Golpistas planejaram usar a EBC para desacreditar o sistema de votação, revela PF; sindicatos pedem investigação dos militares que atuavam na empresa

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EBC fazia parte dos planos de golpe, revela PF

Sindicatos pedem apuração do envolvimento de militares no uso criminoso das emissoras públicas

Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP)

É preciso investigar e punir os responsáveis pela utilização dos veículos públicos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) na tentativa de um golpe de Estado em 2022, com os assassinatos do presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Com a divulgação do inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a quadrilha que planejou os atentados, fomos surpreendidos com mais informações a respeito do uso da EBC na trama golpista dos indiciados, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro e militares.

Uma cópia da caderneta do ex-ministro do GSI e general Augusto Heleno mostra que os golpistas planejaram o uso da EBC para descredibilizar o sistema de votação eleitoral, como forma de preparar o falso discurso que justificaria os ataques à democracia.

Entre os materiais apreendidos pela Polícia Federal em poder do general Augusto Heleno está uma agenda com a logomarca da Caixa Econômica Federal. Uma das anotações Augusto Heleno registra como ‘’Diretrizes estratégicas’’. Uma delas diz respeito à EBC. Acima, a imagem da caderneta e da lista de estratégias; elas estão respectivamente nas páginas 60 e 61 do relatório final da Polícia Federal

Na semana passada, a PF já havia indicado a participação do militar Hidenobu Yatabe nos planos de assassinato do então presidente eleito Lula, do vice, Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes. Durante o governo Bolsonaro, Yatabe ocupou o cargo de chefe de assessoria da EBC.

Segundo relatos de jornalistas da empresa, Hidenobu Yatabe tinha um papel de censor dentro das redações da TV Brasil, Rádio Nacional e Agência Brasil, atuando como vigia de tudo o que era publicado pelos veículos da empresa.

Consideramos importante investigar as ações dos militares e ex-diretores da EBC Márcio Kazuaki (Diretoria de Administração e Finanças), hoje surpreendentemente secretário do STF, e Roni Baksys (Diretoria-Geral, segundo cargo na hierarquia da empresa), além de toda a cúpula bolsonarista que agia dentro da empresa pública.

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Também é preciso auditar atos e contratos firmados naquela gestão. Funcionários de carreira já denunciaram internamente a execução informal de serviços externos sem as devidas assinaturas de ordens de serviço.

Reforçamos a necessidade de que se desmantelem os resquícios de influência golpista dentro de atuais postos de comando da comunicação pública. Não aceitamos que gestores nomeados por golpistas permaneçam em cargos estratégicos na EBC, e queremos a devida responsabilização de quem cometeu malfeitos.

Lembramos ainda o protagonismo de corajosos jornalistas da EBC que denunciaram o desvio da missão da empresa para atacar a democracia e descredibilizar as urnas eletrônicas.

No caso da reunião de Bolsonaro com embaixadores, transmitida pelos meios de comunicação públicos, os relatos e provas apresentados pelos trabalhadores contribuíram efetivamente para o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que resultou na inelegibilidade de Bolsonaro.

Diante os fatos, os Sindicatos dos Jornalistas do Distrito Federal, do Estado de São Paulo e da cidade do Rio de Janeiro, além da Federação Nacional dos Jornalistas, cobram que a diretoria da EBC peça a investigação dos demais militares que trabalharam na empresa.

Queremos saber como eles pretendiam usar a comunicação pública nos planos de golpe de Estado em 2022 e 2023.

Sindicatos dos Jornalistas do DF, Rio e SP
Federação Nacional dos Jornalistas

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