Guerra ou matança em Gaza?
Por Jeferson Miola, em seu blog
O Conselho de Segurança da ONU terminou sua reunião na 6ª feira [13/10] sem nenhuma medida urgente para interromper a tragédia que avança terrivelmente na Faixa de Gaza.
Assim, continuamos assistindo o desenvolvimento desta tragédia em câmera lenta, paralisados e totalmente impotentes. Cada minuto perdido aumenta a contabilidade macabra.
Não é correto chamar de guerra o enfrentamento bélico do Estado de Israel com o grupo Hamas, que inclusive não representa toda nacionalidade palestina.
Em termos formais, a Palestina sequer é um Estado soberano; não é considerado membro pleno da ONU, embora tenha o reconhecimento de 138 países, dentre eles o Brasil.
Os dois territórios palestinos da Faixa de Gaza e da Cisjordânia não possuem status de Estado soberano. São áreas cercadas e tuteladas por Israel e administradas sem autonomia plena pelo Hamas e pela Autoridade Nacional Palestina.
Gaza e Cisjordânia não têm exército regular. Não existem Forças Armadas palestinas. O Hamas –Movimento de Resistência Islâmica– é uma força insurgente/beligerante de resistência e luta pela formação do Estado soberano da Palestina.
Pelos dois motivos citados –inexistência de Estado e de Forças Armadas no lado palestino–, é totalmente errado se classificar a ofensiva israelense como uma guerra entre dois Estados e, também, é impróprio se distinguir a população entre civis e militares.
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O direito à insurgência e à beligerância contra governos e Estados agressores e opressores está consagrado no direito internacional. Mesmo assim, não se pode concordar com os ataques desferidos pelo Hamas contra civis israelenses.
Segundo o especialista em direito internacional Paulo Henrique Gonçalves Portela, e à luz da acepção moderna, “os sujeitos do Direito Internacional são os Estados soberanos, as organizações internacionais, os blocos regionais, a Santa Sé, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, os beligerantes, os insurgentes e determinadas nações em busca da soberania”.
Por essa razão a ONU não pode classificar o Hamas como organização terrorista, ainda que este seja o desejo dos Estados Unidos, União Europeia, Japão, Israel e Canadá para evocar a “guerra contra o terror” e promover o aniquilamento dos palestinos.
A partir de 2005, no governo Ariel Sharon, Israel iniciou a transformação do pequeno território de 365 km2 da Faixa de Gaza num campo de concentração com 2,2 milhões de seres humanos confinados.
O território é cercado por terra, mar e ar. Israel levantou mais de 70 km lineares de cerca de 6 metros de altura com barreiras subterrâneas de 2 metros de concreto ao redor de todo perímetro terrestre de Gaza. Tudo com rigoroso monitoramento e vigilância armada.
Asfixia total.
Os palestinos de Gaza vivem indefesos, isolados, controlados e cercados na maior prisão a céu aberto do mundo.
Com sua fúria vingativa, o governo ultradireitista e fascista de Israel está violando o direito internacional e protocolos humanitários.
A destruição devastadora de Gaza com ataques e bombardeios brutais atinge somente alvos civis, porque toda população palestina, na sua maioria de crianças e adolescentes, é civil, não é militar.
O desalojamento forçado de mais de um milhão de habitantes do norte da Faixa de Gaza pretextado por Israel para “proteger civis”, na verdade esconde o objetivo principal, de limpar o território da “impureza palestina”, promover nova diáspora do povo palestino e ocupar em outros termos o território invadido e “limpo”.
Não é de guerra que estamos falando, mas do extermínio massivo de uma etnia. É limpeza étnica.
Trata-se de um genocídio, da matança cruel e covarde de prisioneiros confinados como animais num campo de concentração.
A desumanização dos palestinos é critério que justifica o vale-tudo para legitimar o genocídio.
O ministro israelense da Defesa Yoav Gallant disse isso com todas as letras: –“estamos lutando contra animais e agimos em conformidade”.
Enquanto a matança avança em Gaza, os governos de Israel, Estados Unidos e potências europeias escalam a guerra midiática para satanizar o povo palestino e exortar a reação sionista demolidora.
Diante dessa barbárie genocida, é preciso se perguntar: e se as vítimas da matança em Gaza fossem judeus, ao invés de palestinos, os EUA e as potências hegemônicas deixariam essa atrocidade avançar?
Não chegariam a algum consenso imediato para denunciar os crimes contra a humanidade e exigir a imediata interrupção da ilegal agressão israelense?
Seriam cúmplices dos crimes bárbaros que estão sendo perpetrados pelo gabinete da guerra étnico-teocrática de Benjamim Netanyahu?
A omissão da ONU é acintosa, e poderá ter desdobramentos problemáticos, a começar pela extensão do conflito em todo Oriente Médio, o que trará efeitos para a segurança e a estabilidade mundial.
Leia também:
Jeferson Miola: Limpeza étnica em Gaza
Ângela Carrato: Genocídio midiático dos palestinos
Jeferson Miola: Israel transforma Gaza na Guernica do século 21
Vídeo: Como vive o povo palestino? @ivan desenha para que alguns possam entender direito. Assista!
Francisco Carlos Teixeira: A guerra do Oriente Médio no Brasil
Jeferson Miola: ONU tem obrigação de impedir tragédia terrível em Gaza
Comentários
Airoldi Lacroix Bonetti Junior
Se a liga Árabe fosse unida, nada disso estaria acontecendo, que tristeza pelas mortes de inocentes, vergonha internacional!!
Zé Maria
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Goveno Bolsonarista do Estado de São Paulo quer reproduzir aqui
a Matança promovida pelo Apartheid Israelense Contra os Palestinos.
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https://i0.wp.com/www.monitordooriente.com/wp-content/uploads/2023/07/F0M4-RBWcAITbWW.jpeg
“Cada Acordo Assinado com Israel Custa Vidas”,
diz liderança palestina sobre visita de Derrite
Secretário de Segurança Pública do Governo Tarcísio,
de São Paulo, Guilherme Derrite, reuniu-se com o Ministro
Ben-Gvir, de Segurança Nacional do Governo Netanyahu.
[ Reportagem: Catarina Duarte | Ponte Jornalismo | 31/5/2023 ]
O Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo,
Guilherme Derrite, teve reunião com o Ministro Israelense
da Seurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, para discutir a cooperação
e o treinamento de forças policiais militares paulistas.
A importação da tecnologia bélica e letal é alvo de críticas pelo fato
de o armamento israelense ser usado de forma principal contra
a população palestina na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza,
repetindo a ideologia de um “exército de ocupação” no comportamento
policial brasileiro nos territórios de maioria negra e pobre no Brasil.
Para Mohamad Al Kadri, presidente do Fórum Latino Palestino (FLP),
a visão de que a população é um “inimigo” a ser combatido é
ensinada aos policiais militares brasileiros.
“O policial aqui sai pra rua olhando a população como se fosse seu inimigo.
Principalmente a população negra.
A gente tem visto a matança contra os jovens negros nas periferias,
muitas delas sem nenhum motivo”, analisa Al Kadri.
O Presidente do FLP diz ainda que é preciso um olhar mais cuidado
a esse tipo de treinamento, já que a Anistia Internacional acusou
no ano passado Israel de promover uma espécie de “apartheid”
contra o povo palestino.
“A partir daí, como que nós, aqui no Brasil, podemos mandar
nossos policiais militares treinarem em um Estado
que é considerado de ‘apartheid’?
É absurdo, é inconcebível isso aí.”.
Íntegra:
http://c.lookcom.com.br/pucsp/site/m014/noticia.asp?cd_noticia=153765929
https://ponte.org/cada-acordo-assinado-com-israel-custa-vidas-diz-lideranca-palestina-sobre-visita-de-derrite/
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Leia também:
“Israel já está no Banco dos Réus da Humanidade.
Quando será Condenado pelos Tribunais?”
“A maior ‘operação’ – diz a imprensa ocidental, para não chamar
de crime abominável o cerco e o ataque à cidade palestina
por um Estado que acusa suas vítimas, os povos originários
invadidos e ocupados, de terrorismo.
E deixa um rastro de sangue de inocentes pelo caminho
de suas ‘operações’.”
“Nos irmanamos com todas as forças sociais, culturais e políticas
que neste momento querem ver Israel responsabilizado por seus
crimes e que o apartheid tenha fim – ‘apartheid’ reconhecido por organizações como Anistia Internacional e Human Rights Watch
(HRW) e que precisa ser julgado pelas cortes internacionais.
Israel já está no banco dos réus da humanidade e esta o julga
em sua consciência coletiva e não tardará em fazê-lo arcar
com seus crimes.
Mas cada dia que tarda se traduz em mais assassinatos,
violências deliberadas, roubo de casas, terras e direitos
e no avanço de uma ocupação ilegal e intolerável.”
Íntegra:
https://www.monitordooriente.com/20230709-israel-ja-esta-no-banco-dos-reus-da-humanidade-quando-sera-condenado-pelos-tribunais-internacionais/
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Luiz Mattos
Vendo Pilatos que nada conseguia, e que ao contrário o tumulto aumentava, mandando vir água, lavou as mãos diante da multidão e declarou: Sou inocente deste sangue, isso é lá convosco. Todo o povo disse: O sangue dele caia sobre nós e sobre nossos filhos.”
Heitor
A ONU é nos EUA.
Independência total. rsrsrs.
Eu diria que a ONU só serve para produzir documentos.
Vai acontecer a 3° lei de Newton.
Talvez tenha até um novo choque do petróleo.
Beligerante naquela região não falta e tudo um mais bravo que o outro. Que não tem medo de guerra.
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