Movimento Negro promove ato em repúdio à chacina do Guarujá e pede fim imediato da Operação Escudo
Tempo de leitura: 2 minMovimento negro faz ato pedindo fim da Operação Escudo
Ação da polícia já matou 16 pessoas no litoral de São Paulo
Por Bruno Bocchini – Repórter da Agência Brasil – São Paulo
Entidades ligadas ao movimento negro fizeram, no início da noite desta quinta-feira (3), um ato pedindo o fim da Operação Escudo da polícia paulista. A operação já resultou em, ao menos, 16 mortes no litoral do estado.
A manifestação, que também contou com a participação de parlamentares, ocorreu em frente ao prédio da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo, no Largo São Francisco, região central da capital paulista.
“A gente precisa acabar imediatamente com a Operação Escudo, que é uma operação de vingança contra as comunidades daquele território. Os moradores estão absolutamente assustados, aterrorizados”, disse Elaine Mineiro, ou Elaine do Quilombo Periférico, vereadora de São Paulo pelo PSOL
Nessa quarta-feira (2), ela participou de uma comitiva que esteve onde ocorreram as mortes e conversou com moradores.
“O que a gente ouviu lá é que os homens estão com medo de voltar para casa. Pedem para as suas esposas para irem buscar na porta do trabalho, porque o alvo preferencial são homens, quase sempre negros e jovens” ressaltou.
No último dia 27, o soldado da Polícia Militar Patrick Bastos Reis, pertencente ao batalhão de Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), foi baleado e morto em Guarujá.
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Segundo a SSP, ele foi atingido quando fazia patrulhamento em uma comunidade. A secretaria informou que ele foi atingido por um disparo de calibre 9 milímetros (mm). Após o assassinato do policial, o estado deu início, na Baixada Santista, à Operação Escudo, com, ao menos, 16 civis mortos até o momento.
“A gente pede aqui em frente à Secretaria de Segurança Pública que se encerre esse cenário de insegurança, que a população possa parar de ter medo, e que seja apurado o que aconteceu na Baixada. Que as vítimas possam ser identificadas, colocadas a público e que o Ministério Público investigue o que aconteceu nessa operação”, disse Simone Nascimento, do Movimento Negro Unificado.
Os manifestantes exibiram cartazes com críticas a ação da polícia, como “Não é operação, é chacina”, “Não é guerra às drogas, é guerra aos pobres”, e “Vingança não é justiça”.
Membros das entidades participantes colocaram tinta vermelha nas mãos como forma de protesto.
“O que nós temos falado insistentemente é que vingança não é política de segurança pública. Estivermos pessoalmente na Baixada Santista conversando com moradores e encontramos crianças aterrorizadas pela ação policial. Viemos aqui perguntar quantos mais têm que morrer para que essa guerra acabe. É preciso dar um basta e pôr um fim imediato na Operação Escudo”, disse a deputada estadual paulista Paula Nunes ou Paula da Bancada Feminista (PSOL).
Edição: Marcelo Brandão
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Luís Felipe Miguel: A chacina do Guarujá e o modus operandi da Rota
Comentários
Zé Maria
“Operação Escudo”
“Moradores Denunciam Execuções Aleatórias no Guarujá”
“Alguns foram mortos por terem passagem pela polícia”,
diz Deputada de Comissão
Moradores de bairros onde ocorreram as mortes decorrentes da
Operação Escudo, da Polícia Militar (PM), na cidade de Guarujá,
no litoral paulista, relataram que policiais executaram aleatoriamente
pessoas identificadas como egressas do sistema prisional ou
com passagem pela polícia.
Os relatos foram colhidos nesta quarta-feira (2), no Guarujá,
pela comissão formada pelos deputados estaduais paulistas
Eduardo Suplicy e Paulo Batista dos Reis, ambos do PT;
Mônica Seixas, Ediane Maria e Paula Nunes, do PSOL,
além de representantes da Comissão de Direitos Humanos
da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP),
da Defensoria Pública estadual, da Ouvidoria de Polícia
do Estado de São Paulo e do Conselho Estadual de Defesa
dos Direitos da Pessoa Humana da Secretaria estadual
de Justiça e Cidadania.
“O que a gente ouviu de vítimas, nem posso chamá-las de testemunhas,
porque elas foram todas vítimas, foi [que houve] abordagens sistemáticas, contínuas, de pessoas dentro de casa, na rua, [de] policiais entrando
na casa das pessoas sem mandado judicial, sem nenhuma justificativa,
e fazendo chamado a quem era egresso do sistema prisional ou que tivesse
passagem pela polícia”, disse a deputada Mônica Seixas, integrante da comissão.
“E, de forma aleatória, algumas pessoas com passagem pela polícia
foram executadas. Um pai com um filho no colo foi executado.
Jovens foram espancados. Alguns foram colocados na viatura e levados
para serem mortos em outras comunidades. Foi isso que a gente ouviu”,
afirmou Mônica.
“O que a gente está ouvindo aqui é que nenhuma dessas mortes tem relação
com o assassinato do PM Patrick. Esta é a primeira grande pergunta:
se o estado identificou e prendeu os suspeitos de serem os assassinos
do Patrick, por que a operação continua? Qual é a relação das pessoas
assassinadas, das pessoas mortas, com a morte do Patrick?”,
questionou Mônica Seixas.
A parlamentar responsabilizou o governo do estado pelas mortes e ressaltou que a Operação Escudo está trazendo insegurança e violência a Guarujá.
Segundo a deputada, a investigação da morte do policial precisa ter
inteligência e técnica, “mas não é aceitável que a morte de um policial
seja justificativa para execuções aleatórias”.
“O que a gente escutou aqui é que estão ocorrendo batidas policiais,
revistas, invasão de casas, checagem de documentos das pessoas.
Quando identificadas como egressas do sistema prisional, algumas
pessoas foram executadas de forma aleatória”,
reforçou Mônica Seixas.
A Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo informou
que “diversos Órgãos de Direitos Humanos têm relatado
reclamações de moradores locais apontando uma série
de violações de direitos civis, à margem da legalidade,
com indicativos de execução, tortura e outros ilícitos nas
ações policiais militares na região, por ocasião da operação”.
A Operação Escudo foi Deflagrada pela Polícia Militar de São Paulo (PM-SP)
em Represália à morte de um policial pertencente ao batalhão de Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA) da PM-SP ocorrida em 27/7 em Guarujá.
(Com Informações de G1 e Agência Brasil)
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