Ninho de serpentes está nos quartéis
Ilude-se quem considerar que, superada a intentona, a democracia venceu
Por Breno Altman*, no Opera Mundi (publicado originalmente em Folha de S. Paulo)
A intentona golpista do dia 8 de janeiro não representou um plano de tomada imediata do poder. Tampouco se resumiu a um putsch de bolsonaristas lunáticos.
Mais razoável entender esse acontecimento no bojo do processo decorrente da vitória eleitoral do presidente Lula, com a formação de acampamentos nas cercanias das instalações militares. Ali começa um movimento cujo objetivo era provocar caos e desordem, levando a operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem).
Essa aposta poderia ter vários desdobramentos: um dos quais a intervenção das Forças Armadas, a derrubada da administração petista e o retorno à ditadura.
A invasão dos Palácios foi um capítulo desse roteiro. Ilude-se quem considerar que, superado esse episódio, “a democracia venceu”.
Não basta a prisão da raia-miúda e seus padrinhos no governo do Distrito Federal. Ou se chegar nos financiadores. Nem mesmo a eventual responsabilização política e criminal de Jair Bolsonaro permitirá virar essa página.
Para não se embriagar no autoengano, basta listar os fatos principais.
A nota dos três ex-comandantes militares, abençoando os protestos bolsonaristas, ainda em novembro.
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Os longos e organizados acampamentos próximos às casernas.
A paralisia do Batalhão da Guarda Presidencial frente aos invasores do palácio.
A postura do comando militar no QG do Exército, na noite do levante, impedindo a ação da PM de Brasília e facilitando a fuga de sediciosos.
A conclusão é óbvia. A moradia da hidra golpista está nas Forças Armadas, que exercem tutela sobre o Estado desde a Guerra do Paraguai.
Essa instituição passou ao controle de fardados sequiosos em reassumir a direção do Estado, agora por via institucional, associando-se a um mequetrefe apaixonado pela ditadura dos generais.
Para implantar um programa ultraliberal, refazer o realinhamento com os Estados Unidos e embolsar gordos privilégios, altos oficiais se envolveram, direta ou indiretamente, em ataques à Constituição.
O presidente Lula tentou apaziguá-los, indicando um ministro da Defesa dócil ao partido militar, capaz de caracterizar atividades golpistas como “manifestações democráticas”, e indicando novos comandantes por critério de antiguidade. Mas bastaram sete dias para que fracassasse a política da pacificação.
Ainda assim, o líder petista teve firmeza e habilidade para debelar o motim, revertendo parcialmente falhas de Ministérios.
A verdade, contudo, é que apenas haverá estabilidade quando o ninho de serpentes for varrido dos quartéis. Outros chefes, de promoção mais recente e leais à autoridade presidencial, deveriam ser nomeados para as três armas, passando à reserva compulsória os oficiais mais próximos do bolsonarismo.
Novas regras para promoção e formação teriam que ser adotadas para combater a cultura antidemocrática.
Com a abertura de inquéritos disciplinares, militares vinculados à sedição poderiam ser afastados, processados e julgados, limpando as Forças Armadas de seus piores elementos.
O fiasco da intentona, por fim, com ampla reação dentro e fora do país, concede ao presidente a melhor oportunidade, desde a transição dos anos 80, para desmontar a tutela militar, abrindo caminho para a refundação do Estado brasileiro.
“Sem anistia”, gritam as ruas, com sabedoria.
*Breno Altman é jornalista e fundador do site Opera Mundi.
Leia também:
José Mário Neves: Qual a racionalidade do 8 de janeiro golpista em Brasília?
Comentários
Zé Maria
.
“Juristas, integrantes da OAB e advogados de grupos pela democracia avaliaram pedir ao STF a prisão de generais do Exército após ataques em Brasília,
mas recuaram com receio de reações e após pressão de militares da ativa.
Corte não decidiu por não ter sido provocada.”
Repórter Renato Souza
https://twitter.com/ReporteRenato/status/1614917702430113793
“Alguns comentários.
O primeiro é o de que o estágio no qual existiam ‘suspeitas’
de que há conivência nos comandos acabou faz tempo.
Por 69 dias, no país inteiro, as forças armadas, em especial
o @exercitooficial, cultivaram a sanha golpista defronte
a suas instalações.”
“Foi, portanto, uma política das Forças Armadas e não uma mera ação pontual
numa emergência.
De novo: por mais de dois meses, os militares abrigaram ‘manifestantes’
que pediam um golpe de estado e que tentaram criar o caos para propiciar
a ação das Forças Armadas”
“Nesse tempo, a interação entre os golpistas e oficiais da reserva e, mais grave,
da ativa, ficou evidenciada. Vídeo de novembro:
Braga Netto, general, ex-ministro e candidato a vice de Bolsonaro diz a golpistas
que ‘não percam a fé’.”
“Villas Boas e Braga Netto são dois dos pilares do grupo de generais
que, ativamente e no contexto da Lava Jato, promoveram o retorno
dos militares à política partidária, fenômeno que @KarabekirENG
e eu chamamos de ‘Stealth Military Intervention’.” https://t.co/iNjoPu75No
Ainda mais grave. De novo, @ChicoAlvesRio: ‘Em dezembro,
general da ativa André Luiz Ribeiro Campos Allão, comandante
da 10ª Região Militar do @exercitooficial, em Fortaleza (CE)
falou em proteger os golpistas e desafiou o Judiciário.
É um escândalo.”
“Disse Allão:
‘Toda manifestação ordeira e pacífica é justa, não interessa o que ela pede. (…)
Tenho a responsabilidade, enquanto comandante, d trabalhar para q
quem vai à frente da 10ª Região Militar seja protegido, ainda q existam ordens
de outros poderes no caminho contrário’
“Igualmente grave:
o Comandante Militar do Planalto, General Gustavo Henrique Menezes Dutra,
ao menos duas vezes cancelou operações para desmobilizar os acampamentos
golpistas em Brasília.”
“Quando falamos de Villas Boas e Braga Netto,
estamos falando de generais da reserva.
Quando falamos de Allão e Dutra, de generais
da ativa.
A situação piora quando falamos de Júlio Cesar
de Arruda, o atual Comandante do Exército,
já nomeado para essa posição por Lula”:
‘Já sabíamos que o Exército, APÓS a tentativa de golpe de estado
em 8 de janeiro, havia montado barreiras com blindados para impedir
a desmobilização do acampamento golpista em Brasília.
Segundo @PauloCappelli, a ordem foi dada diretamente por Arruda”
Pior ainda.
Apuração de @Anthony_Faiola, @schmidtsam7 e @falamarina
afirma que Dutra desafiou o ministro da Justiça, @FlavioDino,
nomeado por um presidente eleito com 60 milhões de votos:
‘Você não vai prender as pessoas aqui!’!”
https://pbs.twimg.com/media/Fmmdz2UWQAgxsn3?format=jpg
“Agora, finalmente, vamos à terceira evidência de que as Forças Armadas
criaram uma campanha para fazer o país esquecer seu papel na tentativa
de golpe de estado realizada em 8/1, com o objetivo de impedir punições
individuais e barrar ações para reduzir seus privilégios”
“A terceira evidência é o que o @jeanstruck chamou outro dia
de ‘militares incomodados’.
É uma ‘entidade’ do jornalismo político brasileiro que surge
sempre que os militares estão acuados. São generais, em anonimato,
falando com jornalistas da grande imprensa”
“Para quem observa as relações civil-militares, fica evidente
que são tentativas de intimidar o Poder Civil.
Ao mesmo tempo, há interesse público no que essas pessoas pensam.
Cabe aos jornalistas pesarem isso na balança e só quem está na redação
tem a visão completa para avaliar”
“Os generais anônimos elencaram quatro ações do governo
que seriam ‘inaceitáveis’ na visão da caserna.
Juntas, mostram a tentativa de intimidar o poder civil e a
existência de uma visão ‘tuteladora’ dos militares sobre
a sociedade.
Acham que estão acima do Povo.”
Siga a Seqüência:
https://twitter.com/zeantoniolima/status/1614985158679199745
https://twitter.com/zeantoniolima/status/1614986797909508096
https://twitter.com/zeantoniolima/status/1614988457209696256
https://twitter.com/zeantoniolima/status/1614996984892461058
https://twitter.com/zeantoniolima/status/1615008546156081154
Jornalista José Antonio Lima
Professor de Relações Internacionais e Jornalismo
Zé Maria
As 3 Patas do Tripé Fardado
https://twitter.com/GabrielaGrossk2/status/1614595995202981890
https://twitter.com/GabrielaGrossk2/status/1614596005156061185
Zé Maria
A conferir:
https://twitter.com/auricelioprata/status/1614638685177237506
https://twitter.com/KriskaCarvalho/status/1614626156522917888
Tiago Bravo
O senão é que quem se ferraria seriam os negros e pobres tipo guerra do Paraguai. Se não fosse por esse detalhe mandava todos esses lixão do exército e das polícias militares tudo para uma guerra com passagem só de ida.
Só atrapalham o povo.
Henrique Lins
Os milicos dos EUA não se metem a besta na política de lá se não o governo arruma uma guerra grande no exterior no Afeganistão por exemplo e mandam os generais e os soldados.
O risco que os milicos daqui correm é serem aposentados igual o bozo. Não tem risco de morte nenhum. A não ser que aconteça um acidente com armas ou explosivos.
Aproveita e manda para guerra de verdade esses ex-acampados nos quartéis.
Guerra no exterior eu falo lógico.
Claro que os EUA não fazem guerras por isso, mas a guerra serve para se livrar de certos generais …
Henrique Lins
Arruma uma guerra grande e manda eles.
Se livra de todos eles de uma vez só.
Poderia mudar a CF para eles terem que ir para guerras de verdade.
Henrique Lins
O TSE deveria cassar o registro do PL e junto cassar o registro e impedir a posse de deputados e senadores que conspiram e que atiçam a massa contra os poderes da república e contra um presidente legítimo eleito numa eleição de justa vitória, apesar dos votos comprados pelo bozó. Era para ganhar de lavada.
Ou toma medidas duríssimas contra os golpistas ou eles vão tomar o governo.
Por falar em poder, alguém consultou o “poder moderador” ?
Não, né ! Ninguém consulta o que não existe.
Dom Pedros já morreram. Pedro II já bateu as botas faz tempo.
Cassa o PL e distribui o dinheiro do PL entre os outros partidos na mesma proporção de deputados e senadores que todos os outros partidos tem.
E esses empresários o Estado deveria abrir um monte de processos contra eles e contra a empresa deles principalmente de tal modo a inviabilizar as suas atividades empresárias.
Pelo menos os deputados conspiradores deveriam ter o registro cassado e a posse impedida.
Zé Maria
“Militares Brasileiros Impediram Prisões de Bolsonaristas, Dizem Autoridades”
[ Reportagem: Anthony Faiola, Samantha Schmidt e Marina Dias | Washington Post: https://t.co/7j2RzMMjtX ]
BRASÍLIA – Enquanto as forças de segurança retiravam os apoiadores do ex- presidente derrotado Jair Bolsonaro do Congresso Brasileiro, do Palácio Presidencial e do Supremo Tribunal Federal no último domingo [8], os insurgentes [golpistas] se retiraram para um lugar que fizeram de seu santuário: o gramado do lado de fora do quartel-general do Exército [conhecido como “Forte Apache”] na Capital do Brasil.
Os bolsonaristas estavam acampados no amplo espaço verde desde a derrota do líder de direita nas eleições de outubro para Luiz Inácio Lula da Silva.
Eles, como o próprio Bolsonaro, se recusaram a reconhecer a vitória de Lula, mesmo depois que o esquerdista foi empossado em 1º de janeiro.
Durante semanas, eles convocaram os militares a dar um golpe para manter Bolsonaro no poder.
Era uma ideia que observadores dentro e fora do Brasil consideravam absurda.
Mas quando altos funcionários do governo Lula chegaram ao quartel-general do Exército na noite de domingo com o objetivo de garantir a detenção de insurgentes [golpistas] no acampamento, eles se depararam com tanques e três linhas de militares.
“Vocês não vão prender gente aqui”, disse o comandante sênior do Exército brasileiro, general Júlio César de Arruda, ao novo ministro da Justiça, Flávio Dino, segundo duas autoridades presentes.
Esse ato de [auto]proteção, que funcionários do governo Lula dizem ter dado tempo para que centenas de insurgentes [inclusive familiares e amigos de militares] escapassem da prisão, é uma das várias indicações de um padrão preocupante que as autoridades [federais] estão investigando agora como prova de suposto conluio entre militares e policiais e os milhares de manifestantes que invadiram as instituições no coração da jovem democracia brasileira.
Essas indicações também incluem uma mudança [abrupta] no plano de segurança antes que os rebeldes se reunissem em frente aos prédios federais no domingo, inação e confraternização da polícia quando eles começaram a entrar nos prédios e a presença de um oficial superior da polícia militar que havia dito aos superiores que estava em período de férias.
Este artigo, baseado em entrevistas com mais de 20 altos funcionários do governo Lula e do Judiciário, organizadores de protestos, participantes, mineradores de dados e outros, inclui detalhes não relatados anteriormente sobre o ataque de cinco horas que abalou o maior país da América Latina, com ecos do atentado de 6 de janeiro de 2021, o ataque ao Capitólio dos EUA.
O comando militar do Brasil não respondeu a um pedido de comentário à reportagem.
As autoridades [federais] também estão trabalhando para identificar os autores das mensagens nas redes sociais convocando a manifestação de domingo e os doadores que financiaram os ônibus para levar os participantes à capital.
Antes de domingo, os militares haviam impedido duas vezes as autoridades de desocupar o acampamento bolsonarista, segundo declarações do coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal de Brasília, fornecidas ao The Washington Post.
Vieira foi detido por falhas de segurança durante os distúrbios.
Os insurgentes [golpistas] arrasaram os prédios modernistas da Praça dos Três Poderes em Brasília, quebrando vidros, destruindo móveis, cortando quadros e roubando armas, documentos e outros troféus.
O plano deles, acreditam os funcionários do governo [federal], era acionar uma lei [GLO (‘Garantia da Lei e da Ordem’)] que permitiria aos militares restaurar a ordem na capital.
A investigação envolveu também uma figura-chave do governo Bolsonaro: Anderson Torres, chefe da segurança de Brasília na época da insurreição [contra o Estado Democrático de Direito no Brasil] e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro.
Após o motim, as autoridades encontraram um projeto de decreto na casa de Torres declarando “estado de defesa” para intervir na Justiça Eleitoral do Brasil e anular a vitória eleitoral de Lula.
Os investigadores dizem acreditar que foi escrito entre 13 e 31 de dezembro, quando Bolsonaro ainda era presidente.
Torres, que estava na Flórida durante a insurreição [contra o Estado Democrático de Direito no Brasil], não contestou a autenticidade do documento, mas disse que era para a lixeira.
Ele negou qualquer ligação com os distúrbios.
Torres voltou ao Brasil na manhã de sábado e foi preso na hora.
Bolsonaro passou anos semeando dúvidas no sistema eleitoral brasileiro, chamando Lula de ladrão e alimentando a crença de seus partidários de que, se seu oponente vencesse, só poderia ser por meio de fraude.
A vitória de Lula foi confirmada pela Justiça Eleitoral do Brasil, [e reconhecida pelo governo] dos Estados Unidos e de outros países ao redor do mundo.
Bolsonaro autorizou seu chefe de gabinete [Ciro Nogueira, Ministro-Chefe-da Casa Civil de então,] a liderar uma transição, mas nunca cedeu.
Em 30 de dezembro, em seus comentários públicos mais extensos desde a derrota, Bolsonaro chamou o resultado de injusto.
Em seguida, [no mesmo dia 30/12/2022,] ele fugiu para Orlando, faltando à posse de Lula e ao cerimonial de passagem da faixa presidencial [no dia 1º de janeiro], uma afirmação simbólica da democracia.
Ainda em Kissimmee, na Flórida, quando seus partidários começaram a se rebelar, ele ficou publicamente em silêncio por várias horas.
Ele condenou a violência, ao mesmo tempo em que destacou a violência passada da esquerda brasileira.
O Supremo Tribunal do Brasil na sexta-feira [13/01] acatou uma petição dos promotores [do MPF] para investigar Bolsonaro como parte de sua investigação sobre os “instigadores e autores intelectuais” por trás do motim.
“Havia muitos agentes coniventes”, disse Lula [no Palácio do Planalto] a repórteres na semana passada.
“Tinha muita gente conivente da Polícia Militar. Muita gente conivente das Forças Armadas. Estou convencido de que a porta do (Palácio Presidencial) foi aberta para essas pessoas entrarem porque não há porta quebrada. Ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui.”
Na noite do motim – dizem funcionários do governo Lula – o chefe de gabinete do presidente, seus ministros da Justiça e da Defesa e o novo chefe [interventor federal] de segurança da capital nomeado para substituir Torres chegaram ao quartel-general do exército no estilo ‘Era Espacial’ por volta das 22h20 para negociar a detenção de rebeldes e outros no campo de protesto.
Os comandantes militares concordaram em permitir que oficiais de segurança sob o controle de Lula adentrassem o acampamento, mas não antes das 6 horas da manhã de segunda-feira.
Funcionários do governo dizem acreditar que isso deu tempo aos militares para avisar parentes e amigos de lá para irem embora.
As forças de segurança [distritais e federais] são um dos alvos de uma investigação [federal] em rápida expansão de um ataque que mais uma vez destacou o perigo para as democracias ocidentais de extremistas de direita alimentados por desinformação.
Os investigadores [federais], trabalhando dia e noite, estão rastreando as origens de postagens nas redes sociais que conclamavam “patriotas” a se reunir e paralisar Brasília, relatos de empresas ligadas aos ônibus que levaram manifestantes à capital e dados contidos em 1.300 telefones celulares apreendidos de supostos rebeldes.
As autoridades [federais] disseram que estão investigando ligações financeiras com os interesses do agronegócio brasileiro, a quem Bolsonaro defendeu enquanto estava no cargo e que, segundo eles, ajudou a pagar os ônibus.
Os investigadores [federais] dizem que estão operando sob a premissa de que os maiores exportadores agrícolas do Brasil são suspeitos improváveis e, em vez disso, estão se concentrando em empresas menores ligadas ao desmatamento ilegal que cresceu sob a abordagem permissiva de Bolsonaro ao meio ambiente.
Eles observam que um homem preso na véspera de Natal em conexão com uma tentativa de atentado na capital veio do estado do Pará, na região amazônica – uma parte do país onde o agronegócio ilegal prospera.
“Os envolvidos no golpe de estado foram especialmente aqueles envolvidos no agronegócio fora da lei”, disse Dino, o ministro da Justiça, ao Post.
“Os que ocupam terras indígenas, terras públicas, contrabandeiam agrotóxicos, fertilizantes.
Pessoas que operam na mineração ilegal.
Esse é o segmento que vai aparecer.”
O senador Carlos Portinho [PL/RJ], ex-líder do governo de Bolsonaro no Senado, condenou a violência, mas também colocou parte da responsabilidade pelas falhas de segurança no governo Lula.
“Agora sabemos que 48 horas antes de domingo, eles foram avisados de que isso poderia acontecer e, 20 horas antes de domingo, desmontaram todo o planejamento de segurança”, disse Portinho. “Isso é segurança nacional. Acho que foi uma falta geral do governo de Brasília, mas com certeza também do Ministério da Defesa e do Lula.”
O governo de Lula disse estar ciente dos planos para um protesto, mas disse que o plano de segurança foi reduzido sem o seu conhecimento por autoridades estaduais pró-Bolsonaro.
Postagens nas redes sociais chamando bolsonaristas à capital mencionam repetidamente a empresa e o nome de um bilionário brasileiro próximo a Bolsonaro.
Mas as autoridades [federais] dizem que ainda não têm provas suficientes para perquirir esse indivíduo.
[Premeditação]
Os detalhes descobertos pela investigação [federal] referem-se principalmente ao que as autoridades descrevem como a superfície da trama: uma rede de empresas menores, incluindo empresas de transporte e turismo com sede no sul do Brasil, um reduto de Bolsonaro.
Advogados do governo [A.G.U.] pediram a um tribunal federal que bloqueasse US$ 1,3 milhão em ativos pertencentes a 52 pessoas e sete empresas.
As empresas supostamente fazem parte de uma rede de patrocinadores e organizadores locais que, em alguns casos, ajudaram a arrecadar doações para o evento [golpista] de domingo [8].
Um deles é um pequeno sindicato rural do agronegócio em Castro, no estado do Paraná.
Sua página no Facebook, que não está mais disponível, inclui uma foto de grupo com um cartaz da campanha de Bolsonaro e uma carta do ano passado expressando solidariedade aos manifestantes contra um Supremo Tribunal Federal “excessivamente ativista”, alvo frequente de críticas bolsonaristas.
O sindicato disse defender os valores democráticos e as ordens jurídicas expressas na constituição brasileira.
“Não toleramos manifestações que ultrapassem os limites da ordem estabelecida”, afirmou em nota publicada nesta sexta-feira [13] pelo jornal O Globo.
Outras empresas na lista parecem ser pequenas agências de turismo ou transporte cujos ônibus foram usados pelos manifestantes [golpistas].
Dois deles reconheceram alugar veículos, mas disseram não saber que seriam usados para transportar pessoas à capital para participar de uma insurreição [contra o Estado Democrático de Direito].
Pelo menos um negou o transporte de manifestantes.
A notícia dos ônibus se espalhou por grupos de WhatsApp, bem como por canais de Telegram e YouTube.
A empresa brasileira de tecnologia Palver monitora mais de 17.000 grupos públicos de WhatsApp e outras mídias sociais usadas para organizar as viagens.
Muitos dos que pediram doações, disse o presidente da Palver, Felipe Bailez, eram relativamente obscuros – YouTubers com 50.000 seguidores ou menos, por exemplo.
Organizadores de ônibus e manifestantes [golpistas] descreveram o evento como a expressão de um movimento popular no qual muitos bolsonaristas pagaram suas próprias passagens de ônibus ou arrecadaram pequenas doações de amigos e familiares.
Mas milhares de mensagens do WhatsApp contam uma história diferente, disse Bailez, com os organizadores locais se oferecendo para cobrir viagens de ônibus, refeições e outras despesas gratuitamente.
“Acho que havia autoridades [mais poderosas] e empresários e políticos e bolsonaristas radicais envolvidos nisso”, disse Bailez.
“Mas eu realmente acredito que houve muito engajamento orgânico de pequenos empresários e pessoas de várias cidades do Brasil. …
Não acho que foi totalmente planejado por uma pessoa ou um grupo de pessoas.”
Rodrigo Jorge Amaral, 44 anos, é dono de uma empresa de turismo em Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina, no litoral sul do Brasil.
Ele havia acabado de viajar a Brasília para protestar contra a posse de Lula quando começou a receber mensagens sobre outra viagem.
Alguns vieram de números de telefone dos Estados Unidos, com códigos de área da Califórnia e da Flórida.
“Você vai para Brasília?”
Membros de seus grupos locais de WhatsApp pró-Bolsonaro, alguns dos quais se reuniram para uma greve de caminhoneiros em 2018, sabiam que ele era dono de um ônibus.
Ele começou a responder às mensagens com uma resposta recortada e colada.
“BRASÍLIA URGENTE”, escreveu.
Um ônibus sairia da cidade-ilha de um píer às 20h do dia 6 de janeiro. Inicialmente, ele cobrou R$ 650, ou cerca de US$ 127.
Mas os organizadores arrecadaram doações suficientes, disse Amaral, para cobrir a viagem.
Ele não quis identificar os doadores, dizendo que eles estavam preocupados em serem alvos das autoridades.
Amaral disse que seu grupo chegou a Brasília depois que os manifestantes já haviam entrado nos prédios.
Ele disse que sabia que as pessoas queriam entrar nos prédios, mas não danificá-los.
Muitos que viajaram para Brasília disseram que não sabiam dos planos de invadir os prédios.
Ainda não está claro quando e como a multidão decidiu invadir os prédios – e se alguém em particular deu a ordem.
Bailez, que vasculhou as mensagens do WhatsApp daquele dia, disse que não viu uma instrução direta.
“Vi um cara falando:
‘Estou aqui em Brasília e vamos tomar o Congresso’,
e outro dizendo: ‘Vamos explodir esse prédio’.
Algum outro cara diria: ‘Precisamos destruir tudo.’ [SIC]
“Acho que eles começaram a ficar empolgados e foi como uma bola de neve.”
Mas ele notou contas do WhatsApp usando um emoji de bomba dois dias antes do tumulto de domingo. [SIC]
Em um grupo nacional do WhatsApp, também havia um plano passo a passo sobre o que fazer antes de entrar em prédios do governo. [SIC]
O manual dizia aos manifestantes para nunca iniciar uma invasão sem uma multidão e nunca tentar tomar “dois poderes ao mesmo tempo”. [SIC]
Um homem do estado do Espírito Santo, no sudeste, disse que estava organizando um ônibus para viajar para Brasília, mas ficou assustado com as mensagens que circulavam em um grupo do Telegram chamado “Tomando o poder”.
No dia anterior ao motim, disse ele, ficou claro para ele que alguns queriam tentar entrar em prédios do governo. [SIC]
Ele decidiu cancelar o ônibus, disse.
“Depois que Bolsonaro anunciou que iria para o exterior, eles sentiram que precisavam mudar a estratégia”, disse o homem, falando sob condição de anonimato para discutir o assunto delicado.
“Eles precisavam separar os homens dos meninos”, disse ele.
“Só deveriam vir para Brasília os homens que pudessem agir sobre isso.”
https://twitter.com/falaMarina/status/1614596668732723200
https://www.washingtonpost.com/world/2023/01/14/brazil-riot-investigation-military-collusion/
Zé Maria
https://jacobin.com.br/wp-content/uploads/2023/01/Captura-de-Tela-2023-01-09-a%CC%80s-13.18.05-1024×597.png
General Júlio Cesar de Arruda (AMAN/1977)
Foi empossado no dia 30 de dezembro de 2022 como novo Comandante
do Exército.
A cerimônia aconteceu às 10h no Clube do Exército, em Brasília, e contou
com a presença do vice-Presidente da República, Hamilton Mourão.
Júlio César de Arruda foi escolhido comandar do Exército Brasileiro
por ser o mais antigo da tropa.
Em uma breve pesquisa feita pelo jornalista Carlos Alberto Jr.
no perfil de Julio Cesar no Twitter*, que foi recentemente criado
em setembro de 2022, o leitor vai se deparar que entre os poucos
perfis que o atual comandante segue estão os generais mais golpistas
do Exército: Braga Netto e Villas Boas.
Também segue seu ex-chefe: o ex-presidente Bolsonaro.
Mas, curiosamente, não segue o seu comandante-em-chefe atual,
o presidente Lula.
Segue também dois expoentes da extrema direita:
Benjamin Netanyahu e o ex-vice-presidente Hamilton Mourão.
https://jacobin.com.br/2023/01/novo-comandante-do-exercito-flerta-com-golpistas-no-twitter/
*Em nota divulgada na segunda-feira (9), o Centro de Comunicação Social
do Exército informou que o perfil é falso e que o comandante não possui
nenhum perfil em redes sociais:
“O Centro de Comunicação Social do Exército informa que General de Exército
JÚLIO CESAR DE ARRUDA, Comandante do Exército Brasileiro, não possui
nenhuma conta em mídias sociais.
Alguns perfis criados por terceiros têm veiculado mensagens inverídicas
que contribuem para a desinformação da sociedade.”
https://www.gazetadigital.com.br/editorias/politica-de-mt/nomeado-por-lula-comandante-do-exrcito-curte-publicaes-contra-presidente/719531
https://www.cnnbrasil.com.br/politica/general-julio-cesar-de-arruda-assume-comando-do-exercito/
https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2022/12/28/quem-e-o-general-julio-cesar-de-arruda-comandante-interino-para-liderar-o-exercito-no-governo-lula.ghtml
https://www.escavador.com/sobre/1712611/julio-cesar-de-arruda
Zé Maria
* “Unzinho Só”
Pode ser esse também.
Zé Maria
* “Unzinho Só”
Aliás, pode pegar qualquer um das Turmas
da AMAN da Década de 1970 em diante.
Zé Maria
http://www.dec.eb.mil.br/images/PERMANENTE/curriculos/CURRICULO_DO_CH_DEC.pdf
Zé Maria
Mudança de Plano
“General Mourão e Ciro Nogueira foram falar com Jair Bolsonaro na Flórida.”
https://twitter.com/lazarorosa25/status/1614401468571828225
.
* “Unzinho só”
Pode ser esse General mesmo.
.
Zé Maria
Excertos
“A moradia da hidra golpista está nas Forças Armadas,
que exercem tutela sobre o Estado desde a Guerra do Paraguai.
Essa instituição [as FFAA] passou ao controle de fardados sequiosos
em reassumir a direção do Estado, agora por via institucional,
associando-se a um mequetrefe apaixonado pela ditadura dos generais.
Para implantar um programa ultraliberal, refazer o realinhamento com
os Estados Unidos e embolsar gordos privilégios, altos oficiais
se envolveram, direta ou indiretamente, em ataques à Constituição”.
[…]
“A verdade … é que apenas haverá estabilidade
quando o ninho de serpentes for varrido dos quartéis.
Outros chefes, de promoção mais recente
e leais à autoridade presidencial,
deveriam ser nomeados para as três armas,
passando à reserva compulsória os oficiais
mais próximos do bolsonarismo.”
.
No ponto!
.
Zé Maria
Gostaríamos de ver ao menos um General Preso.
Zé Maria
Só um General Criminoso,
unzinho atrás das Grades.
E são Vários: Reformados,
da Ativa, todos Estrelados.
Zé Maria
* “Unzinho Só!”
Pode ser este:
“No apagar das luzes, general Heleno autorizou mulher condenada por tráfico
e denunciada por receptação a explorar garimpo em área vizinha aos yanomami.
Aval de Heleno, tido como referência moral do bolsonarismo, beneficiou acusada
de guardar pneus roubados”
https://twitter.com/marcelopjs/status/1615000493910016006
Zé Maria
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Cada dia se aproxima mais da Prova de que o
Capitão era um Testa de Ferro dos Generais.
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