Jeferson Miola: Indicação de lavajatista para diretor-geral da PRF é contraditório com desafio de restauração da democracia

Tempo de leitura: 2 min
O então procurador Deltan Dallagnol e o policial rodoviário federal Edmar Camata fazem selfie durante palestra, em julho de 2017. Foto: Facebook de Edmar Camata

Lavajatismo na PRF é contraditório com desafio de restauração da democracia

Por Jeferson Miola, em seu blog

O indicado para a Direção Geral da PRF, o policial rodoviário Edmar Camata, tem uma trajetória no serviço público de defesa fervorosa da Lava Jato.

Na eleição de 2018, Camata concorreu a deputado federal com a bandeira da Lava Jato. Com o lema “PARA A LAVA JATO NÃO ACABAR” [em maiúsculo], prometia não “deixar a maior operação anticorrupção do país parar”.

A jornalista da Folha de São Paulo Mônica Bergamo resgatou a admiração e elogios dele a Deltan Dallagnol e Sergio Moro, publicados nas redes sociais em 2017 e 2019.

Camata também publicou opiniões justificando a prisão ilegal e farsesca de Lula.

Há hoje um consenso formado nas comunidades jurídicas brasileira e mundial de que a Lava Jato foi o maior esquema de corrupção judicial da história. Um atentado brutal à democracia e ao Estado de Direito.

Depois que vieram à tona as revelações escabrosas sobre a atuação mafiosa de Sergio Moro, Deltan Dallagnol e de policiais federais, juízes, desembargadores e de procuradores da República da gangue da Lava Jato, todas pessoas éticas e de boa fé – ainda que antipetistas e antilulistas – passaram a desacreditar da Operação.

Com a descoberta da trama mafiosa articulada em grupos de Telegram gerenciados por Dallagnol, muitos dos então entusiastas da Lava Jato entenderam que seus integrantes deturparam as prerrogativas dos cargos públicos e agiram como criminosos movidos por interesses pessoais e partidários.

A Lava Jato é uma das principais causas da derrocada do país, e fator de corrosão da nossa democracia. A Lava Jato foi uma farsa político-jurídica da extrema-direita para conquistar o poder.

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Assim como o bolsonarismo, o lavajatismo também é incompatível com a democracia.

Tendo o direito penal do inimigo como método da luta ideológica, e o Estado de Exceção como um regime de poder, o lavajatismo promove uma guerra fascista permanente contra a democracia.

O presidente Lula estrutura um governo de amplo espectro ideológico que corresponda ao desafio de unir todas as forças democráticas do país com vistas à restauração da democracia e à reconstrução nacional.

Por isso Lula planeja um governo que abarca inclusive setores liberais e de centro-direita, desde que comprometidos com o desafio histórico de derrotar o fascismo e deter seu avanço. Isso significa, portanto, isolar a extrema-direita representada nas suas duas facções fascistas – a bolsonarista e a lavajatista.

O governo eleito tem a missão histórica de redemocratizar e desfascistizar o país. A desfascistização das instituições é um requisito fundamental para a concretização deste complexo desafio.

Em coerência com este critério, todo dirigente técnico-político que ocupar postos de comando no governo Lula/Alckmin deve ser antifascista, defensor renhido da democracia e do Estado de Direito e, portanto, um crítico contundente da Lava Jato.

Reconhecer esta realidade deve ser o requisito básico a ser comprovado por aqueles que liderarão as instituições da República – sobretudo as policiais – nesta etapa de restauração da democracia no Brasil.

Se Edmar Camata não satisfizer este requisito básico, sua indicação para o cargo de diretor-geral da PRF será contraditório com o desafio fundamental do governo que assume em 1º de janeiro.

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Comentários

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Zé Maria

O Dino voltou atrás.
Provavelmente estava mal informado
sobre o passado do lavajatista.

marcio gaúcho

Houve um equívoco ou “ele é meu amigo”?

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