Milly Lacombe: Lula errou ao dizer que democracia é um conceito relativo?

Tempo de leitura: 4 min
Milly Lacombe: ''A democracia estadunidense [em 25/05/2020] colocou seus joelhos na jugular de George Floyd e o matou. A democracia brasileira [25/05/2022] jogou Genivaldo Santos no porta-malas de um carro da mesma polícia que deveria proteger seus cidadãos e sufocou o homem até a morte. Podemos chamar de democracias? De que tipo?" Fotos: Reprodução de vídeos

Lula errou ao dizer que democracia é conceito relativo?

Por Milly Lacombe*, no UOL

O Brasil é uma democracia de que tipo?

Vejamos.

Se você mora em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, você não pode, por lei, ter sua casa invadida pela polícia. No mesmo bairro, os fardados não entram atirando, não matam seus filhos e, se o fizerem, você terá amplo direito à defesa e o policial que cometeu o crime será rigorosamente punido.

Se você mora em Paraisópolis, a uma dúzia de quilômetros de Higienópolis, as coisas já não funcionam assim. Lá, a polícia pode entrar atirando, pode chutar a porta da sua casa e assassinar seu filho na cama diante de seus olhos.

Dirão, com um sorriso no rosto, que mataram um suspeito. E nada acontecerá com quem fez isso. Seu filho nem nome terá no noticiário: “Nove morrem em ação policial em Paraisópolis”. Assim será dada a manchete.

Que tipo de democracia é uma democracia com limites geográficos como a nossa?

Nessa mesma democracia, a maioria é a favor da taxação de grandes fortunas. Mas elas não são taxadas porque uma lei para isso não é proposta ou votada.

Essa mesma democracia tem 800 mil presos, quase 40% sem ter direito à defesa, esquecidos em masmorras.

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Essa mesma dita democracia deixa rolar um desvio fiscal de mais de 20 bilhões de reais porque corrupção em empresa privada não interessa combater.

Coloca aí o trio de controladores dessa empresa na capa das revistas de negócio. Os caras manjam muito. São bons demais.

O Brasil não tem jeito porque as estatais isso e as estatais aquilo bla-bla-blá. É uma democracia plena?

Nos Estados Unidos, quando Hilary Clinton e Bernie Sanders concorriam por uma vaga na chapa democrática para enfrentar Donald Trump, em 2015, todas as artimanhas foram executadas para tirar Sanders do jogo.

Como ele falava palavras do tipo “revolução” e dizia que iria para cima dos bilionários, Sanders não era um ator legítimo para a democracia estadunidense. Dançou. E Hilary perdeu para o nazi-fascista que, pelo menos, era mais autêntico e sincero.

Eleições na Palestina têm histórico da brutal influência dos Estados Unidos. O vencedor não foi de nosso interesse? Não vale a eleição. Recomeça. Vota outra vez.

Os Estados Unidos, esse oceano de democracia, são também os mandantes de uma campanha terrorista de drones no Oriente Médio. Matam inocentes como pisamos em formigueiros.

Esse mesmo país sedia Guantânamo, prisão que recolhe aqueles que os donos do mundo consideram suspeitos de um dia quem sabe praticarem atentados. Não tem julgamento porque não precisa: sobra convicção.

Essa democracia idílica invade países quando quer em nome de “levar a democracia” para aqueles territórios.

A democracia nunca chega, os territórios são devastados e aqueles que se auto-denominam “a América” exploram todos os recursos naturais que puderem. Se o critério para invadir é ser uma ditadura, o que estão esperando para invadir a Arábia Saudita?

Durante a invasão americana ao Afeganistão o parlamento espanhol resolveu votar o envio de tropas à guerra. Na época, uma pesquisa foi feita com a população e mais de 80% disseram ser contra o envio de tropas.

Quem o parlamento representava votando “sim” para a guerra? Que tipo de democracia seria essa?

Já a Venezuela não está em debate. É ditadura e ponto final. Não interessa que os Estados Unidos ameacem invadir há décadas. Não interessa que haja eleições, muitas delas verificadas por órgãos internacionais. Não interessa que a soberania nacional da Venezuela esteja em risco.

Não queremos debater esse troço. É ditadura e ponto final, não me venha com contexto e nuances, seus comunistas!

Os grandes democratas liberais da Europa colonizadora do século 19 um dia passaram a achar um horror que houvesse pessoas escravizadas circulando por lá; já nas colônias tá tudo certo.

Escraviza mesmo, explora o que der e manda pra cá toda a riqueza. Que tipo de valores democráticos são esses?

A democracia estadunidense colocou seus joelhos na jugular de George Floyd e o matou.

A democracia brasileira jogou Genivaldo Santos no porta-malas de um carro da mesma polícia que deveria proteger seus cidadãos e sufocou o homem até a morte. Podemos chamar de democracias? De que tipo?

Podemos chamar de democracias? De que tipo?

E a democracia da Grécia antiga, a mãe de todas? É o mesmo sistema que vigora hoje?

Por lá, mulheres não podiam votar nem atender debates públicos. Democracia que chama?

Qual democracia é então a democracia-padrão? O que constitui uma democracia? Eleições? Vontade popular? Direitos humanos? Que país tem isso no mundo hoje?

Poderíamos seguir nos exemplos. Daria um livro pesado e tedioso. Mas talvez não seja preciso.

Democracia não é conceito absoluto, parece bastante óbvio. Se não é absoluto, é relativo.

Para finalizar, as palavras do linguista e ativista Noam Chomsky: a única relação entre capitalismo e democracia é a contradição.

Milly Lacombe, 53, é jornalista, roteirista e escritora. Cronista com coluna nas revistas Trip e Tpm, é autora de cinco livros, entre eles o romance O Ano em Que Morri em Nova York. Acredita em Proust, Machado, Eça, Clarice, Baldwin, Lorde e em longos cafés-da-manhã. Como Nelson Rodrigues acha que o sábado é uma ilusão e, como Camus, que o futebol ensina quase tudo sobre a vida.

Leia também:

Jair de Souza: Lula, a democracia relativa, os meios de comunicação capitalistas e a luta de classes

Breno Altman: Não restam dúvidas de que o presidente tem razão

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Comentários

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Antonio

O mau-caratismo intelectual dessa jornalista é asqueroso, como alguém que defende descaradamente seus ditadores, assassinos, torturadores só por serem da sua ideologia do coração, tem moral pra criticar os clones da direita? Depois a esquerda se pergunta, perplexa, porque a extrema-direita cresce de forma exponencial no mundo.

Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/F014TOeWIAQQcKB?format=jpg

“Arthur deLira. Tentou uma mordaça
contra o ICL e sua ex-esposa,
que fez graves acusações no canal.

É a índole do tiranete que pautou o voto impresso,
ameaçou institutos de pesquisa com prisão
e persegue jornalistas.

Segue perdendo todas na Justiça.”

https://twitter.com/renancalheiros/status/1679130513464803338

Zé Maria

“O ICL Notícias tem falado todos os dias sobre quem é o Arthur Lira.

“Um monstro que espancou e violentou sua ex esposa,
é dono de várias propriedades e fazendas 💸💸💸,
serviu de laranja para o Collor, apoiou Bolsonaro,
sugou e continua sugando bilhões dos cofres do país,
tem vários escândalos de corrupção, tem chantageado
o presidente Lula em troca de apoio na Câmara,
está envolvido no super faturamento e desvio de verbas
públicas dos kits de robótica…

Mesmo assim a ‘grande’ mídia jornalística tenta
de toda forma blindar um bandido para atacar o Lula.

Qual a motivação?

Ódio de classe, ódio da esquerda, ódio de tudo que Lula
pode fazer pelo povo.

O ICL Notícias não tem o rabo preso.”

#ToComICL #LiraCovarde

https://twitter.com/KriskaCarvalho/status/1679103057567547394

Zé Maria

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Democracia Absoluta do Coronelismo:
Absolutamente Arbitrária e Persecutória.
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“ICL SOB ATAQUE!
Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados,
tenta amordaçar o ICL na Justiça para calar a nossa voz.
É inadmissível que o presidente de um dos poderes do país
use a força do cargo para tentar destruir a imprensa independente.

Espalhe essa campanha em defesa da liberdade de imprensa
do direito à comunicação e da democracia!

Contra a tentativa covarde de censurar o ICL!”

https://twitter.com/ICLNoticias/status/1679091858029305857
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“Toda solidariedade aos colegas do @ICLNoticias,
diante da tentativa do Lira de calá-los pelo bolso.
Como já fui vítima de lawfare, sei como funciona.”

JORNALISTA LUIZ CARLOS AZENHA
https://twitter.com/LuizAzenha23/status/1679119742592860162
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“O Barão também se solidariza com o @ICLNoticias!
Judicialização da censura é um expediente
mais do que conhecido por nós, da mídia independente,
como bem pontua o nosso querido @luizazenha23.”

Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé
https://twitter.com/CBaraoDeItarare/status/1679120971477729284
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Zé Maria

Só Pra Lembrar 3

30 ABR. 2019
EL País

“Guaidó liberta Leopoldo López da prisão”

O líder oposicionista da Venezuela Leopoldo López,
que estava em prisão domiciliar após ser condenado
a 13 anos de prisão, foi solto em uma ação promovida
por Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino
do país pela Assembleia Nacional e por mais de 50 países.

“O momento é agora”, disse o autodeclarado presidente
em uma mensagem em vídeo postada em suas redes sociais,
na qual aparece próximo a Leopoldo López e cercado
por homens armados.

A ofensiva de Guaidó, do Voluntad Popular, mesmo partido
de Leopoldo López, foi rapidamente apoiada pelos
Estados Unidos da América (EUA) e pelos países aliados a ele,
como a Colômbia, bem como pelo Secretário-Geral da
Organização dos Estados Americanos (OEA).

A Espanha, que liderou o reconhecimento de Guaidó
como presidente interino na Europa, assegurou que
o político venezuelano é legítimo para liderar
a transição na Venezuela, mas rejeitou qualquer
ofensiva militar.

No Brasil, o chanceler Ernesto Araújo reafirmou
o apoio ao presidente interino e disse esperar
que o Exército participe do processo de transição
democrática do país.

Mais cedo, poucos minutos após o apelo de Guaidó,
Jorge Rodríguez, o ministro da Informação do regime
chavista, informou pelo Twitter que eles estão
“confrontando e desmobilizando um pequeno
grupo de militares traidores que se posicionaram (…)
para promover um golpe de Estado contra
a Constituição e a paz da República”.

O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, também
disse no Twitter que “todas as unidades militares
instaladas nas oito regiões de defesa integral
relatam normalidade em seus quartéis e bases
militares”.

Luis Almagro, presidente da OEA, apoiou a iniciativa
de Guaidó e de seus seguidores através de sua conta
no Twitter…

Leopoldo López também falou em suas redes sociais
sobre sua libertação pelas forças de segurança leais
a Guaidó e, em linha com o líder venezuelano, pediu
protestos…
.
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1º/7/2023
Carta Campinas

Oligarca barrada por 15 anos na Venezuela
é virulenta, radical, defende ‘uso da força’
e ataques estrangeiros ao próprio país

https://twitter.com/i/status/1674842527126487040
A jornalista Lúcia Eugênia Córdoba fez um vídeo
em que traça o perfil de Maria Corina Machado
radical de oposição ao governo de Nicolás Maduro.
https://twitter.com/LuciaEugenia/status/1674842527126487040

https://twitter.com/i/status/1674824321745797131

Filha de oligarca venezuelano e, portanto, não afetada pelo sufocamento ao país promovido pelas sanções dos EUA, María Corina defendeu que os EUA
e a Europa deveriam impor mais sanções contra o seu próprio país e
ao governo, piorando as condições de vida da população mais pobre,
para que ela obtenha seus ganhos políticos.
A mesma ideia defendida por Donald Trump para, segundo ele,
“pegar o petróleo da Venezuela”.

No começo da carreira política, Corina Machado criou uma organização
que recebeu recursos dos Estados Unidos para desestabilizar o governo
venezuelano.

Assista aos vídeos:

https://twitter.com/i/status/1673784102233731074
https://twitter.com/i/status/1674824321745797131

https://twitter.com/VanessaOrtizz/status/1674824321745797131
https://twitter.com/venezuelanewsVN/status/1674814698431168512

Zé Maria

Só Pra Lembrar 2

26/03/2014
AFP

“Maria Corina Machado e Leopoldo López,
os rostos da oposição radical na Venezuela”

María Corina Machado, deputada destituída ameaçada de ser presa,
e Leopoldo López, detido desde fevereiro, são os rostos mais visíveis
da ala radical da oposição [de Extrema-Direita] na Venezuela,
acusada judicialmente de promover a violência nas manifestações,

Detido desde 18 de fevereiro na unidade militar de Ramo Verde,
acusado de ser responsável pelos protestos que já deixaram 34 mortos,
López espera que a justiça determine sua prisão formal ou sua liberdade.

“López se lançou por conta própria em uma iniciativa política que terminou
em Ramo Verde, e Machado também age por conta própria” [SIC], explicou
à AFP o analista político Ignacio Avalos, que observa uma oposição “dividida e desconcertada”.

As manifestações começaram no dia 4 de fevereiro, na cidade
de San Cristóbal (oeste). Aos poucos se espalharam pelo país,
chegando a Caracas em 12 de fevereiro, convocadas por López.
A estratégia impulsionada por ele e outros dirigentes foi chamada
de “A Saída”, porque visa forçar a queda do presidente Nicolás
Maduro.

O movimento evidenciou as divergências na coalizão de oposição
Mesa da Unidade Democrática (MUD): seu rosto mais visível,
o governador de Miranda (centro-norte) e ex-candidato presidencial
Henrique Capriles, agiu com cautela, sem apoiar medidas anti-constitucionais.

Para Mercedes Pulido, professora da Universidade Católica, houve
“uma sensação de questionamento por parte de López” a Capriles,
derrotado por Maduro por uma diferença de 1,5% nas eleições de abril
de 2013.

Leopoldo López foi prefeito de Chacao, na região metropolitana de Caracas.
Ao final do mandato, foi proibido de exercer cargos públicos, depois de
ter sido condenado por desvio de verbas.
.
.
19/6/2015
O Cafezinho

A Verdade sobre o Político que Aécio quis visitar na Prisão na Venezuela

Emblemático que Aécio viaje à Venezuela para visitar Leopoldo Lopez,
e que a mídia brasileira trate esse golpista como ‘preso político’

https://www.redebrasilatual.com.br/mundo/a-verdade-sobre-o-preso-politico-que-aecio-quis-visitar-na-venezuela-3957/
.
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06/5/2019
IHU Unisinos

Venezuela.
“O Golpe [Midiático] Falido: o ‘Madrugadazo’ de 30 de abril
e a Guerra de 4ª Geração através de Redes Sociais e
de Veículos de Comunicação Sul-Americanos”

“Um golpe que não foi, a ameaça pela metade e o ‘clima de tensão’
propagado pela inteligência do Império fazendo crer que algo estava
acontecendo para além da guarimba no entorno da Base Aérea de
La Carlota”, escrevem Bruno Lima Rocha, pós-doutorando em economia
política e doutor em ciência política, e Pedro Guedes, internacionalista,
atuam na área de relações internacionais e estudos estratégicos; ambos
são membros do Grupo de Pesquisa Capital e Estado.

Ocorrida no dia trinta de Abril [de 2019], a tentativa de levante militar
e consequente golpe contra o governo de Nicolás Maduro trouxe maior preocupação bem como um maior pessimismo quanto a uma solução “política e pacífica” na Vnezuela.

Em um espaço de poucas horas, o autoproclamado presidente, Juan Guaidó, juntamente de alguns oficiais do SEBIN (Serviço de Inteligência Venezuelano) e algumas dezenas de militares (basicamente oficiais da Guarda Nacional Bolivariana, GNB). No comando direto da conspiração, dois coronéis da GNB, Rafael Soto e Illich Sánchez que de maneira ambiciosa, tentaram em vão, paralisar a cadeia de comando por via de um levante no interior das Forças Armadas.

Ainda que no momento inicial aparentemente bem-sucedido, com a presença de Guaidó e Leopoldo Lopéz “liberto” da prisão domiciliar,
os líderes da oposição foram incapazes de condicionar a troca de lealdade
de outros líderes militares.
Essa tentativa resultou em um automático contragolpe e em apoio pró-Maduro e repressão contra os apoiadores de Guaidó e especificamente
o início dos expurgos contra os oficiais da GNB conspiradora.

O Golpe
A movimentação de Guaidó e seus apoiadores iniciam na madrugada
de trinta de abril, com o empresário Alberto Federico Ravell (diretor
de comunicação do “autoproclamado presidente”) anunciando que
Juan Guaidó, Leopoldo López e militares tinham tomado a Base Aérea
de La Carlota (ponto famoso pelo seu uso em atividades culturais).

Este lugar tem importância por ser um local de projeção política dentro
da cidade de Caracas, dando acesso a uma larga avenida que pode chegar
diretamente ao Palácio Miraflores.

Essa ação se viabilizou com a defecção de um dos comandantes do SEBIN,
general Manuel Ricardo Cristopher Figuera, justamente promovido ao cargo
por Maduro.
A partir do envolvimento de Figueira e seus subordinados que o grupo
liderado por Guaidó obterá base de contato dentro do aparato de segurança.

Para corroborar esta informação, os golpistas gravam um vídeo com Guaidó
afirmando ter tomado a base, cercado de militares.

Nesta peça político-publicitária, o autoproclamado pede que os principais
quartéis os militares promovam adesão às manifestações contra o governo
Maduro, bem como que a população vá às ruas.

Antes das sete horas da manhã, o alto-comando das Forças Armadas Venezuelanas (sigla FANB em espanhol) publica em um comunicado
que as tropas permanecem nos quartéis, sem movimentações anormais.

Em um espaço de duas horas, entre 07:30 e 9:30, há um fluxo intenso
de comunicados por parte do governo e em menor medida, da oposição,
que começa a entrar em silêncio, ao menos nas mídias sociais.

Cabe destacar desse período, o aviso do governo venezuelano de que
os envolvidos na conspiração para derrubar o governo sofreriam sanções
jurídicas pelas suas ações, e que ao mesmo tempo, chamava a população
a demonstrar apoio nas ruas.

Do lado conspirador, há de interessante o fato de que é advindo de fora
do país, com o presidente colombiano, Iván Duque Márquez (afilhado
político do ex-presidente Álvaro Uribe Vélez, pai do paramilitarismo
moderno de extrema-Direita no país), declarando em sua conta no Twitter
apoio ao movimento golpista.

Enquanto isso, a diplomacia colombiana mobilizava o Grupo de Lima
para uma reunião de emergência, com o objetivo de acompanhar
os desdobramentos da tentativa de golpe de estado, e para se necessário,
legitimar um possível governo Guaidó.

Para tentar criar divisão nas fileiras, os conspiradores anunciaram
que oficiais de alto escalão da FANB teriam desertado para o lado golpista,
o que fora logo desmentido.

Tal calúnia foi logo desmentida por uma gravação oficial do general
Vladimir Padrino López, ministro da Defesa, comandante em chefe
das FANB que junto a oficiais generais e um comando paraquedistas,
todos em uniforme de campanha, proclamam o lema chavista:
“Leais sempre, traidores nunca!”.

Ao longo do final da manhã, as forças de segurança venezuelanas (basicamente composta de efetivos da GNB) iniciam operações para dispersão dos protestos e prisão dos líderes e militares envolvidos na tentativa de golpe de Estado. Aqui, percebe-se a pouca adesão entre os militares nas ações de Guaidó e correligionários; boa parte dos militares envolvidos nas ações de início da manhã do dia 30 foi enganada. Foram avisados que a mobilização era de repressão contra uma rebelião carcerária no interior do país, mas ao chegar nas proximidades de La Carlota, perceberam do que se tratava e rapidamente entraram em contato com oficiais leais e voltaram aos seus quartéis de origem[5]. Segundo o comando das FANB e na GNB, oitenta por cento dos militares concentrados em La Carlota no chamado “Madrugadazo Escuálido” sequer sabia o motivo de sua convocatória e não estavam de acordo com Guaidó e López.

Neste momento, o golpe já é dado como fracassado, tanto pelo governo Maduro, que prontamente comunica o controle da situação ainda no início da tarde, quanto pelos conspiradores, que fogem dos protestos e começam a procurar refúgio nas embaixadas de países europeus e nos membros do Grupo de Lima, incluindo o Brasil. Enquanto Leopoldo López procura as embaixadas de Chile e Espanha respectivamente, cerca de 25 militares envolvidos na tentativa de golpe requisitam asilo político [ao Governo Bolsonaro] na embaixada brasileira.

Enquanto a trama conspiratória se desenrolava em Caracas,
aqui no Brasil a cobertura midiática realizada pelos principais
grupos de comunicação beirava a panfletagem política. [!!!]

Imagens de marchas pró-Maduro televisionadas como protestos
da oposição, análises de “especialistas” na melhor das hipóteses,
rasas e um profundo sentimento de torcida pelos conspiradores
pautaram a transmissão, principalmente em rede de televisão
a cabo, já que a rede de televisão aberta pouco ou nada cobriu,
para além da reprodução das falas advindas do governo brasileiro. [SIC]

Em Washington, o governo Trump, através de John Bolton (Conselheiro
de Segurança Nacional dos Estados Unidos) declarava total suporte para os revoltosos, pedindo ainda, maior engajamento da FANB no golpe, então em andamento; em pronunciamentos via rede social, Bolton e Mike Pompeo (empresário, ex-diretor da CIA e atual chefe do Departamento de Estado) bradavam por sublevação militar e vociferavam contra a presença russa
na Venezuela.

Já Trump, ameaçou o governo cubano de mais embargos econômicos
e bloqueio à ilha, como resposta ao suporte dado ao governo Maduro.

Na visão dos Estados Unidos, Cuba é um dos pilares que mantém o sucessor
de Chávez no poder.

Como resultado do fracasso da “Operción Libertad” em derrubar o vice-
presidente eleito em novembro de 2012, novamente eleito em abril de 2013
e reeleito em maio de 2018, a Casa Branca mantém a possibilidade de usar
a força militar como recurso para mudar o governo na Venezuela.

Vale reforçar a guerra híbrida, o combate de 4ª geração.

Na terça, 30 de abril, vivemos cenas nos meios de comunicação do Brasil [!],
da América Latina e até da cobertura globalizada que beiram o surrealismo.

Um golpe que não foi, a ameaça pela metade e o “clima de tensão”
propagado pela inteligência do Império fazendo crer que algo estava
acontecendo para além da guarimba (“balbúrdia violenta” no neologismo
político da extrema direita alucinada que desgoverna o Brasil) no entorno
da Base Aérea de La Carlota.

Mas, para além das mentiras de sempre, chama atenção o fato de que
a contrainteligência do chavismo e seus aliados (cubanos, em primeiro
plano, e russos, como rede independente), não perceberam a “virada”
de Manuel Christopher Figuera.

O general comandante do Serviço de Inteligência Bolivariano (SEBIN)
simplesmente trocou de lado.
Como isso não foi percebido é o que deve ser debatido.
E, rastreado o que resta da conspiração, para identificar e expurgar
o tamanho da fratura na espinha dorsal do aparelho de segurança
de Estado (FANB-SEBIN-GNB).

O problema é ainda incomensurável.
Os esquálidos aventaram que o major general José Adelino Ornella Ferreira
– general de divisão e chefe do Estado Maior Conjunto do Comando
Estratégico Operacional (unidade de armas combinadas de pronta
resposta) estaria mancomunado com os golpistas. Ornella Ferreira
negou na mesma manhã do “Madrugadazo” e com isso gerou
duas reações.

Uma reação, ao menos publicamente, ficou evidente que não havia
um oficial general no comando de tropas terrestres da FANB na
conspiração.

Outra reação, se ele – Ornella – estava na conspiração, negou-a
e assim certamente afastou a intenção de trair de demais oficiais
generais ou oficiais superiores na frente de organizações militares
operacionais.

O efeito contrário, foi não permitir que o governo Maduro localize,
identifique e puna os conspiradores.

Outra conclusão lógica, e a mais delicada de todas, é o fato inequívoco
que estamos diante de um dilema.

Se todo o comando da Milícia Nacional Bolivariana de Venezuela ficar
em mãos de oficiais de carreira, sua espinha dorsal pode estar
comprometida.

Se vale a experiência da história recente, no Chile o G2 cubano
(DGI é a sigla formal) aconselhou ao presidente Salvador Allende
que sua Guarda Presidencial deveria ter um efetivo de 2000 combatentes
a tempo completo e sob ordem direta do mandatário eleito em La Moneda.

Allende não ouviu e estabeleceu a Guardia Técnica com 45 escoltas
pessoais.
Tampouco o governo ouviu ao MIR e armou as já preparadas milícias
de autodefesas nos cordões industriais.
Nem Allende, nem o PSI e tampouco o PC Chileno tinham plano B.
Deu no que deu.

Referências:

[1] La guerra en Venezuela
[2] Guaidó liberta Leopoldo López da prisão e convoca protestos
contra Maduro
[3] Iván Duque
[4] Ornelas Ferreira, General que comanda la Operación Libertad
[5] VENEZUELA: Militar explica cómo fue engañado para participar
en el golpe de Estado
[6] Crise na Venezuela: Maduro diz que levante foi derrotado,
mas Guaidó convoca novas manifestações para esta quarta
[7] Leopoldo López se refugia na Embaixada da Espanha em Caracas
[8] Venezuela in crisis: All the latest updates
.
.

Zé Maria

Só Pra Lembrar

30/4/2019

A Tentativa de Golpe de Estado na Venezuela

No dia 30 de abril de 2019, a oposição venezuelana,
liderada pelo deputado Juan Guaidó, e o dirigente
opositor Leopoldo López, líder do partido Voluntad
Popular (Vontade Popular), colocou em prática
o que eles chamaram de “Operação Liberdade”.

Tratava-se de um golpe de Estado que visava a
derrubada do presidente Nicolás Maduro
pela via militar.

O cenário do conflito foi o anel viário Distribuidor
Altamira, importante artéria da capital, próximo à
base aérea militar La Carlota, na zona leste de Caracas.

O dia não havia amanhecido completamente quando
Guaidó transmitiu uma mensagem em vídeo pelas
redes sociais, fazendo um chamado aos militares
venezuelanos, para que se levantassem contra
o governo.

O elemento surpresa era Leopoldo López, segundo
a jornalista espanhola, Esther Yáñez, correspondente
internacional há mais de dois anos na Venezuela.

O político foi condenado por delitos cometidos nos protestos
violentos de 2014 e estava em prisão domiciliar.

“A grande surpresa foi ver Leopoldo López.
Foi isso que me fez pensar que algo grande iria acontecer.
Já aí meu coração começou a palpitar”,
relembra a correspondente dos canais Tele 5 e Tele 4,
da Espanha.

A informação, segundo Yáñez, chegava a conta-gotas
aos jornalistas, subindo a tensão aos poucos.
O primeiro alerta veio cedo.
“Despertei com uma mensagem enviada às 4h30 da manhã,
a um grupo de Whatsapp de jornalista nacionais e internacionais,
criado pelo assessor de comunicação de Juan Guaidó.
A mensagem dizia: “Atenção, informação em pleno acontecimento”.

A partir desse momento as versões contadas variam de acordo com
a ideologia de cada meio de comunicação e de sua linha editorial.

Foram muitos aqueles que omitiram informações, tantos outros
que manipularam e alguns tantos que mentiram.

Esther ficou famosa nas redes sociais, com vídeos que viralizaram,
justamente por dizer a verdade e mostrar o que outros meios estrangeiros
não estavam contando, inclusive colocando sua vida em risco.

Nas primeiras horas, pairava a dúvida se os opositores estavam dentro
ou fora da base aérea.

Em sua mensagem difundida nas redes sociais, Guaidó dizia:

“Estamos em La Carlota”, abrindo espaço para a dúvida.

Além disso, canais internacionais de notícias difundiam
informações que não deixavam clara a situação.

Leopoldo López, que por sua vez publicava nas redes sociais
textos em que dizia, entre outras coisas, “estou em La Carlota”,
com uma foto sua, cercado de militares.

Foi a repórter do canal internacional Telesur, Madelein García,
que divulgou a primeira informação e vídeo de dentro da base aérea
La Carlota mostrando que estava sob controle de oficiais leais
ao presidente Nicolás Maduro e que López e Guaidó na verdade
estavam em uma ponte em frente a base, no Distribuidor Altamira.

“Pedi autorização para entrar na base aérea La Carlota, porque
a gente não sabia o que estava acontecendo dentro da base.

Os opositores diziam que La Carlota estava tomada.
E um canal dos EUA estava transmitindo imagens de uma câmera
que parecia estar dentro da base área e dizia que estava tomada.

Essa era a matriz de opinião que os meios estavam construindo”,
explica a repórter. E conta o viu lá dentro.

“Quando entrei vi que a situação era de normalidade.
O comandante me disse que estavam tentando controlar a situação
e evitar que os opositores entrassem”.

Nesse momento, do lado de fora, já era possível ver que os militares
que acompanhavam os líderes opositores não passavam de 40 soldados
e oficiais de média e baixa patente.
A deserção não foi massiva como Guaidó esperava.

O mestre em Filosofia de Guerra, Jorge Ladera, analisa quem eram
os tais militares que apoiaram os opositores.

“Quando vemos a imagem de Leopoldo López junto ao Guaidó no anel
viário de Altamira, observamos que os acompanhavam um coronel,
um tenente, alguns sargentos.
Não são patentes militares altas.
Não havia ninguém do alto mando militar que pudesse ter acesso
às unidades militares grandes, que garantisse uma mobilização
de destacamentos, pelotões, batalhões e que pudesse forçar
um golpe de Estado”.

Além dos militares que acompanhavam López e Guaidó,
alguns soldados foram levados para a área de conflito,
sob falsos pretextos, segundo o general Alexis Rodríguez
Cabello.

Outro grupo de militares, composto principalmente por mulheres,
quando se deu conta que foi enganado, roubou um ônibus e dirigiu
até a Casa Amarilla de Caracas, um dos prédios da chancelaria
venezuelana, para denunciar o ocorrido.

Assim também aconteceu com os oito tanques de guerra que
os militares desertores haviam roubado.

Os militares leais a Maduro levados a Altamira de maneira enganosa,
foram buscar um por um dos carros blindados e os devolveram a seus
comandos.

O momento mais tenso do dia ocorreu por volta das 10h30 da manhã
quando coquetéis molotov atingiram um tanque de guerra, que estava
dentro da base aérea, que ficou completamente destruído.
Nesse momento uma rajada de tiros, disparados por opositores, atingiu
também as instalações da base aérea.

Durante os ataques oito militares leis a Maduro foram atingidos, um deles,
um coronel, ficou gravemente ferido.
O tiro que veio do alto atinge seu pescoço e saiu pela clavícula, diz a repórter
Madelein Garcia.
Os disparos, segundo a jornalista, partiram de franco-atiradores.

A informação também foi confirmada pelo analista político Amauri Chamorro,
que também trabalha como consultor e assessor da Presidência
da República da Venezuela, mas deixa claro que nessa entrevista
fala como analista político e não porta-voz do governo.

Ao todo, na parede do edifício da Guarda Nacional Bolivariana, dentro
da base militar, foram contadas mais de 20 disparos, de armas curtas
e longas.

O governo venezuelano denunciou, que algumas das armas utilizadas
por militares desertores que acompanharam Guaidó e Leopoldo López
no Distribuidor Altamira, eram fuzis AR-15, fabricados nos Estados Unidos,
que não são utilizados pelo exército venezuelano.

Há a suspeita de que o armamento faça parte de uma apreensão
de fevereiro, feita no Aeroporto Internacional Arturo Michelena,
na cidade venezuelana de Valência, e que ficou sob a custódia do
Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin).

Alguns militares do Sebin, incluindo o diretor-geral, estavam entre
os desertores que apoiavam o golpe e libertaram Leopoldo López.

Enquanto isso acontecia na zona leste, do outro lado da cidade,
no centro da capital, a população se concentrava ao redor do palácio
presidencial Miraflores.

“Esse dia recebemos um alerta muito cedo, pelos celulares.
Como somos um povo organizado estamos sempre atentos.
Recebemos a orientação de ir para Miraflores porque havia
uma tentativa de golpe de Estado”, relatou o primeiro-tenente,
José Rodríguez Nascimento, comandante do batalhão da
Brigada Territorial de Las Vegas.

O militar conta como as Brigadas Bolivarianas se organizaram rapidamente para chegar ao palácio presidencial. “O primeiro grupo chegou 5 minutos depois do alerta. Um segundo grupo chegou 10 minutos depois e um terceiro 15 minutos. Os outros foram chegando aos poucos. Em 40 minutos o palácio estava cercado pela população. Em uma hora já tínhamos entre 500 e 800 pessoas ao redor de Miraflores”, lembra o tenente.

Os opositores nunca chegaram na zona do Palácio, segundo o comandante Nascimentos. “Não chegaram porque a população automaticamente resguardou o Miraflores, organizadas nas Brigadas Bolivarianas, compostas por cidadão comuns com treinamento militar, que são acionados em situações irregulares”, explica.

“Uma coisa que nenhum meio de comunicação estrangeiro mostrou foi que 100 mil pessoas cercaram o palácio presidencial de Miraflores para mostrar seu apoio ao presidente Nicolás Maduro.O número de pessoas em Miraflores era 10 vezes maior que a quantidade de gente da Praça Altamira junto a Juan Guaidó”, aponta Chamorro.

QUEM PLANEJOU O GOLPE?

Guaidó foi quem convocou o levante, mas nos bastidores quem comandava
toda a operação era o político Leopoldo López, libertado da prisão domiciliar
na madrugada daquele dia por militares desertores.

Uma das câmeras de jornalistas que acompanhavam os eventos capta
o momento em López ordena o fechamento da autopista Francisco Fajardo,
via arterial de Caracas, ponto de concentração de opositores.

Deputados opositores confirmam, com a condição de não serem
identificados: era Leopoldo quem comandava tudo.

Além disso, dois oficiais tiveram papel importante no planejamento
da tentativa de golpe.
Um deles era o tenente-coronel comandante da Guarda Nacional
Bolivariana (GNB) Ilich Sánchez Farias, que até aquele momento
era o responsável pela segurança interna de todos os poderes públicos
do Estado, entre eles a Assembleia Nacional, o Tribunal Supremo de
Justiça, o Conselho Nacional Eleitoral, do Ministério Público.
E o outro era o general Manuel Ricardo Cristopher Figuera, ex-diretor
do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), que havia sido
demitido no dia anterior.

O objetivo principal do levante era atacar a base aérea militar La Carlota.

“Os líderes opositores esperavam que houvesse uma reação violenta
do governo venezuelano e das forças militares, para criar a partir disso
um factóide sobre mortos, assassinatos, massacres, bombardeios
e fuzilamentos”, avalia o analista político Amauri Chamorro.

Em sua opinião um contra-ataque das forças armadas poderia justificar
uma intervenção militar dos EUA.

“O objetivo era realmente provocar as Forças Armadas para saírem às ruas
e gerar assassinatos.
Esperavam uma resistência armada, o que seria lógico, pois havia um
ataque a uma base militar.
Isso justificaria, diante da comunidade internacional, uma invasão militar
estrangeira”.

A jornalista da Telesur também levanta essa hipótese.
“O que buscavam era o enfrentamento entre militares.
Mas, do lado de dentro da Carlota nunca houve disparos com armas de fogo.
Apenas bombas lacrimogêneas, para dispersar as pessoas.
A ordem do presidente Maduro, me disse um dos comandantes, era esgotar
a via do diálogo e do uso progressivo da força utilizada para o controle da
ordem pública e não utilizar as armas de guerra contra a população civil”.

“Maduro, muito inteligentemente, ordenou que o exército não reagisse,
sob nenhum pretexto.
Eles deveriam proteger a base, para não ser invadida, porém não tinham
autorização para atirar”, explica Amauri Chamorro.

Um grupo de opositores civis conseguiu entrar na base militar depois
de derrubar parte da grande que cerca a base, segundo Madelein.
“Foi um momento muito tenso, sobretudo quando entraram e começaram
a queimar um comando de aviação. Os militares foram falar com eles,
pediram que se afastassem.

“Vocês já fizeram o que queriam fazer então agora vão embora.
Vocês têm que sair porque essa é uma zona de segurança”, teria dito
um dos oficiais, segundo a jornalista.
O diálogo prevaleceu.
“Em qualquer parte do mundo teriam disparado contra os invasores”,
ressalta.

Os opositores, enfim, se retiraram de dentro da base.

Já era meio dia e o golpe havia fracassado.

Os enfrentamentos com pedras, coquetel molotov e bombas
de efeito moral continuaram, mas o cenário já havia se convertido
em problema de ordem pública.
“Não havia muita gente, o povo não saiu às ruas.
Eram os mesmos de sempre”, diz Madelien García.

O que deu errado nos planos dos opositores golpistas?

Os líderes opositores, que haviam começado o dia com palavras de ordem
e gestos imponentes, foram mudando o semblante com o passar das horas.

Quando o ponteiro do relógio se aproximava do meio-dia, os rostos foram
ganhando ar de preocupação, nervosismo e irritação.

Algo havia falhado.

Os gestos de Leopoldo López indicava que não havia chegado o que eles
tanto esperavam.

“Depois ficamos sabendo que quem lhes falhou foi o general Manuel Ricardo
Cristopher Figuera, ex-diretor do Sebin, que organizou tudo e depois
foi embora.

A informação que temos é que ele esteve em Miraflores um dia antes,
falando com o presidente.
Recebeu ordens, cumpriu algumas delas.
Às 6h da manhã o presidente teve uma última chamada com ele.
Depois disso desapareceu.
Ele deixou a oposição na mão”, diz Garcia, que tem contato direto
com a alta cúpula do governo e dos militares.

A informação extraoficial é de que o então diretor do Sebin, Cristopher
Figuera convenceu a oposição de que tinha o compromisso de alguns
comandos militares, que trairiam o presidente Maduro e passariam
para o lado opositor.
Com isso, haveria condições de haver um golpe de Estado.

Para o analista político Amauri Chamorro tratou-se de uma operação
meticulosamente planejada.

“A contra-inteligência do governo Maduro confundiu a oposição
venezuelana, o governo dos Estados Unidos e os órgãos de inteligência
estadunidenses, fazendo parecer que a unidade do exército e o poder civil
havia sido rompida, que um conjunto de generais tinha se levantado
contra o presidente Maduro”, afirma Chamorro.

Um especialista militar romeno, o ex-comandante Valentin Vasilescu,
publicou um artigo no site Rede Voltaire, que explica como “um pequeno
serviço de contra-espionagem venezuelano, a Sebin (Serviço Bolivariano de
Inteligência Nacional) conseguiu derrotar a CIA”.

O especialista apresenta dados técnicos precisos, sobre como funciona
a espionagem dos EUA, Rússia e Venezuela.

O Brasil de Fato procurou governo venezuelano para checar os dados
e recebeu a informação de que “maioria das informações divulgadas
pelo especialista eram verdadeiras”.

O ex-comandante da Romênia garante que oficiais do Sebin foram
infiltrados em grupos opositores e na imprensa financiada pelos
Estados Unidos.

Houve uma operação com a seleção e a publicação das notícias ligadas
à evolução política na Venezuela.
Uma vez lá, infiltraram informações falsas na imprensa, como se fossem
“vazamentos”, direcionados à CIA.

Entre essas informações está uma sobre a intenção de certos generais
da primeira força-tarefa venezuelana em trair o presidente Nicolás
Maduro e libertar os opositores políticos presos.

“A fim de ganhar a confiança dos agentes da CIA, os membros do Sebin
até organizaram reuniões de conspiração com os generais venezuelanos,
sob total controle da inteligência da contra-espionagem militar”, publicou
Vasilescu.

E disse ainda que Juan Guaidó receberia “pelotão com mais de mil soldados”,
para tomar a base aérea La Carlota.

“Depois disso, a Casa Branca deu luz verde para a ação de 30 de Abril que
se tornou o maior fracasso da CIA no decurso das últimas décadas.

A Venezuela provou que lutar com patriotismo e profissionalismo, mesmo
para um país sul-americano sob embargo, pode quebrar os planos da CIA”,
destaca o especialista militar.

O sociólogo e mestre em Filosofia de Guerra, pela Universidade Militar
Nacional Bolivariana, Jorge Ladera, afirma que uma das razões pelas quais
a oposição não conseguiu ao longo dos últimos 20 anos ter apoio
dos militares é a luta de classes que permeia toda a política venezuelana.

A Força Armada Nacional Bolivariana tem uma composição de classe social
diferente de outros países da América Latina.

No Brasil e na Argentina, por exemplo, a composição das altas patentes
das forças armadas é conformada pela elite, que ao longo dos anos
foram acumulando condições financeiras e influência política.

“No caso da Venezuela, existe uma geração de oficiais que se incorporaram
depois de 1999, no contexto da Revolução Bolivariana, que são de extratos
sociais baixos e que passaram por um processo de formação do
pensamento bolivariano, o projeto de integração latino-americano,
da autodeterminação dos povos, da soberania e do novo conceito de defesa
e desenvolvimento da nação”, destaca o sociólogo.

Por outro lado, a oposição venezuelana é a expressão de classe econômica
que perdeu espaço no poder para o projeto nacional bolivariano.
“Essa é uma classe econômica dominante que não influência sobre essa
nova composição militar, porque no seu momento de controle político
do Estado usava os estamentos militares como uma relação utilitária”,
ressalta Jorge Ladera.

“Ademais, o discurso da oposição venezuelana é entreguista, tem como
princípio a abertura do país para a principal potência mundial”, conclui
Ladera.

https://www.brasildefato.com.br/2019/05/31/por-dentro-da-tentativa-do-golpe-fracassado-de-30-de-abril-contra-maduro
https://www.brasildefato.com.br/2021/04/21/mp-da-venezuela-solitica-extradicao-de-leopoldo-lopez-foragido-apos-acao-armada

Leia também:

https://images02.brasildefato.com.br/6f2c8b94d9c5003bc22a664f492c6b02.jpeg

Processo de inabilitação da pré-candidata Maria Corina Machado
foi iniciado em 2015 sob acusação de inconsistências na
declaração de bens quando era Deputada na Venezuela

“É uma punição de caráter administrativo e isso foi motivado pela inconsistência, pela ocultação de alguns ativos que ela deveria ter apresentado oportunamente em sua declaração de bens.
Especificamente se trata das prestações sociais e alguns auxílios
financeiros que ela recebeu da Assembleia Nacional quando exerceu
o cargo como deputada.
Ao não incluir isso na declaração de bens, a lei contra a corrupção
considera isso uma inconsistência que acarreta de maneira automática
na inabilitação por 12 meses”, disse à época o então Controlador-Geral
da República (CGR), Manuel Galindo Ballesteros.

https://www.brasildefato.com.br/2023/07/05/o-que-se-sabe-sobre-a-inabilitacao-da-pre-candidata-opositora-a-presidencia-da-venezuela

Nelson

Há 75 anos, as democracias (sic) do mundo impuseram, de forma ditatorial, ao povo palestino, a divisão de seu território com a hostilidade e o preconceito do sionismo.

De lá para cá, os sionistas vieram tomando mais e mais terras aos palestinos, confinando-os a um espaço equivalente a mais ou menos um quarto de seu território original.

Não é preciso dizer aqui que, para conseguirem vir tomando todo esse território do povo palestino, os métodos utilizados pelos sionistas, que dominam Israel desde sempre, nada têm a ver com democracia. Pelo contrário, trata-se de uma ditadura da pior espécie, que sobrevive à base de roubo, repressão, tortura e assassinatos.

No entanto, os órgãos da mídia hegemônica e seus comentaristas, e toda uma enorme plêiade de bajuladores dos EUA existente nos meios intelectuais e acadêmicos, vivem a repetir, absurda e exaustivamente, que Israel é a única democracia do Oriente Médio.

Pois, são representantes dessa plêiade que têm a desfaçatez de criticar o Lula quando ele ousa expor, corretamente, o quão relativizada é a democracia praticada por aqueles países, Estados Unidos à frente, que ousam prescrever receitas de democracias a outros.

Zé Maria

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“Quem souber cantar que cante
Quem souber gritar que grite
Mas faça esse mundo acordar!”

https://twitter.com/LeonelBrizolaRJ/status/1677272202020900867
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ZÉ CELSO!
PRESENTE!
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Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/F0YsqIBWcAALCKt?format=jpg

“ZÉ CELSO E O PARQUE RIO BIXIGA: UMA LUTA DE DÉCADAS”

“Hoje, perdemos o gênio da dramaturgia brasileira Zé Celso.

E não tem como falar dele sem lembrar de sua luta de 4 décadas:
a da criação do Parque Rio Bixiga.

Uma luta contra a destruição do nosso patrimônio cultural
e pelo Direito à Cidade.

O Teatro Oficina, com projeto da arquiteta Lina Bo Bardi,
a mesma que fez o Sesc Pompéia, e comandado por Zé Celso,
é tombado nas esferas Municipal, Estadual e Federal,
e já foi eleito o melhor Teatro do mundo na categoria arquitetura.

Mas o terreno de 11 mil m² em seu entorno é privado.
Do Grupo Silvio Santos, já quiseram transformá-lo em shopping,
em 3 prédios, em tudo, menos algo que respeitasse esse patrimônio
histórico, cultural e arquitetônico de São Paulo e do Brasil.

Zé Celso sempre lutou pra que ali virasse um Parque.
O Parque do Rio Bixiga, que leva o nome do rio canalizado
4 metros abaixo da região desse terreno.

Ali virar um parque significaria o respeito à nossa arquitetura,
história, cultura, as artes e à própria Cidade de São Paulo.

E também, o respeito ao Direito à Cidade, apenas no distrito
onde está localizado moram 70 mil pessoas, cujo único verde
são as árvores das ruas e avenidas, e a praça Pérola Byington,
com aproximadamente 30 árvores e alguns arbustos.
E somos gente, não carro.

Há também um caráter ambiental: transformar o terreno em parque
significa poder ressuscitar o Rio Bixiga, um dos que formam
o Rio Anhangabaú, ajudando no escoamento de água de todo
o Centro.

A criação do Parque nesse terreno já foi aprovada uma vez pela Câmara
Municipal, mas foi vetado pela atual gestão da Prefeitura.
Mas há outros projetos em tramitação com o mesmo objetivo.

Que a luta pelo Parque Rio Bixiga cresça.

Pela preservação da história da Cidade, e de Zé Celso,
que ajudou nossa Cidade a ter história.”

https://twitter.com/ErikakHilton/status/1677077021711630337

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Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/F0YsqICX0AAHFsz?format=jpg

O Anjo da Dramaturgia alçou Vôo para Planos Mais Altos

https://pbs.twimg.com/media/F0YsqIBWcAALCKt?format=jpg

Zé Maria

https://twitter.com/i/status/1677087639810236417

“Recebi com enorme tristeza a notícia da partida
do querido Zé Celso Martinez Corrêa.

Somos amigos da vida inteira e estivemos juntos
em peças memoráveis no @TeatroOficina.

Em homenagem a ele, vou seguir lutando
pela criação do Parque do Rio Bixiga
e em defesa do Teatro.”

EDUARDO SUPLICY
Deputado Estadual (PT/SP)
https://twitter.com/esuplicy/status/1676947376492417024

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Zé Maria

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Zé Celso: A Arte em Pessoa

O Teatro Brasileiro e, além, Mundial sofre Perda Irreparável

com o Encantamento do Imprescindível Gênio de Zé Celso.
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Zé Maria

“O Brasil se despede de um dos maiores nomes da história
do teatro brasileiro, um dos seus mais criativos artistas.
José Celso Martinez Correa, ou Zé Celso, como sempre
foi chamado carinhosamente, foi por toda a sua vida um
artista que buscou a inovação e a renovação do teatro.

Corajoso, sempre defendeu a democracia e a criatividade,
muitas vezes enfrentando a censura.
Transformou o Teatro Oficina em São Paulo em
um espaço vivo de formação de novos artistas.
Deixa um imenso legado na dramaturgia brasileira
e na cultura nacional.
Meus sentimentos aos seus familiares, alunos e admiradores.
A trajetória de José Celso Martinez marcou a história das artes
no Brasil e não será esquecida.”

Luiz Inácio LULA da Silva
Presidente da República do Brasil
(2023-2026)
https://twitter.com/LulaOficial/status/1676945191729496064

Zé Maria

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“Nunca um chavão se encaixou tanto num momento triste
para quem vive em SP:
Zé Celso era um farol de milha na escuridão da mediocridade.”

Jornalista LUIZ CARLOS AZENHA
https://twitter.com/luizazenha23/status/1676970135922577409
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https://twitter.com/i/status/1677045494164627456

“Nós levaremos em frente a luta de Zé Celso
pelo Parque do Bixiga, em São Paulo!”

GUILHERME BOULOS
Deputado Federal (PSoL/SP)
https://twitter.com/GuilhermeBoulos/status/1677045494164627456
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ZÉ CELSO!
PRESENTE!
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Zé Maria

Alguém falou em “Ditadura”? …

No Canetaço, Presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS), Alexandre Postal (MDB/RS), cassou Liminar da Conselheira Relatora
que impedia a Assinatura do Contrato de Privatização da CORSAN,
em Processo ainda em Fase de Instrução no TCE-RS.

O Sindiágua-RS divulgou nota, no início da noite desta quarta-feira (5),
anunciando que impetrará Mandado de Segurança no Tribunal de Justiça
do Estado (TJ-RS) contra essa ‘decisão teratológica’do presidente do TCE.

“Cabe lembrar que Postal é ex-deputado estadual do MDB,
mesmo partido do atual vice-governador do RS, que quer ser
o próximo governador, que o indicou ao TCE e garantiu a sua
aposentadoria vitalícia.
Seu irmão é ainda diretor do Banrisul indicado pelo governador
Eduardo Leite (PSDB).
Postal se comportou como um ajudante de ordens do Palácio
Piratini, não agiu como conselheiro e sim como político indicado
pelo partido que está no poder”, afirma o presidente do Sindiágua.

Para o Sindiágua, Entidade Sindical que representa os Funcionários
da Corsan, “a decisão, inédita na história do Rio Grande, de suspender
a liminar que impedia a assinatura do contrato de venda da Corsan
não pode subsistir”, pois “interrompe o correto andamento de uma
Auditoria Especial que cumpria seu papel de proteger o patrimônio
do Estado; ignora a fundamentada posição do Ministério Público
de Contas que defendia a anulação do leilão; humilha a Conselheira
Relatora que na semana passada, ao negar idêntico pedido do
Consórcio Aegea (arrematante), argumentava que precisava
completar a instrução do feito.”

“O Presidente do TCE não pode cassar decisão de uma Conselheira.”

“O Sindiágua/RS entrará com Mandado de Segurança e tem certeza
que o TJRS garantirá o devido processo legal.

De todo o modo, o contrato de compra e venda da CORSAN
não pode ser assinado antes de o Tribunal Pleno do TCE se
manifestar, referendando ou não, essa decisão teratológica.”

“Atos sujeitos a referendo só surtem efeitos depois de passar
pelo crivo do Plenário do Tribunal. Antes disso não têm eficácia.
Espera-se que o Pleno do TCE respeite sua história.”

https://cutrs.org.br/sindiagua-rs-aciona-tj-rs-contra-decisao-do-presidente-do-tce-sobre-corsan/

Marcos

A democracia É relativa. Quando falarem em democracia, deve-se sempre perguntar a QUAL democracia se refere, pois o conceito muda de sistema para sistema. Por exemplo: Durante a ditadura militar no Brasil, o presidente era eleito em uma eleição INDIRETA, da mesma maneira em que são eleitos os presidentes dos EUA que é uma “democracia”, mas nos moldes mais avançados do capitalismo. Isto significa que os governo dos EUA pode ser TAMBÉM chamado de ditadura, mas que funciona de modo mais “suave” e MUITO fora da realidade. Por outro lado a democracia socialista, onde o conceito central é: “O que a maioria decide, o reto acata.” é encarado como ditadura, mas atua exatamente ao contrario do que os outros exemplos citados acima. Mas nós Comunistas costumamos chamar de Ditadura da MAIORIA diferente da democracia capitalista, que até pode eleger o seu presidente de forma direta, como aqui no Brasil, mas que na realidade é governada por uma minoria que representa mais as classes opressoras do que os trabalhadores.

Zé Maria

“o que me incomoda são os que criticam a Venezuela
e ‘glorificam’ a Ucrânia, onde partidos de oposição
são banidos e a ‘política de informação unificada’
é imposta, e silenciam sobre Azov neonazista.

Hillary teve mais votos,
[para Presidente dos EUA]
mas quem ganhou foi Trump”

https://twitter.com/Jazidia1/status/1676322338386632704
https://twitter.com/Nicefacundo/status/1676333362225479683

Zé Maria

Notícias da ‘Democracia’ braZileira
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Tony Garcia é intimado por Toffoli a depor

O empresário Antônio Celso Garcia, o Tony Garcia,
será ouvido por um juiz auxiliar designado pelo
ministro Dias Toffoli, do STF, para apurar as
denúncias que ele relatou à juíza Gabriela Hardt
em 2021 e que incriminam Sergio Moro e
integrantes do Ministério Público Federal,
principalmente Carlos Fernando dos Santos Lima
e Januário Paludo.

Tony Garcia é o homem-bomba de Moro
e suas revelações poderão colocar
o ex-juiz na prisão. [Será?]

O ex-agente infiltrado de Moro já gravou
mais de dez horas de entrevistas,
no documentário que realizo,
“Um Juiz Fora da Lei – os Crimes
de Moro e a Máfia de Curitiba”.

As declarações de Tony não deixam
margem à dúvida:
Moro agia como chefe mafioso.

Jornalista Joaquim de Carvalho

https://www.dabysantos.com.br/2023/07/04/tony-garcia-e-intimado-por-toffoli-e-deve-implodir-moro-em-depoimento-no-stf/

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