Ângela Carrato: Zema põe à venda todas as estatais mineiras, como se fossem eletrodomésticos das lojas de sua família
Tempo de leitura: 5 minVende-se tudo. Tratar com Zema
Por Ângela Carrato*, no Novojornal
Minas Gerais é hoje periferia do Brasil sob o ponto de vista do desenvolvimento econômico.
Além de ter histórico de industrialização tardia, vem perdendo espaço e representatividade ao longo das últimas décadas. E nesse segundo governo Zema, pode chegar ao fundo do poço.
Mas houve tempo em que os ocupantes do Palácio da Liberdade tinham como prioridade o desenvolvimento.
Os casos mais notáveis são os de Juscelino Kubitscheck, Israel Pinheiro, Rondon Pacheco, Aurélio Chaves e Francelino Pereira.
Nos anos 1950, JK percebeu que sem energia e sem estradas não era possível falar em desenvolvimento.
Em Belo Horizonte, por exemplo, a energia elétrica estava a cargo da Companhia Força e Luz, empresa de capital inglês e canadense, que não investia em expansão.
Não havia energia suficiente para Belo Horizonte crescer e nem para a industrialização do estado.
Foi por isso que Juscelino lançou-se num arrojado projeto que desembocou na criação da Cemig.
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Foi para integrar as várias regiões de Minas que ele também deu início a um ambicioso programa de construção de rodovias.
Acredite se quiser caro leitor/a, mas houve tempo em que as estradas de rodagem em Minas eram excelentes e causavam inveja a cariocas e paulistas.
Israel Pinheiro foi o governador que preparou a mudança voltada para a diversificação.
Já Rondon Pacheco deu início à implantação da indústria de bens de capital, com várias iniciativas sendo tomadas, como a criação da Usiminas Metal mecânica, Acesita, Belgo Bekaert e Kroup.
Foi no governo de Rondon Pacheco que a italiana Fiat automóveis iniciou a instalação de sua montadora em Betim.
Era a primeira montadora a se instalar fora do ABC paulista.
Israel sucedeu ao banqueiro Magalhães Pinto, aquele que sonhou em ser o “líder civil” da “Revolução de 1964” e acabou no lixo da história.
Preterido pelos militares golpistas que ajudou a colocar no poder, Magalhães virou exemplo do que um político não deve fazer, ao jogar o Brasil numa ditadura que durou 21 anos.
Israel Pinheiro foi eleito num gesto de rebeldia dos mineiros contra o ditador de plantão. Ele, que pertencia ao Partido Social Democrata (PSD), nunca se deu bem com o golpismo personificado na União Democrática Nacional (UDN), de Magalhães Pinto.
A UDN era uma espécie de PSDB da época. Talvez por isso, o desenvolvimentista Israel Pinheiro, amigo e colaborador de JK, seja até hoje tão mal falado.
Mesmo tendo conseguido manter o ritmo de crescimento, entrou para a história como o responsável pelo Pavilhão da Gameleira ter desabado, o maior desastre acontecido em Minas até então, deixando 69 mortos e 50 feridos.
Não se imaginava que, décadas depois, aquele desabamento, que chocou tanta gente, iria dar lugar a algo muito mais grave: os crimes humanos e ambientais cometidos pela mineradora Vale após privatizada, a preço de banana, pelo presidente tucano Fernando Henrique Cardoso.
Os crimes da Vale não chocam mais ninguém. Tanto que o governador Zema negociou com a empresa transformar indenização aos atingidos em construção do Rodoanel, uma obra que ninguém quer, mas que está sendo feita porque interessa à Vale e ao governador.
Um escárnio com os atingidos!
Aureliano estava certo ao defender e implantar a Açominas. Mas errou ao decidir pela construção da Ferrovia do Aço, uma obra cara, desnecessária e que interessava apenas às mineradoras.
Algo semelhante ao que acontece agora com o Rodoanel.
Francelino Pereira deixou marcas importantes em Minas Gerais. Ao dar sequência à expansão da Açominas, respondia a uma pergunta então insistentemente formulada por Osório da Rocha Diniz, um dos fundadores da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG: “por que exportar minério bruto se é possível agregar-lhe valor aqui mesmo?”
Na gestão de Francelino Pereira foi construído o aeroporto internacional de Confins e mais de 1.000 escolas públicas. O programa de cidades-dique e de estradas vicinais, coordenado pelo seu secretário de Planejamento, Paulo Haddad, mudou para melhor parte significativa do interior do Estado.
Até então, vinha sendo implantado um projeto de desenvolvimento que acabou abandonado no meio do caminho.
O que foi feito do Projeto Jaíba? E do polo industrial de Montes Claros?
Tancredo Neves, que ocupou o Palácio da Liberdade por apenas dois anos, não se dedicou a tais assuntos. Mas, justiça seja feita, desempenhou importante papel no retorno do país à democracia.
Por razões diferentes, governadores como Hélio Garcia, Newton Cardoso, Eduardo Azeredo, Itamar Franco, Aécio Neves, Antônio Anastasia e Fernando Pimentel não conseguiram realizar o que o Estado mais precisava, que era e continua sendo diversificar a economia e superar a dependência histórica da mineração.
A favor de Itamar Franco é preciso que se diga que ele barrou a fúria privativista dos tucanos Eduardo Azeredo e Fernando Henrique Cardoso.
Aécio, através de jogadas de marketing, chegou a anunciar déficit zero nas finanças estaduais e a inaugurar a tão cara quanto desnecessária, Cidade Administrativa.
O déficit zero comprovou-se uma balela e a Cidade Administrativa tornou-se um elefante branco, que passou anos luz de aproximá-lo da imagem de JK.
Mas é Romeu Zema, de todos os governadores de Minas, o que mais distante pode ser colocado em relação a JK.
Ele é o próprio anti-JK. O que um construiu, o outro insiste em destruir.
Depois de um primeiro mandato conquistado de carona com Bolsonaro, Zema sonha agora ocupar o vazio político deixado na extrema-direita pela inelegibilidade praticamente certa do ex-capitão.
Poucas vezes, no entanto, se viu uma cena tão vergonhosa quanto a dele, na última semana em Nova York, botando todas as estatais mineiras à venda.
Em sentido contrário ao de uma política de proteção à indústria como a que o presidente Lula está fazendo, será impossível para Zema recuperar o atraso de Minas Gerais.
Sem programa de governo que mereça esse nome, o seu projeto passa a ser liquidar tudo: Cemig, Copasa, Gasmig, Codemig, além de conceder a Rodoviária de Belo Horizonte e estradas para a iniciativa privada.
É importante destacar que seu posicionamento está na contramão do mundo desenvolvido. Na Europa, Paris, Berlim e outras 265 cidades que privatizaram água e saneamento estão voltando atrás.
Já nos Estados Unidos, referência quando se fala em privatização, 67 serviços foram reestatizados nos últimos anos. Motivo: além de piorarem, ficaram muito mais caros.
Some-se a isso que privatizar a Codemig parece maior contrassenso ainda quando o próprio Zema anuncia a criação do Vale do Lítio, no Jequitinhonha. Não seria melhor uma parceria entre o Estado e a iniciativa privada?
Será que Zema não foi informado que o governo do Chile acaba de criar uma empresa estatal para cuidar da exploração do lítio?
Será que ele não sabe que a Bolívia já fez o mesmo para evitar ação predatória dos Elon Musks da vida?
Ou será que Zema fez esse anúncio para ficar bem com os interesses predatórios internacionais?
Neste quadro, não deixa de ser lamentável ver que ele, em seu périplo por Nova York, convidado não por autoridades locais, mas pela Lide, empresa de eventos do paulista João Dória, estava acompanhado pelo próprio presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Foi-se o tempo em que a Fiemg tinha a indústria como pauta e o desenvolvimento como meta.
Foi-se o tempo em que governadores pensavam no interesse público e em políticas de estado.
Zema, pelo visto, quer apenas crescer na vida pública, logo ele que, como Bolsonaro, sempre desdenhou da política.
O que Zema apresenta não passa de marketing no estilo Aécio Neves. Sua proposta pode ser resumida a vende-se tudo, barato e o mais rápido possível.
O problema é que Zema não está vendendo fogões, geladeiras ou máquinas de lavar nas lojas de eletrodomésticos de sua família. O que ele está colocando à venda, a preço de banana, é o nosso futuro e o das próximas gerações.
Possivelmente Zema acredite que acenando para os interesses estrangeiros possa agradar à turma da Faria Lima e ter chances como candidato em 2026.
Que se danem os professores, os funcionários públicos e a maioria da população que votou nele.
É triste constatar, mas se esse projeto prevalecer, a história pode dar razão ao poeta Carlos Drummond de Andrade.
Minas Gerais não haverá mais.
*Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG.
Leia também:
Ângela Carrato: Tiradentes e seus ideais esquartejados de novo por Zema, Temer e Moro
Comentários
Zé Maria
Gás de Cozinha deve ficar abaixo dos R$ 100,00
pela primeira vez desde outubro de 2021.
Segundo o Presidente da Petrobras, amanhã o
preço médio ficará em R$ 99,87 o Botijão de 13 kg.
Zé Maria
Extra! Extra!
Petrobras anuncia Redução dos Preços dos Combustíveis:
O Gás de Cozinha (GLP) cairá 21,3%;
A Gasolina terá queda de 12,6%
e o Óleo Diesel 12,8%.
Amanhã (17).
Zé Maria
“O pesadelo chegou ao fim.
Um dia para ser comemorado”,
diz FUP sobre Nova Política de Preços de Combustíveis da Petrobras
Em quase sete anos de PPI (Preço de Paridade de Importação),
implementado em 2016 por Michel Temer e mantido por Jair Bolsonaro,
o gás de cozinha aumentou 223,8%, na refinaria, custando R$ 108, em média, no Brasil, para o consumidor
Antes da existência do PPI, entre janeiro de 2003 e outubro de 2016 [Governos Lula e Dilma], o preço do GLP acumulou alta de apenas 15,5%, com somente dois reajustes em treze anos
– período no qual o barril do petróleo no mercado internacional, também convertido em Reais (R$), variou 95,2%.
Um dia antes da implantação do PPI em 14 de outubro de 2016,
o gás de cozinha, para o consumidor, custava em média R$ 55,35 no Brasil;
o litro da gasolina era vendido a R$ 3,65;
o diesel custava R$ 3,00
https://fup.org.br/o-pesadelo-chegou-ao-fim-um-dia-para-ser-comemorado-diz-fup-sobre-nova-politica-de-precos-de-combustiveis/
O que os Doutrinados pelo Neoliberalismo que defendem o PPI não admitem é que a Petrobras não é uma Empresa Privada que remete os Lucros aos Donos.
A Petrobras é uma Empresa Semi-Estatal (Sociedade de Economia Mista),
cujo Acionista Controlador é a União Federal, tendo portanto Administração Governamental que deve, por conseguinte, dirigir os Lucros ao Desenvolvimento Social do Brasil em Benefício dos Trabalhadores Mais Pobres.
Zé Maria
Petrobras Anuncia o Fim do Preço de Paridade de Importação dos Produtos Refinados do Petróleo
e noticia a Nova Política de Preços dos Combustíveis da Petrolífera Brasileira
RBA São Paulo – A Petrobras pôs fim, nesta terça-feira (16), a política de Preço de Paridade de Importação (PPI) do petróleo e combustíveis derivados, como gasolina e diesel, com o dólar e o mercado internacional.
Em comunicado, a Diretoria Executiva da estatal anunciou uma nova estratégia de comercialização, baseada no “custo alternativa do cliente – que contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos – como valor a ser priorizado na precificação”
e no “valor marginal para a Petrobras” – baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia, dentre elas, produção, importação e exportação do produto e/ou dos tipos de óleo bruto utilizados no refino.
O novo modelo, ainda de acordo com a estatal, vai considerar a participação da petrolífera e o preço competitivo de cada mercado e região; assim como a otimização dos ativos de refino e a rentabilidade de maneira sustentável.
A confirmação da mudança foi comemorada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Um levantamento da entidade, realizado em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), a partir de dados da Petrobras, mostra que,
durante a vigência da PPI, o preço do botijão de gás de cozinha, de 13 quilos, mais demandado pela população de baixa renda,
registrou um aumento de 223,8%, passando a custar R$ 108, em média, para o consumidor.
“Depois de quase sete anos assombrando o povo brasileiro, o pesadelo chega ao fim”,
destacou o Coordenador-Geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Para o petroleiro, o governo Lula está “abrasileirando o preço dos combustíveis, conforme promessa de campanha”.
Com a nova estratégia, de acordo com Bacelar, a tendência é que o gás de cozinha, a gasolina e o diesel fiquem mais acessíveis e baratos.
”Pois os custos nacionais de produção, em reais, entrarão na composição dos preços.
Afinal, o Brasil é autossuficiente na produção de petróleo, a Petrobras tem grande parque de refino e utiliza majoritariamente petróleo nacional que ela mesma produz.
Assim, com a nova política, reduz-se também a volatilidade de preços ao consumidor”,
analisa o dirigente sindical.
A FUP e seus Sindicatos protestavam desde 2016 pela derrubada do PPI,
apontado como uma política que garantiu megalucros à Petrobras e dividendos [repasses dos lucros] recordes a Acionistas [-principalmente Estrangeiros -]
em detrimento de investimentos no desenvolvimento sócio-econômico do Brasil.
Íntegra:
https://www.redebrasilatual.com.br/economia/petrobras-anuncia-nova-politica-de-precos-e-fim-da-paridade-internacional-de-importacao/
Zé Maria
https://www.investidorpetrobras.com.br/wp-content/uploads/sites/299/2023/05/1t23.png
A Imprensa Venal e os Robôs Neoliberais estão fazendo Campanha Acirrada contra a Mudança da Política de Reajuste de Preços da Petrobras.
Ao ponto que C@lunistas e Comentaristas da Mídia do Mercado
estão lançando Fake News para que as Ações da Petrobras caiam na Bolsa, para tentar justificar a Manutenção da Dolarização dos Preços dos Derivados de Petróleo (Gás de Cozinha/GLP, Gasolina, Óleo Diesel, Querosene de Aviação, etc).
Mas as Ações da Petrobras estão subindo.
E o Cidadão Brasileiro, Consumidor dos Produtos produzidos pela Refinação do Óleo Bruto,
não tá nem aí pra Bolsa de Valores, quer mesmo é Gás em Casa, Diesel no Caminhão e no Ônibus, e Gasolina no Carro e na Moto.
https://petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/areas-de-atuacao/refino/
Zé Maria
No Partido Novo só ficou o que não presta:
Neoliberal, Reacionário e Fascista,
com Adeptos na Imprensa do Mercado,
do qual o Zema é um Lacaio.
Bernardo
Vergonha e cara de pau. O pior disso tudo é a cumplicidade da ALMG que a tudo assiste e nada faz, bem como do TCE que tem a obrigação de zelar pelo patrimonio do estado. A culpa é do povo que o elegeu e de quem induziu o povo a isso ( o PIG mineiro é o pior do pais).
Ricardo Oliveira
Parabéns aos mineiros que votaram neste entreguista porque a ignorância e egoísmo deles será sua ruína.
Antonino de Pádua
Sou mineiro e sinto este cheiro de minério misturado ao cabelo, ao corpo das cidades e dos cidadãos mineiros.
Despejado, amontoado nas pilhas, depois enchem os trens que vão para d’além mar. E este senhor Zema, intitulado como “governador” das Minas Gerais, não tem gerado absolutamente nada para o povo mineiro. Numa rádio bolsonarista em Divinópolis, achou que a maior poeta brasileira, Adélia Prado, ali trabalhava. Não a conhecia, nunca leu um poema, uma folha de jornal…
E como disse Carlos Drummond: “Minas Gerais é apenas uma fotografia na parede, mas como doi meu coração…”
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