Pedro Pinho Augusto: Transição energética, poder e farsas neoliberais
Tempo de leitura: 7 minTransição energética, poder e farsas neoliberais, de ontem e hoje
Por Pedro Augusto Pinho*
“O tolo casa boi com elefante”, provérbio da África Oriental (em Nei Lopes e Luiz Antonio Simas, “Filosofias Africanas uma introdução”, 2012).
“A política inglesa em relação aos povos que habitavam as áreas colonizadas foi, em regra geral, a do genocídio” (em Herbert Aptheker, “Uma Nova História dos Estados Unidos: A Era Colonial”, tradução de Maurício Pedreira para Editora Civilização Brasileira, 1967).
A transição energética para as primeiras energias, aquelas que auxiliaram o homem coletor-caçador e o já assentado homem agropastoril, é efetivo e verdadeiro retrocesso civilizatório.
O caminho da espécie humana tem sido, com mais rápida ou lenta velocidade, pelo progresso contínuo no uso das fontes primárias de energia.
Cada nova fonte vai promovendo maior desenvolvimento de tecnologias e, consequentemente, do conhecimento que se espalha por toda sociedade. O caminho do homem é o do desenvolvimento integral.
Começa com a descoberta do fogo, no alvorecer da espécie, há mais de 20 mil anos, passa pelas energias eólica, solar, das águas, dos fósseis, até chegar a da fusão nuclear, que hoje desenvolvem a República Popular da China (China), onde a pesquisa está mais avançada, e alguns países europeus, tais como França, Itália, Federação Russa (Rússia), além dos Estados Unidos da América (EUA).
Outra questão relativa ao domínio financeiro neoliberal diz respeito aos valores que circulam em torno do petróleo. Uma é o próprio preço do barril.
Os analistas financeiros chegaram a prever, para 2024, o tipo Brent a mais de US$ 94,00/barril.
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No entanto, este ano ele tem oscilado entre US$ 80 e 84/barril. E a razão é só uma: a recessão que atinge o mundo ocidental, do Atlântico Norte.
A falta do suprimento da Rússia, diretamente devida à guerra que a OTAN trava contra este país na Ucrânia, seria motivo de aumento de preço.
A empresa financeira Goldman Sachs atribui ao aumento da produção estadunidense, mas fica incongruente com as notícias dos crescimentos da energia fotovoltaica e eólica e com a recessão e desemprego nos EUA.
Vê-se, portanto, que as notícias oriundas do ocidente e dos países diretamente envolvidos em guerra não são confiáveis.
BREVE RELATO SOBRE AS ENERGIAS FÓSSEIS
A descoberta das Américas pelos europeus, nos séculos XV/XVI, provocou duas consequências quase imediatas:
— o maior genocídio da história, onde 90% da população nas Américas do Norte, Central e Sul, foram praticamente dizimadas; e
— o rápido enriquecimento das então potências européias — Inglaterra, França, Espanha, Holanda e Portugal — com o ouro e a prata transferidos das Américas para os cofres de suas aristocracias.
Embora vigorassem as economias financeiras — a fundiária, ou seja, das terras, e a comercial prestamista, dos empréstimos — o enriquecimento trouxe como consequência a necessidade de mais produtos, o desejo de mais conforto, mais luxo, que se espalhou pela sociedade com a demanda por serviços e artesanatos para incipiente industrialização.
Um resultado deste enriquecimento foi a descoberta do carvão mineral, fonte de energia mais poderosa do que a da queima de lenha, para mover máquinas e equipamentos. Este uso de carvão mineral, como fonte primária, é conhecido como Primeira Revolução Industrial (1760).
A Grã-Bretanha, extraindo cerca de 100 milhões de toneladas de carvão por ano, encabeçou a industrialização nesta fase que durou, aproximadamente, 100 anos: 1760-1870.
Em 1876, os irmãos Nobel — Ludvig, Robert e Albert — fundaram a Nobel Brothers Oil Production Company, que passou a produzir petróleo no Azerbaijão e no Turcomenistão. Entre 1877 e 1901, a empresa perfurou mais de 500 poços e produziu 150 milhões de barris de petróleo.
Nos EUA, em 1859, são produzidos dois mil barris e, rapidamente, esta produção se eleva, chegando a dez milhões de barris em 1874.
No Oriente Médio, o fundador da agência noticiosa Reuters, o barão teuto-britânico Paul Julius Reuter, negocia, em 1872, acordos com a Pérsia, que terão prosseguimento, em 1900, por William Knox d’Arcy, que dirigirá Anglo-Persian Oil Company (1909), mais tarde denominada British Petroleum (BP).
Vê-se, neste breve sumário, que nos últimos 30 anos do século XIX, o petróleo assume a condição de principal fonte de energia, quer pela quantidade de energia contida num barril, quer pela facilidade de transporte, quer, especialmente, pelo seu baixo custo.
E esta nova fonte irá permitir à industrialização assumir o protagonismo econômico e mudar os países detentores de maior poder.
A Primeira Grande Guerra consolida o fim da economia financeira e empodera a dominação da economia industrial, o que ficará ainda mais consolidado com a II Grande Guerra.
Ao fim de 1950, petróleo era o sinônimo de progresso e era procurado por todas nações.
As finanças, inconformadas com a perda de poder, iniciam campanha para desconstruir o petróleo, e criam o mundo de fantasias a respeito do seu uso, colocando até medo nas pessoas, com a falácia dos efeitos climáticos.
Basta estar atento ao número de erupções vulcânicas, tsunamis, movimentações tectônicas, ciclones e às explosões solares para concluir que a natureza está em intensa mudança. Não há força humana que se lhe oponha. É ridículo atribuir ao uso do petróleo, nos últimos 200 anos, as mudanças climáticas.
O PETRÓLEO E SEUS USOS
O petróleo é observado sobre a ótica de fonte primária de energia, porém é igualmente insumo industrial para diversificada gama de produtos: farmacêuticos, fertilizantes, detergentes, plásticos que substituem aço, tintas, solventes e uma miríade de equipamentos, de recursos domésticos, brinquedos e para instalações e objetos diversos.
Não se trata de mágica, mas da composição de cadeias de carbono e hidrogênio, às quais se agregam nitrogênio, oxigênio, enxofre e diversos minerais que compõem as rochas sedimentares onde são formados.
O petróleo como energético responde por 53% da matriz mundial (2021), estando o carvão mineral (27%), em segundo lugar.
Isto é, os combustíveis fósseis respondem por 80% das energias que movimentam as nações. E isso não se dá por qualquer acaso ou preferência ideológica ou religiosa.
É por serem as mais confiáveis e menos onerosas. Veja-se, por exemplo, as energias eólica e fotovoltaica.
Elas são intermitentes, podem deixar hospitais, fábricas, residências desprovidas pelas simples questões da época do ano, geológicas e geográficas, ou seja, fora do controle humano.
Também a facilidade de manuseio e o custo de obtenção.
Para que se tenha o equivalente a um metro cúbico de óleo combustível são necessárias 1.940 toneladas de carvão mineral. Em um barril de petróleo há 1.700 KWh de energia, não ao preço cobrado pelas concessionárias do Rio de Janeiro e São Paulo, ENEL Trading (US$ 400), mas a US$ 80, nunca superior, no século XXI, a US$ 120.
Por que então as campanhas midiáticas e das denominadas Organizações não Governamentais (ONGs) em favor de energias alternativas ao petróleo, mais especificamente, mas às fósseis, em geral? Pelo poder unipolar, global, do neoliberalismo.
Atualmente, o petróleo está distribuído quase integralmente em quatro polos. O de maior reserva (836 bilhões de barris, em 2020) está no Oriente Médio: Arábia Saudita (298 bilhões de barris), Irã, Iraque, Kuwait.
O segundo maior polo compreende as reservas na América Latina, principalmente do país com a maior reserva mundial, a Venezuela (304 bilhões de barris, em 2020) e o pré-sal brasileiro, com valores muito reduzidos em face da avaliação geológica de mais de 100 bilhões de barris.
O terceiro polo compreende a Rússia e a Comunidade de Estados Independentes (CEI), surgida em 1991 do desmembramento da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Tem-se, em 2020, 146 bilhões de barris, 108 bilhões somente na Rússia.
O quarto polo está na África, que cresce com novos movimentos de independência e soberania, nesta terceira década do século XXI pelo continente.
Os 125 bilhões de barris não representam adequadamente as reservas africanas; os trabalhos em Angola, no Sudão, na costa atlântica em torno da Guiné, indicam que muitos mais barris podem-se agregar a este número de 2020.
Nenhum dos quatro polos se submete aos interesses euroestadunidenses, como no passado recente do Consenso de Washington (1989).
Com a falência e descrédito no neoliberalismo, há a ressureição fascista, de um lado. E do outro, a defesa do mundo multipolar, com ressurgimento do nacionalismo, visto nos recentes discursos de Vladimir Putin e na expressão “com características chinesas”, que acompanha as mensagens da direção da República Popular da China (China).
Este país, não constituindo um polo petroleiro, tem reservas quase quatro vezes superiores àquelas da Noruega, maior da Europa Ocidental.
ENERGIAS ALTERNATIVAS NA LUTA PELO PODER
As mídias, quase integralmente sob controle neoliberal, ocultam os prejuízos e ônus sociais e financeiros das energias alternativas às fósseis.
Os projetos mais divulgados tratam das energias eólicas e fotovoltaicas.
A energia eólica em mar aberto chega a ser ridícula, pois o material empregado na construção depende intensamente do petróleo.
Os danos ambientais também são muitos, tanto na produção em terra quanto no mar, conforme relatos de auditorias nas produções nos EUA e no Canal da Mancha.
A questão que se coloca é: por que gastar mais para ter energia de pior qualidade, de menor densidade por unidade, de maior custo e que não substitui o petróleo, tanto no estado líquido quando no gasoso?
É uma questão de disputa pelo poder.
Os EUA adotaram um projeto de expansão do poder territorial, em 1845, denominado “Destino Manifesto”, termo criado pelo jornalista John Louis O’Sullivan. Havia um fundo religioso, como entre os judeus, que se acreditavam escolhidos por Deus.
Os estadunidenses das 13 colônias, representando menos de 10% da área continental dos EUA atual, acreditavam que Deus os escolhera para civilizar o Continente.
O que efetivamente ocorreu foi a contribuição estadunidense para o imenso genocídio das populações americanas, ao lado dos espanhóis, franceses e portugueses. Reduzindo-as a 10% da existente em 1491.
A Doutrina Monroe, enunciada em 1823, veio impedir que nas Américas se constituísse outro país tão grande quanto os EUA.
Recordemos que a Espanha dividira suas colônias administrativamente nestes vice-reinos:
— Nova Espanha que congregava o México e toda América Central, exceto o Panamá;
— Nova Granada, com o Panamá, Colômbia, Venezuela e Equador;
— Peru, com o Peru, a Bolívia e o Chile;
— Rio da Prata – Argentina, Paraguai e Uruguai.
Por todo século XIX estas antigas colônias espanholas passaram pelas lutas pela independência.
A Doutrina Monroe, além de servir para subjugar aos princípios estadunidenses a política e a ideologia das novas repúblicas americanas, estabelecia um toma lá, dá cá, com as potências europeias: elas não interfeririam nas Américas e os EUA fariam o mesmo na Europa.
Escapou desta minutiarização o Estado do Brasil, pela argúcia de Dom João VI ao transferir a sede do Reino de Portugal para o novo continente.
FRACASSO NEOLIBERAL E AS ENERGIAS
Não se passaram 50 anos e o neoliberalismo sofre derrotas em todo mundo.
Das desregulações dos anos 1980 até as crises encerradas com da Argentina em 2002, os capitais financeiros recuperaram os gastos com corrupções e subornos das décadas anteriores e lançando títulos sem lastro se apossaram da maior parte dos recursos existentes nos paraísos fiscais. Estes proliferaram dos nove de 1980 para mais de 80, em 2014.
As privatizações e crises econômico-financeiras transferiram recursos públicos para empresas privadas, controladas por capitais financeiros.
Se as finanças eram, até então, formadas por capitais tradicionais– fundiários, comerciais e prestamista –, passaram a conviver com novos capitais, de origem marginal, como o de contrabando de drogas, pessoas e outros crimes.
E dispondo estes últimos da liquidez inexistente nos outros, não é difícil concluir que tendem a dominar nas decisões.
As guerras, tão ao gosto dos capitais prestamistas, estão sendo transformadas em governos protetores da produção de drogas e de lavagem de dinheiro, como estamos vendo acontecer no Equador e no Haiti.
Será esta sociedade do crime e da corrupção, sucessora do mundo unipolar do Atlântico Norte, que os nacionalistas que pretendem o mundo multipolar enfrentarão doravante?
A ausência de lideranças no Ocidente, como De Gaulle, Olof Palme e Konrad Adenauer e mesmo assassinos como Winston Churchill e Henry Kissinger, trava a possibilidade de saída para esta crise promovida pelo capital financeiro.
As perspectivas são sombrias como se observa com Israel praticando genocídio dos palestinos, mesmo tendo a região marítima fronteira a Gaza possíveis grandes reservatórios de petróleo, como ocorrem no polo Oriente Médio.
*Pedro Augusto Pinho é administrador aposentado.
Leia também
Marcelo Zero: A morte do esporte olímpico
Pedro Augusto Pinho: A desintegração da Aliança do Atlântico Norte
Comentários
ed.
Pedro, é uma satisfação poder debater e construir conhecimento com pessoas de sua qualidade. Em tréplica às considerações ao meu comentário:
Sim, a África tem uma fissura em andamento (dizem, já há ~30 milhões de anos, se haverá submersão ou mera separação como na Pangéia, eu não sei). Sim, temos desde sempre as explosões solares, os vulcões, terremotos, furacões, tsunamis e tantos outros fenômenos naturais enormes, que afetam expressivamente nossa “rocha” (que na verdade é uma GOTA, talvez com um miolo de ferro duro).
A questão vem a ser a VELOCIDADE com que a NATUREZA age e aquela que a formiguinha HUMANA nela interfere.
P.ex. a fissura africana, a 1 polegada/ano aumentará neste ritmo 25 m em 1.000 anos, comparável grosseiramente à mesma “área” do Suez humano em apenas 10 anos. As explosões do Sol e seu próprio crescimento deve nos engolir “queimados” (se ainda estivermos por aqui), mas daqui a MILHÕES de anos. Quanto aos ombustíveis fósseis, queimamos “milhões de anos de formação natural numa mera acelerada ou decolagem. Ou seja, a Natureza é gigantesca em seus processos, mas lenta em relação à nossa efemeridade.
Quando falamos nos fósseis e sua combustão e processamento desenfreados, não nos atemos apenas ao consumo e geração de gases e demais residuos mas aos efeitos secundários e decorrentes do ritmo industrial que esta energia fóssil propiciou em termos de extração, produção de tudo (e respectivos consumos de mat.prima e resíduos gerados), de construção, mobilidade, expansão, resíduos, estragos (Alasca, Golfo…), etc.
A famosa ACELERAÇÃO DAS MUDANÇAS!
Exs. de tal aceleração são o desaparecimento do mar de Aral, Groenlandia, turfa siberiana, a devastação com risco de irreversibilidade dos biomas do Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e até da gigantesca Amazonia, o ressecamento de aquíferos, nascentes e envenenamento de terras e de uma das maiores redes hidrográficas do planeta. Milhares de espécies desaparecendo sem sequer as conhecermos. Tudo em menos tempo do que a curta “era” do carvão e do petróleo (antes da lenha milenar…).
Em apenas “uma vida” eu passei de viajar p.ex. entre Rio e SP vendo na maior parte do trajeto, florestas verde-escuras, até com araucárias! Hoje o que se vê majoritariamente são montanhas e terras nuas, de capim e alguns “tufos” de eucaliptos e pinus industriais.
Falando do efeitos diretos (gases) em si, numa conta de “padeiro”, (se fiz certo) um veículo tipico 2.0 pode expelir mais de 50 mil m3 de gases queimados por ano (sem considerar a descompressão). Pode ser muito mais, dependendo do uso. Em 2023 temos cerca de 1,5 bilhões deles no planeta…Nem vamos considerar os resíduos industriais, sejam gases, químicos (tóxicos ou não), calor ou outros…
Todos podemos ver, dentro ou ao longe das cidades a faixa marrom de poluição que nesta minha mesma vida eu nem percebia na infância (muito menos nossos ancestrais…). O céu era azul do topo ao horizonte! Já já será tudo marrom (China, p.ex.)…
Quaisquer que sejam as causas, constatamos inegavelmente um aquecimento, com derretimento de calotas polares, montes nevados, geleiras, turfas, chuvas (contaminadas), secas e ventos pior distribuídos e mais intensos, queimadas naturais e criminosas, extinção de vida marinha básica (corais, plancton, microplásticos, etc.), aquecimento dos oceanos, seguidos recordes históricos de temperatura no norte e no sul…
Quanto aos interesses, posso até desconfiar do lado “ambientalista”. Mas tenho fartas certezas dos interesses do lado poluidor. Até trabalhei para ele…
Não, não tenho provas das reais causas de tudo isso … mas que desconfio, desconfio! Grande abraço do seu fã!
Willian
Esse texto seria facilmente publicado na Revista Oeste. O autor deveria procurar o Augusto Nunes.
ed.
Como típico, um ótimo artigo do Pedro. Só não entendi a parte da “falácia” dos efeitos climáticos antropogênicos. A QUEIMA de.fosseis
(ou não) não só gera gases nocivos como também CONSOME o (inesgotável?) oxigênio há séculos, em “quantidades industriais”. Paralelamente à evolução trazida, em todas as suas variações, temos a devastação, o envenenamento de enormes biomas, a geração de lixo (ex. great garbage path, fundos oceânicos, micro-plasticos, lixões), a eliminação de espécies, o consumo maior do que a reposição e a piora na SUJEIÇÃO a fenômenos climáticos e ambientais naturais (ex. enchentes por impermeabilização do solo). “Sabe Deus” o que uma desertificação da Amazônia, secamento do Pantanal e envenenamento das enormes fontes de águas poderá trazer ao regime de chuvas que abastecem os reservatórios de.metrópoles, a geração de energia e a agricultura que usa e exporta 70% de água boa, poderão causar à vida humana, animal e vegetal. Não, não é só a energia fóssil em si, mas a sua enorme contribuição à este cenário para-apocalipitico. De resto, continuo apreciando seus ótimos artigos.
Redação
Olá, Ed. Segue a resposta do articulista Pedro Augusto Pinho às tuas observações. Obrigada. Um abraço.
“Prezado comentarista. Muito obrigado pelas gentis palavras e pelos questionamentos.
Nos últimos séculos, tem-se aberto uma fenda no leste da África que submergirá todo passado do homem. Trata-se do rift africano, que se separa no sentido oeste-este, a razão de 2,5 cm/ano, e percorre a parte oriental do continente da Eritreia ao Zimbábue.
Os geólogos estimam que a Etiópia, a Somália, o Quênia, Tanzânia, Burundi, Malawi e parte do Zimbábue e Moçambique se desprenderão da África, formando uma ou mais ilhas, impactando o Oceano Índico e o Pacífico, fazendo desaparecer ilhas e alterando a costa asiática, atingindo a Austrália, Indonésia, Filipinas e o sudeste asiático.
A hidrelétrica Cahora Bassa, no rio Zambeze, desaparecerá, e um mar se formará, reduzindo a dimensão do continente africano, preenchido pelo Mar Vermelho, de lagos e rios da África Oriental, recebendo água do Oceano Índico.
Um fato curioso é que o homem, há mais de 30.000 anos, saiu da Etiópia para povoar o mundo. Na época, a Terra sofria as consequências da glaciação Würms, que dificultou sua penetração na Europa e por todo norte da Rússia.
No entanto, os oceanos eram mais rasos, a água se encontrava sob forma de gelo no polo norte, que permitiu a este ancestral chegar às ilhas do Pacífico e à América, pela ponte de gelo onde hoje é o estreito de Bering.
A razão desta descrição geológica-geográfica é para demonstrar que a mão humana nada pode fazer diante destas forças da natureza, que modificam a geografia, o clima e as condições de vida da nossa espécie e de animais e vegetais.
O uso dos combustíveis fósseis só tem 200 anos. Muito pouco diante destas mudanças.
E a energia fotovoltaica vem causando desertificação no corredor entre os Apalaches e as Montanhas Rochosas, nos EUA, onde têm sido maiores e mais frequentes os ciclones formados pelas correntes que ligam os Grandes Lagos e o Golfo de México.
Também o prezado leitor, se tiver à sua frente o mapa das placas tectônicas encontrará a que atua no rift africano e a que tem provocado a sequência de vulcões no Atlântico Norte, encontrando o Círculo Polar.
São alterações que a ação humana é desprezível diante da intensidade da ação geológica.
Porém, quando trata do lixo, realmente a civilização industrial produziu quantidades e qualidades inéditas na história humana. Mas lembre-se de que as florestas europeias foram replantadas. As originais foram todas destruídas para gerar calor e energia, antes do advento das fósseis.
Se já teve oportunidade de conhecer os fiordes noruegueses, certamente se espantou com a quantidade de garrafas plásticas, de coca-cola, pepsi e outros lixos acumulados junto ao oceano. Porém, há a alcoolquímica, para equilibrar este lixo, com produto orgânico.
O que definitivamente não pode ser atribuído à energia fóssil é a questão climática. As explosões solares, que se acentuaram nestas últimas décadas, são muito mais significativas do que todo óleo combustível queimado no Planeta.
Busque saber a quem interessa provocar este pânico ecológico e quem ganha com ele. Forte abraço”.
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