Reitor da USP falta à audiência pública na Assembleia Legislativa
Tempo de leitura: 3 minEstudantes e entidades de funcionários e professores denunciam arbitrariedades e retaliações
por Jéssica Santos de Souza, Rede Brasil Atual
São Paulo – O reitor da Universidade de São Paulo (USP), João Grandino Rodas, não compareceu a audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para esclarecer a desocupação do prédio da reitoria, na madrugada do dia 9. O professor alegou outro compromisso no mesmo horário. A reunião foi solicitada pelo deputado Carlos Giannazi (PSOL) e contou com representantes de organizações de docentes e funcionários da universidade, além de estudantes.
A entrada da Assembleia na tarde desta segunda-feira (28) foi controlada por policiais militares, que revistaram mochilas e bolsas. A corporação também chegou a filmar as pessoas durante a audiência até a postura ser questionada por Giannazi, que lembrou que o debate já estava sendo registrado pela TV Alesp. O coronel Navarro, responsável pelo policiamento da Casa, não comentou o motivo das filmagens e disse que só poderia se pronunciar com autorização do presidente da Assembleia, o deputado Barros Munhoz (PSDB).
Quatro comissões permanentes da Alesp – Educação, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia e Direitos Humanos – podem convidar o reitor por diversas denúncias, desde o corte de mais de mil árvores na Cidade Universitária até a compra de prédios e salas no centro de São Paulo. Segundo Giannazi, as solicitações de audiência devem ser votadas até a próxima semana e há expectativa de que mesmo aliados do governador Geraldo Alckmin fiquem a favor dos requerimentos.
“Na base aliada do Alckmin tem contradições em relação ao Rodas. Como foi o ex-governador (José) Serra que o indicou temos grande chance de aprovar a convocação em algumas das comissões”, garantiu o deputado, em referência ao fato de Serra ter indicado para o cargo de reitor o segundo colocado da eleição indireta promovida na USP, quebrando um acordo informal respeitado desde 1981, ainda no governo de Paulo Maluf.
Apesar de uma lista tríplice definida a partir dos votos do Conselho Universitário, com peso majoritário de professores titulares, ser apresentada ao governador paulista, o tucano ignorou o nome do professor Glaucius Oliva e preferiu indicar Rodas, que já tinha um histórico de conflitos como diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.
As reivindicações dos estudantes são anteriores à própria posse de Rodas. Thiago Aguiar, um dos representantes do Diretório Central de Estudantes (DCE) da USP, explica que o estatuto que rege a universidade é o mesmo da época da ditadura e, por isso, precisa ser revisto. Além disso, os estudantes pedem que processos administrativos e crimininais contra as pessoas que participaram da ocupação da reitoria no início do mês sejam retirados e que o convênio com a PM seja encerrado.
Em relação à segurança do campus da zona oeste, a comunidade discente sugere um plano alternativo, discutido na comunidade universitária. “Há denúncias de policiais questionando alunos sem motivo aparente e entrando até em entidades estudantis, como o diretório acadêmico da Escola de Comunicações e Artes (ECA)”, conta Thiago.
Denúncias
Apoie o VIOMUNDO
O estudante de Letras e integrante da comissão de greve Rafael Alves conta que ele e muitos de seus colegas sofrem retaliações tanto da universidade quanto da polícia. Ele é um dos 73 detidos na reintegração de posse da reitoria no dia 9. “Tenho dez inquéritos policiais abertos, processos administrativos e fui expulso da moradia estudantil, além de ter sido jubilado. Eu fui preso do lado de fora da reitoria e estou respondendo aos crimes como se estivesse lá dentro”, relata.
Rafael prestou vestibular novamente para poder continuar seu curso e tentou voltar ao Conjunto Residencial da USP (Crusp), mas sua participação do processo de escolha foi negada, segundo ele, apesar de todos os requisitos serem preenchidos. No momento, o estudante mora “de favor” em unidades do Crusp habitadas por colegas.
Os funcionários e professores da USP apoiam o movimento estudantil e pedem mais democracia dentro da universidade. “Esse reitor está restaurando o pior período da ditadura com a militarização e as possíveis escutas e pessoas infiltradas em nossas reuniões”, aponta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Magno de Carvalho. Segundo ele, há relatos literais sobre as assembleias e também de pequenas reuniões do sindicato que só poderiam ser fruto de escutas ou de pessoas infiltradas.
Para o vice-presidente da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), César Minto, a situação atual da universidade é muito preocupante, já que uma instituição pública de ensino deveria ser exemplo de democracia para a sociedade. “Hoje vivemos em um sistema de poder altamente concentrado na mão do reitor e na mão dos professores títulares que ocupam os órgãos colegiados. Não existe discussão democrática e nem tratamento democrático em nenhuma das áreas”, afirmou
Leia também:
Boris Vargaftig: Reitoria instala clima de perseguição na USP
Falta de transparência trai memória das vítimas da ditadura na USP
Caio Toledo: 1964, por que golpe e não revolução
Manifestantes rejeitam o termo regime militar em lugar de ditadura
Relatório da Secretaria de Direitos Humanos confirma: Reitor da USP votou contra vítimas da ditadura
Comentários
Rodrigo Leme
Ser convidado pra uma festa do PSOL, de pelegos e de alunos que não conhecem uma sala de aula? Não me espanta ele não ter aparecido…
Marat
Valentia não é o ponto forte de pessoas arrogantes e prepotentes!
Reitor da USP não responde a chamada « Ficha Corrida
[…] Reitor da USP falta à audiência pública na Assembleia Legislativa | Viomundo – O que você … Sirva-se:Like this:LikeBe the first to like this post. Deixe um comentário […]
O Maldoror
tem que por o RODA na RUA!
Ramalho
A covardia é traço característico dos ideólogos da direita (afora o oportunismo e servilidade aos poderosos). O reitor é tão covarde que fugiu da audiência, que vergonha.
Paulo Chacon
Amanhã, dia 30, haverá audiência pública ,na ALESP, com o Secretário de Educação do Estado, sr. Cornelius Vourvald. Será que ele vai aparecer? Ele é um secretário fraco e um fantoche nas mãos do Diretor do DRHU, que é quem realmente manda na Secretaria. Este diretor, sr. Jorge Sagae tem como hobby atacar os professores da rede estadual , tudo sob o olhar complacente do sr. Cornélius. Como todo tucano, odeia o povo, o debate, o contraditório e por isto não comparecem em audiências públicas. São covardes e autoritários. Nós, professores, estaremos lá. Vamos aguardar o sr. Cornélius.
Lu_Witovisk
Alguém tinha a esperança que ele aparecesse?? Eu não.
Tiberio Ribeiro
“Esse reitor está restaurando o pior período da ditadura com a militarização e as possíveis escutas e pessoas infiltradas em nossas reuniões”. Li essa parte com pavor. Como é que pode uma reitoria defender interesses que não sejam dos estudantes e/ou dos professores?
Gerson Carneiro
Covardão.
Tal qual quem o nomeou foge quando tem que se explicar.
Kary
O mesmo tal também deveria ser chamado para explicar algumas coisas…
FrancoAtirador
.
.
Essa é a democracia das Rodas de Amigos do PSDB:
Faço e aconteço e não devo satisfações a ninguém.
.
.
PSDB = Polícia Só Dá Bordoada
.
.
trombeta
Arrogância pouca é bobagem.
luiz pinheiro
Vai ver ele não pode ir porque estava dando alguma aula de democracia.
angelo
Acende um baseado na audiência que ele de pronto manda 400 'prepostos'.
tulio
Azeredo, a Surucucu sorrateira colocou o AI-5 DIGITAL p votacao amanhã, link:
http://www.camara.gov.br/internet/ordemdodia/orde…
Vamos pressionar o congresso enquanto podemos internautas, NÃO AO AI-5 DIGITAL!
joão33
este reitor é criminoso,basta auditar todos os seus atos administrativos e trazer a verdade a tona ,que ele não se sustente , quanto a policia militar , delegados , o governador alkmin , a unica forma de parar com estas aberrações e mobilizar a população e forçar a ação de autoridades pagas com o suor do povo ,não é admissível todos estes desmandos , a assembléia legislativa deve ser pressionada ou age ou o povo para são paulo. sem acordos.
Deixe seu comentário