Lula, na posse de Dilma: Tornar o banco do Brics o maior banco de investimentos do mundo para os países em desenvolvimento; vídeo

Tempo de leitura: 4 min

No vídeo acima, íntegra dos discursos de Dilma (vai até 12min41s) e de Lula (começa aos 14min26s)

Da Redação

Na manhã desta quinta-feira, 13/04, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (@LulaOficial) participou em Xangai, na China, da posse de Dilma Rousseff (@dilmabr) como presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB na sigla em inglês).

O NDB, conhecido como Banco do Brics (bloco econômico composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), não tem a participação do Fundo Monetário Internacional (FMI) ou instituições financeiras de países de fora do grupo. 

Dilma foi a primeira a discursar na cerimônia.

Ela defendeu o viés social do banco e assumiu o compromisso do NDB com a proteção ambiental, infraestrutura social e digital.

Em toda sua fala sinalizou apoio às comunidades mais pobres e a necessidade de ajudá-las a garantir moradia e condições mais dignas, a ex-presidenta da República pediu “prosperidade comum” a todos.

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“Assumir a presidência do NDB é uma oportunidade de fazer mais para os países dos Brics, mas também para os países emergentes e os países em desenvolvimento”, disse.

“Estou confiante de que juntos podemos realizar nossa visão de desenvolvimento. Queremos que a prosperidade seja comum a todos os países”, acrescentou.

Lula

Em seu discurso, o presidente Lula não poupou críticas ao modelo tradicional de financiamento de instituições financeiras internacionais.

“Pela primeira vez, um banco de desenvolvimento de alcance global é estabelecido sem a participação de países desenvolvidos em sua fase inicial. Livre, portanto, das amarras e condicionalidades impostas pelas instituições tradicionais às economias emergentes. E mais, com a possibilidade de financiamento de projetos em moeda local”.

Lula continuou exaltando o papel do banco como um instrumento de combate à desigualdade.

Para ele, o NDB deve atender os mais afetados por questões climáticas e econômicas, ajudando-os em uma recuperação.

“A mudança do clima, a pandemia e os conflitos armados impactam negativamente as populações mais vulneráveis. Muitos países em desenvolvimento acumulam dívidas impagáveis. É nesse contexto que a criação do NDB se impõe”.

Para ele, os bancos devem ter “paciência” e ter em mente a palavra tolerância ao renovar seus acordos de financiamento

“Nenhum governante pode trabalhar com uma faca na garganta porque está devendo”, disse.

“Não cabe a um banco ficar asfixiando as economias dos países como está fazendo com a Argentina o Fundo Monetário Internacional”, completou.

Por fim, Lula fez um aceno à comunidade internacional. Em um tom mais abrangente, pediu mais generosidade para as pessoas.

“Não podemos ter uma sociedade sem solidariedade, sem sentimento. Temos que voltar a ser generosos. Vamos ter que aprender a estender a mão outra vez. Nós precisamos derrotar o individualismo que está tomando conta da humanidade”.

Centro de Pesquisa e Desenvolvimento

Como parte da agenda de atividades empresariais da viagem da comitiva brasileira à China, o presidente visitou o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Huawei, em Xangai, nesta quinta-feira (13/4).

Acompanhado do CEO da empresa, Liang Hua, Lula percorreu amplos salões com telões que retratam algumas das mais recentes conquistas em tecnologia digital e inovação desenvolvidos pela empresa, que atua há 25 anos no Brasil. Lula chegou a experimentar um óculos de realidade virtual.

Lula visita o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Huawei, em Xangai, junto com CEO da empresa. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Na explanação para Lula,  a empresa reforçou o compromisso de trabalhar numa perspectiva de longo prazo para o desenvolvimento sustentável do Brasil, em parcerias com foco em conectividade, inclusão digital, educação, saúde e reindustrialização.

A apresentação mostrou, por exemplo, conquistas em projetos de conectividade digital em zonas remotas da Amazônia e ações para conectar escolas públicas e interligar setores de segurança.

“A empresa fez uma apresentação sobre 5G e soluções em telemedicina, educação e conectividade. Um investimento muito forte em pesquisa e inovação”, afirmou Lula por meio de seu perfil no Twitter.

Banco do Brics

Criado em dezembro de 2014 para ampliar o financiamento para projetos de infraestrutura e de projetos de desenvolvimento sustentável no Brics e em outras economias emergentes, o NDB atualmente tem cerca de US$ 32 bilhões em projetos aprovados.

Desse total, cerca de US$ 4 bilhões estão investidos no Brasil, principalmente em projetos de rodovias e portos

Em 2021, o Banco do Brics teve a adesão dos seguintes países: Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai.

Acima, a comitiva brasileira que acompanhou o presidente Lula a Xangai, na China. Abaixo, Dilma Rousseff, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, que é presidenta do PCdoB. Fotos: Ricardo Stuckert/PR

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Comentários

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Zé Maria

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
e o China Development Bank (CDB), instituição de fomento do país
asiático, assinaram acordo para captação de até US$ 1,3 bilhão
para investimentos no Brasil.

De acordo com o BNDES, os recursos poderão ser destinados
a setores como saneamento, manufatura e alta tecnologia,
além de contribuir para reforçar o comércio bilateral entre Brasil e China.

O acordo estabelece condições gerais que serão detalhadas
em outros dois documentos.
O primeiro prevê US$ 800 milhões para investimentos de longo
prazo e outro de US$ 500 milhões para aplicações de curto prazo.
[…]
Em comunicado, o BNDES explicou que a linha de longo prazo será de até 10 anos e terá como foco o financiamento de projetos de infraestrutura, energia, manufatura, petróleo e gás, agricultura, mineração, saneamento, agenda ASG (ambiental, social de governança), mudança climática e desenvolvimento verde, prevenção a epidemias, economia digital, alta tecnologia, gestão municipal e outros segmentos no Brasil.
[…]
Já na linha de curto prazo, de 3 anos, o montante será utilizado como parte do orçamento de investimentos do BNDES, podendo apoiar, por exemplo, operações que promovam o comércio bilateral entre China e Brasil.

“Os clientes destas linhas de financiamento são potencialmente empresas privadas e entes públicos, que demandem crédito ao BNDES para apoio a investimentos nos segmentos mencionados, nas condições previstas nas políticas operacionais do BNDES”, diz o comunicado.

Segundo o BNDES, o relacionamento entre os dois bancos teve início em 2007, quando foi negociado o financiamento para construção do Gasoduto Sudeste-Nordeste. Na ocasião, foi firmado contrato de empréstimo externo formalizando a captação de recursos, pelo BNDES, no valor de US$ 750 milhões.

O acordo entre os bancos foi firmado no âmbito da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China.

Na sexta-feira (14), Lula e o presidente chinês, Xi Jinping, também assinaram 15 atos em diversas áreas.

https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2023-04/bndes-e-banco-de-fomento-chines-assinam-acordo-de-us-13-bilhao
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De qualquer forma, o Brasil não pode ficar dependente apenas de
empréstimos externos para Financiamentos Públicos ou Privados.

Por isso, o Banco Central tem de baixar a Taxa Básica de Juros (Selic)
o País precisa crescer econômica e socialmente pelas próprias pernas.
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abelardo

Uma ótima notícia, para uma providencial iniciativa. Contudo, entendo ser necessária toda atenção e também um núcleo de inteligência investigativa que pesquise e fatie cuidadosamente todos os pedidos de ajuda e socorro, por parte dos países filiados ao NDB. A razão para agir com toda prudência está na expertize de grandes conglomerados financeiros, que já devem ter declarado guerra e boicote ao NDB, antes mesmo dos seus primeiros passos. Por vários motivos e táticas, eles podem tentar usar algum país em desenvolvimento para, através de empréstimo ou ginanciamento, provocar graves prejuízos. Portanto, seja prejuízo material, financeiro ético, moral ou de credibilidade, não se pode subestimar o furioso poder financeiro e traiçoeiro das grandes corporações, que certamente usarão todos os artifícios que tiverem ao alcance, para evitar qualquer redução em seus lucros, por mínimo que seja.

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