Cebes: O capital domina a Saúde e avança sobre projeto de direito universal

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Ao microfone, Célia Almeida (ENSP/Fiocruz) apresenta análise conjuntura no VIII Simpósio. À direita dela, a médica sanitarista Ana Costa, diretora do Cebes. Foto: Cebes

O capital domina a Saúde e avança sobre projeto de direito universal

VIII Simpósio do Cebes discutiu, nesta manhã (31/10), conjuntura, democracia e governança global. 

Por Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes)

A participação social é o caminho para a consolidação dos Sistemas de Saúde Universais, associados às lutas políticas, sociais e econômicas por qualidade de vida.

Análise de conjuntura apresentada por Célia Almeida (ENSP/Fiocruz) e Rudá Ricci (Instituto Cultiva) abriu as discussões nessa manhã (31/10), após a abertura do VIII Seminário do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde.

O simpósio acontece nesta quinta e sexta (31/10 e 1º/11), em Fortaleza, com transmissão ao vivo pelo YouTube.

Os debates vão subsidiar a tese do Cebes para o próximo biênio. “A tese do Cebes é uma construção coletiva”, ressaltou a diretora Ana Costa.

Dados do “Data favela” de 2022, apresentado por Ricci, revelam uma mudança nas relações Centro/Periferia, com crescente percepção de que as políticas de Estado têm pouco impacto na vida da população periférica. 80% dos moradores da favela dependem dos trabalhos na própria favela.

O impacto maior das fakes news é nas periferias, sobretudo em período eleitoral. 90% dos moradores da periferia foram vítimas de fake news.

O ataque de desinformação orquestrada envolve políticas públicas, saúde (vacinas), segurança pública e questões ambientais. Alimenta, através do medo, o voto em propostas conservadoras.

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Célia Almeida reforçou a necessidade de reforçar a universalidade dos sistemas de Saúde. As discussões apontam o esgotamento das políticas focalizadas e a insuficiência das políticas de transferência de renda que, por si só, são incapazes de assegurar direitos sociais.

Conjuntura internacional

Ana Costa destacou o cenário de disputas, cada vez mais presente na Organização Mundial de Saúde (OMS), onde há claros ataques aos sistemas universais e as próprias bases keynesianas que inspiram esses sistemas e que contrapõe ao neoliberalismo.

Para José Noronha, a Saúde tem sido instrumento de dominação, com os Estados Unidos como principal financiador e produtor de tecnologia médica e da Saúde.

A transformação digital também é instrumento de consolidação dessa hegemonia, sendo necessário exercer a contradominação com essas estratégias.

A importância de reforçar e radicalizar a proposta de Saúde Universal retomou em várias falas durante o debate, como o servidor Luís de Sousa (Lula), que criticou o desfinanciamento do SUS, e do estudante Tainan Fabbri.

“Não mais uma reforma sanitária, mas uma revolução necessária”, defendeu o cebiano, que criticou a invisibilidade da determinação social na concepção de Saúde Única.

Ana Costa destacou que o Movimento Sanitário é vinculado à participação social, aos usuários, e não pode se tornar um braço governamental.

O Cebes foi o proponente, em conjunto, da Conferência Nacional Livre da Saúde com as Periferias (Rumo a 17ª) e da Conferência Livre Nacional de Saúde Mental das Favelas e Periferias (Rumo à V Conferência de Saúde Mental), ambas com indicações de delegados e atividades autogestionadas.

50 anos Cebes

Durante o evento, será eleita a próxima gestão do Cebes (2025/2026). Também será instalado o Conselho Curador dos 50 anos da instituição, com participação de ex-presidentes.

Um dos berços do Movimento de Reforma Sanitária, o Cebes é uma instituição civil nacional sem fins lucrativos, compreendendo um espaço suprapartidário que reúne ativistas, lideranças, pesquisadores, professores, profissionais e estudantes.

Seguem, os vídeos das mesas do dia 31 de outubro do Simpósio

Primeiro, o referente à parte da manhã de 31/10/2024. Mais abaixo, o da tarde. 

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