Martín Martinelli: Sionismo é usado pelos EUA na América Latina para fragmentar a região

Tempo de leitura: 4 min

Sionismo na América Latina

O sionismo é utilizado na América Latina como instrumento para tentar exercer a dominação dos EUA e fragmentar uma possível unidade latino-americana

Por Martín Martinelli*, em A Terra é Redonda

Um dos objetivos do binômio Israel e Estados Unidos é a influência política, econômica, midiática e cultural do sionismo na América Latina.

O sionismo é utilizado na América Latina como instrumento para tentar exercer a dominação dos EUA e fragmentar uma possível unidade latino-americana, região que considera o seu “quintal”.

O militarismo, os negócios e a ideologia do sionismo fortaleceram as relações com os governos de direita da América Latina.

Atualmente, com apoio a governos de extrema direita, pretendem impedir o aumento da influência da China, da Rússia e dos BRICS+ (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, este ano aderiram Arábia Saudita, Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos).

Há também casos de países com maior soberania ou que rejeitam mais explicitamente estas influências.

Sionismo, judeofobia e imperialismo

A “política de perseguição” de Israel face à alegada judeofobia, que existe, tem sido usada como arma para obstruir todas as críticas à política externa israelita e aos palestinos.

Por exemplo, a declaração da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) tenta equiparar as críticas ao sionismo e à sua política externa belicista com opiniões negativas sobre o judaísmo.

Apoie o jornalismo independente

Por esta razão, é necessário distinguir o que seriam posições antijudaicas de posições anti-sionistas e anti-Israel.

A primeira posição é racista, a segunda é anticolonial e a terceira seria algo semelhante a uma perspectiva antiamericana, no sentido de que expressa uma rejeição genérica ao imperialismo encabeçado por aquela potência.

Como explica Michel Prior em seu livro A Bíblia e o colonialismo.

Uma crítica moral, desde a sua concepção no final da década de 1890, o sionismo coincidiu em vários aspectos com os nacionalismos e colonialismos europeus do século XIX.

Acompanhou as ações colonialistas e imperialistas do Reino Unido em relação ao Médio Oriente (para evitar a sua unificação) e em detrimento do desenvolvimento da América Latina até meados do século XX.

Desde a década de 1970, Israel é um país que podemos chamar de co-imperial, que atua em linha com as prioridades geopolíticas do imperialismo norte-americano. Para tanto, colabora na pressão financeira e junto às embaixadas dos EUA na América Latina.

O sionismo apoiou golpes de estado, apoiou a imposição neoliberal e apoia a atual tentativa americana de recuperação da ascensão de outras potências.

A interferência do sionismo nas ditaduras da América Latina

Um dos espaços através dos quais o militarismo do sionismo permeia as suas ideias é através dos meios de comunicação.

Vários meios de comunicação latino-americanos representam um endosso da extrema direita às políticas de Israel apoiadas pelos Estados Unidos, ao mostrarem notícias e imagens sobre o Médio Oriente descontextualizadas com a consequente desumanização dos palestinos, que agiriam sem discernimento ou motivos.

Outra é que, historicamente, Israel treinou e vendeu armas a forças militares ou estatais, como nas ditaduras do Paraguai (1954-1989), Guatemala (1963-1966 e 1982-1985), Chile (1973-1990) e Argentina (1976-1983), Equador (1976-1979), Nicarágua (1937-1979), El Salvador (1931-1979 e a guerra civil até 1992).

Além disso, acompanhou esta política imperialista com imposições neoliberais em ação conjunta com os Estados Unidos.

Isso foi investigado por Israel Shahak no livro O Estado de Israel armou as ditaduras da América Latina, no qual detalha a atuação de Tel Aviv nas ditaduras latino-americanas.

Ele destaca como lhes forneceu armas nas décadas de 1970 e 1980, e cita comentaristas europeus: “Essas pessoas (mulheres, meninas, freiras, padres) caíram sob as balas da Uzi, a Galil; “Esta aldeia foi bombardeada por aviões Arava construídos em Israel.”

Também no jornal El País da Espanha, Julio Huasi em 1983 referiu-se a uma Cúpula em Nova Delhi sobre a interferência militar israelense na América Latina, onde afirmou: “A interferência militar de Israel na América Latina, por acordo expresso com os Estados Unidos, foi condenada pelos cem membros do Movimento dos Não-Alinhados (NAM) […] As vendas de armas e a formação fornecida pelos conselheiros de Tel Aviv aos regimes militares da América Latina são atualmente estimadas em cerca de três bilhões de dólares”.

Ideologia e sionismo na extrema direita recente na América Latina

O sionismo está em estreita relação com governos de extrema-direita e aqueles estabelecidos através dos chamados golpes suaves (ou guerra jurídica) e perseguições políticas.

Exemplo disso são os casos Lava Jato no Brasil, ligados ao golpe de Estado contra Dilma Rousseff e a prisão de Lula da Silva, ou os processos abertos contra Rafael Correa no Equador e contra Cristina Fernández de Kirchner na Argentina, Fernando Lugo no Paraguai, ou Pedro Castillo no Peru.

Os governos de extrema direita estabelecidos através destas manobras políticas procuraram apoio em Israel e nos Estados Unidos.

O governo ditatorial de Jeanine Áñez na Bolívia (2019-2020) pediu contribuições israelenses para “combater o terrorismo de esquerda”.

Desta forma, a influência do sionismo na América Latina é mantida através do militarismo.

Israel continuou a treinar as forças repressivas na região, especialmente durante os governos mais conservadores.

Israel é o décimo maior exportador de armas do mundo – e tecnologia de espionagem como a aplicação Pegasus – e o nono maior importador.

Ideologicamente, isso pode ser visto na forma como colaborou no estabelecimento do neoliberalismo, nas suas estreitas relações com as ditaduras e com os governos de direita que as deram continuidade.

Os principais representantes, Jair Bolsonaro no Brasil e Javier Milei na Argentina, procuram distanciar-se da influência chinesa e russa e aliar-se aos Estados Unidos e a Israel.

O sionismo na América Latina é um elemento inseparável da Doutrina Monroe dos Estados Unidos.

Ou seja, tentar dominar “a América (o continente) para os americanos (americanos)”, e considerar o centro e o sul deste continente, de forma depreciativa, o seu “quintal”.

*Martín Martinelli é professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidad Nacional de Luján (Argentina).

*Publicado originalmente no portal TRT español.

Leia também

“Netanyahu não quer cessar-fogo pois sabe que amanheceria na prisão”, diz dirigente do Hamas em entrevista a Felipe Bianchi, da ComunicaSul

Marcelo Zero: Celebração do Dia D, que deveria ser um apelo à paz, tornou-se um grito de guerra

Apoie o jornalismo independente


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

https://x.com/i/status/1803077292010164411
Ocupação Sionista
Porto de Haifa
Ponto a Ponto
https://x.com/SuppressedNws/status/1803077292010164411

Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/GQXx6uOWkAA66hO?format=jpg&name=900×900

Agora os Sionistas Assassinos estão Apavorados, porque
“Se houver um soldado de ‘isRéu’ no Porto de Haifa bebendo chá,
o Hezbollah saberá quantos grãos de açúcar foram colocados no chá”.

https://x.com/i/status/1803077736363426104
https://x.com/Nadira_ali12/status/1803077736363426104

Zé Maria

https://d33bdc4lddgbp0.cloudfront.net/trtespanol/w664/h374/q70/10830621_0-0-1626-1171.jpeg

Milhares de Palestinos Não Puderam Participar do Hajj
devido ao Massacre de ‘isRéu’ em Gaza

Entre o Sangue, a Morte, os Escombros e a Fome
deixadas pela Matança Sem Trégua de ‘isRéu’ em Gaza,
foi Negado aos Palestinos sob Cerco a Posibilidade
de realizar a Peregrinação dos Muçulmanos a Meca.

O Hajj começou na Sexta-Feira (14) com Milhões de
Peregrinos que Professam o Islamismo, enquanto
Muitos Fiéis em Meca têm em Pensamento os Irmãos
Palestinos que sofrem a Ofensiva Militar de ‘isRéu’.

https://d33bdc4lddgbp0.cloudfront.net/trtespanol/w664/h374/q70/10830622_0-0-6066-4043.jpeg
https://d33bdc4lddgbp0.cloudfront.net/trtespanol/w664/h374/q70/10830623_0-0-3690-2078.jpeg

“Evidente Violação da Liberdade Religiosa”

Segundo o Ministério de Dotações de Gaza,
2.500 palestinos não poderão ir à cidade
de Meca, devido à brutal ofensiva israelense
e à invasão da passagem de Rafah, que liga
o território sitiado ao Egito.

O grupo representa 38% do total de 6.600 Peregrinos
Palestinos que pretendiam se deslocar no Hajj à Meca.

Isto é uma “clara violação da liberdade religiosa”,
disse o porta-voz do Ministério, Ikrami Al-Mudallal,
à Agência de Notícias Anadolu na quinta-feira (13).

Os incessantes ataques israelitas impediram o ministério
de concluir os preparativos habituais para o Hajj, incluindo
a assinatura de contratos de transporte dentro do Egito e
da Arábia Saudita, e a reserva de alojamento nas cidades
de Meca e Medina, acrescentou.

Al-Mudallal observou que “o fechamento da passagem
de Rafah e a agressão israelense em curso impediram
2.500 peregrinos de Gaza, incluindo missões de
acompanhamento, de viajar para realizar o Hajj”.

https://trtespanol.com/oriente-medio/miles-de-palestinos-no-podran-acudir-al-hajj-por-matanza-de-israel-en-gaza-14927762
https://trtespanol.com/oriente-medio/millones-de-musulmanes-realizan-el-hajj-la-peregrinacion-anual-a-meca-14927842

Leia também:

‘isRéu’ Cometeu Crimes Contra a Humanidade em Gaza,
diz Comissão da ONU

Uma investigação independente da ONU estabeleceu que ‘isRéu’
cometeu “Crimes de Guerra e Crimes Contra a Humanidade”, incluindo “Extermínio”, desde que lançou a sua ofensiva brutal em Gaza.

As autoridades israelitas são responsáveis ​​pelos “crimes de guerra
e crimes contra a humanidade que foram cometidos” durante as
operações militares e ataques contra Gaza desde 7 de outubro,
afirmou na quarta-feira (12) a Comissão Internacional Independente
de Inquérito da ONU num novo relatório.

A entidade concluiu que as autoridades israelitas são responsáveis
​​pelos “crimes de guerra de fome como método de guerra, homicídio
doloso, ataques dirigidos intencionalmente contra civis e instalações
civis, transferências forçadas, violência sexual, tortura e atos desumanos
ou tratamentos cruéis, detenções arbitrárias e ataques à dignidade pessoal”.

Além disso, a comissão sustentou que foram cometidos “os crimes
contra a humanidade de extermínio, perseguição de gênero contra
homens e rapazes palestinos, homicídio, transferência forçada e
tortura e tratamento desumano e cruel”.

Íntegra da Reportagem em:
https://trtespanol.com/oriente-medio/israel-cometio-crimenes-de-lesa-humanidad-en-gaza-dice-comision-de-la-onu-14927740

.

Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/GQDG7LDWQAA_4p2?format=jpg

Faixa de Gaza:
Não é Guerra,
É GENOCÍDIO!

https://x.com/HoyPalestina/status/1801658576261329049

.

Deixe seu comentário

Leia também