Luís Felipe Miguel: Golpistas, terroristas, vândalos e coniventes não merecem anistia
Tempo de leitura: 3 minGolpistas, terroristas, vândalos e coniventes não merecem anistia.
Por Luís Felipe Miguel, em perfil de rede social
1) Vandalismo não é manifestação
O direito de manifestação não inclui a violência e o vandalismo.
Em sua escalada de contestação ao voto popular, o bolsonarismo atravessou todos os limites, agredindo pessoas, perturbando a ordem pública, promovendo quebra-quebras, ensaiando atentados terroristas.
Não querem convencer ninguém: querem se impor pela força. Não são manifestantes. São criminosos.
2) Golpismo não é liberdade de expressão
A direita se colocou na posição de guardiã da liberdade de expressão – com o que pretende resguardar a possibilidade de poluir o debate público com mentiras deslavadas e com sua pregação preconceituosa e liberticida.
A liberdade de expressão é um direito da cidadania, que precisa ter acesso a pontos de vista e argumentos diferentes, a fim de formar sua opinião. Usá-la para degradar a consciência pública é um contrassenso.
3) Inércia não é democracia
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A democracia exige tolerância às divergências – como disse Claude Lefort, seu “gesto inaugural” é o “reconhecimento da legitimidade do conflito”. Mas isto não quer dizer que ela não deva se defender quando ameaçada.
O bolsonarismo não é só um movimento político conservador. Nem mesmo um movimento com simpatias autoritárias.
Ele tem um projeto de destruição da democracia que engloba até o uso da violência. Por isso, deve ser combatido com toda a força da lei.
4) O golpismo não é espontâneo
Os atos de ontem na Praça dos Três Poderes têm perpetradores que estão sendo identificados pouco a pouco – os vândalos que invadiram as sedes dos poderes.
Mas, por trás deles, estão os organizadores dos acampamentos e das caravanas, seus financiadores e aqueles que, por meio do ódio e de mentiras, criaram o clima de desvario necessário para que a ação ocorresse. Todos devem ser responsabilizados pelo que fizeram.
5) A “neutralidade” não é admissível
De todas as lideranças políticas do país é exigido um repúdio firme e sem rodeios ao golpismo. Qualquer hesitação demonstra cumplicidade com os atentados contra a democracia.
Os representantes da direita que desejem participar do jogo político democrático precisam marcar sua distância em relação aos Bolsonaro e à sua tropa de choque.
É preciso construir um “cordão sanitário” que isole os inimigos declarados da democracia.
Não basta um repúdio protocolar e hipócrita ao vandalismo, como no tuíte que Bolsonaro publicou ontem.
É preciso reconhecer expressamente o resultado das urnas e a legitimidade do governo do presidente Lula.
6) Só com justiça pode haver paz
Evitar a punição pode evitar tensões no momento, mas perpetua a instabilidade. Essa é uma lição que devíamos ter aprendido com o fim da ditadura militar, quando o Brasil optou por não punir os assassinos e torturadores do regime.
A democracia não será sólida se conspirar contra ela, golpeá-la, subvertê-la, forem ações sem consequências.
Processar e punir, na forma da lei, quem cometeu, organizou, financiou e inspirou os atos de ontem é um imperativo de justiça e uma necessidade para o futuro do Brasil.
7) Cumplicidade é crime. Inação é crime
Agora afastado do cargo por Alexandre de Moraes, o governador do DF, Ibaneis Rocha, colaborou com os golpistas ao negligenciar, de forma deliberada, a segurança de Brasília.
Também são criminosos os agentes e comandantes das forças de segurança, tanto policiais como militares, que têm se omitido ou mesmo cooperado com o golpismo – antes, durante e depois dos atentados de ontem à tarde.
8) Forças de segurança têm que cumprir a lei
Policiais se congraçando com vândalos, militares protegendo terroristas: os agentes da repressão estatal não se cansam de desafiar a democracia no Brasil.
A prisão de Anderson Torres, solicitada pela AGU, vai na direção certa: punir os responsáveis, até para estimular que os frouxos e oportunistas se comportem bem.
Mas a tarefa de limpar polícias e forças armadas de autoritários e baderneiros não pode mais ser adiada.
*Luís Felipe Miguel é professor do Instituto de Ciência Política da UnB. Autor, entre outros livros, de Democracia na periferia capitalista: impasses do Brasil (Autêntica).
Leia também:
Walfrido Ward e Rafael Valim: Os filhos inconsoláveis da democracia, apesar da barbárie de domingo
Gilberto Maringoni: Chegou a hora de uma ação definitiva contra o terror?
Comentários
Zé Maria
O Tempo Não Pára
https://twitter.com/fabiomura/status/1614778459716308999
https://twitter.com/tesoureiros/status/1614987571062525954
Zé Maria
https://twitter.com/direitasiqueira/status/1614937250151686145
“Eu vejo o futuro repetir o passado.
Eu vejo um museu de grandes novidades.”
“A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos”
“O Tempo Não Pára”
CAZUZA
https://youtu.be/_Jcn10Iiuu4
https://www.letras.mus.br/cazuza/45005/
Zé Maria
Realmente faz bastante tempo que um General não vai pra Cadeia no Brasil.
Nessa Tentativa de Golpe de Estado tem uma Penca de Oficiais Estrelados.
Zé Maria
Detalhe
Na melhor Tradição Militar, os Primeiros Presos deverão ser os Comandantes e ex.
Zé Maria
https://twitter.com/flaviamadruga/status/1612934598773686275
https://twitter.com/marcelopjs/status/1612895515024457735
https://twitter.com/Progres04301622/status/1614211575358816257
Zé Maria
https://theintercept.imgix.net/wp-uploads/sites/1/2023/01/deputados-por-partido.png
VEJA QUEM SÃO OS 46 DEPUTADOS FEDERAIS QUE DEFENDERAM OU MINIMIZARAM O TERRORISMO EM BRASÍLIA
https://theintercept.imgix.net/wp-uploads/sites/1/2023/01/deputados-lista-site.jpg
Conheça os nomes e os rostos dos parlamentares favoráveis
aos atos golpistas de domingo ou à impunidade dos terroristas.
feito pelo Intercept identificou 46 deputados federais eleitos em 2022 que defenderam, incentivaram ou ao menos tentaram justificar de alguma forma os ataques terroristas do último domingo [8].
Dez deles apoiaram abertamente os golpistas, como se eles se manifestassem por causas legítimas;
https://theintercept.imgix.net/wp-uploads/sites/1/2023/01/deputados-defensores-terrorismo.png
24 procuraram disfarçar o apoio, minimizando os protestos, desviando o foco das acusações ou culpando “infiltrados de esquerda”;
https://theintercept.imgix.net/wp-uploads/sites/1/2023/01/deputados-disfarcados.png
e outros 12 foram contrários às prisões dos terroristas, chegando a alegar a ocorrência de violações – não comprovadas – de direitos humanos.
https://theintercept.imgix.net/wp-uploads/sites/1/2023/01/deputados-pro-impunidade.png
A lista poderia ser bem maior, pois vários parlamentares endossaram
um tuíte de Jair Bolsonaro relativizando os atos.
Íntegra:
https://theintercept.com/2023/01/12/deputados-federais-que-defenderam-terrorismo-em-brasilia/
Zé Maria
https://twitter.com/NayaraFelizardo/status/1613595330368372747
Zé Maria
Detalhe
A Zambelli não constou da Lista porque não tem nenhum Perfil de Rede Social.
Se o Levantamento fosse realizado no WhatsApp e Telegram seria a Primeira.
Zé Maria
A Damares também?!?
https://twitter.com/marciojerry/status/1614819533226758144
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