Sexo: Distribua carícias à vontade. Sem a menoooooooooooooooooor… pressa

Tempo de leitura: 3 min

por Conceição Lemes

Em tempos de internet banda larga, muitos querem tudo na base do pá-pum: objetivo, rápido e competente. Isso inclui a sexualidade. Tanto que sexo virou sinônimo de penetração; competência sexual é penetrar e ser penetrado. Se não houver, o restante do contato não vale nada. O “negócio” é ir logo para os “finalmentes”. Mero encontro de genitais. Uma pena.

“O prazer não é só genital, tem de integrar tudo”, argumenta a ginecologista e obstetra Fátima Duarte, com base no atendimento de mulheres de todos os níveis sociais e faixas etárias, em 30 anos de profissão. “A grande jogada para ter e dar prazer é distribuir carícias à vontade – sem pressa.

Isso mesmo. Sem a menooooooooooooooooooooooooor… pressa. Imagine-se num restaurante divino comemorando uma data especial. Você prefere que o chefe de cozinha prepare o seu prato em dois minutos, tirando-o do freezer, ou que demore para fazer algo especial? No sexo, é parecido. Você quer um prato feito rapidinho ou se dispõe a caprichar nos temperos, e depois saborear o manjar dos deuses? Pois as carícias são os temperos.

Por isso, aqui vai uma dica do livro   Saúde — A hora é agora, capítulo Relacionamento — O corpo inteiro para amar: invista mais nas preliminares.

Em geral, não utilizamos nem 30% do potencial erótico do nosso corpo. E os receptores de sensações estão nele inteiro. Basta você e seu (sua) parceiro(a) se tocarem bastante para os seus pontos preferidos aflorarem. Por falar nisso, você sabe quais são os seus?

“Quanto mais tempo o casal se dedica às preliminares, maiores tendem a ser a carga erótica e o prazer”, abre o jogo a psiquiatra e especialista em medicina sexual Carmita  Abdo,  professora livre-docente e coordenadora do Projeto Sexualidade  (ProSex) da  Faculdade de Medicina da USP.  “A mulher fica mais lubrificada e a penetração mais fácil, o que ajuda, ainda, a atingir o orgasmo. Para o homem saudável, cria condições para boas ereções.”

INFORME O QUE E COMO GOSTA — SEM ACANHAMENTO

Aproveitando a brecha, algumas e alguns desabafam:

– Ah… Mas meu parceiro não sabe do que eu gosto…

Apoie o VIOMUNDO

– Adoro meu marido, só que de uns tempos para cá não sinto desejo.

– Quando estou de TPM, meu tesão vai pra cucuia.

– Minha ex-namorada ia às nuvens; a atual, eu tento, tento, e ela não tem orgasmo. Será que se o meu pênis fosse maior…?

– Há um tempo saí com uma menina só porque ela me deu mole. Falhei! Desde então, perco o controle direto. Quando me dou conta, já gozei; minha companheira fica uma fera, diz que não ligo para o prazer dela. Juro que me importo.

Calma. Praticamente tudo em sexualidade tem explicação e – o melhor – solução. Na maioria das vezes, é questão de informação. Frequentemente, a mulher espera que o homem nasça sabendo fazer sexo, para que ela não precise comunicar o que gosta. O homem, por seu lado, habitualmente acha que as carícias que uma mulher adora a outra também vai amar, certo?

Ambos errados. Nem o homem é o “professor” nem a mulher a “aluna”. Cada pessoa é uma pessoa. Para descobrir onde “mora” o prazer do(a) parceiro(a), o casal tem de fazer tentativas. A mulher não deve se envergonhar de comunicar o que lhe agrada, assim como o homem também não.

No Brasil, 3,4% dos brasileiros nunca se masturbaram, contra 34% das brasileiras. Portanto, se você ainda desconhece todas as suas áreas erógenas, sempre é tempo de elas serem exploradas. Prazer é questão de foco, duração e intensidade.

A mulher tem de aprender a identificar suas áreas prediletas de carícias e o homem a detectar novas. Seria o clitóris ou a vagina? O abdome, o pescoço ou os seios? Os lábios ou a sola do pé? Por acaso a cabeça ou o corpo do pênis? A região do umbigo ou a da nuca? Os lábios ou as costas? É tudo junto? Ou junto com o quê? Pegue a mão do(a) parceiro(a) e o(a) oriente. Você é que tem de lhe dizer: Está ótimo aí, continue!; Aqui, não!

Agora, não é fazer um carinho rápido e pronto. É preciso um tempo para o estímulo sair das terminações nervosas existentes nas áreas externas do corpo, chegar ao cérebro, informar que algo prazeroso está sendo feito e voltar sob a forma de sensação agradável. Além disso, você tem de informar sobre a intensidade dos toques naquele instante. São os movimentos lentos ou rápidos? Mais superficiais ou profundos? Em circular ou ziguezague?

“Se você silenciar, acabará entrando e saindo da relação sem a menor excitação, provavelmente não sentirá prazer, e o sexo se tornará desagradável”, observa Carmita. Se o(a) parceiro(a) for realmente legal, ficará feliz em tomar conhecimento das suas preferências para lhe satisfazer.

Portanto, nada de acanhamentos. Informe-o(a) das suas predileções, pois ninguém tem bola de cristal. Só assim o prazer de ambos poderá ser explorado ao máximo.

Apoie o VIOMUNDO


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Adilson

Excelente artigo, Conceição.

Um grande abraço,

Adilson

Rovena França

Conceição Lemes;

Gostei do texto!

O “negócio” é invetir nas preliminares, sim! Ótimo remédio para TPM,também. Chega de chocolote!rsrs

Hans Bintje

Conceição Lemes:

Sabores, sabores, sabores. Estou gostando da linha do site.

Começou esta manhã com a reclamação – justa – sobre o milho mexicano.

Qual a diferença entre o milho industrial e o milho indígena?

Infinitas cores, infinitos e deliciosos sabores para quem se dispõe a cultivá-los e prepará-los “sem a menooooor… pressa”.

Eis a imagem:

E aqui estamos falando novamente “sem a menooooor… pressa”, dessa vez sobre sexo.

Sem padronização, difícil de cultivar, altamente recompensador para quem topa o desafio de “navegar mares desconhecidos”.

E divertido.

Roberto Locatelli

Tudo é uma questão de atitude. Estamos na época da pressa, e as pessoas – principalmente os homens – querem logo ter orgasmo.

Acho que a repressão sexual também é culpada pela pressa. Já que sexo é uma coisa proibida, que vovó dizia que leva ao inferno, que é pecado, etc, então vamos fazer no escuro e terminar logo.

Há, nas artes antigas, formas de encontro íntimo bem diferentes dos nossos conceitos atuais. Nessas práticas do passado, o casal podia ficar algumas horas no intercurso sexual. Só que, para isso, muito carinho é a lei, nada de pressa. E diálogo, sempre. É hora de revermos nossas ideias “avançadas”.

Gerson Carneiro

Esse post me encheu de tesão.
Hoje à noite nem vou tuitar.

Graaaande retorno do Blog da Saúde!!!!

Deixe seu comentário

Leia também