Estreia documentário sobre a história do teatro do Gama, celeiro das artes no DF; vídeos
Tempo de leitura: 2 minPor Conceição Lemes
Estreia hoje, 6 de abril, às 19h, no SESC Gama o documentário À Quarta Parede.
O filme mostra a história do teatro do Gama, cidade satélite de Brasília.
Trata desde o início das companhias, no final dos anos 70, quando surgiram como teatros de escola, até os dias atuais.
Lelê Teles é o roteirista e diretor de À Quarta Parede.
Ele próprio conta:
— Nos anos ’70 e ’80, o Gama era um das cidades mais pobres e violentas do Distrito Federal. Sem equipamentos públicos de esporte, cultura e lazer, a violência se tornou um espetáculo.
— Em ’79, em plena ditadura, Claudio Alcântara, um policial civil progressista levou o teatro para uma escola do Gama (o Colégio do Gama) e fundou o GTG – Grupo Teatro do Gama.
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— Grupo Teatro do Gama, porque era um teatro feito inteiramente no Gama: Dramaturgia, direção, cenografia, atuação… tudo.
— A primeira peça do GTG foi o Gole, cujo cartaz (veja abaixo) tinha uma bota de soldado esmagando a cabeça de um trabalhador.
— Isso em plena ditadura!
— Quando os militares se deram conta da mensagem, mandaram arrancar o cartaz, mas ele já estava espalhado pela cidade toda.
A inciativa do GTG prosperou.
O teatro se fortaleceu no Gama.
Virou um círculo virtuoso.
Lelê Teles dá dois exemplos: Simão de Miranda e Valdeci Moreira.
Pobre, gago e negro, Simão fez parte do GTG quando era aluno do Centro Educacional.
Simão cresceu, fez doutorado na UnB (Universidade de Brasília) e tornou-se professor no mesmo GTG em que estudou. Depois, montou o seu próprio grupo de teatro.
Valdeci Moreira era um dos alunos de Simão Miranda.
Quando cresceu, fez artes cênicas na UnB e virou professor na mesma escola. Também fundou um grupo de teatro e hoje tem alunos que estão se formando na UnB.
Em 1982, Lêda Carneiro e Airton fundaram a Bagagem Cia de Bonecos, em atividade até hoje.
Claudio, Lêda, Airton, Simão e Valdeci estão presentes no documentário.
Lelê Teles festeja, é claro:
— O Gama já teve mais de 40 companhias teatrais em atividade, nenhuma cidade de Brasília chegou perto disso; teatro de bonecos, teatro de sombras, teatro infantil, teatro de igreja…
— O Gama é reconhecido como celeiro das artes no DF.
Esses grupos de teatro, além de formarem públicos e artigos, deixaram um legado valioso para as futuras gerações.
Eles personificam a ideia de que o teatro não é apenas entretenimento. É também um poderoso agente de formação e transformação pessoal.
Relembrando: a estreia é hoje, às 19h, no Sesc Gama.
Entrada é gratuita.
Lelê Teles estará presente e convida para o lançamento.
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Comentários
Joaquim Vaz
…..aproveitando o ensejo, sugiro novas pesquisas/reportagens sobre festas juninas, festivavais de música popular do Gama-DF, muita coisa boa nessa maravilha de cidade….
Redação
Obrigada pela dica, Joaquim. Abraço
Benedito Alisio Silva Pereira
Tive colegas de faculdade que moravam no Gama e fui lá várias vezes. Mas os danados nunca me disseram (talvez porque não soubessem) que a atividade teatral ali era fervilhante.
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