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EUA: Órgão que teria evitado colisão aérea está sem chefia por vingança de Musk

Chefe da Federal Aviation Administration (FAA), agência que regula aviação, se demitiu por pressão do aliado de Trump

ICL Notícias

Ex-Secretário do Trabalho dos Estados Unidos no governo Bill Clinton, Robert Reich responsabilizou a falta de comando pela colisão ocorrida nesta quinta-feira (30), em Washignton, entre um helicóptero e um avião, na qual morreram 67 pessoas.

Segundo escreveu em sua conta no Instagram, o ex-administrador da FAA, Michael Whitaker, que ainda teria vários anos de mandato, renunciou no dia da posse de Donald Trump.

Ele tomou a atitude porque Elon Musk pressionou publicamente por sua renúncia depois que a agência multou a SpaceX — que pertence ao bilionário sul-africano — em mais de US$ 600.000 por não seguir os requisitos da licença de segurança.

“Colocar os lucros privados acima da segurança pública é uma receita para o desastre”, escreveu Reich.

O vácuo de poder na agência está entrando em foco depois da colisão aérea. Em uma entrevista coletiva nesta quinta-feira (30) com autoridades de resgate, o recém-confirmado Secretário de Transportes, Sean Duffy, ignorou as perguntas dos repórteres sobre se a FAA tinha um diretor interino para ajudar a gerenciar a crise.

Whitaker estava há apenas um ano no cargo quando anunciou sua intenção de renunciar. Ele tinha vários anos restantes em seu mandato. A renúncia abre caminho para o presidente Donald Trump nomear seu próprio substituto para dirigir a agência.

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Elon Musk e Donald Trump

Na manhã desta quinta-feira, Trump disse que estava nomeando Chris Rocheleau, um alto executivo de uma associação empresarial de aviação, como administrador interino da FAA, mas não forneceu detalhes sobre um substituto permanente.

Musk, um grande doador de Trump, está supostamente ajudando a administração a avaliar candidatos para certos cargos e está direcionando um esforço para expurgar milhares de funcionários federais de todos os níveis do governo.

E embora não esteja claro se Musk esteve diretamente envolvido na escolha de um novo administrador da FAA, o magnata bilionário supostamente esteve envolvido na supervisão do desenvolvimento dos próximos jatos Air Force One pela Boeing.

Mas os esforços de Musk para defenestrar Whitaker eram bem conhecidos mesmo antes da vitória de Trump em novembro.

Ele reclamou muitas vezes sobre a FAA, atacando em setembro depois que a agência aplicou uma multa de US$ 633.000 por fazer missões espaciais com mudanças não aprovadas.

Michael Whitaker, ex-administrador da Federal Aviation Administration (FAA), agência que regula a aviação

Ele precisa renunciar”, Musk postou categoricamente em 25 de setembro de 2024, sobre uma foto de Whitaker.

A postagem veio pouco mais de uma semana depois de Musk culpar a FAA por sufocar os sonhos da raça humana como um todo.

“O problema fundamental”, ele postou em 17 de setembro, “é que a humanidade ficará para sempre confinada à Terra, a menos que haja uma reforma radical na FAA!”

A agência também multou a Starlink, depois que a subsidiária da SpaceX não apresentou dados de segurança antes de lançar satélites em 2022.

Em uma audiência na Câmara, Whitaker explicou que as penalidades civis da FAA eram “a única ferramenta que tínhamos para obter conformidade em questões de segurança”.

No X, Musk reclamou que a FAA estava “assediando a SpaceX sobre bobagens que não afetam a segurança, ao mesmo tempo em que dava passe livre para a Boeing, mesmo depois que a NASA concluiu que sua espaçonave não era segura o suficiente para trazer os astronautas de volta”.

Ele também afirmou que os humanos nunca pousariam em Marte sem “uma reforma radical na FAA”. Em setembro, ele escreveu “ele precisa renunciar” sobre Whitaker.

Além dos ataques de Musk, a FAA sofre há muito tempo com subfinanciamento e tecnologia ultrapassada.

Em 2023, um painel de especialistas divulgou um relatório que descobriu que a crescente dependência de horas extras para equipar instalações de controle de tráfego aéreo estava colocando a segurança aérea em risco. A agência recebeu centenas de reclamações de trabalhadores do tráfego aéreo descrevendo condições perigosas, desde escassez de pessoal até prédios dilapidados.

*Com informações de The Verge

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