O “novo” Ensino Médio
Por Roberto Amaral*
O pior não é o Congresso Nacional que aí está (o pior da história republicana) haver aprovado a “reforma” educacional de Temer-Bolsonaro, sob encomenda das fundações empresariais, que aprofunda a precarização da educação brasileira e agrava as desigualdades já tão penosas e obscenas.
Uma “reforma” que até mesmo – pasmem! – promove o trabalho infantil, contra tudo o que possamos considerar avanço.
O pior nem é o golpe de mão (mais um) do coronel Arthur Lira, para acelerar a aprovação da matéria, cerceando o debate.
O pior, mesmo, é a anuência do Governo Lula, manifesta na ambiguidade (por fim desfeita) do ministro da Educação e na tibieza insuperável do líder do Governo na Câmara.
Um fato triste e embaraçoso, que nos cobra uma profunda reflexão.
Ainda a ”reforma”
Proclamado o resultado pelo jagunço das Alagoas, o ministro da educação, o líder do governo e as fundações empresariais comemoraram, enquanto estudantes e professores alternavam revolta e desalento.
Ou seja, nosso governo mostrou que sempre teve lado no tema: o ziguezague era jogo de cena, para ganhar tempo.
Um vexame para quem se vangloria de estar sempre “do lado certo da história” – e provavelmente um erro tático, quando não se pode dispensar o apoio (e o voto) de estudantes, profissionais da educação e suas famílias.
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Paulo Freire deve estar se revirando no túmulo. Mas a “reforma”foi festejada pelo O Globo. Tudo a ver.
*Roberto Amaral foi presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e ministro da Ciência e Tecnologia do governo Lula. É autor do livro História do presente- conciliação, desigualdade e desafios (Editora Expressão Popular e Books Kindle).
*Com a colaboração de Pedro Amaral.
*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.
Comentários
Nelson
O Brasil está sendo loteado. Os liberais/neoliberais/ultraliberais/anarcocapitalistas exigem que tudo o que estiver sob controle público e der lucro, ou tenha potencial para tanto, deva ser entregue para controle de grandes grupos privados, nacionais e estrangeiros.
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O patrimônio público, pertencente ao coletivo, deve ser privatizado para que possa gerar lucros para uma ínfima minoria.
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A meu ver, o Estado mínimo (privatização de tudo) é uma forma que os capitalistas engendraram de apoderar-se do que é de todos para garantir que seu sistema econômico/produtivo, o capitalismo, consiga resistir por mais algum tempo à enorme e insolúvel crise em que está imerso.
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O Estado mínimo também serve sob medida aos interesses dos países ricos. Tais países só atingiram patamares superiores de desenvolvimento com Estados fortes a ditarem o rumo a seus povos.
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Como não admitem que os países pobres também cheguem lá, pois se tornariam competidores indesejados, os países ricos passaram a impor o Estado mínimo por meio do duo FMI/Banco Mundial ou até se utilizando de golpes de Estado e das canhoneiras.
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Os países ricos não querem mais concorrentes, mas, ao mesmo tempo, alardeiam, incessantemente, amor imbatível ao tal “livre mercado” ou ao tal “livre comércio”.
Zé Maria
Excerto
“Um fato triste e embaraçoso,
que nos cobra [ao Governo Lula]
uma profunda reflexão.”
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