“Reportagem da Folha sobre gripe suína é totalmente furada; uma irresponsabilidade”
Tempo de leitura: 10 minAtualizado em 23 de julho de 2009 | Publicado em 22 de julho de 2009
por Conceição Lemes, do site antigo
Domingo, 19 de julho, capa da Folha de S. Paulo:
Gripe suína deve atingir ao menos 35 milhões no país em 2 meses
Domingo, 19 de julho, caderno Cotidiano da Folha de S. Paulo:
Gripe pode afetar até 67 milhões de brasileiros em oito semanas
Difícil o cidadão comum ler essas manchetes, e não se apavorar. Quem ainda tem na memória a epidemia midiática de febre amarela de 2008, é impossível não se indignar. Um verdadeiro crime contra a saúde pública foi cometido pela mídia corporativa. O pânico desencadeado pela combinação de má-fe e incompetência de grande parte da imprensa levou milhões de pessoas a se vacinar inutilmente e a correr riscos desnecessários devido aos efeitos colaterais. Duas morreram estupidamente.
Fazer política com notícias de saúde pode matar. E a julgar pela matéria de domingo passado sobre influenza A (H1N1), popularmente conhecida como gripe suína, parece que a lição não foi devidamente aprendida.
Ao descer os olhos pela reportagem descobre-se que:
A pandemia de gripe provocada pela nova variante do vírus A H1N1 poderá atingir entre 35 milhões e 67 milhões de brasileiros ao longo das próximas cinco a oito semanas. De 3 milhões a 16 milhões desenvolverão algum tipo de complicação a exigir tratamento médico e entre 205 mil e 4,4 milhões precisarão ser hospitalizados.
Esses cenários estão na terceira versão do documento “Plano Brasileiro de Preparação para uma Pandemia de Influenza”, publicado em abril de 2006 pelo Ministério da Saúde. Trata-se de um modelo matemático estático criado por epidemiologistas com base no perfil de pandemias anteriores.
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Por ser um esquema genérico e não um estudo específico para o atual vírus, são necessários alguns cuidados ao extrapolá-lo para o presente surto.
É possível que alguns dos pressupostos contidos no modelo não valham para o H1N1, cujos parâmetros de transmissão e morbidade ainda não são bem conhecidos, como explicou Eduardo Hage, diretor de vigilância epidemiológica da Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério.
Será que depois do terror da manchete e do primeiro parágrafo alguém da população em geral vai atentar para o restante?
Por que se usou 35 milhões na capa e 67 milhões na chamada interna? Se o jornalista acreditava tanto nos seus cálculos por que não expor aos leitores os dois números juntos? Receio de que o dado pareceria mais inverossímel tamanha a diferença? Ou ficar com os pés nas duas canoas, para uma desculpa estratégica?
Quantos da população em geral sabem um modelo estatístico não significa que isso vá ocorrer na prática?
Se o estudo não é específico para o vírus H1N1, por que forçar a barra? Ter chamada na primeira página? Ou algo mais por trás? Uma das hipóteses: tirar o foco de São Paulo e Rio Grande do Sul, estados governados pelo PSDB e onde há maior número de casos, e jogá-lo no governo federal, já a Folha é tucana-serrista.Que cuidados seriam então necessários para extrapolar o estudo de 2006 para a gripe suína?
Para colocar os pingos nos is, o Viomundo entrevistou o médico epidemiologista Eduardo Carmo Hage, diretor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde. É o mesmo citado na reportagem da Folha.
Viomundo – Domingo, quando li na Folha Online que a pandemia de “gripe suína afetar até 67 milhões de pessoas nas próximas cinco a oito semanas”, pensei na “epidemia” de febre amarela. Só que, agora, o terrorismo midiático pode levar a uma corrida aos hospitais. Por isso vamos direto ao x da questão: a reportagem da Folha procede ou não?
Eduardo Hage – Não. Há um erro capital na matéria, e o jornalista foi alertado. Mesmo assim, ele utilizou parâmetros do estudo para o vírus H5N1 [responsável pela gripe aviária] para calcular quantas pessoas poderiam ser infectadas pelo H1N1 [causador da gripe suína], quantas precisariam de cuidados médicos e quantas seriam internadas por complicações da doença. Os parâmetros utilizados pela Folha de S. Paulo são totalmente furados. Não têm base epidemiológica, estatística, científica. Foi um chute a quilômetros de distância do alvo.
Viomundo – O que realmente a Folha perguntou ao Ministério da Saúde?
Eduardo Hage — O jornalista perguntou se estávamos trabalhando com algum modelo matemático como o feito para preparação da pandemia de H5N1 e se os parâmetros utilizados naquele modelo serviam para esta pandemia. Fui taxativo: o Ministério da Saúde, assim como a Organização Mundial de Saúde (OMS), não estão trabalhando com modelo estatístico para essa pandemia.
Viomundo — Por quê?
Eduardo Hage – Hoje, não existe nenhuma estimativa suficientemente válida para calcular a taxa de ataque, que o jornalista da Folha usa no texto dele. Existe somente um estudo realizado no início da pandemia em La Gloria, localidade pequena, isolada, no México. Qualquer estatístico com boa formação sabe que não dá para extrapolar esses dados para doença disseminada, como a influenza A. Portanto, por prudência, o Ministério da Saúde e a OMS não construíram ainda modelos matemáticos para a presente pandemia.
Viomundo — O que é taxa de ataque?
Eduardo Hage – É o percentual de pessoas que vai se infectar pelo vírus entre aquelas sem imunidade contra a doença. São as pessoas suscetíveis. Suponhamos que num grupo de 100 pessoas suscetíveis 50 se infectem. A taxa de ataque seria de 50%. Também não há o dado sobre transmissibilidade. Ou seja, a partir de um caso, quantas pessoas poderão se infectar.
Viomundo — O Ministério da Saúde não dispõe desse número?
Eduardo Hage – Nem nós nem ninguém. Não há nenhuma publicação válida hoje que forneça os parâmetros básicos para se construir um modelo matemático. Por isso ele não existe. Chamei ainda a atenção do jornalista de que as estimativas para H5N1 basearam-se nas pandemias de 1918, da gripe asiática e na de Hong-Kong, e que não eram válidas para esta pandemia de gripe.
Viomundo – Mas o texto dá a entender que sim, ressalvando que alguns pressupostos contidos no estudo do H5N1 podem não valer para o vírus da gripe suína.
Eduardo Hage — Os parâmetros do estudo do vírus H5N1 NÃO VALEM para a gripe suína. Foi isso que eu disse.
Viomundo – Então a reportagem da Folha é furada?
Eduardo Hage — Totalmente. Não há nenhum artigo em que o jornalista da Folha possa se sustentar para fazer os cálculos que fez. É pura ilação, sem qualquer base científica.
Viomundo – O que há por trás desses cálculos equivocados?
Eduardo Hage — Eu espero que não seja a tentativa de gerar desinformação na população, como aconteceu na febre amarela, que você citou.
Viomundo – Traduzindo.
Eduardo Hage – Eu vejo duas tentativas de uso mal intencionado da informação. Primeira: a reportagem diz que até 4,4 milhões de pessoas precisarão ser internadas nas próximas cinco a oito semanas. Como os números, ao final dessa pandemia, estarão distantes dos mostrados, podem gerar desconfiança desde já: ou de que o Ministério da Saúde está omitindo ou vai omitir dados. Segunda: já que a pandemia pode atingir até 67 milhões de pessoas, será uma pandemia totalmente fora de controle. Ambas não tem base científica e não irão se sustentar.
Viomundo — É possível estimar o número de pessoas que serão infectadas?
Eduardo Hage – Atualmente, não. É irresponsabilidade. Mas é possível afirmar, sim, que não serão os números da reportagem da Folha. Serão bem menores. Os próprios números da OMS mostram que não são suficientes para implicar em mudanças das medidas em vigor. Afinal, estamos tratando de uma gripe com características semelhantes à da gripe comum em relação à gravidade e à letalidade. Portanto, não tem sentido buscar identificar todos os casos de gripe pelo H1N1; não vai alterar em nada as medidas que o Brasil e demais países do mundo estão adotando. Discutir se serão 35 milhões ou 67 milhões de infectados é desviar o foco do que é realmente importante: identificar as pessoas que tem fator de risco para evoluir para a doença grave e oferecer atenção adequada e imediata para evitar a morte.
Viomundo – Ou seja, se todo mundo com algum sintoma gripal correr para os hospitais, eles ficarão sobrecarregados; em vez do foco das equipes de saúde estar voltado às pessoas com maior risco, a atenção se dispersará; aí, sim, mais pessoas podem morrer. É isso?
Eduardo Hage – Exatamente. Como tirar de uma fila de atendimento de 100, 200, 400 pessoas aquelas com fator de risco de ter a doença na sua forma grave? Não tem como, a não ser examinando todas. E essa demanda excessiva pode fazer com que pessoas com maior risco, não sejam atendidas e hospitalizadas rapidamente. Mais de 95% dessas pessoas vão ter gripe comum, que não precisa de atendimento em hospital de referência. Por isso, a orientação do Ministério da Saúde é esta. Está com sintomas de gripe? Procure o médico da unidade de saúde mais próxima, de posto, do programa de saúde da família, do convênio ou o seu particular.
Viomundo – Raramente a gente vai ao médico quando tem gripe. No caso da gripe suína, como fica?
Eduardo Hage – O ideal é que você procure o médico sempre que tiver febre ou algum sintoma de doença infecciosa. Às vezes algum sinal de agravamento pode passar desapercebido para a própria pessoa. Por exemplo, falta de ar, que é o sintoma mais importante da gripe A. À vezes só “escutando” os pulmões, o médico identifica a pneumonia. Já tem casos que somente vão dar sinais quando a doença estiver avançada. Mas por meio do exame clínico ou, quando necessário, do raio X, se consegue identificar a pneumonia e definir que tipo de tratamento o paciente precisa. Hospital é para quando há agravamento de caso ou fator que favoreça.
Viomundo – O Ministério tem reiterado que os sintomas da gripe comum, sazonal, são os mesmos da Influenza A, a gripe suína. Não dá mesmo para distingui-los?
Eduardo Hage – Não. Por isso, você tendo febre alta (acima de 38º), indisposição, tosse ou dor de garganta, ocasionalmente diarréia, procure um serviço médico.
Viomundo – Das pessoas infectadas pelo vírus da gripe suína, quantos por cento precisarãode cuidados especiais?
Eduardo Hage – Pelo o que temos observado em outros países com maior número de casos e afetados antes do Brasil – por exemplo, Estados Unidos, México, Argentina e Chile –, no máximo 5%. Ou são casos graves ou tem fator de risco que favorece o agravamento.
Viomundo – Quais as situações que implicam maior risco?
Eduardo Hage – Têm maior risco de desenvolver as formas graves da doença: crianças menores de dois anos de idade; pessoas acima de 60 anos; gestantes; pessoas com imunodepressão (por exemplo, pacientes com câncer, em tratamento de aids ou em uso regular de corticosteróides), hemoglobinopatias (doenças provocadas por alterações da hemoglobina, como a anemia falciforme), diabetes, cardiopatia, doença pulmonar ou renal crônica e pacientes com obesidade mórbida. Nesses casos, dependendo da condição clinica do paciente, pode ser indicado o exame laboratorial e uso do antiviral.
Viomundo – A letalidade está em quanto?
Eduardo Hage – Em 0,45%.
Viomundo – Nos últimos dias, teve quem dissesse que a letalidade no Brasil passou para 1% devido ao aumento dos óbitos. É 1% ou 0,45%?
Eduardo Hage – A letalidade é de 0,45%. O cálculo de 1% não está correto. Eu explico. A letalidade só pode ser calculada enquanto se contam todos os casos. E como já sabemos que a grande maioria dos casos será leve, não é mais indicado esse cálculo. O foco agora são os pacientes já com quadro grave ou com fator de risco para doença grave. Logicamente, nesse grupo teremos mais óbitos. Portanto, não pode servir como parâmetro para comparação. Você terá a falsa impressão de que a situação está se agravando, quando não está.
Viomundo – O senhor citou o Chile e a Argentina. Por que a pandemia de gripe suína chegou mais cedo nesses países do que no Brasil?
Eduardo Hage – Principalmente por causa das condições climáticas. Chile e Argentina têm inverno muito mais rigoroso que o Brasil. Não à toa o estado com maior número de casos e óbitos, em termos relativos, é o Rio Grande do Sul. Isso não é novidade. Todos os anos o Rio Grande do Sul tem a maior proporção de casos internados por influenza e pneumonia que os demais estados. Portanto, esse aumento de casos já era esperado. Além disto, julho no Brasil é o mês em que há maior número de casos todos os anos.
Viomundo – Este ano, além da gripe sazonal, teremos que enfrentar a suína também?
Eduardo Hage – Pelo o que tem se observado em vários países, como Argentina e Chile, não necessariamente. O vírus da influenza A está “afastando” outros vírus respiratórios.
Viomundo – Como assim?
Eduardo Hage — Em alguns países, 90% dos vírus causadores de gripe em circulação é o novo H1N1. O que pode haver é somente a substituição de vírus sem aumentar o número de casos graves e óbitos. Isso só poderemos avaliar no final dessa fase da pandemia. Mas pelo que temos observado até agora o padrão é muito semelhante ao da gripe comum. A maior ocorrência é nos estados do sul do Brasil e a intensificação, no mês de julho. A única novidade é o vírus. O da vez é o novo H1N1.
Viomundo – Há estimativa de quantos casos de influenza há no Brasil por ano?
Eduardo Hage — Nós temos dados de internações e óbitos. Mas sempre usamos juntos os de influenza e pneumonia, pois em muitas situações a pessoa teve pneumonia associada à gripe, ou a partir da gripe, ela desenvolveu uma pneumonia. Aí, se registra o diagnóstico de pneunomia. Em 2007, tivemos 44.200 óbitos por pneumonia e influenza. Em 2008, um pouco menos, mas o número ainda não está fechado. Quanto às internações, houve 723 mil por influenza e pneumonia. Se incluirmos bronquite — outra doença freqüentemente associada à gripe — o número de internações sobe para 909.819 e o de óbitos para 77 mil.O mês de julho foi responsável pelo maior número tanto para internação quanto para óbito.
Viomundo – Ou seja, todo ano nessa época há normalmente aumento dos casos de gripe. Só que este ano vai ser de influenza A?
Eduardo Hage – Exatamente.
Viomundo – O fato de coincidir com as férias escolares não seria um fator que ajudaria a conter a transmissibilidade?
Eduardo Hage — Não necessariamente. Para crianças e adolescentes, sim, pois diminui o contato na escola. Mas para adultos, não; é um período em que viajam mais, se expõem mais. Então os números acabam se contrabalançando.
Viomundo – O que o senhor ressaltaria ainda?
Eduardo Hage – Enfatizar o que já disse antes. A influenza tem características muito semelhantes à gripe comum que acontece todo ano no inverno. A abordagem, portanto, é a mesma que se deve ter em relação à gripe comum. Com maior cuidado com aqueles que podem vir a desenvolver a forma grave. Pandemia, por si só, não significa maior risco de as pessoas adoecerem e morrerem. Significa apenas que a adoença está disseminada em todo o mundo. E a conduta a ser adotada é exatamente a que recomendamos para os sintomas da gripe comum; na presença deles, procure a unidade de saúde mais próxima.
Viomundo – E as medidas de prevenção?
Eduardo Hage — O vírus da gripe suína, como já dissemos, é transmitido da mesma forma que o da gripe sazonal: por gotículas que são expelidas quando a pessoa infectada fala, espirra ou tosse. E as medidas de prevenção são as mesmas para o controle e prevenção da gripe sazonal e de outras doenças respiratórias. Por isso, as medidas de prevenção são muito importantes, principalmente as individuais, pois evitam que uma pessoa doente transmita o vírus para outra. Questão de respeito com a saúde do outro. Cubra a boca e o nariz com lenço descartável ao tossir e espirrar; é para evitar que gotículas atinjam os que estão próximos. Lave frequentemente as mãos com água e sabonete. Faça isso, pelo menos: depois de tossir ou espirrar; após usar o banheiro; antes de comer; e antes de tocar os olhos, boca e nariz. Evite compartilhar pratos, talheres e alimentos. Evite colocar as mãos nos olhos, nariz ou boca após pegar mexer com dinheiro, pegar produtos no supermercado ou ter contato com superfícies que não estejam devidamente higienizadas. Procure ter hábitos saudáveis, como alimentação adequada, ingestão de líquidos e atividade física.
Viomundo – E para quem está com sintomas de gripe, o que senhor recomenda?
Eduardo Hage – Evite freqüentar locais fechados, com pouca ventilação. O ideal é permanecer em casa enquanto estiver com tosse, febre e outros sintomas, pois evita a disseminação no trabalho, na escola. Aí, claro, de acordo com a avaliação médica, que vai indicar ou não a adoção de outras medidas. No mais, levar a vida normalmente. Todos os anos, no mundo inteiro, enfrentamos epidemias de gripes que têm características de pandemia. Em 2009, não será diferente. Não há nenhum risco a mais do que enfrentamos nos anos anteriores.
Comentários
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Maria Dirce
O perigo da falta de credibilidade começa exatamente qdo noticiam pandemias e matam pessoas como
0 no caso de febre amarela.Quem vai ser responsabilizados? querem detonar o governo federal a qquer custo e matam pessoas por isso?O que fico mais crédula é a falta de punição.Essas redações desses jornais sem qquer responsabilidades deveriam ser fechados imediatamente para o bem da população são mais viróticos que qquer doença pandemica!!!!!
francisco.latorre
pô cara..
para com essa de chato carente.
queima o seu filme.
..
Carlos
Republicação é relevante, em especial neste momento de campanha pela vacinação, e também por ilustrar a irresponsabilidade da mídia – no caso, da Folha.
Urbano
A quantidade de gente afetada, além do desencontro dos números, mede literalmente a burrice deles.
Conceição Lemes
Gustavo, nao era vc que queria que recuperássemos os artigos do site antigo? POis é o que estamos fazendo aos poucos. Leia com atenção a parte superior e veja quando publicado. Nâo estamos requentando nada. Apenas montando o nosso arquivo. Abs
Cristiana Castro
A conclusão dessas palhaçadas é essa que está aí. Ninguém leva fé em nada do que é veiculado pela grande Imprensa e ninguém quer tomar a tal vacina. Agora, se quiserem que o povo se vacine vão ter que dizer, quem tomar a vacina ganha um pirulito e 50 pratas. Não é mole, não.
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