ABMMD aos brasileiros: Crimes contra a democracia e a vida da população na pandemia de covid têm que ser punidos com rigor

Tempo de leitura: 3 min

Por Conceição Lemes

A Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD) foi criada em 26 de outubro de 2019.

Sem fins lucrativos, a entidade nasceu como desdobramento do Movimento de Médicas e Médicos pela Democracia, surgido em 2016 para denunciar o golpe contra a então presidenta Dilma Rousseff e defender o regime democrático.

Ao longo desses cinco anos de existência, a ABMMD tem posicionado intransigentemente na defesa da democracia, da ética na medicina, da prática profissional baseada em evidências científicas.

Ao mesmo tempo, denunciado a gestão catastrófica e criminosa da pandemia de covid-19 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro com a cumplicidadedo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Alguns exemplos:

Médicos entregam ao CFM manifesto por medicina ética, responsável e baseada em evidências

Médicos pedem à CPI apuração das omissões do CFM na pandemia

Conselho Federal de Medicina dá palanque para Bolsonaro e atravessa o rubicão: ”Este CFM não nos representa”, rechaçam médicos

Diante da revelação da trama de militares para assassinar o presidente Lula, o vice Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF/TSE , para dar o golpe, a ABMMD manifesta-se, de novo.

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Desta vez com Carta à sociedade brasileira, na íntegra, abaixo.

CARTA À SOCIEDADE BRASILEIRA

Por Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD)

”Esta semana o Brasil assistiu, atônito, às notícias de uma trama envolvendo militares de alta patente, para matar o então presidente eleito pelo voto popular, Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice Geraldo Alckmin e o ministro da Corte Suprema de Justiça do país, Alexandre de Moraes.

Este projeto, assassino e ousado, foi descoberto pela Polícia Federal a partir de um competente e sério trabalho de investigação, sendo apenas parte de todo um movimento golpista, organizado por militares saudosos da ditadura e liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que pretendia se perpetuar no poder.

Demonstra, mais uma vez, seu pouco apreço aos princípios democráticos e à vida humana.

Graças às reações institucionais oportunas, e não sem ajuda do destino, os planos assassinos e golpistas foram frustrados a tempo.

Deixaram atrás de si um rastro de ódio, violência e insanidade, cujo ato terrorista de um homem comum, o bolsonarista Francisco Wanderley Luis – que se explodiu à frente do Supremo Tribunal Federal (STF) quando se viu impedido de explodir o próprio STF – é seu maior e mais trágico exemplo.

Sabemos que nossa democracia só estará a salvo quando todos aqueles que tramaram contra ela forem devidamente processados e punidos.

Por isso, enquanto uma associação que leva a palavra “democracia” em seu nome, não poderíamos deixar de nos manifestar publicamente CONTRA a anistia, a qualquer um que tenha participado dos movimentos golpistas de dezembro de 2022 e janeiro de 2023, principalmente às suas lideranças.

Mas vamos além. Frustrados os assassinatos dos personagens ilustres de nossa vida pública, restam as centenas de milhares de mortes causadas pela COVID-19, outras tantas centenas de milhares de sequelados, de orfãos, de viúvos e viúvas, de pais e mães que choram a perda de seus filhos – mortes e sofrimento resultantes de uma gestão desastrosa e criminosa da pandemia pelo ex-presidente Bolsonaro e seus assessores.

Sabemos, inclusive, que muitas médicas e médicos brasileiros, identificados com a ideologia conservadora do então governo, se viram contaminados por seu negacionismo, ignorando as melhores evidências científicas que deveriam nortear sua prática e aderindo, de pronto, à prescrição de tratamentos inúteis e danosos à saúde pública, alardeados pelo então presidente.

As responsabilidades por tantas mortes evitáveis já foram devidamente apuradas por uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), instaurada em abril de 2021 no Senado Nacional e encerrada em outubro do mesmo ano, quando seus resultados foram apresentados à Procuradoria Geral da República (PGR).

Em outubro de 2024, o Conselho Nacional de Saúde e o Conselho Nacional de Direitos Humanos requereram, junto à PGR, a reabertura do inquérito sobre os crimes cometidos durante a pandemia de COVID-19.

Não podemos deixar estes crimes caírem no esquecimento!

Para que nunca mais se repitam tragédias semelhantes, conclamamos toda a sociedade brasileira a se juntar a nós e exigir da Justiça Brasileira não só o julgamento e a punição exemplar daqueles que tramaram contra a democracia brasileira e o Estado Democrático de Direito, mas também o julgamento e a punição dos responsáveis por tantas mortes e sofrimentos evitáveis durante a Pandemia de COVID-19 no Brasil”.

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