Tânia Mandarino: Venezuela, se o presente é de luta, o futuro nos pertence
Tempo de leitura: 3 minPor Tânia Mandarino
Por Tânia Mandarino*
Eu quero falar sobre a Venezuela neste 28 de julho tão importante a partir de um jovem chamado Robert Serra.
Em 2021, quando acompanhei as megaeleições regionais naquele país, estive em uma delegação recepcionada e conduzida integralmente por jovens.
Um deles, em especial, Raúl Gimenez, estudante de psicologia, então com 21 anos, esteve comigo até o momento em que entrei no avião que me trouxe de volta para o Brasil.
No saguão do hotel, antes de irmos para o aeroporto de Maiquetía, na região de La Guaira, onde observei o processo eleitoral, trocamos alguns presentinhos.
Dentre os que ele me regalou, um era particularmente triste, ainda que falasse de esperança: um artefato de madeira com o rosto de Robert Serra, jovem liderança venezuelana assassinada brutalmente em 2014.
Serra veio do Movimento Estudantil e da Juventude do PSUV (Partido Socialista Unido de Venezuela), onde atuou intensamente como liderança. Foi eleito o deputado mais jovem na história da Venezuela.
Sem dúvida, uma grande promessa para o futuro político da Venezuela, que prepara líderes dentre os quadros que despontam das juventudes, das comunas e das bases dos movimentos sociais e populares.
Aos 27 anos, formado em direito, pós-graduado em criminologia, com lindo histórico de luta na defesa da Revolução Bolivariana desde muito jovem, o deputado Robert Serra teve sua vida ceifada por paramilitares envolvidos com Álvaro Uribe.
Nas palavras de uma companheira da Venezuela que foi amiga e militante política contemporânea de Robert: “Um menino amado pelo povo: ele e Chávez conseguiram isso. Muitos políticos morrem sem ter alcançado esse vínculo”.
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E Raúl, ao me presentear com o artefato e a história de Robert Serra, finalizou dizendo: “Robert representa muito as lutas juvenis, é um jovem mártir que nos ensinou imensamente. É graças a Robert que hoje defendo a Revolução Bolivariana”.
Robert Serra foi morto por encomenda da ultradireita imperialista com cerca de 50 facadas no tórax. Seu corpo foi encontrado amarrado e amordaçado. Mataram também sua assistente, María Herrera, que estava ao seu lado.
A mídia oligárquica espalhou a versão de que teria sido um crime passional, mas não conseguiu enganar a juventude revolucionária venezuelana, que com ele conviveu e aprendeu, assim como os jovens venezuelanos que hoje travam a luta antiimperialista pela soberania de seu país, na defesa da Revolução Bolivariana.
Robert Serra é semente do amanhã. Sobre seu sangue segue brotando consciência juvenil na Venezuela.
Guardo este recorte de um tuíte do Maduro, em 2022, dois meses após eu ter estado com a juventude venezuelana e aprendido sobre o jovem mártir.
É por isso que neste 28 de julho, que divide absurdamente a esquerda brasileira com relação ao país vizinho, trago um pouquinho do que aprendi lá.
A Venezuela segue firme construindo a única Revolução capaz de resgatar a soberania de toda a América Latina, e isso posso testemunhar sem titubear.
A história do jovem Robert Serra nos mostra que devemos deixar o ódio pra quem tem.
A esmagadora maioria das juventudes venezuelanas está trabalhando para reeleger Nicolás Maduro neste domingo. Lá, como aqui, as juventudes sabem o que é banho de sangue. A diferença é a consciência política.
Eu acredito na rapaziada.
É por isso que, hoje, não farei aqui maiores análises geopolíticas e nem abordarei discursos intrigantes de presidentes e ex-presidentes de países latino-americanos sobre a democracia venezuelana.
Eu sei que essa é a eleição da vida da América Latina.
Vamos, Venezuela. Com Nicolas Maduro, Presidente! Por todos nós e pelos que virão a habitar este continente sangrento.
Robert Serra, PRESENTE!
Tânia Mandarino é advogada, defensora dos direitos humanos humanos, militante petista e integrante do Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia – CAAD. Foi observadora internacional nas megaeleições realizadas na Venezuela em novembro de 2021. Atuou também como observadora internacional de direitos humanos no Referendo de unificação dos territórios do Donbass, convocado pela Rússia em setembro de 2022. Foi a convite do Center for International Interaction and Cooperation – CIIC.
*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.
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Tânia Mandarino
Advogada; integra o Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia (CAAD).
Comentários
Zé Maria
América Latina:
‘Continente sangrento’ e
Sangrado pela Ganância.
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