VÍDEO: Desafios da democracia na América Latina –Seminário Internacional

Tempo de leitura: 4 min

Com Fernando Morais e convidados internacionais, Brasil sedia seminário de comunicação e integração latino-americana

Nos dias 20, 21 e 22 de setembro, evento reunirá em São Paulo nomes de peso do continente para debater experiências e estratégias de comunicação para promover a integração regional e fortalecer as mídias alternativas, públicas e comunitárias

Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé

O Brasil sedia o primeiro Seminário Internacional de Comunicação para a Integração, entre 20 e 22 de setembro, no Auditório Casa Popular/Armazém do Campo, em São Paulo.

Em formato híbrido, o evento reunirá nomes de peso da comunicação no continente, como o do jornalista e escritor Fernando Morais e da jornalista colombiana Patrícia Villegas, presidenta da TeleSur (confira a programação em detalhes abaixo).

Organizado pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé em parceria com a agência Inter Press Service (IPS), o Seminário trará discussões sobre os desafios da democracia no continente; as experiências e desafios para a comunicação pública e comunitária; a luta para fortalecer as mídias independentes e disputar ideias diante das novas tecnologias; e a questão da soberania digital, regulação das plataformas e combate à desinformação.

O evento conta com apoio do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), através do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

Sem comunicação, não há integração regional

Desafio permanente para a região, a integração regional a partir de uma perspectiva de soberania, desenvolvimento e justiça social, se vê diante de novos obstáculos.

A ascensão de forças políticas com forte inclinação fascista aliada a uma poderosa indústria de desinformação e de discurso de ódio tornam esse debate ainda mais urgente.

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Partindo da ideia de que que muitos dos desafios colocados são compartilhados entre os povos e países vizinhos, o evento visa refletir sobre problemáticas comuns a fim de apontar soluções e alternativas conjuntas – o que passa, impreterivelmente, por pensar e investir na comunicação.

A programação do Seminário conta com convidados de diversos países para ajudar na tarefa de pensar novos modelos e estratégias de comunicação a partir das experiências em curso no continente.

Além dos debates, que serão realizados de forma híbrida, unindo tanto palestrantes e públicos presencialmente e de maneira remota, o evento contará com grupos de trabalho para que os presentes troquem experiências e construam parcerias.

É uma oportunidade para construir desde já a integração midiática e informacional entre jornalistas, comunicadores populares, veículos independentes e ativistas em geral.

Programação

Sexta-feira (20 de setembro)

18h | Os desafios da democracia na América Latina

– Fernando Morais (Brasil), presidente da Inter Press Service

– Patrícia Villegas (Colômbia), presidenta da TeleSur (participação remota)

 – Renata Mielli (Brasil), coordenadora do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br)

– João Paulo Rodrigues (Brasil), coordenador do MST

– Javier Tolcachier (Argentina) , jornalista na Agência Pressenza e articulador do Fórum de Comunicação para a Integração de Nossa América (FCINA)

– Monica Valente (Brasil), Secretária-Executiva do Foro de S. Paulo

Coordenação: Felipe Bianchi e Carlos Tibúrcio

***

Sábado (21 de setembro)

9 horas | Experiências e desafios da Comunicação Pública e Comunitária

– Fresía Ramírez Inostroza (Chile), presidente da Associação Nacional de Comunicadores e Mídias Independentes e Comunitárias do Chile (Anamic), diretora do Tomate Rojo e produtora na Rádio JGM

– Mónica Valdés (Colômbia), jornalista, antropóloga e vice-presidente da Associação Mundial de Rádios Comunitárias na América Latina e no Caribe (Amarc AL)

– Hugo Ramírez (Peru), comunicador popular, pesquisador e presidente do Centro de Comunicação Amakella (participação remota)

– Pablino Cáceres (Paraguai), diretor da Rádio Universidad na Universidad Nacional de Pilar e ex-ministro da Secretaria de Ação Social do Paraguai (participação remota)

– Fernando Rosa (Brasil), jornalista, Gerente Executivo da Agência Brasil, Radioagência e Radiojornalismo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC)

Coordenação: Rita Casaro e Lalo Leal Filho

12 horasAlmoço

14 horas | Soberania digital, regulação das plataformas e combate à desinformação

– Betiana Vargas (Argentina/México), pesquisadora na Universidad Autónoma de Zacatecas

– Fabián Werner (Uruguai) – diretor do Sudestada, presidente do Centro de Arquivos e Acesso à Informação Pública (Cainfo), presidente do Comitê Coordenador da Rede de Intercâmbio para a Liberdade de Expressão na América Latina e no Caribe (IFEX-ALC) e pesquisador na Instituição Nacional de Direitos Humanos para a Busca de Pessoas Detidas e Desaparecidas pelo Terrorismo de Estado

– Ergon Cugler (Brasil), membro do Barão de Itararé e pesquisador em estratégias de enfrentamento à desinformação no Instituto Brasileiro de Informação para a Ciência e Tecnologia (Ibict)

Coordenação: Larissa Gould e Anderson Moraes

17 horas | Como fortalecer as mídias independentes e disputar ideias diante das novas tecnologias

– Úrsula Asta (Argentina), jornalista e integrante do coletivo dirigente da Rádio Gráfica, radialista na Sputknik e assessora de políticas públicas

– Canela Crespo (Bolívia), advogada feminista e integrante da Casa Tomada – Coletivo Comunicacional de Esquerda

– Jennifer Mujica (Venezuela), politóloga, comunicadora popular e criadora de conteúdo digital no El Mundo Al Revés e agência Venezuela News (participação remota)

– Alcides García (Cuba), jornalista, diretor da produtora audiovisual Videos Crisol e integrante da Rede de Educadoras e Educadores Poplares da Associação Centro Martin Luter King; foi coordenador da Secretaria de Comunicação da Secretaria Operativa de Articulação Continental de Movimentos Sociais rumo à ALBA entre 2015 e 2022 (participação remota)

Coordenação: Vanessa Martina-Silva e Carlos Tibúrcio

21 horas | Atividade cultural e festa pela integração latino-americana!

***

Domingo (22 de setembro)

9 horas – Grupo de Trabalho para a integração dos comunicadores, ativistas e veículos presentes

Coordenadores:

— Vanessa Martina-Silva, editora da revista Diálogos do Sul Global, jornalista da ComunicaSul e coordenadora do Barão de Itararé

— Marco Piva, jornalista, editor e apresentador do programa Brasil Latino na Rádio USP e editor-chefe do canal de YouTube China Global News (@chinaglobalnews)

12h30Almoço

14 horasAprovação de documento e de uma Comissão de Comunicação para a Integração Latino-Americana

15 horasEncerramento

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Zé Maria

Esquerda Está ‘Perdendo a Batalha Geracional’
nas Eleições por Falta de ‘Criatividade Política’

No episódio do Jabuticaba Sem Caroço, da Sputnik Brasil, desta
sexta-feira (20), a espetacularização agressiva da política no país
foi destacada nas entrevistas com os analistas Guilherme Simões Reis, professor da Escola de Ciência Política e da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (CCJP/Unirio), e Paulo Henrique Cassimiro, professor
do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (IESP/UERJ).

“Com o avanço da tecnologia e dos meios de difusão de notícias, as
campanhas eleitorais se tornaram um show midiático desregulado,
em que o que menos importa é a proposta do(a) candidato(a).”

“A performance central da política hoje é de chamar atenção para si
a qualquer custo.
[…]
Espetacularização agressiva, muitas vezes fugindo completamente
do esperado, do ponto de vista do desempenho de um debate ou de
uma campanha política, porque isso chama atenção.
[…]
Isso vai ser a tônica da política nos próximos anos”,
opinou o professor da UERJ.

Reis foi nessa mesma linha de raciocínio ao acrescentar que as estratégias para debates, antes norteadas pela ciência política e pelos marqueteiros, já não funcionam mais.

“Os eleitores estão vendo com bons olhos um candidato autêntico,
que fala o que pensa, que não é mais do mesmo, quando adota
uma postura hiperagressiva e debochada.
[…]
A extrema-direita tem adotado essa estratégia no mundo todo.”

Neste novo contexto, comentou Reis, a estratégia que tem funcionado
para muitos é apresentar soluções simples de forma muito midiática,
com imagens fortes.

As redes sociais, por sua vez, tornaram-se o palco dessas ações,
principalmente para alcançar o eleitorado mais jovem e despolitizado,
que vem crescendo em números.

A mudança na política, segundo o professor da Unirio, foi iniciada
nacionalmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e incrementada
por Pablo Marçal (PRTB), em São Paulo, um candidato “completamente
sem parâmetros”.

Trechos editados de um debate para construir determinada narrativa
chega de modo direto, não mediado a públicos específicos, ressaltou
Cassimiro, criando bolhas informacionais que reforçam crenças e, até,
inverdades.

Como exemplo, ele citou o caso ocorrido no debate em São Paulo,
no último domingo (15), em que o candidato a prefeito Pablo Marçal
levou uma cadeirada do adversário José Luiz Datena (PSDB).

Logo após o incidente, Marçal divulgou vídeos usando máscara de oxigênio
em uma ambulância.

“Uma cadeirada em uma pessoa da idade dele não tem grandes
consequências.
Quer dizer, a cadeirada vai quebrar um braço, não vai te deixar no oxigênio.
Só que isso não importa, porque não é um discurso de habilidade racional,
de convencimento do razoável.
É um discurso que simplesmente reforça a narrativa que essas pessoas
estão procurando.”

O pesquisador reconheceu que a mídia tradicional também tenta produzir
viés e manipular polêmicas, tendo casos emblemáticos, como o debate
entre Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva em 1989.

Entretanto, ponderou que, diferentemente de agora, essas ações
são passíveis de responsabilização legal, institucional, como direito
de resposta, multas, processos etc.

“Hoje, nada disso tem consequência nenhuma para ninguém.
O mundo virou um conjunto isolado de bolhas que se alimentam
de narrativas para reforçar sua visão de mundo”.

Muito desse novo panorama, pontuou, vem da “descrença” crônica
do eleitor brasileiro com a política e da demonização da política
por parte de candidatos [e estimulada pela Imprensa] que se
apresentam como solução milagrosa para os problemas da sociedade.

Reis mencionou a operação Lava Jato e seus desdobramentos como
um dos fatores que fortaleceram o movimento da antipolítica, “uma
visão da população de que política é roubo” e de votar em pessoas
de fora da política.

“Cada vez tem menos partidos com o nome de partido. Até brinco, os partidos do Brasil, a maioria, agora têm nome de autoajuda:
União, Agir, Podemos”, ironizou o professor da Unirio.

“Celebridades da Internet, influenciadores etc. começaram a realmente
despontar.
Vários foram eleitos deputados federais, com muitos votos.”

Não é à toa, frisou Cassimiro, que a esquerda tem perdido espaço em
muitos municípios.

“É fato que a direita tem franca e considerável vantagem para ganhar
em boa parte das capitais do Brasil.
Isso mostra que existe uma lógica nas eleições municipais, que pode
não ser a mesma lógica nacional, mas que está funcionando bem para
a direita, sim.”

A falta de “criatividade política” e conservadorismo da esquerda, na
opinião de Cassimiro, explica o motivo da esquerda estar perdendo
a batalha geracional do eleitorado brasileiro, como revelam as
pesquisas de opinião:

“É capaz de chegar aos jovens com alguns discursos de identidades
políticas, mas não está sendo capaz de abrir uma perspectiva de futuro
que seduz esses jovens.
Porque promete coisas que as pessoas têm dificuldade de acreditar hoje
em dia.
[…]
As pessoas sabem que não há mais trabalho estável para todos, que viver
em grandes cidades é uma coisa complexa, confusa, caótica, cara.”

Íntegra em:
https://noticiabrasil.net.br/20240920/eleicoes-2024-esquerda-esta-perdendo-a-batalha-geracional-por-falta-de-criatividade-politica-36571273.html

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