”Declarações de Quaquá são, no mínimo, lamentáveis e inoportunas”, afirma presidente do Cebes
Tempo de leitura: 2 minMarielle, presente. A quem interessa a defesa da grilagem e milícia?
Assassinato da vereadora expôs, em 2018, domínio das milícias e grilagem de terra no Rio de Janeiro.
Por Clara Fagundes, Centro Brasileiro de Estudos de Saúde – Cebes
A campanha em defesa dos acusados pela morte de Marielle escancara a influência política da grilagem de terras no Rio de Janeiro.
“Em tais circunstâncias, considerando o significado dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, são lamentáveis e inoportunas, para dizer o mínimo, as declarações de Quaquá em defesa dos acusados de serem os mandantes”, afirma o presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), Carlos Fidelis.
Washington Quaquá, vice-presidente do PT e prefeito de Maricá (RJ), publicou ontem (9/1) foto e texto defendendo a inocência dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, presos pela morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), em 2018.
“Evidentemente, todos têm direito à ampla defesa e qualquer condenação só pode ocorrer com base em provas. Os irmãos Brazão estão presos preventivamente devido à capacidade de influir nas investigações e no curso do processo. São prisões baseadas em razões apresentadas pela Procuradoria-Geral de República (PGR) e pela Polícia Federal, julgadas procedentes pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A prisão de Chiquinho Brazão foi referendada pelo Congresso, por 277 votos a favor e 129 contra e 28 abstenções. Além das vítimas, se procurou atingir a instituição da democracia, do legislativo. Um ato de terrorismo promovido pelo crime organizado. Em tais circunstâncias, cabe questionar o posicionamento do prefeito Washington Quaquá, que se colocou contra prisões destinadas a proteger as investigações de eventuais obstruções”, afirma Fidelis.
A ministra Anielle Franco, irmã de Marielle, reagiu afirmando que vai acionar o comitê de ética do PT.
“Inacreditável, depois de tudo que a gente passou, ver pessoas se aproveitarem e usarem o nome da minha irmã sem qualquer responsabilidade”, lamentou a ministra da Igualdade Racial.
O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE/RJ) Domingos Brazão e seu irmão, o deputado federal cassado Chiquinho Brazão, são acusados de serem os mandantes do assassinato Marielle e Anderson.
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O inquérito da Polícia Federal [na íntegra, ao final] concluiu que a motivação do crime foi a atuação da vereadora carioca contra a grilagem de terras em áreas dominadas pelas milícias na zona Oeste do Rio.
Marielle se mobilizou contra o Projeto de Lei Complementar (PLC) 174/2016, apresentado pelo então vereador Chiquinho Brazão.
O PLC, que flexibilizava as regras de ocupação do solo, foi aprovado na Câmara de Vereadores no dia do assassinato de Marielle. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro considerou a lei inconstitucional.
Abaixo, a íntegra do relatório da Polícia Federal
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