por Luiz Felipe Albuquerque, da Página do MST
16 anos após o episódio que ficou conhecido como o Massacre de Eldorado dos Carajás, o Tribunal de Justiça do Pará expediu na segunda-feira (7) o mandado de prisão contra o Coronel Mario Colares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira.
Pantoja se apresentou a um presídio no município de Santa Isabel do Pará, a 50 km de Belém, onde deve cumprir a pena. Oliveira deve se apresentar nesta terça-feira,de acordo com seu advogado.
Ambos policiais militares foram condenados pelo envolvimento no massacre de 21 Sem Terra no município de Eldorado dos Carajás, no sudeste do Pará, em 1996. Eles foram julgados e condenados em 2002, mas desde então eles vinham recorrendo em liberdade. Foram dez anos que os policiais ficaram apresentando inúmeros recursos ao Poder Judiciário.
No entanto, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes pediu em março que a documentação do processo retornasse ao Tribunal de Justiça do Pará, ao alegar que era uma tentativa de protelar a sentença.
Com isso, o juiz Edmar Pereira, da primeira vara do Tribunal do Júri, expediu o mandado para que os condenados cumprissem as sentenças.
O Coronel Pantoja se entregou à justiça na tarde desta segunda-feira, enquanto o major Oliveira ainda não foi localizado.
Pantoja fora condenado a 228 anos de prisão, e o major Oliveira a 158 anos e 4 meses, mas a lei penal brasileira permite o cumprimento máximo de 30 anos de reclusão.
“É importante aguardar o cumprimento do mandado, a efetivação da prisão, porque só assim poderemos dizer que a impunidade teve fim. Só a expedição de um documento não garante nada”, afirma Giane Alvarez, advogada do MST.
“De todos os crimes que ocorrem contra lavradores no estado do Pará, são raras as vezes que os mandantes ou os autores diretos dos crimes são condenados. E quando condenados é mais raro ainda que eles cheguem a cumprir as decisões tomadas pela justiça”, destaca Giane.
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Segundo ela, a resolução dos problemas relacionados à questão agrária do país não se resume somente com ao problema da impunidade.
“O desfecho desse caso tem caráter efetivamente simbólico de mudança do estado de coisas daquela região. A idéia da impunidade pode ter uma mudança de curso. Não resolverá tudo uma hora para outra, mas já é um bom sinal”, pontua Giane.
Massacre de Eldorado dos Carajás
O Massacre de Eldorado dos Carajás aconteceu em 1996, durante uma operação da Polícia Militar para reabrir o tráfego na rodovia PA 150, no município de Eldorado do Carajás, sudeste do Pará.
Na ação, 19 trabalhadores rurais do MST foram mortos na hora pela PM. Outros dois morreram horas depois devido aos ferimentos da ação truculenta. Mais de 60 pessoas ficaram feridas, muitas delas com sequelas que levarão para o resto da vida.
Mesmo tendo participado da operação mais de 150 policiais militares, apenas Pantoja e Oliveira foram condenados pela morte dos trabalhadores.
O governador da época Almir Gabriel (PSDB) não foi punido.
Leia também:
Souto Maior: Uma das maiores agressões aos direitos humanos da história recente do Brasil
Comentários
Fabio Passos
Finalmente uma punição para assassinos de camponeses.
Uma das razões para a impunidade é o PIG… que difama e demoniza o MST e aplaude assassinos de trabalhadores rurais.
Vamos acompanhar para ter certeza que ambos – coronel mario colares pantoja e o major josé maria pereira de oliveira – serão de fato presos e vão cumprir pena pelo massacre que comandaram.
Gil Rocha
Também espero.
Mas não por defesa do MST, já que
não concordo com algumas atitudes
do movimento.
Criminoso é criminoso, se tem farda ou
não pouco importa.
É decepcionante que a justiça leve tanto
tempo para condenar alguém.
Cláudio
Lamentável: “Mesmo tendo participado da operação mais de 150 policiais militares, apenas Pantoja e Oliveira foram condenados pela morte dos trabalhadores.
O governador da época Almir Gabriel (PSDB) não foi punido.”
Isso é justiça ? E os outros 150 criminosos ? Vão se safar ou já se safaram os safados porque “Apenas cumpriam ordens” esses maus-caráteres, canalhas, psicopatas ? Tão bandidos quanto seus chefes. E o ex-governador ?
‘Entregam’ uma parte mínima para que a escória não seja atingida.
Sérgio Vianna
Termina nesta quarta-feira, 9 de maio, o prazo para transferência de título eleitoral.
No mesmo dia encerra-se o alistamento eleitoral dos jovens entre 16 e 18 anos.
Gasta-se muito dinheiro com todo tipo de informação besta. E não se percebe uma única campanha, seja do Executivo, do Legislativo, do Judiciário, para estimular a regularização da condição de voto do cidadão.
Num país em que a migração interna é constante, que o percentual de eleitores com registro em outro município é alto (basta lembrar das enormes filas para justificativa no dia da eleição em qualquer cidade do país), esta seria uma campanha mais que necessária.
Os blogs (amaldiçoados pelo PIG e chamados de sujos por Serra) poderiam cumprir esse papel, oferecendo a informação que é negada à população.
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