ABGLT solicita retirada do ar de comercial de cerveja

Tempo de leitura: 2 min

da ABGLT, via e-mail

Ofício PR 075/2012 (TR/dh)

Curitiba, 28 de maio de 2012

Ao: Sr. Gilberto C. Leifert

Presidente

Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária – Conar

Assunto: Solicitação de retirada do ar de comercial 

Prezados Senhores,

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) – é uma entidade de abrangência nacional, fundada em 1995, que atualmente congrega 257 organizações congêneres e tem como objetivo a defesa e promoção da cidadania desses segmentos da população. A ABGLT também é atuante internacionalmente e tem status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas. A missão da ABGLT é Promover ações que garantam a cidadania e os direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, contribuindo para a construção de uma sociedade democrática, na qual nenhuma pessoa seja submetida a quaisquer formas de discriminação, coerção e violência, em razão de suas orientações sexuais e identidades de gênero.

Tendo isto em vista, a ABGLT gostaria de expressar sua indignação com o comercial “Festa de São João”, da empresa Nova Schin, em que um homem travestido de mulher é objeto de escárnio, piada e deboche, “de noite era Maria e de dia era João”.

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Nossa consternação se dá pelo fato de que a população de travestis é entre as mais discriminadas no Brasil e que o comercial contribui para referendar e banalizar essa discriminação, ridicularizando a personagem travestida. Para ilustrar, em pesquisa feita na Parada LGBT de São Paulo em 2005, 77,% das pessoas travestis e transexuais afirmaram já ter sofrido agressão verbal/ameaça de agressão em virtude de sua sexualidade (www.clam.org.br).

Para entender nosso posicionamento, bastaria ridicularizar a personagem do comercial por causa da cor de sua pele ou por causa de sua raça, para perceber que o conteúdo é discriminatório.

Ao mesmo tempo em que entendemos que é preciso ter bom humor, não se deve utilizar-se da fragilidade de uma população para vender um produto. Isto não é condizente com o preceito constitucional da dignidade humana.

Tem havido muito debate no Congresso Nacional e na sociedade brasileira sobre a discriminação por homofobia. Neste sentido, a fim de elucidar porque o comercial nos ofende, oferecemos uma definição bastante abrangente do conceito de homofobia que também demonstra a forma como o comercial está contribuindo para reforçar preconceitos baseados em estereótipos negativos:

[A homofobia é] um conjunto de emoções negativas (tais como aversão, desprezo, ódio, desconfiança, desconforto ou medo), que costumam produzir ou vincular-se a preconceitos e mecanismos de discriminação e violência contra pessoas homossexuais, bissexuais e transgêneros (em especial, travestis e transexuais) e, mais genericamente, contra pessoas cuja expressão de gênero não se enquadra nos modelos hegemônicos de masculinidade e feminilidade. A homofobia, portanto, transcende a hostilidade e a violência contra LGBT e associa-se a pensamentos e estruturas hierarquizantes relativas a padrões relacionais e identitários de gênero, a um só tempo sexistas e heteronormativos (JUNQUEIRA, 2007).

Assim sendo, vimos por meio deste solicitar a imediata retirada do ar do comercial “Festa de São João”, da empresa Nova Schin.

Na expectativa de sermos atendidos, estamos à disposição.

Atenciosamente,

Toni Reis

Presidente

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Comentários

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Wildner Arcanjo de Morais

A analogia a esse fato posso fazer da seguinte forma:

A peça publicitária é tal qual um martelo.

Um carpinteiro o usa para construir casa.

Um homicida o usa para matar o seu desafeto.

Você quer ser o quê? Carpinteiro ou homicida? A decisão é sua!

Não é por isso, o direito de decidir o que a ABGLT tanto luta?

Tem tantas outras coisas que acontecem, que denigrem a condição homossexual, e nem por isso se vê manifestos de tais entidades.

Deixem a produção publicitária em paz… briguem por seus direitos que são justos, não há quem fale o contrário (pode existir até quem pense). Os brasileiros, que não são burros, mas têm suas posições, entenderam o comercial. Custa pensar um pouco diferente do diferente?

Fabio

Ja apareceu sambista vestido de macaco e encherão o saco e agora o João que não pode nem tomar cerveja agora se o Marcão desse um beijão ai podia.

Willian

Saudades do Costinha…

    Luís

    Muita.

Caio Ferraz

Se o humor ultrapassa a barreira do aceitável e parte para reforço a discriminação e preconceitos arraigados em nossa cultura – colocando qualquer que seja a pessoa como motivo de escárnio justamente num momento em que se luta pra calar esse tipo de pensamento – esse humor deve ser banido, advertido e devidamente punido – caso seja previsto por lei.

Da mesma forma que essa associação GLS se põe contra ofensas aos que ela agrega, imagino que advogados devam se chatear com piadas relacionadas à sua honestidade – chegando ao ponto de, da mesma forma que a AGBLT, a OAB entrar com ações no Ministério Público pra coibir esse tipo de dano à imagem dos que almeja defender.

É fácil desmoralizar, zombar e desfazer da índole dos outros – e não querer ser achincalhado.

Gil Rocha

Isso é que dá esse pensamento
do politicamente correto.
É preciso saber separar o humor
da ofensa.

Mardones Ferreira

Não se trata de fazer policiamento da propaganda, trata-se, de outro modo, de não colaborar com o riso fácil e preconceituoso. A manifestação da ABGLT vem no sentido de reafirmar que usar a discriminação e o preconceito – ainda que comum e aceito no Brasil – como forma de promoção de um produto é um desrespeito à dignidade de um grupo de pessoas. E isso é inaceitável.

Com tanta gente criativa no mercado publicitário, poderiam inventiar piada com outros temas sem ferir a dignidade de outros. Portanto, longe de querer acabar com o riso alheio, o que pretende a ABGLT é acabar com essa mania de querer eternizar o preconceito nas piadas.

Já está na hora de fazer rir sem lançar mão de preconceitos. Ou isso é impossível? Acho que não.

matheus

Putz! Essa foi demais. Cada uma que aparece. Agora tudo é preconceito, racismo é uma discriminação desenfreada?

Luís

Que BOBAGEM SUPREMA essa petição da ABGLT

sonia

PS:Cantei e dancei muito :”MARIA SAPATÃO” no carnaval na decada de 80…E NINGUEM RECLAMAVA!

sonia

não sou “bolsonarista”mas este povo tá se achando a ultima bolacha do pacote!EITA que saco!quem vai aguentar a partir de agora gays e fanaticos cristãos recriminando e policiando TUDO!CADA UM A SEU MODO! ESTÃO DEIXANDO O PAIS TRISTE E SEM GRAÇA!

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