No Brics, Lula pede diálogo contra a escalada de guerras; veja a íntegra do discurso
Tempo de leitura: 4 minDa Redação*
Na manhã desta quarta-feira, 23/10, o presidente Lula participou da plenária aberta da 16ª Cúpula do Brics, que acontece em Kazan, na Rússia.
Foi por videoconferência, já que, devido ao acidente doméstico no sábado. ficou impedido de viajar.
Lula abriu seu discurso mencionando a proposta brasileira de Aliança Global contra a Fome e à Miséria, apresentada pela presidência do País no G20, em novembro.
Convidou os parceiros do Brics a aderir à aliança. E também a ajudar na criação de um regime global de tributação dos superricos.
O presidente defendeu a discussão de uma moeda alternativa ao dólar no comércio internacional, de modo a favorecer as transações comerciais entre os países emergentes.
Lula saudou a presidência de Dilma Rousseff no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, da sigla em inglês, New Development Bank), o Banco dos Brics, que atualmente financia cerca de 100 projetos de desenvolvimento e infraestrutura.
Citou a fala do presidente da Turquia na ONU, que classificou o território de Gaza, atacado por Israel há um ano, como o maior cemitério de mulheres e crianças do mundo.
“Essa insensatez agora se alastra para a Cisjordânia e para o Líbano”, afirmou.
E fez um apelo para que o mundo reaja para promover negociações de paz entre Ucrânia e Rússia, diálogo “crucial” para se evitar, ainda, uma escalada de conflitos na região e no mundo.
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“No momento em que enfrentamos duas guerras com potencial de se tornarem globais, é fundamental resgatar nossa capacidade de trabalhar junto sem prol de objetivos comuns. Por isso, o lema da presidência brasileira (nos Brics, a partir de 2025) será: fortalecer a cooperação do Sul Global para uma governança mais inclusiva e sustentável.”
Abaixo, o vídeo com o discurso de Lula e a íntegra da transcrição.
Discurso do presidente Lula na sessão plenária aberta da 16ª Cúpula dos BRICS
”Mesmo sem estar pessoalmente em Kazan, quero registrar minha satisfação em me dirigir aos companheiros do BRICS. Quero agradecer o apoio que os membros do grupo têm estendido à presidência brasileira do G20.
Seu respaldo foi fundamental para avançar em iniciativas que são cruciais para a redução das desigualdades, como a taxação de super-ricos.
Nossos países implementaram nas últimas décadas políticas sociais exitosas que podem servir de exemplo para o resto do mundo.
A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza já está em fase avançada de adesões.
Convido todos a se somarem à iniciativa, que nasceu no G20, mas está aberta a outros participantes.
O BRICS é ator incontornável no enfrentamento da mudança do clima.
Não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje.
É preciso ir além dos 100 bilhões anuais prometidos e não cumpridos, e fortalecer medidas de monitoramento dos compromissos assumidos.
Os dados da ciência exprimem um sentido de urgência sem precedentes.
O planeta é um só e seu futuro depende da ação coletiva.
Também cabe aos países emergentes fazer sua parte para limitar o aumento da temperatura global a um grau e meio.
Na COP 30, em Belém, vamos juntos mostrar que é possível conciliar maior ambição em nossas Contribuições Nacionalmente Determinadas com o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas.
Na presidência brasileira do BRICS, queremos reafirmar a vocação do bloco na luta por um mundo multipolar e por relações menos assimétricas entre os países.
Não podemos aceitar a imposição de “apartheids” no acesso a vacinas e medicamentos, como ocorreu na pandemia, nem no desenvolvimento da Inteligência Artificial, que caminha para tornar-se privilégio de poucos.
Precisamos fortalecer nossas capacidades tecnológicas e favorecer a adoção de marcos multilaterais não excludentes, em que a voz dos governos prepondere sobre interesses privados.
O BRICS foi responsável por parcela significativa do crescimento econômico mundial nas últimas décadas.
Juntos, somos mais de 3,6 bilhões de pessoas, que integram mercados dinâmicos com elevada mobilidade social.
Representamos 36% do PIB global por paridade de poder de compra. Contamos com 72% das terras raras do planeta, 75% do manganês e 50% do grafite.
Entretanto, os fluxos financeiros continuam seguindo para nações ricas.
É um Plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes e em desenvolvimento financiam o mundo desenvolvido.
As iniciativas e instituições do BRICS rompem com essa lógica.
A atuação do Conselho Empresarial contribuiu para ampliar o comércio entre nós.
As exportações brasileiras para os países do BRICS cresceram doze vezes entre 2003 e 2023.
O BRICS é hoje a origem de quase um terço das importações do Brasil.
A Aliança Empresarial de Mulheres está criando redes para fomentar o empoderamento econômico feminino e combater as desigualdades de gênero que persistem.
Por meio do Mecanismo de Cooperação Interbancária, nossos bancos nacionais de desenvolvimento vão estabelecer linhas de crédito em moedas locais, que reduzirão os custos de transação de pequenas e médias empresas.
O Novo Banco de Desenvolvimento (o NDB), que neste ano completa dez anos, tem investido na infraestrutura necessária para fortalecer nossas economias e promover uma transição justa e soberana.
Sob a liderança da companheira Dilma Rousseff, o NDB conta atualmente com uma carteira de quase 100 projetos e com financiamentos da ordem de 33 bilhões de dólares.
Ele foi pensado para ser bem-sucedido onde as instituições de Bretton Woods continuam falhando.
Em vez de oferecer programas que impõem condicionalidades, o NDB financia projetos alinhados a prioridades nacionais.
Em vez de aprofundar disparidades, sua governança se assenta na igualdade de voto.
Agora é chegada a hora de avançar na criação de meios de pagamento alternativos para transações entre nossos países.
Não se trata de substituir nossas moedas. Mas é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que almejamos se reflita no sistema financeiro internacional.
Essa discussão precisa ser enfrentada com seriedade, cautela e solidez técnica, mas não pode ser mais adiada.
Muitos insistem em dividir o mundo entre amigos e inimigos. Mas os mais vulneráveis não estão interessados em dicotomias simplistas.
O que eles querem é comida farta, trabalho digno e escolas e hospitais públicos de acesso universal e de qualidade.
É um meio ambiente sadio, sem eventos climáticos que ponham em risco sua sobrevivência.
É uma vida de paz, sem armas que vitimam inocentes.
Como disse o presidente Erdogan na Assembleia Geral da ONU, Gaza se tornou “o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo”.
Essa insensatez agora se alastra para a Cisjordânia e para o Líbano.
Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz também é crucial no conflito entre Ucrânia e Rússia.
No momento em que enfrentamos duas guerras com potencial de se tornarem globais, é fundamental resgatar nossa capacidade de trabalhar juntos em prol de objetivos comuns.
Por isso, o lema da presidência brasileira será “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”.
Companheiros, espero vê-los na próxima Cúpula para construir mais um capítulo da nossa história comum.
Muito obrigado presidente Putin e muito obrigado aos companheiros que estão em Kazan”.
*Com informações da Agência Gov.
Comentários
Zé Maria
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BRICS divulgaram na quarta-feira, 23, ao fim da Cúpula em Kazan, na Rússia,
a Lista de Países Convidados a participarem como “Membros Associados”.
Esses países terão Acesso às Reuniões Futuras do BRICS+,
mas “Sem Poder de Veto”.
A Lista Final de Países Convidados é a seguinte:
Argélia, Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba,
Indonésia, Malásia,Nigéria, Tailândia, Turquia,
Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
[Com informações de ‘A Postagem’ e ‘CartaCapital’]
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Zé Maria
Em Tempo
Quando chegou ao Aeroporto da Cidade Russa de Kazan
para participar da 16ª Cúpula dos BRICS+, o Presidente
Reeleito da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou:
“Venimos a compartir la experiencia histórica del pueblo,
nuestra aspiración de un mundo donde las superpotencias
emergentes puedan compartir con los países del Sur Global
que aspiramos al desarrollo”; e acrescentou: “donde los países
del Sur Global tengamos posibilidad de acceder a otra economía
que no funcione a base a sanciones y hegemonismos, sino a partir
de la cooperación y el comercio verdaderamente libre”.
“BRICS es el epicentro del nuevo mundo multipolar y la diplomacia de la paz. El epicentro de un gran proyecto económico que integran Rusia, Arabia Saudita, Irán y Venezuela, los cuatro mayores productores de petróleo.”
Íntegra da Reportagem de TELESUR TV em:
https://www.telesurtv.net/presidente-nicolas-maduro-llega-a-kazan-para-participar-en-cumbre-brics/
[Re-Ratificação ao Comentário de 23/10/2024 – 19h57 (Abaixo)]
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Zé Maria
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15 Maiores Produtores Mundiais de Petróleo em 2023
(Produção Mundial Total = 82,8 Milhões barris/dia)
1º. EUA (16%);
2º. RÚSSIA (13,1%);
3º. ARÁBIA SAUDITA (11,9%);
4º. CANADÁ (6%);
5º. IRAQUE (5,3%);
6º. CHINA (5,2%);
7º. IRÃ (4,8%);
8º. BRASIL (4,2%)*;
9º. EMIRADOS ÁRABES UNIDOS (4%);
10º. KUWAIT (3,3%);
11º. México (2,3%);
12º. Noruega (2,2%);
13º. Cazaquistão (2,2%);
14º. Nigéria (1,8%);
15º. Catar (1,6%).
Fonte: IDP c/ Dados de Energy Institute:
(https://www.ibp.org.br/personalizado/uploads/2020/06/pet-pt-043-2.png)
(*) Segundo Dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo),
somando a Produção de Petróleo e Gás Natural em 2023,
o Brasil produziu um Volume Médio de 4,344 Milhões de boe/d
(barris de óleo equivalente por dia), após a Instalação de
quatro Novas Plataformas pela Petrobras nas Bacias de
Santos e Campos, 11,69% Acima do Recorde Anterior.
Do Montante Total, o Petróleo do Pré-Sal foi Responsável
por 3,304 Milhões de boe/d, o que representou cerca de
75,2% da Produção Nacional. [Infomoney].
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Zé Maria
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Presidente Reeleito da Venezuela chegou à Rússia
na terça-feira (22) para a 16ª Cupúla do BRICS.
Nicolás Maduro Busca a Inclusão da Venezuela
como Membro Efetivo do Bloco que realiza
a Reunião de cúpula até quinta-feira (24).
“Estamos os quatro grandes países petroleiros do mundo [*]
e a Venezuela, modestamente, vem a oferecer sua parte
a partir de um projeto econômico que exige um alto nível
de investimento”, disse Maduro ao chegar ao aeroporto
da cidade russa de Kazan.
“Aqui viemos para defender e a trazer a verdade e a voz livre
de um povo rebelde que atravessou o deserto, nosso povo,
e que hoje está de pé, inteiro, completo e vitorioso”.
[Com Informações de CartaCapital]
*[Arábia Saudita, Brasil, Irã e Venezuela].
Além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS),
ingressaram no Grupo Irã,Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.
“A Arábia Saudita também está participando da Cúpula,
mas ainda não ingressou plenamente nos Brics.
Pode parecer pouco, mas a Arábia Saudita e a China firmaram acordo
para compra de cerca de US$ 3,5 bilhões para serem feitos em yuan.
É um passo no sentido da diversificação dessas moedas.”
Entrevista com o Professor Marcos Cordeiro,
Coordenador do Grupo de Pesquisa dos Brics,
locado na Faculdade de Filosofia e Ciências
da UNESP, no Campus de Marília, e pesquisador
do INCT para Estudos sobre os Estados Unidos.
“Cada vez mais o dólar é utilizado como arma política.
Nesse contexto, surge a discussão de se encontrar
alternativas para essa situação porque hoje é com
a Rússia, mas amanhã pode ser comigo.”
No Jornal da UNESP:
https://jornal.unesp.br/2024/10/21/os-brics-deixaram-de-ser-considerados-uma-piada-e-passaram-a-ser-vistos-como-uma-ameaca/
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