Jornalistas e eleições municipais: Fenaj orienta Sindicatos sobre segurança na cobertura; nota do SJSP

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FENAJ orienta Sindicatos sobre segurança dos jornalistas na cobertura das eleições municipais

Por Redação Fenaj, boletim SJSP

A Diretoria Executiva da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) orientou os 31 Sindicatos filiados a adotarem medidas para garantir a segurança dos jornalistas nesta reta final de campanha das eleições municipais de 2024.

A principal delas é a adoção de plantões de dirigentes sindicais e assessorias jurídicas para atuar no dia 6 de outubro, quando ocorrerá o primeiro turno de votação.

De acordo com a presidenta da Federação, Samira de Castro, a imprensa tem sido alvo frequente nas campanhas eleitorais, desde a ascensão da extrema direita, em 2018.

“Passamos quatro anos de hostilizações e descredibilização institucionalizadas. Infelizmente, esse clima não cessou após o pleito de 2022. A polarização política ainda traz reflexos na atuação da categoria”, comenta.

A violência se dá, de maneira preocupante, no ambiente digital.

Desde o início do período eleitoral, em 16 de agosto, até 18 de setembro já foram registrados 38.008 ataques online, sendo 34.801 no X, 2.716 no Instagram e 491 no TikTok.

Os números constam do monitoramento feito pela Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor), articulação de 11 organizações da sociedade civil dedicadas à defesa da liberdade de imprensa da qual a FENAJ faz parte.

“Muitas vezes, essa violência extrapola o meio digital e acontece até com mais gravidade no ambiente offline“, completa Samira de Castro.

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O monitoramento da CDJor também recebeu outras 10 denúncias nesse período, abrangendo episódios offline e casos originados ou repercutidos no ambiente digital.

Para a presidenta da FENAJ, medidas simples, adotadas pelos próprios jornalistas e, principalmente, pelas empresas contratantes, podem mitigar os riscos de violência durante a cobertura eleitoral.

“O mais importante é avaliar cada pauta, cada espaço, e não naturalizar as violações no exercício profissional” afirma.

“Se você for ameaçado, impedido de cobrir determinado espaço, tiver equipamentos confiscados ou for alvo de agressão física ou verbal, procure o Sindicato dos Jornalistas de seu estado ou município para comunicar o caso. Não deixe de registrar boletim de ocorrência”, finaliza Samira de Castro.

Orientações para a atuação dos Sindicatos:

– Instituir plantões de dirigentes sindicais e assessorias jurídicas nos dia 6 e 27 de outubro;

– Enviar ofício às empresas empregadoras, alertando para os riscos de agressões por parte de eleitores, políticos e forças policiais. Solicitar a adoção de medidas protetivas, como por exemplo, o envio de equipes completas aos locais de votação e de concentração de eleitores (comitês, sedes dos partidos, locais de comemoração pública), a disponibilização de assessoria jurídica para as equipes em campo e a imediata autorização para que as/os jornalistas, em situação de perigo, se retirem da pauta;

– Solicitar ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que envie notificação recomendatória a todos os veículos jornalísticos com medidas de segurança a serem adotadas na cobertura eleitoral, bem como solicitando que as empresas digam quais providências estão adotando;

– Comunicar às autoridades competentes casos de ameaças prévias a jornalistas e/ou veículos de comunicação;

– Divulgar orientações à categoria. Sugerimos o “Guia de Proteção a Jornalistas em Coberturas de Risco”, elaborado pela Secretaria de Saúde e Segurança da FENAJ. A publicação está disponível no link aqui.

– Orientar as mulheres jornalistas que cobrem ou participam da política partidária a se protegerem tanto nas redes sociais quanto fora delas.

Para ajudar nesse contexto, sugerimos o “Guia para enfrentamento da violência política de gênero”, elaborado pelo Redes Cordiais, disponível no link (aqui)  e a publicação “Falando sobre ataques online e trolls: um guia para jornalistas e criadores de conteúdo na internet”, disponível aqui;

– Orientar as/os trabalhadoras/es agredidas/os a registrar Boletim de Ocorrência e comunicar às chefias e ao Sindicato.

Foto: Freepik

Nota do SJSP sobre as Eleições Municipais de 2024

Redação – SJSP

Na iminência da realização do primeiro turno das eleições municipais, que acontecerá neste domingo, 6 de outubro, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) reafirma o seu intransigente compromisso com a defesa da democracia e dos direitos humanos, e, igualmente, com a garantia de condições de trabalho dignas e saudáveis para nossa categoria profissional.

As e os jornalistas que realizarão a cobertura do pleito nos 645 municípios do estado de São Paulo devem realizar seu trabalho com segurança, livres de qualquer tipo de constrangimento, ameaça ou assédio.

Lamentavelmente, durante a campanha eleitoral, alguns profissionais de imprensa foram agredidos ou intimidados por candidatos(as): um dos casos mais graves aconteceu no final de agosto, quando o repórter Artur Rodrigues, do Diário do Grande ABC, foi ameaçado pelo vereador Paulo Chuchu (PL), candidato a vice-prefeito na chapa de Alex Manente (Cidadania).

Nessas eleições, é urgente e crucial exercermos o nosso direito de voto em candidatas e candidatos não somente comprometidos com a liberdade de imprensa, mas dispostos a combater o obscurantismo e o autoritarismo que permanecem como ameaças à democracia e à livre circulação de informações.

Neste sentido, o SJSP se soma à Central Única dos Trabalhadores (CUT), à qual nossa entidade é filiada, que lançou uma Carta Compromisso destinada a candidatas e candidatos, com oito pautas de interesse da classe trabalhadora.

Entre os pontos elencados, há reivindicações de criação de instrumentos eficazes para coibir práticas de assédio moral, sexual e discriminações de gênero, racial, de orientação sexual e capacitistas, além do respeito ao exercício das atividades sindicais e da valorização do funcionalismo público.

LEIA O DOCUMENTO COMPLETO DA CUT

Diante de necessidades urgentes para a classe trabalhadora, como a derrubada das reformas antipovo de Temer e Bolsonaro, a punição aos golpistas do passado e do presente e a afirmação de políticas de desenvolvimento e soberania nacional, esperamos que as eleições deste 6 de outubro possam pavimentar um futuro de mais esperança e democracia para nossas cidades e nosso país.

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