Manuel Domingos Neto: Respeitem o soldado e o policial!

Tempo de leitura: 3 min
Manuel Domingos Neto: ''Nada do que vi, até o presente, na tragédia gaúcha, desabona as corporações. Um caminhão em meio ao aguaceiro não comprova ineficiência. Antes, mostra coragem para enfrentar a torrente. Incomoda-me a desqualificação gratuita de soldados e policiais empenhados dia e noite em proteger os vitimados pelas inundações". Reprodução de redes sociais

RESPEITEM O SOLDADO E O POLICIAL!

Por Manuel Domingos Neto*

Quem acompanha o que eu escrevo sabe que discordo da concepção de Defesa Nacional prevalecente e sustento a necessidade de uma reforma militar que nos garanta voz efetivamente soberana no jogo internacional.

Defendo uma reforma que tire do militar o papel de ator multifuncional e o deixe na condição de guerreiro pronto para abater o estrangeiro intrometido.

Enquanto isso não ocorre, incomoda-me receber fotos e vídeos dos que se empenham em desmoralizar a atuação das Forças Armadas nas inundações no Rio Grande do Sul.

Por mais especializado que seja em combater o estrangeiro, jamais o militar pode deixar de atuar em situações internas extremas.

Nada do que vi, até o presente, na tragédia gaúcha, desabona as corporações. Um caminhão em meio ao aguaceiro não comprova ineficiência. Antes, mostra coragem para enfrentar a torrente.

Em plena ditadura, logo depois do Ato-5, quando a repressão exorbitava, testemunhei, em São Luís do Maranhão, momento de grandeza de recrutas e sargentos ajudando vítimas de acidente de trânsito com dezenas de vítimas.

Eu tinha dezenove anos e era aspirante à oficial da reserva não remunerada. Já militava na esquerda, mas comoveu-me o empenho de jovens de minha idade carregando nos braços pessoas com braços e pernas decepadas. Muitas vidas foram salvas.

Nesse episódio, um major vacilou e foi desmoralizado. Um sargento me disse: “assuma o comando, aspirante, esqueça esse coalira!” (veja PS do Viomundo).

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Um subtenente mais velho ficou o tempo todo ao meu lado ajudando-me a tomar decisões. Senti grandeza no soldado. O sentimento humanitário foi maior que a hierarquia.

Imagino agora o empenho de milhares de garotos fardados ajudando o povo gaúcho e bato palmas, torcendo para que não estejam sob comando de oficiais covardes.

Incomodou-me também a declaração de Janja dizendo que pedirá ao seu marido para afastar “policiais masculinos” dos abrigos dos flagelados, dado que sua presença seria mais ofensiva do que colaborativa.

Penso que, tal como a Defesa Nacional, a Segurança Pública carece de reforma profunda. Acompanho as formulações de Luiz Eduardo Soares neste sentido.

Mas isso nada tem a ver com desqualificação gratuita de profissionais empenhados dia e noite em proteger os vitimados pelas inundações. Bato palmas para os policiais gaúchos! Janja podia ter ficado calada.

Neste momento trágico da vida brasileira, acusações injustas e tentativas levianas de diminuir o papel do soldado e do policial integram, conscientemente ou não, o esforço torpe para obter dividendos em meio à luta para salvar vidas.

A atuação do governo precisa, neste momento, ser calcada no atendimento às vítimas e na repressão às mentiras que perturbam a ação institucional.

Em virtude da dimensão da tragédia, o debate sobre a recuperação do Rio Grande do Sul será complexo e demorado. Hoje, sequer é possível conhecer a dimensão dos estragos.

A história universal revela que as grandes tragédias socioeconômicas aguçam o faro das aves de rapina. Sou nordestino e sei como os mais espertos e sem escrúpulos enriqueceram e mantiveram secularmente o poder com a tragédia crônica relacionada às estiagens prolongadas.

A difamação do soldado e do policial nesse momento integra a construção da imagem dos atores que estão de olho nos benefícios que as calamidades propiciam.

Bato palmas para o soldado e para o policial enquanto espero que os comandantes e chefes policiais se contenham na busca da glória que lhes autorizaria falsamente a mandar em tudo.

* Manuel Domingos Neto é doutor em História pela Universidade de Paris. Autor de O que fazer com o militar – Anotações para uma nova Defesa Nacional (Gabinete de Leitura).

PS do Viomundo: Coalira ou qualira é uma palavra muito popular no Maranhão. Significa homossexual, gay.

Como surgiu o termo?

O blog Maranhão Curioso conta a história:

”De acordo com as pessoas mais antigas do estado, o termo surgiu no carnaval, que era basicamente de rua e no qual se apresentavam vários blocos, pelas ruas da capital, São Luís.

Dizem que em um desses blocos, havia um rapaz afeminado que se destacava por tocar Lira ( instrumento de corda).

Desde então sempre que ele aparecia as pessoas gritavam: ‘Lá vem ele com a Lira’.

E dessa forma foi diminuindo “com a lira” até chegar a ‘qualira’

Por ser afeminado, a palavra qualira foi associada a homossexuais [gays].

Daí em diante, no Maranhão, todos os homossexuais são chamados de ‘qualira’ [ou coalira]”.

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Comentários

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Bernardo

Correto o texto do articulista, os militares, bombeiros e policiais têm trabalhado com muita dedicação no cumprimento de seu dever nesse momento no RS. Quero crer que esses comentários que tentam menosprezar o seu trabalho vêm de grupos bolsonaristas que querem tumultuar, por estupidez, inveja, ciume e falta de caráter e de humanidade.

Zé Maria

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O que dizem os Petroleiros sobre a Nova Presidente da Petrobras

Segundo o Coordenador-Geral da FUP Deyvid Bacelar,
as ideias de Magda Chambriard estão alinhadas com
as da Federação

https://www.cartacapital.com.br/cartaexpressa/a-reacao-dos-petroleiros-ao-anuncio-da-demissao-de-prates-da-presidencia-da-petrobras/
Leia Nota da FUP à Imprensa:
https://fup.org.br/nota-a-imprensa/

https://fup.org.br/fup-espera-que-nova-presidente-da-petrobras-ajude-a-cumprir-programa-do-governo-lula-enfrentando-resistencias-do-mercado-e-de-parte-da-corporacao-da-empresa/

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Rejane Maria

Eu entendo o comentário da Janja porque sou mulher e me sentiria muito desconfortável se tivesse um homem na porta do banheiro durante a madrugada. Talvez por ser homem, você não entenda nosso desconforto.

joao Machado

O termo para o homossexual correto é “com a lira” isto é efeminado que “toca a lira”, contraído ficou “coalira”.

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