Ruben Bauer Naveira: October surprise

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Acredite se quiser. O lema de Kamala Harris à presidência dos EUA é ''joy''. Em português, ''alegria''. Será por isso que o que a candidata democrata à Casa Branca mais faz na campanha é rir? Ou será que ela só ri por falta de ter o que dizer? Foto: Reprodução/rede social @kamalarris

OCTOBER SURPRISE

Por Ruben Bauer Naveira*

A expressão irônica “october surprise” acabou incorporada à cultura político-eleitoral dos EUA.

Toda vez que o partido no governo enfrenta uma eleição apertada e de resultado imprevisível, na reta final da campanha cria-se algum fato novo bombástico, geralmente na política externa (no restante do mundo os EUA se permitem ser inconsequentes) para influenciar o eleitor.

Como as eleições americanas são no mês de novembro, acabou se cunhando a expressão “october surprise”.

No momento atual, nada influenciaria mais a cabeça do eleitor americano do que o Oriente Médio (combater o “terrorismo”, impedir que o Irã obtenha a bomba atômica e blá, blá, blá).

Israel quer e precisa arrastar os EUA para uma guerra contra o Irã a qual acredite que possa vencer.

Os EUA não podem arriscar perdas nessa guerra (tipo um porta-aviões afundado) que afundem (desculpem…) junto as chances eleitorais de Kamala Harris.

Mas……

Este ano as eleições serão no dia 05 de novembro.

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E se a guerra contra o Irã for deslanchada no final de outubro, poucos dias antes das eleições, de modo a prover aos americanos uma janela de tempo curta, que eles consigam controlar? (a ilusão de controlar o incontrolável é típica da mentalidade deles).

Com o estreito de Hormuz sendo bloqueado pelos iranianos (o que fatalmente ocorreria), os preços internacionais do petróleo dispararão.

Mas ainda demorararia algum tempo (mesmo que curto) até que os aumentos atinjam as bombas de gasolina (e o humor dos eleitores) nos EUA.

Acontece que, de 22 a 24 de outubro, terá lugar em Kazan, na Rússia, a cúpula anual dos BRICS, na qual será lançada oficialmente a nova arquitetura financeira para o comércio mundial, extra-dólar.

Se existe algo hoje no mundo que os EUA veem como inimigo, e que gostariam de poder destruir, é justamente isso.

Vai ser tentador demais promover a “october surprise” em 22 de outubro (com o presidente e as altas autoridades iranianas em território russo!), faltando apenas exatas duas semanas para as eleições, de modo a ofuscar aos olhos do Sul Global a reunião dos BRICS, bem como para tumultuá-la por completo, prejudicando os seus resultados.

Dias de graves riscos pela frente.

*Ruben Bauer Naveira (contato e pix [email protected]) é ativista, pacifista e autor do livro Uma Nova Utopia para o Brasil: Três guias para sairmos do caos (disponível aqui).

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