa solicitou adiamento do envio das respostas. Demos todos os prazos solicitados. Se o objetivo fosse eleitoreiro, teríamos publicado a matéria na primeira postergação. Em vez disso, cobramos várias vezes por telefone e e-mail, para termos o outro lado.

3) Os entrevistados foram escolhidos não pela filiação partidária, mas por serem efetivamente preocupados com as questões de saúde pública e altamente qualificados.

A vereadora Juliana Cardoso presidiu a Comissão de Saúde do legislativo municipal de 2009-2011; de 2009 a 2012, integrou também a Comissão de Saúde da Casa.

O vereador Carlos Neder é médico formado pela USP e mestre em Saúde Pública pela Unicamp. Foi secretário da Saúde do município na gestão Luiza Erundina.

Além disso, Juliana Cardoso e Carlos Neder não têm ficha suja. Nenhum dos dois responde processo por corrupção, nem é réu em processo criminal.

4) A assessoria de imprensa, em vez de dar respostas pontuais às nossas perguntas objetivas,  recorreu a um texto com tergiversações, que parecia release. Tanto que  tentou se esquivar da questão crucial, até então ignorada pela mídia: as bases de ” lata” do SAMU-SP.

A essa pergunta, a Secretaria Municipal de Saúde respondeu inicialmente:

As bases modulares do SAMU-SP — que não prestam atendimento à população, são utilizadas apenas para abrigar os profissionais do SAMU-SP — são fabricadas com materiais desenvolvidos pela Engenharia Naval.

O subterfúgio, é claro, não nos passou despercebido e formulamos nova pergunta: o que significa materiais desenvolvidos pela Engenharia Naval?

Foi só, então, que assessoria de imprensa respondeu do que são feitas essas bases:

As bases modulares são estruturas metálicas de tecnologia naval (grifo da Secretaria). Elas são constituídas de chapas duplas de aço galvanizado (grifo nosso).

Não é verdade que ignoramos partes importantes. Simplesmente não caímos nas tergiversações.  Utilizamos fidedignamente as respostas às perguntas que havíamos formulado.

5) Na nota da assessoria de imprensa contestando a matéria do Viomundo é dito que, na resposta enviada a nós, foram consideradas questões técnicas e, principalmente, de mobilidade, o que, por si só, já traz um benefício operacional e financeiro inquestionável à população.

Na audiência pública que ocorreu este ano na Câmara Municipal, foi o chefe do SAMU-SP (um coronel da PM) quem destacou a rapidez de construção como razão para os SAMU de “lata”.

Não cabe improvisação nas bases do SAMU. Elas não são como barraca de feira, que se pode trocar de lugar a cada dia.

A nota da assessoria alega a mobilidade como grande benefício à população, só que das 11 já instaladas e as 27 por montar, quais as mudanças de endereços que ocorreram?

6) A nota da assessoria de imprensa diz que o método já traz um benefício operacional e financeiro inquestionável à população.

Qual? Curiosamente, um dos principais motivos contra os SAMU “de lata” — o custo do método construtivo adotado – não é objeto da nota da assessoria de imprensa contra a matéria do Viomundo.

Como esse aspecto foi esquecido e é muito importante, relembramos:

* Cada base de “lata”, relembramos, custa R$237 mil por ano. São cerca R$ 19 mil/mês. Esse valor cobre aluguel, transporte, montagem e manutenção de cada contêiner. Por ano, os 38 custarão quase R$ 9 milhões. Dinheiro que terá de ser desembolsado ano após ano pela Prefeitura.

Já o aluguel de um sobrado para um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) ou uma Unidade Básica de Saúde (UBS), por exemplo, a Prefeitura paga em torno de R$ 5 mil por mês. Se for bem grande, no máximo, R$ 10 mil/mês.

* A construção de uma UBS custa aproximadamente R$1,5 milhão, enquanto a base do SAMU de alvenaria sairia por R$ 500 mil. A UBS, vale lembrar, é uma estrutura muito mais complexa que a base de “lata”, que tem apenas garagem, áreas para descanso da equipe de profissionais de saúde, almoxarifado e administrativo.

7) A nota da Secretaria diz que a reportagem não apresentou nenhum trabalhador do SAMU.

Ouvimos, sim, uma enfermeira licenciada do SAMU-SP por mandato sindical e que conhece bem a estrutura do serviço. A opção por ela, que é diretora do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo, foi devido à militarização do SAMU-SP. O coronel que o comanda implantou uma estrutura de quartel no serviço e os profissionais de saúde têm medo de falar.

Militarização, diga-se de passagem, que o prefeito Gilbero Kassab (PSD) implantou nas subprefeituras. Das 31 existentes, 30 são comandadas por policiais militares reformados.

8) A nota da assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, contestando a matéria do Viomundo, diz ainda: Por fim e, principalmente, cabe lembrar que a estrutura modular utilizada pelo SAMU-SP é exatamente a mesma escolhida pelo Governo Federal para implantar Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Brasil afora.

Não é verdade. “A opção sobre o método de construção civil das UPAs é do gestor local; o governo federal não interfere”, informou-nos hoje o Ministério da Saúde, via assessoria de imprensa.”Quanto ao funcionamento das UPAs, elas devem seguir as diretrizes das Portarias nº 1.020, de 13/05/2009 e nº 1.171 de 05/06/2012.” Conceição Lemes

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Comentários

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Fabio Passos

Interessante.
Vamos acompanhar se a Secretaria Municipal de Saúde vai responder porque decidiu gastar R$ 19 mil/mês com cada contêiner do SAMU de lata ao invés de gastar de R$ 5 mil ou no máx R$ 10 mil/mês que é o que gasta com Unidade Básica de Saúde (UBS) tradicionais em alvenaria.

Duvido que a Secretaria Municipal de Saúde responda.
É mais fácil atacar quem questiona o desperdício de dinheiro público do que explicar porque queima alguns MILHÕES de reais…

Luciana

Calma, gente. Breve, o atual prefeito será enxotado do gabinete do Banespinha, junto com toda a corja de coroneis parasitas e outros inúteis que infestam o poder público municipal.

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