El Pulpo trocou de nome, mas continua atacando

Tempo de leitura: 6 min

por Luiz Carlos Azenha

Quem quer que tenha conhecimento mínimo da política externa dos Estados Unidos sabe qual é o peso, na América Latina, de “la Embajada”. Não é preciso nem identificar a qual embaixada nos referimos. O presidente do Equador, Rafael Correia, costuma repetir a piada segundo a qual só nos Estados Unidos o presidente não corre o risco de tomar um golpe: não existe embaixada norte-americana em Washington.

Estou lendo Bananas, de Peter Chapman, sobre “como a United Fruit Company desenhou o mundo”. United Fruit, ou El Pulpo, como era conhecida na região, O Polvo. Aliás, foi a empresa que inventou a fruta como commodity. Inventou também o conceito de república das bananas, que a opinião pública conhece de forma distorcida: não haveria república das bananas se uma empresa, com apoio de Washington, não fosse capaz de derrubar e ‘eleger’ governos e interferir de forma tão dramática na História das Américas. Ou seja, o tom depreciativo com o qual se aplica o termo tem que necessariamente identificar quem é que tanto fez para transformar repúblicas em caricaturas.

Sabemos muito pouco sobre o incidente que originou o pedido de impeachment do presidente paraguaio Fernando Lugo. O jornalista Idilio Grimaldi escreveu um artigo dizendo achar inverossímil que um grupo de elite da polícia do Paraguai tenha caído numa emboscada de camponeses. Nunca se sabe.

Eu sempre desconfiei de grupos de luta armada que surgem assim do nada, como o EPP, o Ejercito del Pueblo Paraguayo — até agora, pelo menos, não relacionado ao incidente que resultou na cassação do presidente do Paraguai. Pode haver militantes sinceros envolvidos no EPP, mas muitas vezes estes grupos podem se tornar veículos de interesses não identificados. Quando recebi um convite para visitar o EPP, no Paraguai, de um colega jornalista brasileiro, disse não ter interesse: eu não vou ajudar a promover estes caras, argumentei, não sei e não serei capaz de descobrir a quem eles servem antes da reportagem ir ao ar. Se não houver deadline, tudo bem, mas não aceito ser usado.

O EPP serve, por exemplo, mesmo que não queira, ao esforço para aprovar leis antiterroristas na região, promovidas pelos Estados Unidos e que também se encaixam em tentativas de criminalizar os movimentos sociais.

Já narrei no site antigo, que não está mais no ar, uma experiência que tive no Panamá, durante a crise que antecedeu a invasão dos Estados Unidos. Fomos chamados, jornalistas estrangeiros, para uma entrevista coletiva na base militar dos Estados Unidos no canal do Panamá — que já não existe. Um oficial norte-americano assumiu o podium e deu várias informações, uma delas dizendo que Fidel Castro tinha enviado alguns milhares de fuzis para o ditador panamenho Manuel Noriega, que estava sob pressão de Washington para renunciar.

O militar não apresentou nenhuma prova. Nem foto, nem grampo com áudio. Nada. Como as informações eram em off, ou seja, a fonte não poderia ser identificada, nem havia imagem — e eu trabalhava em TV –, simplesmente descontei a declaração. Porém, levei um susto no dia seguinte quando vi a “informação” na capa do Washington Post, atribuída a uma fonte militar de alto escalão.

Depois da invasão dos Estados Unidos e consequente derrubada de Manuel Noriega, onde é que estavam os fuzis do Fidel Castro? Não houve qualquer reação militar à invasão dos Estados Unidos e ninguém viu ou procurou os fuzis do Fidel. Os milhares de fuzis do Fidel sumiram na névoa. Tinham cumprido seu objetivo.

Há dezenas de incidentes similares registrados na História, como o que aconteceu no Golfo de Tonkin e deu ao presidente Lyndon Johnson autoridade para interferir num conflito que até então envolvia formalmente o Vietnã do Norte e a França (a participação dos Estados Unidos era clandestina). O incidente, do dia 4 de agosto de 1964, simplesmente não aconteceu. Um ataque de barcos patrulha norte-vietnamitas contra dois navios de guerra norte-americanos, o USS Madox e o USS Turner Joy.

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Da revista Time: “Através da escuridão, do Oeste e do Sul… intrusos audaciosamente, em velocidade… pelo menos seis deles… abriram fogo contra os destróiers com armas automáticas, desta vez a apenas 1.800 metros”.

Vários historiadores sugerem que os destróiers foram enviados justamente para provocar incidentes que justificassem a intervenção dos Estados Unidos. Se de fato houve um confronto no dia 2 de agosto, o do dia 4 de agosto simplesmente não aconteceu, mas foi amplificado pela mídia e usado como justificativa pela Casa Branca.

Johnson, que era candidato à reeleição, foi à TV, autorizou ataques aéreos contra o Vietnã do Norte e três dias depois recebeu do Congresso autorização para “tomar todas as medidas necessárias, inclusive o uso das forças armadas, para dar assistência a qualquer integrante do Tratado de Defesa Coletiva do Sudeste da Ásia que pedir assistência em defesa de sua liberdade”. Uma provocação apresentada como ação em defesa da liberdade.

Em resumo, os Estados Unidos têm uma longa história de:

1. Usar a diplomacia e a força militar para defender o interesse de suas empresas;

2. Usar a mão do gato para atingir seus objetivos, se preciso com falsificações.

No caso paraguaio, é altamente improvável que “La Embajada” não tenha sabido com antecedência e dado aprovação tácita ao impeachment fast food de Fernando Lugo.

Se o resultado final não interessasse aos Estados Unidos, Washington poderia muito bem ter consultado Brasília sobre a crise antes de se posicionar oficialmente. Afinal, o Paraguai é vizinho do Brasil e integrante do embrião de uma união econômica com o Brasil. Pensem na enormidade disso: o Paraguai é sócio do Brasil numa das maiores hidrelétricas do mundo, essencial para a economia dos dois países!

Mas o governo Obama reconheceu o novo líder paraguaio com uma rapidez espantosa, talvez só equivalente ao reconhecimento do governo de Pedro Carmona, na Venezuela, depois do golpe que afastou Hugo Chávez, em 2002.

Se não restava apoio político a Fernando Lugo, se não poderia concorrer à reeleição e estava na reta final do mandato, qual seria o sentido de afastá-lo?

Quem conhece o Paraguai sabe que a única chance que Lugo teria de influenciar as próximas eleições seria através do controle, ainda que parcial, da enfraquecida máquina do Estado. O poder econômico, legal e ilegal, está contra ele, para não falar de influentes poderes internacionais, como o Vaticano. A mídia paraguaia, obviamente, está majoritariamente com o poder econômico.

Se nossos jornais e emissoras de TV reproduzem acriticamente propaganda dos Estados Unidos, quando não simplesmente assumem para si o papel de defender Washington, mesmo contra o governo brasileiro, por que no Paraguai seria diferente?

A deposição veloz de Lugo, em algumas horas, tinha o objetivo de criar uma situação de fato, desarticulando as forças que o elegeram e reduzindo a influência delas nas eleições de 2013.

Internamente, garantia de que a influência da esquerda será praticamente eliminada.

Externamente, garantia de que a influência dos Estados Unidos será amplificada.

Se o Paraguai foi capaz de bloquear, graças ao Senado, a entrada da Venezuela no Mercosul, agora mais do que nunca poderá ser uma pedra no sapato da integração regional, que não interessa aos Estados Unidos.

Por ter vivido quase 20 anos lá, sei exatamente como funciona a política externa norte-americana. Ela é de Estado, nunca de governo. É por isso que Fernando Gabeira, que sequestrou o embaixador norte-americano no Brasil, jamais ganhará visto de entrada nos Estados Unidos, a não se que se torne presidente do Brasil e tenha algo muito bom para oferecer — o pré-sal, por exemplo.

É por isso que jamais os Estados Unidos vão aceitar a expropriação de empresas norte-americanas feita por Fidel Castro. Jamais vão engolir Hugo Chávez. Jamais vão aceitar um papel de liderança do Brasil que prejudique seus interesses econômicos imediatos na região, especialmente o acesso a recursos naturais como o gás e o petróleo.

Pelo contrário, Washington vai trabalhar ativamente, de forma constante e persistente, para dividir e conquistar, estratégia aplicada historicamente (no Vietnã, por exemplo, até hoje os Hmong, que vivem nas montanhas fronteiriças, pagam caro por terem prestado serviço aos invasores durante a guerra).

Não se trata de uma questão ideológica. É dividir e conquistar para pagar menos pelo cobre do Chile, pelo petróleo da Venezuela, pelo gás da Bolívia e para proteger os investimentos, as empresas e os interesses das empresas norte-americanas na região. Simples assim.

Ou vocês acham que as empresas norte-americanas que ajudaram a financiar o golpe de 64, no Brasil, estavam interessadas em nossas praias?

Parte da estratégia de Hillary ou de quem quer que venha depois dela consiste na delicada exploração do fato de que o Brasil é visto pela opinião pública de países vizinhos, pelo menos por parte dela, como dono de apetite imperialista. Faz sentido para o Paraguai, por exemplo, se equilibrar entre o Brasil e os Estados Unidos, cobrando concessões econômicas de ambos ao mesmo tempo.

Do ponto-de-vista de Washington, o Paraguai é um valioso peão para colocar pedras no caminho do Mercosul, da Unasul e de todos os organismos multilaterais regionais que excluam os Estados Unidos e, portanto, a influência dos Estados Unidos.

Estamos aqui no campo da realpolitik, não das firulas diplomáticas ou jurídicas.

O que aconteceu em Assunção foi uma estupenda vitória do Departamento de Estado e uma fragorosa derrota, ao menos até agora, do Itamaraty.

Uma derrota do projeto brasileiro de integração que, obviamente, é modelado para atender prioritariamente aos interesses políticos, econômicos, diplomáticos e militares do Brasil, ainda que muita gente por aqui torça — e trabalhe — por Washington.

 

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Comentários

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Charles Adão

E o livro citado, Azenha, o Bananas, ainda não tem em português??? Procurei no google e não encontrei… Agradeço a informação.

Marisa

Gostei! Visceral, Azenha.

Tarso Genro: Um novo tipo de golpe contra Lugo « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] El Pulpo trocou de nome, mas continua atacando […]

eunice

Próximo passo avançar sobre a Itaipu, o super grid é para vender a energia para outros países.

Mariano S Silva

Claro Azenha que Washington sabia do golpe! É num jogo de dominó assimétrico em que o Brasil está metido, por força da sua necessidade de expansão, com os EUA. Não dispomos, mesmo a nível regional, dos mesmos instrumentos que os norte-americanos empregam com total desenvoltura. Assinamos tratados que nos inibem militarmente, há poucos anos atrás. As derrotas serão, sem dúvida, mais frequentes que as vitórias, mas se perseverarmos, poderemos ganhar a guerra a longo prazo. O tempo parece estar a nosso favor e contra os EUA. Temos que agir multilateralmente e tirarmos o maior proveito possível de nossas derrotas. Por exemplo: aproveitarmos a momentânea ausência do Paraguai do decisório do Mercosul e admitirmos a Venezuela e quem sabe outros antes que o Paraguai volte. Com isso infligiremos uma pequena derrota em Washington.
Meparece certo que teremos que “engulir” uma base americana no chaco paraguaio e talvez alguns “rolos” em Itaipu. Entretanto, quando a Bolívia nos colocou contra a parede de gás, as soluçõe apareceram rapidinho…
Nesta briga entre o leão e o gato, temos que usar as sete vidas do último e muita paciência e determinação enquanto crescemos economicamente e aprendemos TECNOLOGIA para valer…
A criatividade dos brasileiros está sendo posta a prova agora mesmo!

helcio albano

a história é definitivamente maravilhosa e recheada de ironias. no terceiro quarto do século de XIX países do cone sul (argentina e brasil, principalmente) agindo por interesses próprios e mancomunados com a potência de plantão da época (inglaterra), trucidaram a república guarany (paraguai).

hoje o paraguai dá o troco 140 anos depois e mela a política de integração do cone-sul de brasil e argentina e se junta aos interesses norte-americano na região…

    Eduardo Vieira

    Esta é apenas uma das versões da história.

    Independentemente de apoio da Inglaterra, o Paraguai avançou sobre territórios brasileiros e argentinos, e, somente isso bastaria como causa da guerra.

    O acordo de Solano Lópes com um dos partidos uruguaios também desestabilizou toda a região do Rio da Prata.

    A política de López era expansionista, Brasil e Argentina apenas se defenderam. Inglaterra à parte, quem atirou a primeira pedra nesta guerra foi o Paraguai.

    Claro que, depois da derrota, Brasil e Argentina cometeram excessos.

    helcio albano

    meu caro eduardo,

    sei da contribuição fabulosa do ricardo sales à historiografia.

    mas, uma vez estuprado, teria o estuprador o perdão?

    abraços

Hans Bintje

Tem algo esquisito na análise do Azenha.

Estou falando no exercício de “realpolitik” que ele propôs: por que transformar Lugo em mártir da enorme população empobrecida do Paraguai?

A “realpolitik” não deixa sobreviventes do lado adversário: ou são lançados ao mar ou são incinerados em usinas.

Na humilhação ao Lugo, criaram um heroi.

Mais nove meses no poder e sem direito à reeleição, ele teria se transformado num nada, num joão-ninguém, incapaz de influenciar a escolha de seu sucessor.

O PIG paraguaio teria trabalhado dia e noite para desmoralizar os partidários de Lugo e essa imagem provavelmente iria “colar” na mente do eleitorado.

Agora, independente de seus defeitos e virtudes, essas pessoas viraram “resistentes ao golpe”, com toda a forte simbologia que esse termo possui no imaginário latino-americano.

Em resumo: na época do Henry Kissinger, os golpes eram feitos com muito mais competência. O que aconteceu no Paraguai é coisa de amadores.

Ricardo Oliveira

A derrota não é brasileira, americana ou sulamericana. O golpe no Paraguai teve o mesmo procedimento que o golpe dado em Honduras. Mesmo que não tenha sido expulso do país de pijamas, Fernando Lugo foi vítima de uma falsa democracia. Essa falsa democracia existe em todos os países, do mundo, considerados democráticos. Utilizando-se de um poder que representa os interesses da população, e a maioria da população paraguaia escolheu Lugo e sua agenda de governo, o congresso paraguaio legislou em causa própria ao destituir Lugo. Com argumentos frágeis embassados pelo contorcionismo que as leis propiciam, afastou Lugo em menos de 40 horas. A grande derrota é da democracia representativa e de todos aqueles que insistem em defender tal modelo. Congresso, Igreja, Oligarquias, Imprensa e Militares apoiaram o golpe. E o povo, que votou e escolheu Lugo e sua agenda, foi ouvido ? Claro que não. Os povos ainda não perceberam que para avançar na democracia não basta apenas o voto, se faz necessário e urgente, também , o direito ao veto e a participação popular em todas as esferas de governo.Caberia também ao povo paragauaio o direito de manifestar sua opinião quanto ao afastamento de Lugo, referendando ou não a escolha dos congressistas, através de um debate nacional sobre as causas que motivaram o processo de afastamento. Essa democracia que aí existe, inclusive aqui no Brasil e na maioria dos países do mundo, é uma farsa que abre possibilidade legal para a ilegalidade golpista. A real politik só pode ser vencida com uma radicalização da democracia, caso contrário qualquer país corre o risco de ser vitimado por golpes como o que ocorrereu no Parguai. Penso que a reação de Lugo foi correta. Nada de violência e sim , aquilo que já deveria ter sido feito durante o seu governo, uma articulação de todas as forças populares para questionar os golpistas e , quem sabe retomar o poder ainda no seu mandato ou através das próximas eleições. Quanto a UNASUL e MERCOSUL esperamos decisões duras e exemplares, dentro das normas que regem o funcionamento das organizações. Deve-se aproveitar o momento aprovar o ingresso pleno da Venezuela no MERCOSUL.

    Julio Silveira

    Ufa, finalmente alguém diz algo fora dos padrões do dualismo politico parceiro. E com inteligência descreve a receita, que certamente a hipocrisia dominante se recusará a considerar.

    Mário Cesar Serafim

    Devemos dar o troco aos EUA e incluir não somente a Venezuela, mas também o Equador, o Perú, a Bolívia, a Guiana… unir toda a América do Sul. Devemos inclisive propor a criação de um sistema de defesa continental e união de interesses comuns. Por exemplo: Afirmar que não aceitamos a interferência Inglesa nas Malvinas. Que essas ilhas são da Argentina, pressionando todos os organismos internacionais nesse sentido…

    Mário SF Alves

    Concordo com sua avaliação: só a radicalização da democracia pode garantir estabilidade política na América Latina. Só a radicalização da democracia pode abrir caminhos para o desenvolvimento do continente. Crescimento econômico – resultado da sutileza, da inteligência, da engenhosidade política e da capacidade construtiva do povo – já se garantiu. Resta a etapa seguinte, o desenvolvimento socio-econômico. E esta, caro amigo, e em se tratando de Brasil – um país ideologicamente ainda tão à direita – só a radicalização da democracia pode garantir. E a única força capaz de confrontá-la é a corrupção que o exercício do poder permite e determina.

    Mário SF Alves

    Em tempo:
    Ainda em relação à referida radicalização da democracia. Convém acrescentar que no que tange à corrupção (e lógico, endêmica e no DNA do capitalismo) o problema é o tempo de exposição de um partido político aos seus tentáculos. Ou seja, quanto maior o tempo de exposição, maior será o grau de dispersão e de desestruturação dessa mesma representação partidária. E esse é, de fato, um problema. E é nesse sentido que ela – acorrupção – funciona como força antagônica à consolidação da democracia. E a não ser por esta via democrática, que outro caminho ainda nos restaria?

    Jotace

    Caro Ricardo Oliveira (2)
    trouxe ? Por isso também, concordo com você quando afirma que a nossa democracia, com tantos erros sem que o povo possa corrigi-los, é uma farsa. E que ‘a real politik só pode ser vencida com uma radicalização da democracia como a conhecemos’. Concordo com você: somente com a democracia participativa, protagônica, na qual o povo vota e veta, que podemos pôr o Brasil adiante. Ser um líder de muito maior peso de fato e capaz de assim se defender. Que o comportamento brasileiro na Unasul e no Mercosul neste momento de grandes decisões e de oportunidades, seja de forma a superar de forma digna, sem qualquer servilismo, as habituais imposições do grande capital, especialmente o do agronegócio que também atua no Paraguai e da mesma maneira predadora que no Brasil. Da mesma forma, que o Brasil comece a caminhar de fato na radicalização da realpolitik como você diz, para que, depois de cinco anos já decorridos de esforços, a Venezuela não seja mais detida na sua aspiração de ser admitida como país membro do Mercosul. Tal admissão importa muito aos povos latinos e caribenhos e, de uma forma não menos especial aos brasileiros do Nordeste e do grande espaço que ocupamos na Amazônia. Cordial abraço, Jotace

    Jotace

    Caro Ricardo Oliveira, (1)
    Belíssimo e lúcido comentário o seu e que engrandece, como o do Azenha, toda a imprensa alternativa na discussão de temas rão relevantes. De fato, penso como você que, neste caso, não houve ainda sequer derrotas de agrupamentos regionais ou de nações isoladas, no caso a brasileira e a americana. Adito apenas que o Brasil poderia estar presentemente com mais elementos que o colocariam numa melhor posição. Hoje, o país desfrutaria de uma melhor posição ética, moral, se outras tivessem sido suas atitudes nas relações com o Paraguai. Infelizmente, faltou para isso e, de forma repetida, sua ‘ação dura e exemplar’- a mesma que você menciona- em ocasiões passadas, algumas delas já depois da criação da Unasul e do Mercosul. O fato é que tem se pocicionado o nosso país como velhacouto sistemático de grandes delinquentes paraguaios. Estes, além de se apoderarem de fortunas imensas sabidamente roubadas ao povo da nação-irmã, se comportaram como assassinos dos próprios cidadãos que governavam. Refiro-me aos exílios concedidos aos paraguaios Stroessner, aos dois ‘barões de Itaipu’ Lino Oviedo e Raúl Cubas e como o governo do Brasil atuou, de forma singularmente tão controvertida, caso do Juan Carlos Wasmosy. Se outro fosse nosso comportamento, gozaríamos hoje não só de um melhor conceito que fortificaria a nossa condição de um líder regional, mas da amizade, da gratidão, do grande povo paraguaio. Que ganhos, que benefícios, essa modalidade de realpolitik trouxe ao Brasil ? Ou, a quem

Antonio C.

“Presidente do Paraguai cancelará investigação de massacre que levou à deposição de Lugo”

Ver em: http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/?Noticia=436787

Daniel Faria

Azenha, as suas análises sobre o golpe foram todas fantásticas. Parabéns.

João Grillo

OS “ZEZINHOS” DA DIFÍCIL VIDA FÁCIL DO SCROLL
Brilhante análise de quem conhece os amargosos derrotados no Vietnã, e agora na América do Sul. O resto é escrotidão de “scroll” de “zezinhos” de prontidão prontos pra fazer trabalho imundo de moleques de recados na internet. O grande problema é que leitores de sites e blogs foram imunizados do vírus da imprensa de papel, e a internet já supera as TVs na audiência da mídia brasileira. No mundo todo!

Julio Silveira

Pior é que tem gente interna que defendem os gringos falando em antiamericanismo. São esses que matam a propria gente e a propria cultura para consumir a cultura alienigena.

    Mário Cesar Serafim

    E desde quando amebas são chamadas de gente?

oziel f. de albuquerque

Azanha o seu comentário foi esclarecedor. O Brasil está sempre agindo como um país da paz, e não toma um atitude mais dura contra país que não respeita a democracia.

Lu Witovisk

Ai ai… situação. Mas de tudo isso o mais triste é o último paragrafo: “Uma derrota do projeto brasileiro de integração que, obviamente, é modelado para atender prioritariamente aos interesses políticos, econômicos, diplomáticos e militares do Brasil, ainda que muita gente por aqui torça — e trabalhe — por Washington.”

Não entendo como existe gente tão tapada que nasceu aqui, vive aqui, trabalha aqui e torce pelos EUA, é muita burrice. É de uma ignorância sem tamanho, e normalmente são esses que se acham superior culturalmente, fiasquera total.

    Lu Witovisk

    superiores culturalmente

    Zezinho

    Mas se vc é tão contra os EUA porque a foto “vestida” de Rambo? Ele é seu ídolo?

    Mário Cesar Serafim

    Esses americanalhizados estão, em sua grande maioria, nas chamadas sociedades secretas. São tidos pela mídia entreguista tupiniquim como os mais “preparados” para entregar nossas riquezas em troca de algus trocados, mesmo que isso comprometa o futuro de seus próprios filhos… e ainda acham que são “os escolhidos”, os “iniciados”, os mais inteligentes! Não sei se é de rir ou de chorar!

Claudio Machado

Muito bem, Azenha!!! Não obstante alguns “tolos” comentários de alguns “tolinhos” que visitam Viomundo, com a de um certo zezinho aí embaixo (continuem visitando. Quem sabe não recebam boa influencia).
Quero dizer também que o que corrobora sua análise sobre o impeachment de Lugo, muito mais que sua valiosa experiência como jornalista, é o reconhecimento relâmpago dos EEUU ao novo governo paraguaio. Só um governo que estivesse muito por dentro dos fatos ocorridos no Paraguai e com eles “concordasse”, poderia reconhecer tão prontamente o novo governo, que assumiu após o impeachment.

Simonebh

Bom dia, Azenha. Parabéns pelo texto, uma ótima aula de política. Lembra do jogo WAR, que fez sucesso há alguns anos? Eu me lembro das discussões entre os jogadores quando faziam suas escolhas cujos objetivos eram as conquistas de território. Hoje, parece estar acontecendo este jogo de verdade, e os mesmos de sempre conquistam e invadem os territórios. Tudo pelo Poder e a população que se dane.
Um abraço e muito cuidado.

Ana Cruzzeli

Azenha
Como você bem diz essa questão não é juridica ou diplomática e sim politica, nesse caso estou achando que haverá desdobramentos.

A questão interna de um pais não tem como outro se meter que não seja como os EUA fizeram há mais de 60 anos. Aprenderam bem com Hitler que a imprensa é o caminho e a infiltraram por aqui esse sistema, mas ultimamente eles estão com poucas balas na agulha, venceram a primeira batalha no Paraguai fizeram do Paraguai anteriormente um obstaculo para o avanço do Mercosul, mas a situação paraguaia não dá aporte para os EUA que não seja o narcotráfico que passa pelo porto de Santos e por outros lugares inimagináveis, mas ainda pouco eficiente quando vemos os sulamericanos e sua MALDITA inclusão social.

Esse caminho é sem volta afinal os EUA precisam exportar e como vimos, estão desesperadamente precisando de dinheiro de paises como Brasil, Argentina, o Paraguai? Sim estrategicamente sob a otica militar eles podem até colocar bases militares por lá de forma relampago e tem que ser realmente de forma relampago pois as forças de esquerda estão se avolumando e o que é pior, podem voltar ao poder renovar os parlamentares e de quebra a Venezuela estará ainda esse ano como membro do MERCOSUL sem chance de retrocesso pois o Paraguai está suspenso das decisões da cupula.

NÃO PODE VOTAR LOGO NÃO PODEM VETAR.

Então tudo que for decidido pela cupula é legal, tem efeito diplomático e de quebra dá reforço aos de esquerda paraguaia a acreditarem que a luta só está começando e cada passo atrás é necessario para dois a frente.
Qualquer um de esquerda em 2013 tem mais chance de vencer o pleito do que um colorado ou liberal. Acho que é muito gasto de energia para pouco efeito positivo. O povo está uma fera e vão pra cima desse usurpador e dos partidos de oposição com fome.

Pensei no primeiro momento que o Lugo tinha sido fraco demais, achei que ele imaginava que o povo tinha força de reconduzi-lo ao poder. Acho que a jogada dele foi GRANDIOSA. Sai da presidencia sabe que não volta até ter limpado o CONGRESSO e o POVO, a JUSTIÇA. Ele sabe que não vai concorrer em 2013, estava ciente disso e sabe que outra liderança tem que surgir, até 2013 há tempo para as articulações.

O que os colorados, os liberais paraguaios e os EUA conseguiram pelo visto: VITÓRIA SIM, MAS UMA VITORIA PREVÊ, UMA VITORIA DE PIRRO.
Tó achando que o povo paraguaio nós dará muito ORGULHO, eles vão dar a volta por cima e nesse dia o Paraguai terá sua suspensão do MERCOSUL revista e se tornará mais forte do que nunca.
Ali perto tem um tal de Tarso Genro que é fogo na roupa, só temos que resolver o problema de Mato Grosso e Mato grosso do sul que o resto eles cuidam, o Paraná agora sem o Requião é um pequeno problema também a ser resolvido, mas nada que nessas municipais não se avance.

ivanisa Teitelroit Martins

O Brasil tem liderança econômica na região! A deposição de Lugo, apesar de seguir as regras constitucionais do Paraguai, e prometer eleições em 9 meses, desarticula a composição de forças em torno do Mercosul e da Unasul, desestabiliza a integração regional em andamento. Se Lugo aceita seu afastamento para não haver conflitos internos é porque Lugo detém informações importantes sobre essa movimentação do governo norte-americano ou para não generalizarmos da direita americana e do Pentágono. Uma suposição, não uma afirmação, que ao meu ver, merece análise política e não radicalização dos governos que compõem o Mercosul. Não é momento de se expor mas de observar, analisar, recompor e somente depois, agir. Ao responder a uma ameaça publicamente abrem-se brechas para a violência, obrigando outros países a acompanhar uma posição sem que ainda tenham informações suficientes. O exercício da política externa deve ser responsável para ser eficiente.

Djijo

Depois do golpe, cabe ao Brasil deixar o amadorismo e entrar direto na política iternacional. Terá que se profissionalizar na área de influências. Até para se proteger. Os EUA fizeram isso com a Europa e Japão para se protegerem da URSS. Deu certo. Quem ganhou foram os países ajudados pois voltaram a se tornarem grandes, como nação. Provável que toda a AL ganhe com essa aliança de cooperação e proteção. E quanto a parte militar, o Brasil terá que colocar generais que priorizem o Brasil e extirpar possíveis quinta colunas de 5 estrelas. Muitos desses foram fazer aperfeiçoamento (e lavagem cerebral) lá nos estates. Comem na mão deles. Os americanos são bem profissionais em cooptar aliados, por bem ou por mal.

Zezinho

Puts, quanta paranóia! Se nao colocam os EUA no meio ou o PiG então nada pode ser explicado. Quero ver agora a jogada de mestre dos EUA que possibilitaram que a Venezuela entrasse como país membro do Mercosul. Seria uma desculpa para invadir a Venezuela? Uuhuhuuhhuu
Como eu me divirto com vcs.

    CarmenLya

    Pois é, Zezinho…eu também me divirto com a patuléia assalariada, que exerce com devoção a servidão voluntária aos Estados Unidos. Aliás, “Zezinho” já demonstra a baixa auto estima, hehehe!!!!!! Ou você é adepto do Zezinho Serra????

    Lu Witovisk

    Ué, va la pro blog de Herr Azevedo ler “as verdades” que vc gosta, vendido.

    Eder

    Sabe o que me parece tonto? Se os EUA são tão fodões assim, por que escolheram o Paraguai e não o Brasil, ou a Argentina, ou a Venezuela para “depor” o presidente esquerdista? Afinal as eleições de 2014 no Brasil estão aí (ou a da Venezuela esse ano)… que paranóia, quanta bobeira… O Lugo foi deposto por 70 votos contra 1 e, segundo ele próprio, dentro do que prevê a lei paraguaia, então isso é problema deles, ou fazem leis melhores ou elegem presidentes melhores, ou elegem senado e câmara melhores…

Marat

A coisa é simples: EEUU são terroristas e ladrões!
Outro ponto simples: Boicote total ao Paraguai, para que seu povo destitua os déspotas comandados pelo caquético e sujo tio sam!

simas

Poxa! Como nenhuma providência, linha de comentário na imprensa, contra essa guerrilha misteriosa? O Clube Militar não se organiza, para manifestação? E o Congresso, nada? Bem, eu não uso TV, mto menos leio jornais. Vai ver a campanha tem sido sistemática; igual as das contra às FARC’S, por exemplo. Ao lado disso, no fim do período de Gov Lula, os EEUU mostrou desejo de abrir várias representações diplomáticas, em diversas cidades brasileiras… Não encontro justificativa, pra tanta representatividade. Será q o Gov Dilma já concordou com tanta espionagem, oficial? E aquela faina de se mandar militares, nacionais, novamente, para fazerem pós-graduação nos EEUU, ressuscitada pelo Jobim, a Pre Dilma agilizou, tbm? Pelo andar da carruagem, logo inventam uma, agora, “regeneradora”… Os militares, apijamados, estão a organizar um partido político – acho q pensam fazer do Estado, uma divisão da força. Aquele negócio do exército conter o Estado; já q os civis são corruptos, incapazes, essas coisas… e precisam de ser orientados, disciplinados. É; está dando tdo certo.

PedroAurelioZabaleta

Qual o significado/participação de Itaipú no fornecimento de energia no Brasil?
O que impede um governo paraguaio servil de privatizar sua parcela de Itaipú, deixando-nos a mercê de uma sócia ianque?
Fatalmente teremos mais uma base militar ianque em nossas fronteiras.
O Império contra-atacou.
Darth Vader deu outro golpe de mestre.

    Lu Witovisk

    Ahhhh não poxa, não usemos o nome do Darth, ele é o grande herói no fim de Guerra nas Estrelas.

    Vamos encontrar outra coisa, algo mais podre para apelidar :P

Jaime

Caro Azenha, perfeito o comentário e bastante clara a posição dos norte americanos em seus objetivos. Mas felizmente, mesmo na realpolitik as coisas não acontecem de modo retilíneo. Dependendo da atitude do Brasil, que é vizinho, a assistência dos norte americanos, que estão longe, pode não compensar. O Paraguai recebe do Brasil pra consumir energia elétrica (ou quase isso); a fronteira em Foz do Iguaçu pode gerar grande prejuízo aos paraguaios, dependendo da atitude da receita federal; as exportações de soja dos paraguaios dependem do corredor da BR-277 que atravessa o estado do Paraná e de galpões no porto de Paranaguá. Enfim, há muitos meios de o Brasil se fazer notar e mostrar o caminho. Se eu fosse o Federico, pensaria bem no próximo passo e evitaria ameaças do tipo “os brasiguaios serão bem tratados”, isto é, os brasiguaios poderão não ser tão bem tratados se o novo governo não for reconhecido. Quanto ao confronto com os estadunidenses, seria bom começar a parar de fingir que nunca vai acontecer e tomar as devidas precauções. E trocar logo uma participação made in paraguai por uma venezuelana no Mercosul.

ccbregamim

eu que não sou jornalista posso dizer:
golpe dos usamerikas.
sem esse lero lero de geopolítica etc.
os eua fizeram o golpe
e a elite paraguaia vai ganhar grana
contra o povo.
só. o de sempre.

não somos nós os imperialistas, certo?

O_Brasileiro

Agora é que eu quero ver conseguirem bloquear a construção de Belo Monte…
O Brasil não pode depender de um país que, além de não confiável, é vassalo dos EUA.
É por essas e outras que Rússia e China preferem ver morrerem milhares de civis na Síria do que entregar o país aos EUA, como foi feito com a Líbia.
Mortes por mortes, nos últimos 65 anos os EUA já deixaram morrer e também mataram mais civis do que Rússia e China juntas.

Marcelo Rodrigues

Para o Mercosul impor empate ao Departamento de Estado: Paraguai cai fora, entra Venezuela. Depois, se for conveniente, o Paraguai pode voltar.

    Marcos C. Campos

    E muita, mas muita mesmo PF e Receita em Foz e em toda fronteira com os caras. Quem sabe o povo se organiza.

    Jotace

    Caro Marcelo,
    Pelo que deduzi do trabalho de Azenha e sua sugestão, penso que a entrada da Venezuela deve ser a primeira das providências. E o Paraguai pode retornar depois, mas não como país-membro: como o de associado e sob condições que deixem o claro o respeito às instituições (inclusive às suas próprias) e sob punições ainda mais severas aplicadas em caso de novas transgressões. Cordial abraço, Jotace

florival

Chile, Colômbia (?) y Paraguai. Qual a próxima bola?

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